EUA: Tim Walz e J.D. Vance concentram ataques em Trump e Kamala durante debate de vices

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Os candidatos à vice-presidência dos Estados Unidos, o republicano J.D. Vance e o democrata Tim Walz, se enfrentaram, nesta terça-feira, 1º, no possível último debate da campanha das eleições presidenciais americanas de 2024.

Historicamente, os debates dos candidatos à vice-presidência raramente influenciam nos resultado, mas em uma campanha eleitoral na qual Kamala Harris e Donald Trump disputam votos decisivos dos Estados-pêndulo a cerca de um mês antes da votação, o embate desta terça pode somar pontos.

Questionados sobre temas como política externa, mudanças climáticas, imigração e economia, os candidatos à vice pareceram mais focados em atacar os candidatos à presidência da chapa oposta, como é tradicional nos debates de vice-presidentes. À medida que o debate se desenvolveu, Walz deixou de lado uma postura nervosa e inquieta que chamou a atenção no início do duelo, enquanto Vance se mostrou firme, mas menos enérgico do que em aparições anteriores.

Dois acontecimentos que marcaram essa terça-feira no noticiário internacional abriram o debate - a crise no Oriente Médio e o furacão Helene. No dia em que o Irã lançou seu segundo ataque contra o território israelense em seis meses, os candidatos foram questionados se apoiariam um ataque preventivo ao Irã.

Walz, relembrando o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, foi enfático: "A capacidade de Israel de se defender é absolutamente fundamental". Vance, por sua vez, afirmou que Israel deve fazer o que for necessário para garantir sua segurança: "Devemos apoiar nossos aliados onde quer que estejam quando estiverem lutando contra os bandidos", declarou.

No entanto, ambos evitaram uma resposta direta à pergunta. Walz ainda fez uma crítica velada à gestão de Trump: "Quando o Irã abateu uma aeronave no espaço aéreo internacional, Donald Trump tuitou". Vance rebateu, mencionando o avanço iraniano em direção à obtenção de uma arma nuclear: "Quem foi o vice-presidente nos últimos três anos e meio? A resposta é seu companheiro de chapa, não o meu."

A devastação causada pelo furacão Helene, que já matou mais de 150 pessoas nos Estados Unidos na última semana, levou a uma discussão inicial sobre as mudanças climáticas.

Walz chamou Helene de "uma tragédia horrível" e disse que o governo de Joe Biden está trabalhando "sem partidarismo" para ajudar os Estados afetados. Vance, por sua vez, declarou: "Tenho certeza de que o governador Walz se junta a mim ao dizer que nossos corações estão com essas pessoas inocentes. Nossas orações estão com elas", dando uma resposta muito diferente de seu companheiro de chapa, que acusou Biden e Kamala de politizar a resposta ao furacão.

O republicano porém, expressou ceticismo quanto à ligação entre emissões de carbono e aquecimento global. Ele afirmou que "muitas pessoas estão justificadamente preocupadas com esses padrões climáticos malucos", mas reiterou que tanto ele quanto Trump defendem "ar limpo e água limpa".

Imigração e Springfield, Ohio

A cidade de Springfield, Ohio, tornou-se novamente tema de discussão. No debate entre Donald Trump e Kamala Harris, ocorrido em 10 de setembro, uma das declarações mais controversas de Trump envolveu a falsa alegação de que imigrantes haitianos estavam comendo cães e gatos na cidade. A afirmação foi prontamente desmentida por autoridades locais, mas o impacto chegou a gerar ameaças de bomba na cidade.

Walz acusou Vance e Trump de difamar imigrantes legais em Springfield, lembrando que o governador republicano de Ohio, Mike DeWine, precisou enviar reforços policiais para garantir a segurança das escolas locais após as falsas alegações. "Isso é o que acontece quando você escolhe demonizar ao invés de resolver", criticou.

Em resposta, Vance argumentou que os 15.000 haitianos residentes em Springfield estavam criando problemas econômicos e habitacionais, questões que, segundo ele, o governo Biden-Kamala negligenciava.

O clima esquentou quando Vance interrompeu fora de hora para explicar como os haitianos haviam recebido status legal temporário nos Estados Unidos, forçando a CBS a cortar o microfone de ambos os candidatos. "Cavalheiros, o público não consegue ouvi-los porque seus microfones estão desligados", alertou a âncora.

Economia em debate

Ao chegar em economia, Tim Walz e J.D. Vance trouxeram visões diferentes sobre como a pandemia moldou os dados econômicos dos governos Trump e Kamala-Harris.

