Ucrânia pressiona aliados para autorizarem o uso de armas ocidentais dentro da Rússia

Internacional
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A Ucrânia intensificou nesta quinta-feira, 29, a sua campanha para que países aliados autorizem o uso de armas fornecidas pela Otan para atingir alvos dentro da Rússia, à medida que continua sua ofensiva em Kursk.

O ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, pediu em Bruxelas aos países da União Europeia para que pressionem os Estados Unidos a levantarem as restrições que os impedem de usar suas armas contra alvos em território russo. "Peço à UE que desempenhe um papel e diga com firmeza e clareza que algo precisa ser feito", disse Kuleba ao chegar a uma reunião de ministros do bloco europeu.

Vários países, incluindo os EUA, ainda mantêm restrições à utilização de armas que fornecem à Ucrânia, especialmente mísseis de longo alcance, para evitar uma escalada do conflito que poderia engolir países da Otan.

A Ucrânia, por outro lado, exige o fim das restrições para atacar "alvos militares legítimos" na Rússia, lembrou Kuleba, como as bases aéreas de onde decolam os aviões que bombardeiam o território ucraniano.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse ser a favor do fim de todas estas restrições, mas vários países, incluindo Itália e Hungria não concordam.

"Os armamentos que estamos fornecendo à Ucrânia têm que ter uso pleno, e as restrições têm que ser suspensas para que os ucranianos possam mirar nos locais de onde a Rússia está bombardeando. Caso contrário, o armamento é inútil", Borrell disse aos repórteres.

Kuleba também indicou que discutirá com seus homólogos europeus os atrasos nas entregas de armas prometidas a seu país, incluindo mísseis Patriot, essenciais para a defesa aérea da Ucrânia. "Prometeram mísseis Patriot, mas nenhum foi entregue", lamentou, acrescentando que "alguns destes atrasos são excessivamente longos".

O Ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, cujo país se posicionou como um mediador de paz na Ucrânia e se opõe tanto à abordagem da UE quanto à da Otan para a guerra, disse que seus parceiros europeus parecem sofrer de "psicose de guerra".

"A maioria dos países da União Europeia, juntamente com a elite de Bruxelas e os burocratas aqui, adotam uma posição absolutamente pró-guerra," disse Szijjártó. Ele disse aos repórteres que espera que "essa postura cega, pró-guerra e psicose pró-guerra persistam nos próximos meses."

Essa reunião de hoje da UE estava programada para acontecer em Budapeste, mas Borrell, com o apoio de vários países membros, decidiu realizá-la em Bruxelas em protesto à posição da Hungria sobre a Ucrânia.

Armas já usadas na Rússia

Um membro do Parlamento da Ucrânia disse em junho que as forças armadas usaram um sistema de foguetes fornecido pelos Estados Unidos para atingir uma instalação militar na região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia.

O país também usou munições e veículos fornecidos pelos americanos em sua incursão a Kursk. Oficiais do Pentágono e do Departamento de Estado disseram que o uso de armas e munições fornecidas pelos americanos não violava a política dos EUA.

O presidente Volodmir Zelenski, na noite de quarta-feira, 28, instou os aliados do país da Otan a dar mais armas à sua nação e uma maior liberdade para usá-las contra a própria Rússia. Verdadeira unidade com parceiros da Otan, ele disse em um discurso durante a noite, significaria permissão para realizar ataques de longo alcance.

"Continuamos insistindo que a determinação deles agora - levantando as restrições sobre ataques de longo alcance para a Ucrânia agora - nos ajudará a encerrar a guerra o mais rápido possível", disse ele. No início desta semana, o ministro da defesa, Rustem Umerov, disse que a Ucrânia queria poder atingir pontos logísticos e aeródromos militares.

A Rússia ameaçou uma resposta grave a qualquer ataque em seu solo com armas ocidentais. Alguns aliados da Ucrânia argumentaram que seu uso arriscava um confronto direto entre a Otan e a Rússia, uma nação munida de armas nucleares. Até agora essa resposta grave não se materializou.

Há alguns meses, a administração de Joe Biden deu permissão para a Ucrânia realizar ataques limitados dentro da Rússia com armas fabricadas nos EUA - mas apenas em território russo próximo da fronteira com a Ucrânia, como a região de Kharkiv, e para fins defensivos.

