Tempo para desocupação está acabando antes de furacão Milton atingir a costa da Flórida

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Chuvas constantes caíam e ventos começavam a soprar com força na área da Baía de Tampa na manhã de quarta-feira, 9, enquanto o poderoso furacão Milton se dirigia em direção a uma colisão potencialmente catastrófica com a costa oeste da Flórida, nos Estados Unidos.

Alguns moradores insistiam em ficar, mesmo após milhões terem sido ordenados a desocupar a região. Os que ficaram enfrentam probabilidades sombrias de sobrevivência, disseram as autoridades.

A região da Baía de Tampa, lar de mais de 3,3 milhões de pessoas, não vê um impacto direto de um grande furacão há mais de um século. Milton flutuou entre as categorias 4 e 5 enquanto se aproximava, mas, independentemente da distinção nas velocidades do vento, o Centro Nacional de Furacões disse que será uma tempestade extremamente perigosa quando seu centro atingir a costa na noite de quarta ou na manhã de quinta-feira.

"Aqueles de vocês que foram atingidos durante o furacão Helene, isso [Milton] será um nocaute. Vocês precisam sair, e precisam sair agora", disse Cathie Perkins, diretora de gerenciamento de emergência no Condado de Pinellas, que fica na península que forma a Baía de Tampa."Todos na Baía de Tampa devem presumir que seremos o ponto zero", disse ela.

A rodovia normalmente movimentada que leva ao centro de Tampa estava em grande parte livre de veículos na manhã de quarta-feira. Poucos carros se moviam nas ruas laterais. Motoristas que esperavam abastecer estavam tendo dificuldades para encontrar postos que não estivessem fechados ou com tábuas. Muitos haviam envolto suas bombas de combustível em plástico para impedir que os bicos fossem agitados em ventos de furacão.

No Condado de Hillsborough, o xerife Chad Chronister pediu aos moradores em um vídeo no Facebook que finalizassem seus planos: "Minha mensagem é simples. Estamos nos aproximando da décima primeira hora. Se você precisa ir a um lugar seguro por qualquer motivo, o momento para fazê-lo é agora."

Na Charlotte Harbor, a cerca de duas quadras da água, nuvens rodopiavam e ventos sopravam enquanto Josh Parks carregava seu sedã Kia com roupas e outros pertences na manhã de quarta-feira. Duas semanas atrás, a ressaca de Helene trouxe muita água para o bairro, e suas ruas ainda estavam cheias de móveis encharcados, drywall arrancados e outros detritos.

Milton ataca comunidades que ainda estão se recuperando duas semanas após Helene ter inundado ruas e casas no oeste da Flórida durante sua marcha devastadora, que deixou pelo menos 230 mortos no sul. Em muitos lugares ao longo da costa, os municípios correram para coletar e descartar os detritos antes que os ventos e a ressaca de Milton - projetados para atingir até 3,6 metros na Baía de Tampa e até 4,5 metros mais ao sul, entre Sarasota e Fort Myers - pudessem espalhá-los e aumentar qualquer dano.

Chuvas fortes começaram a se espalhar por partes do sul da Flórida na quarta-feira, com condições previstas para se deteriorarem ao longo do dia, disse o centro. São esperados 15 a 31 centímetros de chuva, com até 46 centímetros em alguns lugares, trazendo o risco de inundações catastróficas.

Um tornado atingiu o solo na manhã de quarta-feira na área pouco povoada dos Everglades, no sul da Flórida. O Serviço Nacional de Meteorologia postou uma foto na plataforma social X do funil cruzando a rodovia. Os meteorologistas haviam avisado que tornados eram prováveis.

Espera-se que Milton mantenha a força de furacão enquanto atravessa a Flórida central na quinta-feira (10) em direção ao Oceano Atlântico. O trajeto exato permanecia incerto, mas, na manhã de quarta-feira, esperava-se que o centro de Milton fizesse pouso em algum lugar ao redor da Baía de Tampa. A maior ressaca de tempestade deve ocorrer no local de pouso e ao sul, informou o centro de furacões.

Preparação

A chefe de gestão de emergências do Condado de Sarasota, Sandra Tapfumaneyi, disse que 11 abrigos de emergência estavam abertos lá e que animais de estimação eram bem-vindos. Advertindo que isso seria um "desastre intenso" para o condado, ela pediu que as pessoas que moram em barcos e em casas móveis e pré-fabricadas deixassem suas residências: "Não queremos que vocês fiquem nessas estruturas. Elas não resistirão a esta tempestade com os ventos fortes."

Tapfumaneyi também alertou urgentemente as pessoas que vivem próximas a áreas com d'água para saírem imediatamente. Essas áreas enfrentaram inundações do furacão Debby no ano passado e em 2022 devido ao furacão Ian. Ela alertou que a ressaca poderia subir da costa para os rios e riachos "no caminho da menor resistência".

