'A OAB sempre será protagonista', diz presidente da Comissão Eleitoral em São Paulo

Política
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A Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo vai eleger no próximo dia 21 de novembro sua nova diretoria e também os indicados para o Conselho Federal da entidade. Todo o processo será conduzido pela Comissão Eleitoral, sob presidência de Marcio Kayatt, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, classe jurista.

Cabe à Comissão Eleitoral dirigir o processo desde a inscrição das chapas até a verificação do cumprimento dos requisitos legais e do edital. Também aprecia e delibera as representações ou impugnações apresentadas para assegurar um pleito eleitoral transparente e democrático.

Advogado militante, ex-presidente da Associação dos Advogados de São Paulo, ex-conselheiro federal da OAB/SP, Marcio Kayatt explica, em entrevista ao Estadão, o passo a passo das eleições na maior seccional da Ordem.

Ele destaca que a mudança mais importante será a votação 100% online. "Representa um avanço democrático."

Kayatt alerta a classe que boca de urna está vetada e abuso de poder econômico é motivo para exclusão de chapa.

LEIA A ENTREVISTA DE MARCIO KAYATT AO ESTADÃO

Quais as mudanças mais importantes no conjunto de regras das eleições da OAB-SP para este ano?

A mudança mais importante é a adoção da votação 100% online, que representa um avanço democrático extraordinário. Esse novo formato facilita o exercício do direito ao voto, permitindo que advogados e advogadas exerçam o seu direito de qualquer lugar com acesso à internet, minimizando os transtornos da modalidade presencial, como dificuldades de locomoção e congestionamentos. Diferentemente das eleições passadas, a prática da boca de urna está vedada também.

Por que a escolha por uma votação 100% online?

A escolha se deu, principalmente, para facilitar o acesso ao voto e reduzir os problemas logísticos do formato presencial, como o trânsito nas grandes cidades, dificuldade de chegar aos locais de votação e a necessidade de percorrer grandes distâncias no interior. O formato online permite que a sua escolha seja feita de qualquer lugar, tornando o processo mais democrático e acessível. Com essa estrutura, acreditamos que, além de ampliar a possibilidade dos advogados, o universo dos eleitores, teremos eleições seguras, transparentes e, acima de tudo, democráticas.

O que os candidatos não podem fazer?

Os candidatos não podem cometer abuso de poder econômico ou violar as regras estabelecidas no edital e no provimento do Conselho Federal da OAB. A Comissão Eleitoral fiscaliza eventuais abusos na propaganda eleitoral e garante que o processo seja livre, transparente e democrático. Além disso, os candidatos estão proibidos de praticar boca de urna, contratar qualquer pessoa, advogada ou não, para esse fim, fazer propaganda eleitoral nos locais de votação ou nos ambientes de apoio à votação online. Além disso, é vedada a distribuição de material de propaganda, assim como qualquer forma de aliciamento, coação ou manifestação que influencie a vontade dos eleitores.

Quem não pode votar?

Advogados inadimplentes com suas anuidades até 30 dias antes do pleito, ou seja, até o dia 20 de outubro, não poderão votar. Para esses profissionais conseguirem votar é necessário regularizar a situação financeira.

Quem não precisa votar?

O voto é facultativo para advogados e advogadas com mais de 70 anos, conforme o provimento do CFOAB. Para todos os demais profissionais inscritos na Ordem e em dia com as anuidades, o voto é obrigatório, sob pena de multa de 20% do valor da anuidade.

Qual a missão da Comissão Eleitoral?

A missão da Comissão Eleitoral é dirigir o processo na sua totalidade, desde a inscrição das chapas até a verificação do cumprimento dos requisitos legais e do edital. Ela também aprecia e delibera as representações ou impugnações apresentadas, garantindo que o processo eleitoral seja conduzido de forma livre, transparente e democrática.

Em que situações uma chapa pode ser excluída do pleito?

Em caso de abuso de poder econômico ou violação das regras do edital ou do provimento do Conselho Federal da OAB, que regulamentam as eleições.

Qual a sua expectativa?

Esperamos que as eleições online da OAB SP sejam um marco histórico de transparência, acessibilidade e democracia. Acreditamos que o novo formato ampliará o acesso ao voto e permitirá um processo eleitoral mais eficiente e inclusivo.

Que perfil deve ter o novo presidente da Ordem?

O novo presidente deve cumprir exatamente o propósito da OAB: apoiar e defender os advogados e advogadas paulistas. Defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos e a Justiça social. Assim, a entidade contribuirá com a consolidação das instituições democráticas e da cidadania brasileira.

Dentro da advocacia, a avaliação geral é que a OAB não é mais uma protagonista, como durante períodos cruciais do País. Por que chegou a esse ponto?

A OAB foi, é e sempre será protagonista em questões de interesse para a advocacia e de alta relevância para a sociedade. Quem diz o contrário desconhece a história da entidade, inclusive a recente.