Uma ampla gama de alvos significativos que sustentam a ofensiva de Moscou poderia estar ao alcance das armas de longo alcance da Ucrânia, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington, em um relatório recente.

O governo em Kiev vem tentando reunir apoio diplomático para seu próprio plano de paz, que envolveria uma retirada completa russa do território ucraniano. Esta semana, Zelenski disse que planejava apresentar um "plano para a vitória da Ucrânia" ao presidente Biden em setembro.

A incursão na região de Kursk faz parte do plano, juntamente com outras medidas financeiras para forçar Moscou a encerrar a guerra, disse Zelenski. Ele deu poucos outros detalhes.

Novos ataques na Rússia

O aumento da campanha de pressão sobre aliados ocorre enquanto o Exército da Ucrânia informa novos ataques a depósitos de petróleo russos, dando continuidade a uma campanha de ataques contra um setor vital para o esforço de guerra de Moscou.

Segundo as forças, um ataque provocou um incêndio na quarta-feira no depósito de petróleo Atlas, na região de Rostov, que faz fronteira com o leste da Ucrânia. O governador da região, Vasili Golubev, relatou um incêndio em um depósito de petróleo e disse que quatro drones foram abatidos.

A Ucrânia também atacou um depósito de petróleo na região russa de Kirov, que fica a aproximadamente 1.300 quilômetros da fronteira ucraniana, a nordeste de Moscou; e um depósito de artilharia na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, disse o estado-maior militar.

O governador russo da região de Kirov, Aleksandr Sokolov, disse em uma postagem no Telegram que uma instalação de petróleo lá foi incendiada na quarta-feira. Dois drones foram abatidos, enquanto outros três caíram, disse ele. O governador da região de Voronezh, Aleksandr Gusev, também relatou um ataque de drone, mas disse em uma postagem no Telegram que não houve danos.

As reivindicações não puderam ser confirmadas independentemente.

Há meses, a Ucrânia vem conduzindo ataques usando drones explosivos contra a infraestrutura russa, em particular instalações de petróleo, na esperança de retardar uma ofensiva das forças de Moscou. A Rússia, no entanto, avançou em direção à cidade de Pokrovsk, um importante centro de transporte e logística no leste da Ucrânia.

Em Kiev, explosões de um ataque de drone russo sacudiram prédios durante a noite, a terceira vez nesta semana que Moscou lançou um ataque aéreo contra a capital ucraniana. A Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 60 drones e dois mísseis, mas o ataque foi menor do que na segunda-feira, quando ataques atingiram muitas regiões.

A campanha aérea de Moscou, que frequentemente tem como alvo a rede elétrica da Ucrânia, visa incapacitar a capacidade do país de repelir a invasão em grande escala da Rússia e aprofundar as dificuldades da guerra para os civis ucranianos.

Mas o governo em Kiev tentou uma resposta com sua própria série de ataques, incluindo a ofensiva surpresa além da fronteira na região russa de Kursk, que começou no início deste mês. (Com agências internacionais).

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou o descarte de 195.227 urnas eletrônicas do modelo UE 2009, que atingiram o fim de sua vida útil - estimada em cerca de dez anos ou seis eleições. O processo, que integra o Plano de Logística Sustentável (PLS), teve início em agosto do ano passado, com a retirada dos primeiros equipamentos.

A desmontagem das urnas envolve a separação de materiais como metais, plásticos e placas eletrônicas. Em seguida, os componentes são triturados para descaracterização. De acordo com o TSE, 98% dos materiais são reaproveitados, enquanto o restante é destinado a aterros sanitários certificados, seguindo as normas ambientais.

O descarte está sendo realizado pela empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais, em Guarulhos (SP), sob auditoria de servidores do TSE para garantir segurança e transparência. Até o momento, aproximadamente 52% das urnas já foram processadas. A empresa tem até junho de 2025 para concluir o trabalho. Ao todo, as urnas descartadas somam 1.873.940 quilos, incluindo baterias e outros componentes.