As autoridades emitiram ordens de desocupação obrigatória em 11 condados da Flórida, com uma população combinada de cerca de 5,9 milhões de pessoas. As autoridades avisaram que qualquer um que ficasse para trás teria que se cuidar, com os primeiros socorros não sendo esperados para arriscar suas vidas tentando resgates no auge da tempestade.

Na cidade costeira de Punta Gorda, cerca de 160 quilômetros ao sul de Tampa, as ruas ainda estavam cheias na terça-feira com pilhas de móveis encharcados, roupas, livros, eletrodomésticos e outros lixos arrastados de casas danificadas por Helene não fazia duas semanas.

Muitas casas estavam vazias, mas o contador e colecionador de arte Scott Joiner permaneceu no segundo andar da casa de estilo Nova Orleans que construiu há 17 anos. Joiner disse que tubarões nadavam nas ruas inundadas e um vizinho teve que ser resgatado de canoa quando Helene passou e inundou o primeiro andar de sua casa."A água é uma bênção, mas é muito mortal", disse Joiner que afirmou ue planejava enfrentar Milton, apesar do risco. Mas outros não estavam arriscando nada após Helene.

Na ilha de Anna Maria, na borda sul da Baía de Tampa, Evan Purcell empacotava as cinzas de seu pai e tentava pegar sua gata de 9 anos, McKenzie, enquanto se preparava para deixar a ilha na terça-feira (8). Helene deixou-lhe milhares de dólares em danos quando sua casa foi inundada. Ele temia que Milton pudesse levar o restante. "Eu ainda estou em choque pelo primeiro e aqui vem o segundo", disse Purcell. Fonte: Associated Press.

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Termina nesta quinta-feira, 6, o prazo para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito do golpe enviarem suas defesas prévias ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa prévia é o conjunto de argumentos apresentado pelos acusados antes da instauração formal do processo. Serve justamente para tentar convencer os ministros a rejeitar a denúncia e, com isso, encerrar o caso sem a deflagração de uma ação penal.

O prazo de 15 dias começou a contar a partir da notificação dos advogados, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes no dia 19 de fevereiro.

A Primeira Turma do STF vai analisar as manifestações das defesas para decidir se há elementos suficientes para receber a denúncia da PGR. Pelas regras internas do Supremo, as duas turmas da Corte são responsáveis pelos julgamentos de casos criminais.

As defesas montaram forças-tarefa para analisar os autos e preparar sua argumentação. O Estadão apurou que os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi, que representam o ex-presidente Jair Bolsonaro, vão apresentar questões preliminares de ordem processual e entregar o rol de testemunhas para serem ouvidas se a denúncia for recebida.

Em entrevista ao Estadão, logo após a denúncia do procurador-geral Paulo Gonet chegar ao STF, os advogados afirmaram que a tese da acusação "não faz qualquer sentido". Segundo a denúncia, o plano golpista fracassou porque a cúpula do Exército não aderiu. Um dos argumentos da defesa do ex-presidente é o de que, se quisesse dar um golpe, Bolsonaro poderia ter trocado os comandantes das Forças Armadas para obter apoio dos militares.

Prazo

As defesas pediram a suspensão da contagem do prazo alegando que não tiveram acesso a todas as provas da investigação. Os advogados exigem, por exemplo, o espelhamento de todas as mensagens extraídas dos celulares apreendidos no inquérito.

Os criminalistas Paulo Amador da Cunha Bueno e Celso Vilardi também defenderam que o prazo deveria ser prorrogado para que as defesas tivessem direito a, no mínimo, o mesmo tempo usado pela PGR para formular a denúncia (83 dias).

Todos os pedidos foram rejeitados por Alexandre de Moraes. O ministro alegou que "o amplo e integral acesso aos elementos de prova já documentados nos autos está plenamente garantido à defesa dos denunciados". Também apontou que os advogados "sempre tiveram total acesso aos autos, inclusive retirando cópias e com ciência dos despachos proferidos".

Alexandre de Moraes levantou o sigilo dos autos depois de receber a denúncia. São 18 volumes de documentos que somam mais de 3 mil páginas.

A delação do tenente-coronel Mauro Cid também foi tornada pública. O STF deu publicidade aos anexos do termo de colaboração premiada, tanto em vídeo como por escrito.

Moraes ainda compartilhou com todos os 34 denunciados provas de investigações sigilosas que têm relação com a denúncia. São investigações que envolvem o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o uso da Polícia Rodoviária Federal para influenciar as eleições de 2022 e os atos do 8 de Janeiro.

Veja quais crimes são atribuídos a Bolsonaro e a seus aliados:

- tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito (pena de 4 a 8 anos);

- golpe de estado (pena de 4 a 12 anos);

- organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos que pode ser aumentada para 17 anos com agravantes citados na denúncia);

- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima (pena de 6 meses a 3 anos);

deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).