Para Trump, a crise de covid-19 em 2020 levou a enormes perdas de empregos e maiores gastos deficitários, mas também a uma baixa inflação. Para o governo Biden-Kamala, a saída da pandemia foi associada a uma inflação mais alta, ganhos de emprego mais rápidos do que o esperado e, sim, déficits que permanecem elevados em comparação com previsões anteriores.

Vance também focou em retratar o governo Trump como um sucesso em assistência médica, embora Trump tenha falhado em revogar o Affordable Care Act.

Visões distintas sobre aborto

Uma das poucas discussões acaloradas no debate foi sobre o aborto, que é um dos pontos mais discrepantes entre as duas campanhas. J.D. Vance acusou os democratas de serem "radicais pró-aborto", e Walz reagiu: "Não, não somos. Somos pró-mulher. Somos a favor da liberdade".

Os dois compartilharam histórias pessoais de mulheres para responder a perguntas sobre como sua administração lidaria com o aborto.

Walz falou sobre Amanda Zurwaski, uma texana que teve um aborto negado apesar de desenvolver uma infecção com risco de vida, e Hadley Duval, que tinha 12 anos quando foi estuprada e engravidada pelo padrasto. Ele também sugeriu que Amber Thurman, uma mulher da Geórgia que supostamente morreu em 2022 após esperar horas por um pronto-socorro para tratar suas complicações por tomar pílulas abortivas.

Walz destacou a lei de Minnesota que protege os direitos ao aborto, dizendo: "Há uma chance muito real de que se Amber Thurman tivesse vivido em Minnesota, ela estaria viva hoje".

Vance, enquanto isso, pareceu suavizar algumas de suas visões sobre o aborto no palco do debate. O candidato a vice-presidente disse que cresceu em Middletown, Ohio, ele conheceu muitas mulheres que tiveram gestações não planejadas e optaram pelo aborto.

Uma amiga próxima, disse Vance, "me disse algo há alguns anos: ela sentia que, se não tivesse feito aquele aborto, isso teria destruído sua vida, porque ela estava em um relacionamento abusivo". Vance disse que quer que os republicanos ofereçam "mais opções" às mulheres para criarem famílias.

'Houve problemas em 2020'

Apesar de trocarem farpas verbais frequentes e de criticarem repetidamente os companheiros de chapa um do outro, ambos os candidatos no debate vice-presidencial mantiveram um clima civilizado.

Quando a pergunta mudou para o estado da democracia, os dois candidatos afirmaram que "apertariam as mãos" ao final das eleições. "O vencedor precisa ser o vencedor", disse Walz, ao enfatizar que a recusa em reconhecer a derrota e a tentativa de reverter a eleição de 2020 foram ameaças sem precedentes.

Em resposta, J.D. Vance argumentou que é injusto atribuir apenas aos republicanos a responsabilidade por contestar os resultados eleitorais. Segundo ele, os democratas também questionaram a validade das eleições, como em 2016, quando Hillary Clinton afirmou que a eleição foi influenciada pela Rússia. Vance ainda defendeu que Donald Trump entregou o poder pacificamente em 20 de janeiro.

Walz questionou diretamente seu oponente: "Ele (Trump) perdeu a eleição de 2020?". Em resposta, J.D. Vance evitou a pergunta direta de Walz, alegando estar "focado no futuro", mas declarou "obviamente, Donald Trump e eu acreditamos que houve problemas em 2020". Com informações da Associated Press.

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) iniciou o descarte de 195.227 urnas eletrônicas do modelo UE 2009, que atingiram o fim de sua vida útil - estimada em cerca de dez anos ou seis eleições. O processo, que integra o Plano de Logística Sustentável (PLS), teve início em agosto do ano passado, com a retirada dos primeiros equipamentos.

A desmontagem das urnas envolve a separação de materiais como metais, plásticos e placas eletrônicas. Em seguida, os componentes são triturados para descaracterização. De acordo com o TSE, 98% dos materiais são reaproveitados, enquanto o restante é destinado a aterros sanitários certificados, seguindo as normas ambientais.

O descarte está sendo realizado pela empresa NGB Recuperação e Comércio de Metais, em Guarulhos (SP), sob auditoria de servidores do TSE para garantir segurança e transparência. Até o momento, aproximadamente 52% das urnas já foram processadas. A empresa tem até junho de 2025 para concluir o trabalho. Ao todo, as urnas descartadas somam 1.873.940 quilos, incluindo baterias e outros componentes.

