México: ex-líder da guerra às drogas é condenado a 38 anos de prisão por ajudar traficantes

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O homem uma vez aclamado como o arquiteto da guerra do México contra os cartéis de drogas foi condenado a mais de 38 anos em uma prisão nos Estados Unidos na última quarta-feira, 16, por ter recebido subornos massivos para ajudar traficantes de drogas.

Genaro García Luna, ex-secretário de segurança pública do México, foi condenado por um júri de Nova York em 2023 por ter aceito milhões de dólares em subornos para proteger o violento cartel de Sinaloa, o qual supostamente estava combatendo.

Ele é o mais alto funcionário do governo mexicano a ser condenado nos Estados Unidos. Durante a audiência de sentença perante um juiz federal no Brooklyn na quarta-feira, García Luna manteve sua inocência e afirmou que o caso contra ele foi baseado em informações falsas de criminosos e do governo mexicano. "Eu respeito firmemente a lei", disse ele em espanhol. "Não cometi esses crimes."

García Luna, de 56 anos, liderou a polícia federal do México antes de ocupar um cargo de nível ministerial como principal oficial de segurança de 2006 a 2012, sob o então presidente Felipe Calderón. Na época, García Luna era elogiado como um aliado pelos EUA na luta contra o tráfico de drogas. Mas os promotores dos EUA afirmaram que, em troca de milhões de dólares, ele forneceu inteligência sobre investigações contra o cartel, informações sobre gangues rivais e a passagem segura de enormes quantidades de drogas.

Após a sentença, Calderón disse na plataforma social X que respeita a decisão do tribunal, mas que nunca teve "provas verificáveis" das atividades criminosas de García Luna. Ele afirmou que enfrentar os cartéis "foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Mas eu faria de novo, porque é a coisa certa a fazer."

Fora do tribunal, um grupo de cerca de 15 manifestantes celebrou o veredicto. Alguns seguravam um banner que dizia, em espanhol, "Calderón sabia", enquanto outros exibiam placas denunciando seu partido político. Os promotores haviam pedido uma pena de prisão perpétua. Os advogados de García Luna argumentaram que ele não deveria receber mais de 20 anos.

O juiz do tribunal distrital dos EUA, Brian Cogan, disse que não foi impressionado pelos elogios que García Luna recebeu por seu trabalho na guerra contra as drogas. "Essa era sua fachada", disse Cogan antes de impor a sentença. "Você é culpado desses crimes, senhor. Não pode se exibir e dizer: 'sou o policial do ano.'" Além da pena de 38 anos e quatro meses, o juiz impôs uma multa de US$ 2 milhões.

Durante o julgamento, foram exibidas fotos de García Luna cumprimentando o ex-presidente Barack Obama e conversando com a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o ex-senador John McCain. Mas os promotores afirmaram que García Luna secretamente promoveu uma conspiração de tráfico de drogas que resultou na morte de milhares de cidadãos americanos e mexicanos.

Ele garantiu que os traficantes de drogas fossem notificados com antecedência sobre as operações e sabotou operações policiais legítimas destinadas a prender líderes do cartel, disseram eles. Os traficantes de drogas conseguiram enviar mais de 1 milhão de quilos de cocaína pelo México e para os Estados Unidos usando aviões, trens, caminhões e submarinos enquanto García Luna ocupava seus cargos, afirmaram os promotores.

Durante o julgamento do ex-líder do Sinaloa, Joaquín "El Chapo" Guzmán, no mesmo tribunal em 2018, um ex-membro do cartel testemunhou que entregou pessoalmente pelo menos US$ 6 milhões em subornos a García Luna e que membros do cartel concordaram em juntar até US$ 50 milhões para pagar por sua proteção. "Ele possibilitou o cartel. Ele protegeu o cartel. Ele era o cartel", disse a advogada assistente dos EUA, Saritha Komatireddy, ao juiz na quarta-feira.

