Deputados do PDT na Câmara defendem expulsão de Ciro Gomes do partido

Política
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A bancada do PDT na Câmara dos Deputados se reunirá nesta quarta-feira, 30, para discutir, entre outras coisas que o ex-ministro Ciro Gomes seja "convidado a sair" do partido. A reportagem ouviu dois deputados que defendem abertamente a ideia, enquanto outros preferem não ser identificados e manter a discussão dentro do partido neste momento. Outros preferem sugerir apenas a retirada dele da vice-presidência nacional da legenda.

Parlamentares dizem que Ciro está seguindo um "outro rumo" em comparação à sigla, agiu contra candidaturas pedetistas nas eleições deste ano e pode prejudicar o desempenho em 2026, quando precisará eleger 13 deputados ou ter 2,5% dos votos válidos para atingir a cláusula de barreira e seguir existindo.

O grupo de parlamentares favoráveis à expulsão de Ciro defende, inclusive, que se isso não for tema de concordância entre parlamentares e o diretório, formalizará um requerimento pedindo a análise da exclusão do ex-ministro.

"Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido", afirma o deputado Josenildo (PDT-AP). "Ele está indo para outro rumo. Como ele está desviando a rota, até para o partido retomar esse crescimento, que ele busque um partido que pensa igual a ele."

Na leitura dos descontentes com Ciro, as posições independentes dele prejudicarão a performance do partido em 2026 e afetam a relação com o governo.

Pesa, também, para esses parlamentares, as ações de Ciro nas eleições municipais em Belo Horizonte e em Fortaleza. O ex-ministro disse, em agosto que a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG), candidata pela sigla à prefeitura da capital mineira, "não tem preparo" para o cargo. À época, em grupos de WhatsApp, Duda chegou a dizer a aliados que Ciro era um "repelente de votos".

A maior preocupação, porém, foram para os gestos de Ciro na capital cearense. Na avaliação de deputados da sigla, Ciro fez um "apoio velado" ao deputado federal bolsonarista André Fernandes, que disputa o segundo turno na cidade contra o deputado estadual Evandro Leitão (PT).

O PDT cearense orientou pela neutralidade no segundo turno em Fortaleza, liberando seus quadros a apoiarem qualquer um dos dois postulantes à prefeitura.

Com isso, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio declarou apoio a Fernandes, participou de atos de campanha - dois dos irmãos , inclusive, doaram R$ 500 mil para a candidatura do bolsonarista e seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT apoiam Fernandes.

A Juventude do PDT criticou essa decisão em nota pública. Ciro comentou na publicação pedindo "mais respeito" e afirmando que, caso contrário, ia dizer "mais algumas coisas" que o partido "está precisando ouvir". O ex-presidenciável terminou o comentário afirmando que "não é nem nunca será um puxadinho do PT".

Foi no Ceará que aconteceu a grande ruptura do partido. Em 2022, Ciro brigou com o irmão, o senador Cid Gomes (PSB-CE), o que levou à saída de Cid e de seus aliados do PDT e saída do próprio PDT da base do governo, que tinha o PT como maior aliado.

Cláudio foi candidato pelo PDT ao governo do Estado em 2022 e foi derrotado pelo petista Elmano de Freitas (PT). Neste ano, em Fortaleza, o prefeito José Sarto (PDT) acabou sequer indo para o segundo turno. O próprio Evandro Leitão, aliás, é um ex-pedetista que migrou para o PT após a saída de Cid.

Entre os deputados, há um sentimento generalizado de que o partido sai derrotado das eleições de 2024 e precisará se reconstruir em cima da base dos parlamentares eleitos em 2022.

O PDT teve um dos piores resultados eleitorais entre todos os partidos no primeiro turno. A sigla perdeu 163 prefeituras em relação a 2020 e venceu em 148 municípios. No Ceará, principal estado para o partido, o resultado foi ainda mais trágico - a sigla saiu de 67 prefeitos eleitos em 2020 para apenas cinco neste ano.

Como mostrou a Coluna do Estadão, a primeira reunião de bancada dos deputados após o resultado do primeiro turno teve clima de "terra arrasada". Enquanto isso, no Ceará, o PSB de Cid foi o mais vitorioso, vencendo em 65 dos 184 municípios do Estado.

Na reunião da quarta-feira, 30, um grupo dentre os 18 deputados do PDT na Câmara defenderão que o partido priorize, em 2026, candidaturas para a Câmara e para o Senado Federal. Há um entendimento que, para seguir existindo, o PDT precisará formar uma federação.

Neste momento, três partidos são os mais especulados: o PSB, o PSDB e o Solidariedade. A maior oposição da bancada está no PSDB, que pode lançar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para a presidência da República, o que levaria, na leitura desse grupo, ao envio de recursos para apoiar esse candidato, quando o partido deveria estar plenamente focado nas eleições proporcionais.

"O partido está hoje no governo, faz base do presidente Lula. Se o partido almeja candidatura a presidente, primeira coisa a se fazer então é entregar espaço para o presidente Lula", diz Josenildo. "Não tem como ficar dentro do governo e disputar a eleição contra o governo que você faz parte. É desleal."

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".

De acordo com informações da Agência Bloomberg, todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito.