Veja a lista completa de denunciados:

Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Ramagem

Almir Garnier Santos

Anderson Torres

Angelo Martins Denicoli

Augusto Heleno

Bernardo Romão Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

Fabrício Moreira de Bastos

Fernando de Sousa Oliveira

Filipe Garcia Martins

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques de Almeida

Hélio Ferreira Lima

Jair Bolsonaro

Marcelo Bormevet

Márcio Nunes de Rezende Júnior

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Marília Ferreira de Alencar

Mauro Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Rafael Martins de Oliveira

Reginaldo de Oliveira Abreu

Rodrigo Bezerra de Azevedo

Ronald Ferreira de Araujo Júnior

Silvinei Vasques

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

Walter Souza Braga Netto

Wladimir Matos Soares

O ministro João Otávio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou a devolução de celulares, computadores, veículos e joias apreendidos pela Polícia Federal na Operação 18 Minutos, que mira suspeitas de corrupção no Tribunal de Justiça do Maranhão.

A decisão foi tomada após a conclusão do inquérito. A PF indiciou três desembargadores e dois juízes por suposta participação em fraudes processuais em troca de propinas.

O ministro justificou que, encerrado o inquérito e a fase de coleta de provas, a retenção dos bens não é mais necessária. "As diligências investigativas atingiram sua finalidade, permitindo que as apurações avancem sem a necessidade de perpetuação de medidas cautelares que impliquem o agravamento da situação dos investigados", diz um trecho da decisão.

Noronha menciona que o Código Penal assegura a restituição de itens apreendidos na investigação criminal "sempre que cessada sua utilidade para o processo investigativo".

"As medidas cautelares não podem se transvestir em penas antecipadas, devendo permanecer estritamente vinculadas à finalidade processual ou investigativa que justificou sua decretação", complementou o ministro.

Somados, os bens apreendidos e o dinheiro bloqueado na Operação 18 Minutos somaram mais de R$ 29 milhões. A ordem inicial de bloqueio era de R$ 17 milhões. Esse foi outro motivo que levou o ministro a liberar os objetos e veículos.

"Considerando os valores apreendidos, que se manterão acautelados, entendo que a manutenção de bens como telefones, computadores, laptops, veículos e joias não encontra justificativa no momento atual."

A decisão sobre a devolução dos bens aos magistrados foi noticiada inicialmente pelo portal Direito e Ordem e confirmada pelo Estadão.

A operação investigou um esquema de corrupção e fraudes na liberação relâmpago de alvarás para pagamento de honorários advocatícios de grandes valores. O nome 18 Minutos batizou a investigação porque esse foi o tempo que decorreu entre uma autorização judicial e o levantamento de grande soma junto ao banco.

A PF indiciou os desembargadores Luiz Gonzaga Almeida Filho, Nelma Celeste Souza Silva Sarney, cunhada do ex-presidente José Sarney, e Antônio Pacheco Guerreiro Junior e dois juízes de primeiro grau. O Estadão já pediu manifestação dos magistrados. O espaço permanece aberto

A repercussão da vitória de Ainda Estou Aqui como Melhor Filme Internacional no Oscar conseguiu superar a polarização do debate político brasileiro nas redes sociais, aponta um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). A avaliação é que predominaram publicações que exaltam o orgulho pela cultura nacional e que representam o Brasil de forma positiva para o restante do mundo, escanteando os conflitos políticos entre direita e esquerda.

O levantamento também identificou que houve baixo engajamento de perfis alinhados à direita, com poucas contas parabenizando os responsáveis pelo filme ou comentando a vitória.

À esquerda o movimento foi na direção oposta: as publicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - que assim como o ex-deputado Rubens Paiva, cuja história é narrada no filme, foi presa e torturada pela ditadura militar - estiveram entre as com maior volume de interações.

"Foi interessante o silêncio da direita. Não conseguiram construir nenhum argumento crítico contrário. Soaria impatriótico, desumano e não engajaria", analisou o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, diretor da Escola de Comunicação da FGV e um dos responsáveis pelo estudo.

Ele avalia que o filme consegue ser patriótico sem ser chauvinista ou reacionário, ao mesmo tempo que transmite uma mensagem de força e potência das mulheres ao narrar a reconstrução pessoal de Eunice Paiva e de sua família.

"Isso dá pista de haver uma fresta para o Brasil se unir e se reinventar quebrando a polarização com base em valores universais e um repertório cultural mais amplo", diz o sociólogo. "É uma pista para a política agora e em 2026", acrescentou.

A vitória de Ainda Estou Aqui gerou cerca de 4 milhões de publicações no X, no Instagram, no YouTube e em sites de notícia e ultrapassou 75 milhões de engajamento geral no Facebook, no X e no Instagram. As publicações sobre a obra na conta oficial da Academia no Instagram (@theacademy) foram responsáveis por 30% de todas as interações do perfil em 2025. Foram 3,8 milhões de interações e 24 milhões de visualizações.