"Esses procedimentos exigidos garantem uma destinação ambientalmente adequada. Também aprimoram os objetivos estratégicos de políticas e práticas de sustentabilidade da Justiça Eleitoral, que prima pela promoção da coleta seletiva, com estímulo à redução do consumo e da produção de resíduos, bem como ao reuso e à reciclagem de materiais", destaca a Justiça Eleitoral.

A urna eletrônica está em uso no Brasil desde 1996. Os equipamentos são armazenadas pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) de cada uma das 27 unidades da federação.

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes comemorou o Oscar de Ainda Estou Aqui em seu perfil no X, antigo Twitter. "Uma vitória que destaca a força e a resiliência de nossa cultura no mundo", escreveu ele nesta segunda-feira, 3.

"O filme, de maneira sensível, retrata os horrores do regime e suas consequências para a vida dos brasileiros. Eunice Paiva, interpretada com brilhantismo pela Fernanda Torres, é símbolo de resiliência e serve para nos lembrar que a luta pela democracia tem que ser constante", afirmou o ministro.

Ainda na plataforma, Gilmar Mendes disse que o prêmio vem em boa hora para o País: "Celebramos, neste mês, 40 anos de nossa redemocratização. Em 15 de março de 1985, o então vice-presidente José Sarney tomava posse, encerrando duas décadas de ditadura no País".

No domingo, 2, Ainda Estou Aqui levou a estatueta de Melhor Filme Internacional. O longa-metragem, que também tinha sido indicado nas categorias Melhor Filme e Melhor Atriz, mostra a transformação da família do ex-deputado Rubens Paiva depois de seu desaparecimento, com foco em sua mulher, Eunice Paiva. Rubens Paiva foi preso, torturado e morto pela ditadura militar.

O filme já foi comentado por outros membros da Corte e foi inclusive citado em decisões sobre crimes ocorridos durante o período. Para o ministro Flávio Dino, o longa atualizou o debate sobre a Lei da Anistia.

Recentemente, o STF reconheceu a repercussão geral de dois casos ocorridos na época - um deles o do desaparecimento de Rubens Paiva. Em um próximo momento, será julgado o mérito das ações. Os ministros decidirão se a Lei da Anistia se aplica aos crimes cometidos ou se os acusados podem ser punidos por eles.

Um dos processos trata do desaparecimento de Rubens Paiva e de Mário Alves de Souza Vieira, cujos corpos nunca foram encontrados, e da morte de Helber José Gomes Goulart.

Já o segundo consiste na acusação, por parte do Ministério Público Federal no Pará, dos militares Lício Augusto Ribeiro Maciel e Sebastião Curió Rodrigues de Moura. Maciel é acusado de matar e ocultar os restos mortais de três membros da Guerrilha do Araguaia. Contra Moura, consta a acusação de atuar na ocultação de cadáveres entre 1974 e 1976.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) saiu em defesa de Gleisi Hoffmann (PT) nas redes sociais. A indicação da paranaense para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) tem sido alvo de críticas por parte da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A pasta é responsável pela articulação política do governo.

Em seu perfil no X, antigo Twitter, o líder do PT no Senado elogiou Gleisi, que disse ter sensibilidade, inteligência política e competência. Ele acrescentou que a futura ministra, cuja posse está marcada para o dia 10 de março, "sabe em que cadeira vai sentar".

"Preparem-se para morder a língua", escreveu o senador, em mensagem aos que não acreditam que Gleisi seja uma escolha adequada para o cargo. O congressista afirmou que, durante as eleições de 2022, ela "articulou alianças em busca do consenso e do diálogo".

Líderes da Oposição no Senado e na Câmara ouvidos pelo Estadão consideram que a substituição de Alexandre Padilha (PT) por Gleisi indica uma "radicalização e isolamento" do Executivo. Para eles, a troca coloca "ideologia e interesses partidários acima do Brasil".

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), também já defendeu a escolha da paranaense para chefiar a pasta da articulação política. "Ela vai ser uma boa surpresa. Tem experiência legislativa, Câmara Federal, Senado da República, executiva e de presidente de partido", disse Alckmin a jornalistas na última terça-feira, 28.

Gleisi já era cotada para assumir um ministério, mas para substituir Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência.

Como ministra da SRI, caberá a ela, por exemplo, negociar os repasses das emendas parlamentares, causa de tensão entre o Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).