Pausa foi decidida depois de reunião com gabinete

Segundo informações do jornal Washington Post, a decisão foi tomada em uma reunião na Casa Branca nesta segunda-feira, 3, que incluiu o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Defesa Pete Hegseth, a diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard e o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

A medida segue uma ordem dada na semana passada por Hegseth para que o Comando Cibernético dos EUA suspendesse as operações ofensivas de informação e cibernética contra a Rússia enquanto as negociações para encerrar a guerra estiverem em andamento.

A decisão sobre a ajuda militar ocorre no mesmo dia em que Trump afirmou durante uma entrevista coletiva que Zelenski deveria "apreciar mais" a ajuda econômica e militar que Washington forneceu a Kiev ao longo dos três anos da guerra da Ucrânia. O republicano também acusou Zelenski de não querer realizar um acordo para acabar com a guerra.

"Se uma pessoa não quer fazer um acordo, ela não vai ficar muito tempo em evidência. O povo ucraniano quer um acordo, eles sofreram mais do que qualquer um", apontou Trump.

Mais cedo, Trump voltou criticar Zelenski após o presidente ucraniano afirmar que a guerra entre Ucrânia e Rússia estava "muito longe de acabar".

Discussão

Este é mais um capitulo da polemica entre os dois líderes que começou na sexta-feira, 28, após uma discussão no Salão Oval da Casa Branca. O bate-boca foi iniciado por discordâncias envolvendo um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

O presidente ucraniano havia viajado a Washington para assinar um acordo que permitiria que os Estados Unidos explorassem terras raras da Ucrânia. Mas após a briga, o acordo foi cancelado e Zelenski foi expulso da Casa Branca.

Ajuda dos EUA a Ucrânia

Em diversas ocasiões, Trump reclamou que os EUA forneceram cerca de US$ 350 bilhões em ajuda econômica e militar à Ucrânia ao longo dos três anos de guerra, mas na realidade os números são bem mais baixos.

O valor da ajuda de Washington para a Ucrânia até agora foi de US$ 120 bilhões (cerca de R$ 693 bilhões na cotação atual), segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW Kiel).

A ajuda militar fornecida por Washington consistiu em mísseis Patriot, mísseis Atacms, HIMARS (Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade), munições antidrones e minas terrestres antipessoal.(Com agências internacionais)

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda econômica e militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press (AP) que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O oficial apontou que todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".(Com AP)

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou no domingo, 2, que a guerra entre Rússia e Ucrânia "ainda está muito, muito longe de acabar". As declarações de Zelenski ocorreram depois de um bate-boca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira, 28, sobre o futuro do conflito. O presidente ucraniano também afirmou que está confiante em uma manutenção do relacionamento entre Kiev e Washington.

"Acho que nosso relacionamento com os EUA continuará, porque é mais do que um relacionamento ocasional", disse Zelenski no domingo à noite, referindo-se ao apoio de Washington nos últimos três anos de guerra. "Acredito que a Ucrânia tem uma parceria forte o suficiente com os Estados Unidos para manter a ajuda militar e econômica", disse ele em um briefing em ucraniano.

O presidente ucraniano se mostrou otimista, apesar da briga diplomática entre países ocidentais que têm ajudado a Ucrânia com equipamentos militares e ajuda financeira. A reviravolta dos eventos é indesejável para a Ucrânia, cujo Exército está tendo dificuldade na luta contra os russos.

Zelenski participou de uma cúpula com líderes europeus em Londres no final de semana. O consenso é que a Europa terá que aumentar o seu financiamento militar e econômico a Ucrânia.

A Europa desconfia dos motivos e da estratégia de Trump para acabar o conflito. Friedrich Merz, o provável próximo chanceler da Alemanha, disse nesta segunda-feira, 3, que não acreditava que a discussão no Salão Oval fosse espontânea.

Merz apontou que assistiu à cena repetidamente. "Minha avaliação é que não foi uma reação espontânea às intervenções de Zelenski, mas aparentemente uma escalada induzida nesta reunião no Salão Oval", disse Merz. "Eu defenderia que nos preparássemos para ter que fazer muito, muito mais pela nossa própria segurança nos próximos anos e décadas", disse ele.

O político alemão afirmou que estava "surpreso" com o tom da discussão, mas que houve "uma certa continuidade no que estamos vendo de Washington no momento".

Trump rebate Zelenski

Após a declaração de Zelenski, Trump rebateu o presidente ucraniano. "Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelenski e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!", disse o presidente americano em uma publicação em sua plataforma Truth Social.

"É o que eu estava dizendo, esse cara não quer que haja Paz enquanto ele tiver o apoio dos Estados Unidos", destacou Trump. O presidente americano também afirmou que a Europa não tem capacidade de fornecer ajuda militar suficiente para dar uma chance a Kiev em sua luta contra Moscou. "A Europa, na reunião que teve com Zelenski, declarou categoricamente que não pode fazer o trabalho sem os EUA. Está não é uma grande declaração para ser feita em termos de demonstração de força contra a Rússia".

Discussão

O bate-boca entre Trump e Zelenski começou durante uma reunião aberta para a imprensa no Salão Oval na sexta-feira. O republicano cumprimentou o presidente ucraniano com um aperto de mãos antes de fazer uma piada sobre seu traje de estilo militar. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

"É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

Em meio à discussão, a planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.(Com AP)