"Esses procedimentos exigidos garantem uma destinação ambientalmente adequada. Também aprimoram os objetivos estratégicos de políticas e práticas de sustentabilidade da Justiça Eleitoral, que prima pela promoção da coleta seletiva, com estímulo à redução do consumo e da produção de resíduos, bem como ao reuso e à reciclagem de materiais", destaca a Justiça Eleitoral.

A urna eletrônica está em uso no Brasil desde 1996. Os equipamentos são armazenadas pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) de cada uma das 27 unidades da federação.

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes comemorou o Oscar de Ainda Estou Aqui em seu perfil no X, antigo Twitter. "Uma vitória que destaca a força e a resiliência de nossa cultura no mundo", escreveu ele nesta segunda-feira, 3.

"O filme, de maneira sensível, retrata os horrores do regime e suas consequências para a vida dos brasileiros. Eunice Paiva, interpretada com brilhantismo pela Fernanda Torres, é símbolo de resiliência e serve para nos lembrar que a luta pela democracia tem que ser constante", afirmou o ministro.

Ainda na plataforma, Gilmar Mendes disse que o prêmio vem em boa hora para o País: "Celebramos, neste mês, 40 anos de nossa redemocratização. Em 15 de março de 1985, o então vice-presidente José Sarney tomava posse, encerrando duas décadas de ditadura no País".

No domingo, 2, Ainda Estou Aqui levou a estatueta de Melhor Filme Internacional. O longa-metragem, que também tinha sido indicado nas categorias Melhor Filme e Melhor Atriz, mostra a transformação da família do ex-deputado Rubens Paiva depois de seu desaparecimento, com foco em sua mulher, Eunice Paiva. Rubens Paiva foi preso, torturado e morto pela ditadura militar.

O filme já foi comentado por outros membros da Corte e foi inclusive citado em decisões sobre crimes ocorridos durante o período. Para o ministro Flávio Dino, o longa atualizou o debate sobre a Lei da Anistia.

Recentemente, o STF reconheceu a repercussão geral de dois casos ocorridos na época - um deles o do desaparecimento de Rubens Paiva. Em um próximo momento, será julgado o mérito das ações. Os ministros decidirão se a Lei da Anistia se aplica aos crimes cometidos ou se os acusados podem ser punidos por eles.

Um dos processos trata do desaparecimento de Rubens Paiva e de Mário Alves de Souza Vieira, cujos corpos nunca foram encontrados, e da morte de Helber José Gomes Goulart.

Já o segundo consiste na acusação, por parte do Ministério Público Federal no Pará, dos militares Lício Augusto Ribeiro Maciel e Sebastião Curió Rodrigues de Moura. Maciel é acusado de matar e ocultar os restos mortais de três membros da Guerrilha do Araguaia. Contra Moura, consta a acusação de atuar na ocultação de cadáveres entre 1974 e 1976.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) saiu em defesa de Gleisi Hoffmann (PT) nas redes sociais. A indicação da paranaense para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) tem sido alvo de críticas por parte da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A pasta é responsável pela articulação política do governo.

Em seu perfil no X, antigo Twitter, o líder do PT no Senado elogiou Gleisi, que disse ter sensibilidade, inteligência política e competência. Ele acrescentou que a futura ministra, cuja posse está marcada para o dia 10 de março, "sabe em que cadeira vai sentar".

"Preparem-se para morder a língua", escreveu o senador, em mensagem aos que não acreditam que Gleisi seja uma escolha adequada para o cargo. O congressista afirmou que, durante as eleições de 2022, ela "articulou alianças em busca do consenso e do diálogo".

Líderes da Oposição no Senado e na Câmara ouvidos pelo Estadão consideram que a substituição de Alexandre Padilha (PT) por Gleisi indica uma "radicalização e isolamento" do Executivo. Para eles, a troca coloca "ideologia e interesses partidários acima do Brasil".

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), também já defendeu a escolha da paranaense para chefiar a pasta da articulação política. "Ela vai ser uma boa surpresa. Tem experiência legislativa, Câmara Federal, Senado da República, executiva e de presidente de partido", disse Alckmin a jornalistas na última terça-feira, 28.

Gleisi já era cotada para assumir um ministério, mas para substituir Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência.

Como ministra da SRI, caberá a ela, por exemplo, negociar os repasses das emendas parlamentares, causa de tensão entre o Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).