García Luna possibilitou um sistema corrupto que permitiu que cartéis violentos prosperassem e distribuíssem drogas que mataram inúmeras pessoas, acrescentou. "Pode não ter sido o réu puxando o gatilho, mas ele tem sangue nas mãos", disse Komatireddy.

Os promotores também afirmaram que García Luna planejou reverter o veredicto do ano passado, ao buscar subornar ou convencer de forma corrupta vários prisioneiros no Centro de Detenção Metropolitano no Brooklyn para apoiar alegações falsas de que duas testemunhas do governo se comunicaram por meio de telefones celulares contrabandeados antes do julgamento. O advogado de García Luna, Cesar de Castro, disse que a defesa pretende recorrer da sentença. Ele afirmou que seu cliente é alguém que "serviu seu país" e que agora perdeu seu dinheiro, sua reputação e as políticas que defendeu no México. "Ele perdeu quase tudo. Tudo o que resta é sua maravilhosa família", disse de Castro.

No México, a nova presidente eleita, Claudia Sheinbaum, comentou brevemente sobre o caso na terça-feira, 15, dizendo: "A grande questão aqui é como alguém que foi premiado por agências dos Estados Unidos, que o ex-presidente Calderón disse coisas maravilhosas sobre seu secretário de segurança, hoje é prisioneiro nos Estados Unidos porque se mostrou que estava ligado ao tráfico de drogas."

A prisão e a condenação de García Luna tornaram-se uma arma política que o partido governante de Sheinbaum e seu predecessor, Andrés Manuel López Obrador, usaram nas eleições presidenciais mexicanas deste ano contra o debilitado Partido de Ação Nacional de Calderón. Eles procuraram pintar García Luna como o exemplo de corrupção e Calderón como o responsável pela violência crescente da guerra às drogas.

López Obrador e agora Sheinbaum se afastaram do confronto direto com os cartéis, em vez disso, focando nas causas raiz da violência, como a pobreza. Mas a nova estratégia não conseguiu reduzir significativamente o nível de violência.

López Obrador teve uma reação muito diferente em 2020, quando autoridades dos EUA prenderam o ex-secretário de Defesa do México Salvador Cienfuegos por supostamente colaborar com um cartel de drogas. Nesse caso, López Obrador acusou a Administração de Controle de Drogas de fabricar provas contra Cienfuegos e protestou até que o governo dos EUA retirasse as acusações. Ele foi devolvido ao México, onde foi rapidamente inocentado e liberado.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou neste sábado, 8, a advogada Verônica Abdalla Sterman para uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM). A indicação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), no Dia Internacional da Mulher.

A advogada precisa ser sabatinada pelo Senado e ter o nome aprovado pela Casa para assumir a vaga no tribunal superior responsável por julgar crimes militares.

Caso tenha o nome chancelado, Verônica Sterman assumirá cadeira na Corte destinada à advocacia que será aberta em abril, com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente do tribunal.

O nome de Verônica Sterman era defendido pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e pela nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

A advogada defendeu Gleisi e o ex-marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, em casos da Operação Lava Jato.

A petista fez uma publicação no Instagram sobre a nomeação da advogada. "Parabéns Verônica! Parabéns presidente", escreveu Gleisi na rede social, neste sábado.

Pressão

A indicação para a vaga é de livre escolha do presidente da República, desde que requisitos sejam cumpridos, como ter mais de 35 anos de idade e notável saber jurídico. Lula, contudo, era pressionado para escolher uma mulher.

Publicamente, a ministra Maria Elizabeth Rocha, que assumirá a presidência do STM na próxima quarta-feira, fez um apelo ao presidente.

"Estou aqui clamando ao presidente para que eu tenha uma companheira que possa, junto comigo, defender as questões de gênero. Muitas vezes, por eu ser a única na Corte, minha voz é pouco ouvida. Mas não me rendo à homogeneidade", declarou a ministra durante entrevista à CNN Brasil no último dia 1.º.

