Para especialistas, Boulos usa condenação de Bolsonaro para enquadrar Tarcísio

Política
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Ao pedir investigação sobre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) por suposto abuso de poder político, em pleno segundo turno das eleições, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) citou a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030. Especialistas veem um paralelo entre as ações, considerando a conduta atribuída a ambos, mas divergem sobre eventual enquadramento do padrinho de Ricardo Nunes, rival de Boulos na corrida à Prefeitura paulistana.

No documento de 15 páginas em que apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Boulos citou um trecho do acórdão do TSE que declarou a inelegibilidade de Bolsonaro por "apropriação simbólica" do bicentenário da Independência, com "desvio de finalidade eleitoreiro, com bens, recursos e prerrogativas públicas".

O acórdão citou a condenação do ex-presidente no caso da reunião com embaixadores na qual houve ataque às urnas eletrônicas. "A exploração eleitoral de símbolos do Poder Público afeta bens impassíveis de serem estimados financeiramente e transmite sentidos perceptíveis pelo eleitorado que podem redundar em quebra de isonomia", registra o documento.

O argumento de Boulos é o de que Tarcísio usou seu posto, prerrogativas de sua função e sua autoridade para "difundir na imprensa acusações prejudiciais à campanha dos peticionários durante o horário de votação, enquanto abertas as urnas".

O deputado pede a investigação tanto de Tarcísio como de seu adversário direto, Ricardo Nunes em razão da afirmação de que a inteligência do governo do Estado teria identificado orientações do PCC para votos no candidato de Lula à prefeitura da capital paulista.

O professor Fernando Neisser, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) e do Instituto Paulista de Direito Eleitoral (Ipade), qualificou a entrevista de Tarcísio como "grave" e "absurda". Neisser vê espaço para eventual enquadramento do governador por conduta vedada a agentes públicos em campanha e abuso de poder político.

Na avaliação do advogado, Tarcísio pode ser investigado por uso da máquina pública para fins eleitorais, considerando-se um possível uso das forças policiais e da autoridade da figura do governador.

O professor destaca o fato de os bilhetes atribuídos ao PCC que foram apreendidos em setembro não terem sido encaminhados à Justiça eleitoral, mas apresentados em "ato de campanha, adesivo de campanha, ao lado de candidato, usando tema que mexe com a população e com as urnas abertas".

Neisse ressalta que as informações sobre supostas orientações do PCC teriam de ser encaminhadas à Justiça eleitoral e à Polícia Federal.

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e seu presidente Silmar Fernandes negaram o recebimento de quaisquer informações do governador

"Não é a polícia do governador que investiga crimes eleitorais, é a Polícia Federal, exatamente para evitar o uso político das polícias. Se isso tiver ocorrido,(os bilhetes) a atuação correta é encaminhar para a autoridade competente e não guardar isso durante esse tempo e apresentar no dia da eleição", frisa.

Rubens Becak, professor associado da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, vê um maior risco de Tarcísio ser enquadrado pela Justiça eleitoral se, hipoteticamente, as informações divulgadas pelo governador tivessem sido distorcidas. Nesse caso, Becak vê uma possibilidade de se enquadrar o político por uso da máquina estatal para dar uma declaração que influi nas eleições.

Com relação à citação de Boulos ao caso de Bolsonaro, o professor destaca que a jurisprudência não é obrigatória, mas pode sim influenciar julgamentos.

Becak não vê uma grande proximidade entre os casos a não ser a tipificação que uma eventual investigação sobre Tarcísio pode recebem.

Fernando Neisser indica que o que aproxima os casos de Bolsonaro e Tarcísio é a suposta violação da mesma norma, com uso da máquina pública para benefício político - apesar de um envolver o desvio do 7 de setembro e outro tratar do suposto desvio de atividades do governador e das forças policiais.

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Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, discutiu ao vivo com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, lideranças da União Europeia e o provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, foram às redes sociais para dizer que apoiam a Ucrânia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disseram que a dignidade de Zelensky "honra a bravura do povo ucraniano". A mesma mensagem foi publicada por ambos na plataforma X. "Seja forte, seja corajoso, seja destemido. Você nunca está só, caro presidente Zelensky. Continuaremos trabalhando com você por uma paz justa e duradoura", acrescentaram.

Friedrich Merz, por sua vez, disse que "nós apoiamos a Ucrânia tanto nos momentos bons quanto nos momentos difíceis". Ele prosseguiu: "Jamais devemos confundir o agressor e a vítima nesta terrível guerra."

Nesta tarde, Trump, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e Zelensky estavam reunidos no Salão Oval da Casa Branca. Durante a transmissão ao vivo do encontro, eles começaram a discutir e o presidente americano chegou a acusar o líder ucraniano de estar "brincando com a terceira guerra mundial". Após isso, Zelensky deixou o local e um acordo para a exploração de recursos minerais da Ucrânia pelos EUA não foi assinado.

A planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O ucraniano Volodmir Zeleski viajou para Washington nesta sexta-feira, 28, justamente para assinar o acordo sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Donald Trump terminou com um bate-boca no Salão Oval da Casa Branca.

O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.

Mas, durante encontro entre os dois presidentes no Salão Oval, que também contou com a presença do vice JD Vance, Trump chamou Volodmir Zelenski de "desrespeitoso" e disse que ele deveria ser "mais grato" na frente da imprensa. Depois da discussão, a visita de Zelenski à Casa Branca foi encurtada e entrevista coletiva que estava prevista para esta tarde, cancelada. No local onde deveria ocorrer a assinatura do acordo havia apenas as cadeiras e os púlpitos vazios.

A discussão começou depois de Zelenski ter dito a Trump que não se pode confiar nas promessas de paz de Vladimir Putin, observando o histórico de promessas não cumpridas do líder russo. Trump se irritou e disse que Putin não quebrou acordos com ele.

Em meio à discussão Trump ameaçou Zelenski: "Ou você fecha o acordo ou estamos fora. O seu país está em apuros. Você não está vencendo", disse Trump ao que Zelenski respondeu: "Eu sei". "Você tem uma boa chance de sair bem por nossa causa", interrompeu Trump.

"Nós (os Estados Unidos) demos a você, através do presidente idiota, US$ 350 bilhões", disse referindo-se a Joe Biden e inflando o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia que, na verdade, foi de US$ 114 bilhões. "Nós demos a você equipamento militar... Se você não tivesse nosso equipamento militar, essa guerra teria acabado em duas semanas."

Depois da discussão, Trump disse que Zelenski poderia voltar quando estivesse pronto para a paz. "É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Trump em comunicado após o encontro

O presidente ucraniano viajou para Washington para assinar a resolução sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Trump terminou em bate-boca.

Após a reunião contenciosa, Zelenski e sua delegação foram para uma sala diferente e o líder ucraniano fez um esforço para tentar se recompor e colocar retomar a visita, de acordo com uma autoridade da Casa Branca. A fonte disse que o Conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e o Secretário de Estado Marco Rubio comunicaram aos ucranianos que Trump queria que Zelenski deixasse a Casa Branca imediatamente.

Após a discussão, O ucraniano expressou gratidão ao povo americano, mas não abordou diretamente seu encontro com Trump e Vance em uma postagem no X. "Obrigado, América, obrigado pelo seu apoio, obrigado por esta visita. Obrigado presidente, Congresso e povo americano", escreveu Zelenski. "A Ucrânia precisa de uma paz justa e duradoura, e estamos trabalhando exatamente para isso."

O acordo que seria assinado hoje não previa garantias absolutas de segurança, como queria a Ucrânia, embora Trump tenha dito que a cooperação funcionaria como uma espécie de rede de segurança. "Não acredito que ninguém vá entrar em problemas se estivermos (na Ucrânia), com muitos trabalhadores para explorar minerais", disse o presidente americano.

A Ucrânia possui quase 5% dos recursos minerais do mundo, mas os que Trump cobiça não são explorados em sua maioria, são difíceis de extrair ou estão sob controle russo, em territórios ocupados.

O encontro ocorreu no momento em que Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Estados Unidos e Rússia, que deram início às conversas para encerrar a guerra sem que os ucranianos estivessem presentes.

Trump havia reiterado ontem que confia no presidente russo, apesar das repetidas advertências da Europa sobre a fragilidade de qualquer trégua que não esteja acompanhada por um sólido aparato de controle e segurança, garantido pelos Estados Unidos. Ele disse estar convencido de que Putin "cumprirá sua palavra" em caso de cessar-fogo.

Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, chamou o bate boca televisionado de "uma repreensão no Salão Oval". Em seu canal no Telegram, Medvedev, o primeiro alto funcionário russo a opinar sobre a reunião entre Trump e Zelenski, elogiou o presidente dos EUA por "dizer a verdade" na cara de Zelenski e pediu que ele suspendesse a ajuda militar à Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Após se retirar da Casa Branca, depois de discussão com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao republicano e aos EUA pelo "suporte e pela visita".

Em seu perfil no X, o ucraniano escreveu: "Obrigado, presidente Trump, Congresso e americanos. A Ucrânia precisa apenas de paz duradoura, e nós estamos trabalhando exatamente para isso."

O presidente da Ucrânia está em Washington para discutir um acordo de exploração de minerais em território ucraniano pelos EUA, mas que não chegou a ser assinado. Agora, ele deve seguir para o Reino Unido para um encontro com líderes europeus no domingo, que discutirão o conflito com a Rússia e o fortalecimento da defesa do continente.