Nos EUA, Kamala Harris lidera em três Estados-pêndulos após debate, diz pesquisa

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Uma semana após o debate entre os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris lidera as intenções de voto contra o republicano Donald Trump em três Estados-pêndulos, os "swing states" - Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, mostra pesquisa conduzida pela Quinnipiac University, de Connecticut.

Na Pensilvânia, Harris aparecia com 51% das intenções de votos, contra 45% de Trump. E em Michigan, a liderança da democrata era de 50% contra 45% para o republicano. Já em Wisconsin, a disputa parecia ainda mais apertada, com Harris liderando por 48% contra 47% de Trump. Os candidatos democratas ao Senado lideram nos três Estados.

Perguntados sobre qual eventual presidente desempenharia um papel melhor em temas atualmente sensíveis, os eleitores dos três estados afirmam que Trump lidaria melhor com questões de economia e imigração, enquanto Harris se destacaria nos temas de preservação da democracia americana, aborto e em "uma possível crise que colocasse os EUA em grande perigo".

A pesquisa feita por telefone, entre 12 e 16 de setembro, ouviu 1.331 prováveis eleitores na Pensilvânia, 905 em Michigan e 1.075 em Wisconsin.

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Os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votaram contra a retirada de símbolos religiosos em prédios públicos no julgamento que avalia a constitucionalidade da presença dos tais objetos nestes locais. Iniciada nesta sexta-feira, 15, a sessão corre em plenário virtual e os ministros terão até dia 26 para registrarem seus votos.

Os magistrados sustentam que, desde que os símbolos religiosos sejam compreendidos como uma manifestação da tradição cultural brasileira, não há violação na Constituição. Tanto Zanin quanto Dino argumentam que especialmente os símbolos ligados ao cristianismo transcendem o aspecto puramente religioso e assumem um "valor cultural" e de "identidade coletiva" no Brasil.

O julgamento avalia um recurso extraordinário movido pelo Ministério Público Federal (MPF), que entrou com uma ação em 2009 para retirar símbolos religiosos visíveis ao público em repartições federais em São Paulo. O argumento do MPF é de que a presença desses objetos viola a laicidade do Estado e o princípio da impessoalidade.

O órgão recorreu da decisão de 2013, quando a Justiça Federal julgou o pedido improcedente, decisão mantida em 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), na capital paulista. Após o esgotamento dos recursos em segunda instância, o MPF apresentou um recurso extraordinário ao STF em abril de 2019. Agora, a decisão da Corte terá peso de repercussão geral, ou seja, será aplicada a ações semelhantes que tramitem em instâncias inferiores da Justiça.

Para Zanin, o relator do caso, desde que o objetivo seja "manifestar a tradição cultural da sociedade brasileira", os símbolos - como crucifixos, entre outros - não impõem concepções filosóficas aos cidadãos, não constrangem os crentes a renunciar à sua fé, nem ferem a liberdade de ter ou não ter uma religião.

O ministro sustenta que a presença dos símbolos "não deslegitima a ação do administrador ou a convicção imparcial do julgador", propondo a seguinte tese geral: "A presença de símbolos religiosos em prédios públicos, pertencentes a qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que tenha o objetivo de manifestar a tradição cultural da sociedade brasileira, não viola os princípios da não discriminação, da laicidade estatal e da impessoalidade".

Dino acompanhou o relator, mas também vocalizou o voto. Entre os argumentos sustentados, o ministro afirma que o Estado laico não deve ser indiferente ou contrário à religião, mas sim respeitar e promover um ambiente onde "a expressão religiosa possa coexistir de forma harmoniosa com o pluralismo".

"O crucifixo, assim, possui um duplo significado: representa a fé para os crentes e a cultura para os que compartilham da comunidade. Proibir a exposição de crucifixos em repartições públicas seria instituir um Estado que não apenas ignora, mas se opõe a suas próprias raízes culturais e à liberdade de crença, transformando o princípio de laicidade em um instrumento de repressão religiosa, em desacordo com os valores constitucionais brasileiros", escreveu Dino.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, designou um novo responsável para a ação civil que busca a demissão do procurador da República Diogo Castor de Mattos, que, em março de 2019, comprou um outdoor para homenagear a extinta força-tarefa da Operação Lava Jato. A peça foi instalada na saída do aeroporto de Curitiba (PR).