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As principais potências europeias reunidas em uma conferência sobre o futuro da guerra na Ucrânia discutiram nesta segunda-feira, 17, o envio de forças de paz para garantir uma trégua entre russos e ucranianos. A proposta, defendida pelo premiê britânico, Keir Starmer, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron, vem ganhando força e a missão estaria condicionada ao apoio logístico e de defesa aérea dos EUA, mas não é unanimidade no continente.

Líderes europeus e da Otan se reuniram ontem em Paris para mostrar uma frente unida diante da mudança de política dos EUA na guerra. Eles temem que Donald Trump feche um acordo com a Rússia em negociações que excluam a Ucrânia e a Europa.

O diálogo direto entre Trump e o líder russo, Vladimir Putin, que começa nesta terça, 18, na Arábia Saudita, vem provocando calafrios na Europa. Macron defende um planejamento mais concreto sobre o apoio europeu à Ucrânia e o alcance de um consenso sobre o envio de tropas. Ele conversou por telefone com Trump antes da reunião.

Embora Washington tenha rejeitado a presença de tropas americanas na Ucrânia, autoridades europeias afirmam que a equipe de Trump não excluiu a possibilidade de apoiar uma força europeia - a dúvida é sobre que tipo de apoio os EUA poderiam fornecer.

Apoio militar

As solicitações dos governo europeus aos EUA incluem capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento, e possível cobertura aérea ou ajuda com defesas aéreas para proteger essa força de paz.

Após a reunião, Starmer defendeu que Washington dê garantias para impedir a Rússia de atacar a Ucrânia novamente. "O que está em jogo não é apenas o futuro da Ucrânia, é uma questão existencial para a Europa como um todo", disse Starmer. Segundo ele, as cobranças de Trump para que a Europa faça mais "não deveriam ser uma surpresa". Para ele, os europeus terão de aumentar seu protagonismo.

O plano europeu prevê uma força de "garantia" ou "dissuasão" de algumas brigadas, possivelmente de 25 mil a 30 mil soldados, que não ficariam estacionados ao longo da linha de contato, mas estariam prontos como uma demonstração de força se os russos tentassem reiniciar a guerra. As tropas poderiam ser apoiadas por mais forças de fora da Ucrânia, caso precisassem se mobilizar rapidamente.

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A França e o Reino Unido, as duas únicas potências nucleares entre os europeus, estão na vanguarda das discussões, que envolveram pelo menos uma dúzia de países, incluindo Polônia, Holanda, Alemanha e países nórdicos e bálticos.

Divergências

A reunião em Paris, no entanto, mostrou algumas fissuras dentro da Europa. O premiê da Eslováquia, Robert Fico, que não foi convidado para o encontro, disse ontem que o grupo não falava em nome de toda a Europa.

Donald Tusk, premiê da Polônia, rejeitou a ideia de enviar tropas, assim como o chanceler alemão, Olaf Scholz. "O debate sobre envio de tropas agora é prematuro e inapropriado", disse - parte da cautela de Scholz pode ser atribuída às eleições na Alemanha, no domingo.

O premiê da Holanda, Dick Schoof, não descartou totalmente a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia, mas também disse que qualquer envolvimento tem de ser coordenado com os EUA, em caso de retomada do conflito.

Como Trump prometeu um acordo para interromper a guerra, os europeus recentemente se tornaram mais abertos à ideia de enviar tropas. A proposta, no entanto, causou alvoroço quando Macron a sugeriu pela primeira vez, no ano passado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teve uma conversa telefônica com o presidente da França, Emmanuel Macron, na qual ambos compartilharam a visão de que as garantias de segurança devem ser robustas e confiáveis.

"Qualquer outra decisão, como um cessar-fogo frágil, serviria apenas como mais um engano da Rússia e estabeleceria as bases para uma nova guerra russa contra a Ucrânia ou outras nações europeias", diz o comunicado do governo ucraniano.

Macron também informou Zelensky sobre suas conversas com outros líderes mundiais e concordaram em permanecer em contato constante e coordenar esforços para alcançar uma paz sólida, que só pode ser assegurada por meio de fortes garantias de segurança, acrescenta a nota.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e o assessor de assuntos externos de Putin, Yuri Ushakov, chegaram à capital saudita nesta segunda-feira, de acordo com a TV estatal russa, para a reunião com os principais diplomatas dos EUA. Ushakov disse que as conversas seriam "puramente bilaterais" e não incluiriam autoridades ucranianas.

Altos funcionários americanos e russos conversarão sobre como melhorar seus laços e negociar o fim da guerra na Ucrânia, disseram as autoridades hoje, no que seria a reunião mais significativa entre os lados desde a invasão em grande escala de Moscou em seu vizinho há quase três anos.

As conversações programadas para terça-feira, 18, marcam outro passo fundamental do governo de Donald Trump para reverter a política dos EUA de isolar a Rússia, e têm o objetivo de preparar o caminho para uma reunião entre o presidente dos EUA e o presidente russo, Vladimir Putin.