Gonet se opôs à anulação das condenações de José Dirceu e deve recorrer

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O procurador-geral da República Paulo Gonet defendeu em parecer que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, não acolhesse o pedido do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/primeiro governo Lula) para anular duas condenações que lhe foram impostas na Operação Lava Jato - ambas as sentenças de autoria do então juiz federal Sérgio Moro.

Para o chefe do Ministério Público Federal, a solicitação de Dirceu não atendeu a dois requisitos específicos, logo, ele não poderia ser alcançado pela extensão de decisão que beneficiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também na Lava Jato, no caso, a declaração de suspeição de Moro.

O posicionamento do procurador indica um possível recurso do Ministério Público Federal contra a decisão de Gilmar que, contrariando o parecer da PGR, anulou as condenações de Dirceu.

Em caso de um eventual recurso, o tema será levado para a Segunda Turma do STF, colegiado que declarou a suspeição de Moro.

Ao analisar o caso de Dirceu, o procurador-geral ponderou que o pedido do ex-ministro petista é composto apenas de alegações que não poderiam ser analisadas pelo Supremo Tribunal Federal em um pedido de extensão.

Gonet anotou que Dirceu teria que usar outro meio processual para alegar a suposta parcialidade de Moro. O procurador destacou que 'não se repete decisão para casos que não sejam iguais'. Ele argumentou que o caso de Dirceu não guarda semelhanças ao de Lula.

O procurador alertou que estender um despacho para pedidos diferentes tornaria tal mecanismo um 'instrumento de supressão de instância e de concentração no Tribunal, com prevenção de relatoria, das mais variadas causas que se pudessem relacionar indiretamente com aquela específica em que a Suprema Corte já proferiu ordem'.

O chefe do Ministério Público Federal pontuou que o pleito de Dirceu não atendeu dois requisitos básicos que autorizassem a extensão do benefício concedido a Lula: a condição de corréu entre o beneficiário da decisão e a pessoa que pede a extensão; e a impossibilidade de decisões 'fundadas em motivos de ordem exclusivamente pessoal' serem estendidas.

Zé Dirceu pediu ao STF a extensão da decisão que declarou a suspeição de Moro para julgar o petista, anulando todas as decisões do ex-magistrado. No entanto, para Gonet, o pedido que Lula fez ao Supremo tem fundamentos 'visivelmente distintos' aos do presidente.

A avaliação do procurador é a de que 'motivos de caráter exclusivamente pessoal' nortearam a decisão que beneficiou Lula e, por 'essa condição particular', não poderiam ser estendidos a Dirceu.

Gonet destacou que o ex-ministro de Lula não era corréu do presidente, ou seja, não respondia a processos juntamente com o petista.

Gonet destacou que o ex-ministro não foi acusado no caso do tríplex do Guarujá, pivô da declaração de parcialidade de Moro. O parecer frisa que as condenações de Dirceu - agora anuladas - a penas de 23 anos e 11 anos de prisão por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, se deram em processos distintos ao de Lula.

Em sua decisão, Gilmar contestou o argumento de Gonet sobre o impedimento da extensão, vez que Lula e Dirceu não eram corréus. Segundo o decano do STF, a imbricação das condutas atribuídas aos petistas é 'tão profunda' que, apesar de Dirceu não ter sido acusado no caso do tríplex, seu nome foi citado 72 vezes na denúncia da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, base da extinta Lava Jato.

Em outra categoria

A Casa Branca chamou de "ilegítima" a posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para um terceiro mandato no cargo. "Maduro demonstrou desprezo à democracia", afirmou a secretária de imprensa do governo americano, Karine Jean-Pierre, em coletiva de imprensa nesta sexta, 10.

Jean-Pierre também comentou o forte relatório de emprego dos EUA, o payroll, que apontou criação de 256 mil postos de trabalho em dezembro. Segundo ela, o governo do presidente americano, Joe Biden, é o primeiro registrar ganho de empregos em todos os meses da administração.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, minimizou nesta sexta, 10, o impacto de novas sanções dos Estados Unidos contra a Rússia nos preços de petróleo e, portanto, nos de gasolina.