Ao Estadão, o advogado Felipe Cunha, que representa Castor de Mattos, disse que "há uma evidente perseguição da PGR". Segundo Cunha, "a nomeação de um procurador escolhido, casuisticamente, pelo procurador-geral da República, com obrigação de recorrer, não tem previsão legal ou constitucional e vai de encontro à independência funcional do órgão, violando o princípio do promotor natural".

A Procuradoria-Geral da República negou interferência no caso. De acordo com a PGR, Gonet "tem o dever de dar cumprimento à decisão" de demissão aplicada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). "Ele não tem discricionariedade de cumprir ou não a decisão", afirmou a Procuradoria, em nota.

Em outubro de 2021, o Conselho Nacional do Ministério Público, órgão responsável por fiscalizar a conduta de promotores e procuradores, aplicou pena de demissão a Castor de Mattos por causa do outdoor. O colegiado concluiu que ele incorreu em improbidade administrativa e quebra de decoro, embora não tenha usado recursos públicos para prestar o tributo à operação que completava cinco anos.

Recurso

Após duas decisões sucessivas da Justiça Federal mantendo o ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato no cargo, Gonet escalou novo procurador para assumir o processo. Trata-se de Elton Venturi, da Procuradoria Regional da República da 4.ª Região, em Porto Alegre (RS).

O procurador-geral da República delegou poderes a Venturi. Ele tem "o dever de promover, por todos os meios jurídicos, a efetivação da pena" de demissão decidida pelo Conselho Nacional do Ministério Público, "inclusive com a interposição de recursos".

"O membro designado deve prestar informações ao procurador-geral da República acerca das medidas tomadas e dos recursos interpostos. A cada seis meses, deverá noticiar o andamento do processo", ordena a portaria PGR 1099.

A procuradora Carolina da Silveira Medeiros, que atuava no processo, emitiu parecer favorável a Castor de Mattos. O novo procurador do caso foi indicado para recorrer das decisões, contrariando posicionamentos de Carolina.

'República de Curitiba'

O outdoor que motivou o processo sobre a conduta de Castor de Mattos trazia fotos dos então integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná - Deltan Dallagnol aparecia no centro - e dizia: "Bem-vindo à República de Curitiba. Terra da Operação Lava Jato, a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre. 17 de março - 5 anos de Operação Lava Jato - O Brasil Agradece." A mensagem provocou irritação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Como o cargo de procurador é vitalício, a demissão de Castor de Mattos não foi imediata. Seu desligamento depende justamente do resultado da ação civil pública movida pela PGR para a perda do cargo.

Até aqui, o procurador da extinta força-tarefa conseguiu duas vitórias no âmbito judicial federal, na primeira e segunda instâncias. Tanto a juíza Thais Sampaio da Silva Machado, da 1.ª Vara Federal de Curitiba, quanto a 12.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) decidiram pelo arquivamento da ação contra Castor de Mattos.

As decisões judiciais consideraram que, com a reforma da Lei de Improbidade Administrativa, aprovada em 2021, a modalidade culposa (sem intenção) do ato de improbidade administrativa deixou de existir. Nesse sentido, segundo o entendimento dos magistrados, o procurador só poderia ser punido se tivesse custeado o outdoor com dinheiro público, o que não ocorreu.

'Violação'

O advogado de Castor de Mattos criticou a decisão de Gonet e falou em "violação ao princípio do promotor natural". "Está-se diante de uma evidente perseguição ao trabalho desenvolvido na Lava Jato. A procuradora natural do caso manifestou-se contra a interposição recursal, eis que a pretensão do Ministério Público Federal é evidentemente contrária à lei e ao entendimento do STF", disse Cunha.

"Juridicamente, o caso não se sustenta, principalmente, pelo fato de que a lei que amparou a condenação foi revogada, sendo esse o entendimento da sentença já proferida e do acórdão ementado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região", afirmou a advogado.

A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, alegou que não houve nenhuma interferência e que se trata de "dois tipos de atuação distintos". "A procuradora Carolina da Silveira Medeiros atuou no processo como custos legis, ou seja, como fiscal da lei no processo, não como representante da parte. Agora, o procurador-geral da República tem o dever de dar cumprimento à decisão de demissão aplicada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Por isso, precisa designar um membro para atuar no polo ativo da demanda, promovendo o que foi decidido pelo CNMP."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal acessou os dados do aparelho celular de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar identificar quem eram seus interlocutores e se eles estavam cientes do ataque. Embora a perícia estivesse em andamento e a investigação em fase inicial, representantes do governo Lula e do núcleo mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestaram ontem teses adequadas às suas narrativas sobre o episódio.