Se for aprovada pelos senadores, Verônica Sterman será a segunda mulher nomeada ministra da Corte superior.

Maria Elizabeth Rocha foi a primeira ministra indicada para o STM desde 1808, quando o tribunal foi criado por d. João VI. Ela também foi nomeada por Lula, em 2007, para a vaga destinada à advocacia.

Preterida

Verônica Sterman é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com mestrado em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP). Aos 40 anos, é sócia do escritório da Abdalla Sterman Advogados.

Em agosto do ano passado, a advogada foi preterida por Lula na indicação para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3). Na ocasião, ele escolheu Marcos Moreira, apadrinhado de Luiz Marinho, ministro do Trabalho.

Lula é alvo e críticas por priorizar homens nas indicações para os tribunais superiores. Neste terceiro mandato, por exemplo, o petista escolheu Cristiano Zanin e Flávio Dino para cadeiras no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em um vídeo publicado no Instagram, o presidente disse esperar que a Corte tenha compreensão para diferenciar o que é crime militar do que é crime comum.

"Eu tenho certeza de que você e a Maria Elizabeth vão mudar a história do STM. Um STM que tenha a compreensão do que é crime militar e do que é crime comum. Eu acho que vai ser bom para a sociedade, para o STM e para as mulheres", afirmou o petista, ao lado da advogada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo informou neste sábado, 8, que atualmente o total 45,6% dos servidores federais ativos são mulheres, um aumento de 3,21% em relação a 2022. Em ponto porcentual, o aumento foi de 0,8 p.p.

Até o início de 2025, eram 261,4 mil servidoras, do total de 572,8 mil ativos.

Os dados foram compilados pelo Observatório de Pessoal do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Já entre os cargos de direção e assessoramento criados pelo atual governo, 76% são ocupados por mulheres, segundo o estudo, em um total de 1,2 mil postos criados.

Essas ocupações estão incluindo coordenadorias-gerais, diretorias, assessorias especiais, secretarias e equivalentes. No geral, há 11,4 mil funcionários no setor público nesses cargos, sendo apenas 39,2% ocupados por mulheres.

Com voto da ministra Carmén Lúcia neste sábado, 8, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar réus os deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA), além do suplente de deputado Bosco Costa (PL-SE), por corrupção pelo uso indevido de emendas parlamentares.

Além de Cármen Lúcia, os ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, que é relator do caso, também votaram a favor de aceitar a denúncia ofertada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta que o trio cobrava uma propina de 25% dos recursos destinados para o município de São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, capital maranhense.

Os parlamentares negam irregularidades no direcionamento dos recursos. As defesas pediram ao STF a rejeição da denúncia por falta de provas.

Os ministros Flávio Dino e Luiz Fux, que completam a Primeira Turma, ainda não apresentaram seus votos. O julgamento corre até o dia 11 de março no plenário virtual do STF.

Segundo a denúncia da PGR, baseada em investigação da Polícia Federal (PF), os três parlamentares teriam pedido propina de R$ 1,66 milhão em troca de R$ 6,67 milhões destinados ao município na área da saúde.

Entre as provas coletadas pela PF, estão conversas em que os deputados mencionam reuniões para cobrar pagamento de comissões, além da organização de agendas com autoridades do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os nomes dos três deputados foram antecipados em outubro do ano passado pelo Estadão.

Na época, foi revelado que a PF encontrou, no celular de Maranhãozinho, uma troca de mensagens com os outros dois deputados e também com o empresário Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, sobre a negociação de emendas para o município.

A investigação que levou à denúncia dos parlamentares é um desdobramento de uma operação iniciada no Maranhão em dezembro de 2020.

Na ocasião, um prefeito do Estado denunciou à PF que Pacovan cobrava propina e dizia que atuava para parlamentares.

A PF apreendeu, entre os papéis desse investigado, uma lista com nomes dos parlamentares denunciados.