Em coletiva de imprensa, Jean-Pierre explicou que espera oferta global da commodity maior que a demanda este ano, o que deve impor pressão sobre as cotações. "Acreditamos que preços de gasolina continuarão caindo", ressaltou.

A porta-voz acrescentou as "significativas" sanções miram o setor de energia russo, com objetivo de reprimir a capacidade do Kremlin de manter a guerra contra a Ucrânia. Para ela, por conta das medidas, o mercado petrolífero está "em lugar fundamentalmente melhor".

Jean-Pierre disse ainda que os EUA impuseram sanções contra aliados da Venezuela, após a posse do ditador Nicolás Maduro a um terceiro mandato, que os EUA consideram "ilegítima".

O opositor Edmundo González Urrutia, que reivindica vitória nas eleições venezuelanas, afirmou que retornará ao país "em breve" para assumir a presidência e ordenou que o alto comando militar venezuelano preparasse as condições de segurança para sua posse. O opositor que é reconhecido como o presidente eleito por países como EUA e Argentina, afirmou que Nicolás Maduro consumou um golpe e se "autocoroou ditador" ao tomar posse para um terceiro mandato consecutivo nesta sexta-feira, 10.

"Maduro violou a Constituição e a vontade soberana dos venezuelanos expressa em 28 de julho. Consumou um golpe de Estado. Autoproclamou-se ditador. Não tem o apoio do povo", disse o opositor em uma mensagem gravada. "Não conta com o respaldo de nenhum governo que se respeite como democrático. Apenas os ditadores de Cuba, Congo e Nicarágua o apoiam."

Como autoproclamado presidente, González ordenou ao alto comando militar que desconsiderasse as ordens ilegais de Maduro e preparasse as condições de segurança para sua posse. "Os soldados da nossa Força Armada Nacional devem obediência ao povo através de mim, pois hoje sou o presidente eleito da República Bolivariana da Venezuela", declarou.

Maduro, no poder desde 2013, foi empossado em uma cerimônia na sede do Parlamento, sob seu controle, assim como todas as instituições do país, incluindo as Forças Armadas, que pela lhe juraram "lealdade e subordinação absoluta".

González afirmou que está "muito perto" da Venezuela. Após viajar pelas Américas para dialogar com lideranças internacionais, o opositor cogitava pegar um voo para a Venezuela para pressionar por sua posse, mas desistiu de ir a Caracas por um pedido de sua aliada, a líder opositora María Corina Machado. Na quinta-feira, 9, na saída de um protesto contra Maduro, a oposição venezuelana denunciou a detenção temporária de Corina Macho pelo regime chavista.

"Como disse María Corina Machado, a decisão de fechar as fronteiras do país e armar os aviões militares que protegem o espaço aéreo, visavam fazer comigo, no ar, o que fizeram ontem contra nossa líder", disse. Nesta sexta-feira, a Venezuela fechou fronteira com o Brasil e com a Colômbia.

González declarou que está trabalhando para entrar na Venezuela de maneira segura e no momento certo, enfatizando que sua liderança representa a vontade de quase oito milhões de eleitores. "Em breve, muito em breve, apesar de tudo o que eles fizerem, conseguiremos entrar na Venezuela e pôr fim a esta tragédia. Estou muito perto da Venezuela. Estou pronto para o ingresso seguro e no momento propício", afirmou.

Na cerimônia desta sexta-feira, Maduro pediu múltiplos juramentos de lealdade, feitos por militares, policiais e seguidores do chavismo.

A autoridade eleitoral proclamou Maduro vencedor das eleições com 52% dos votos, mas não apresentou até hoje os dados detalhados da apuração, como determina a lei. A oposição, por sua vez, afirma que González com 70%.

A principal coalizão de partidos políticos opositores, a Plataforma Unitária, denunciou que Maduro consumou "um golpe de Estado" ao tomar posse, apoiado "pela força bruta e não reconhecendo a soberania popular expressada contundentemente em 28 de julho", diz um comunicado, sustentando que "González Urrutia é quem deve ser empossado".