Um dos objetivos da perícia da PF é verificar se Francisco Wanderley mantinha relações políticas, tanto em Brasília quanto em Santa Catarina, seu Estado natal. Francisco era filiado ao PL e chegou a se lançar candidato a vereador nas eleições de 2020, mas não se elegeu. Os peritos analisam os históricos de buscas e mensagens atrás de provas. O inquérito corre sob sigilo.

A perícia no celular de Francisco Wanderley extraiu informações do aparelho por meio de um software de última geração. O celular estava bloqueado com senha. A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático será requisitada ao STF. Outros bens apreendidos, incluindo um trailer carregado com explosivos, estão sendo periciados pelos agentes federais.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, porém, afirmou que o autor dos atentados "possivelmente tinha uma retaguarda". Para Pimenta, ele teria agido de forma premeditada. Segundo o ministro, as investigações estão caminhando rápido e o mais importante é saber se Francisco Wanderley - que se matou com um explosivo após detonações na Praça dos Três Poderes - tinha "conexões".

Já o PL, em nota divulgada pelo seu secretário de Relações Institucionais, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), repudiou o que classificou como tentativas de associar o ataque nas proximidades do STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à direita. O partido considera a associação uma "tentativa de manipulação" e um ataque ao projeto de anistia aos acusados e condenados pelo 8 de Janeiro.

"Essa tentativa de manipulação revela não apenas uma distorção inaceitável dos fatos, mas também o propósito malicioso de atrapalhar o andamento do Projeto de Lei da Anistia, um passo essencial para a pacificação nacional e o restabelecimento da normalidade institucional", diz o comunicado, que trata o episódio como um suicídio e não um "ataque aos Poderes constituídos".

Gabinete

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, encaminhou para o gabinete do ministro Alexandre de Moraes a investigação sobre o atentado. A PF apura a motivação política e, por isso, pediu que o caso fosse remetido ao ministro que concentra a relatoria das investigações sobre os atos golpistas, o inquérito das milícias digitais e a apuração sobre ataques a integrantes da Corte.

Anteontem, ministros do STF vincularam a ação de Francisco Wanderley aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e ao "gabinete do ódio" que se instalou no Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.

A vinculação foi rebatida pelo pastor Silas Malafaia - aliado de Bolsonaro - em vídeo publicado anteontem. Na gravação, Malafaia se refere ao autor do atentado como "homem com problemas mentais e emocionais que explodiu bombas" e diz que Moraes tenta criar "cortina de fumaça" sobre os próprios atos jurídicos "ilegais". "Não vou deixar passar o ditador da toga Alexandre de Moraes com uma narrativa para tentar tirar proveito, para jogar uma cortina de fumaça nos seus atos ilegais, injustos, sobre a questão do homem com problemas mentais e emocionais que explodiu bombas em Brasília", disse.

Malafaia afirmou ainda que repudia "qualquer baderna, perseguição ou quebra-quebra, seja da direita ou da esquerda". Para ele, Moraes adotou a "narrativa" de que o ataque promovido pelo homem é "fruto do discurso de ódio" e que uma anistia aos presos do 8 de Janeiro "vai gerar mais agressividade".

'Fermento'

O tema anistia foi abordado por representantes do primeiro escalão do governo Lula. Ao participar de evento paralelo ao G-20, no Rio, o ministro da Secom se posicionou contra o perdão no caso do 8 de Janeiro. "Anistia, neste momento, é estimular impunidade. E a impunidade é o fermento do terror a que assistimos nesta semana. Sou contra qualquer debate sobre anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro", afirmou. "Quem atenta contra a democracia não vai contar com nenhum tipo de impunidade nesse país."

Pimenta também declarou que os inquéritos sobre atos antidemocráticos estão "se encaminhando para conclusão" e disse que, possivelmente, as investigações vão apontar as ligações com financiadores.

No mesmo evento, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, associou o atentado aos atos de janeiro do ano passado. Ele disse que o episódio tem impacto político. "Não tem como olhar para isso (atentado) esquecendo o 8 de Janeiro, esquecendo que havia gente monitorando os trajetos do presidente Lula e de ministros", disse Padilha. "O ataque tem um impacto político, sim. Agora fica mais difícil de passar pano para tudo o que já aconteceu no 8 de Janeiro", declarou o ministro."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.