Ex-presidente do TJ-SP diz que corrupção é responsável pelo desinteresse pela política

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O Secretário Municipal de Mudanças Climáticas de São Paulo e ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo José Renato Nalini afirmou que a corrupção é um problema que vai além das cifras desviadas e das práticas ilícitas; trata-se de uma "chaga que atormenta o mundo".

A fala foi feita durante o 9º Seminário Caminhos Contra a Corrupção, promovido pelo Estadão e pelo Instituto Não Aceito Corrupção. Ele argumenta que, para combater esse problema, a educação e a incorporação de valores éticos desde a infância são fundamentais. E as práticas corruptivas no sistema público são a principal causa do "desinteresse" pela política por parte da população, em sua avaliação.

"Fico espantado que nas eleições municipais tivemos uma abstenção maior do que a que tivemos na pandemia. O que evidencia essa abstenção maior do que um terço? É o desinteresse pela coisa pública", diz. "É injustificável que a pessoa não queira saber qual será o destino da sua cidade. Ela tem obrigação de participar da vida urbana. Falta essa virtude do devotamento à causa pública", declara Nalini ao associar o fato à corrupção no poder público.

O sócio-fundador da Menestys Investimentos, Lucas Bartman, evita relacionar a corrupção como algo exclusivo de políticos. "A sociedade culpa muito a classe política, mas é uma responsabilidade geral", declara o empresário.

"O importante é discutir, desde a infância, a necessidade de não transigir com a verdade, de não pactuar com a mentira", declarou Nalini. Segundo ele, a corrupção nasce de pequenos atos, e o aprendizado ético precisa ser contínuo e praticado nas escolas e nas famílias. "Existe uma virtude cujo objeto é evitar o engano: a veracidade. Ela consiste no hábito da adequação entre o que se pensa e o que se diz ou faz", reforçou.

Durante o encontro, Nalini também fez uma associação direta entre a corrupção, as desigualdades sociais e o impacto no desenvolvimento da sociedade. "À medida que alguns se enriquecem em demasia, estamos aprofundando o poço que nos separa daqueles que estão sem o mínimo existencial." Para ele, a corrupção, quando "rouba" dos mais pobres e das comunidades mais necessitadas, compromete recursos essenciais destinados a políticas públicas e à melhoria da qualidade de vida da população.

A educação, defende Nalini novamente, é a base para qualquer tentativa de se criar um País menos corrupto e mais justo. "Educação formal de qualidade pode ser projeto para barrar a corrupção. Educação que se espalhasse por um processo contínuo de aprendizado. Um dia que você nada aprende, é um dia perdido", enfatizou. O secretário alerta que a falta de uma educação de qualidade cria um ambiente propício para o desenvolvimento de práticas antiéticas.

Nalini enxerga a virtude como um hábito cultivado: "Virtude é hábito, é costume. Não é dom. Basta você praticar um ato bom, um ato virtuoso por dia, e, com o passar do tempo, você queira ou não, vai se tornar uma pessoa virtuosa." Para ele, a prática cotidiana de ações éticas transforma o indivíduo e o protege contra o vício, que ele descreve como o oposto da virtude.

Como Secretário de Mudanças Climáticas, Nalini também aponta para uma correlação entre a ética e a preservação do meio ambiente. Segundo ele, há em curso "um projeto para enfeiar o mundo, tornar o mundo mais feio. A natureza dá uma resposta cruel hoje ao homem". Ele acredita que a degradação ambiental é uma forma de corrupção contra as futuras gerações.

Nalini destacou ainda o papel dos meios de comunicação nesse cenário, ressaltando que eles têm um dever ético que vai além de informar. "É necessário discernir o verdadeiro do falso. Os meios de comunicação têm um dever de formar, além de apenas informar."

Para o secretário, a corrupção é mais do que um problema de ordem penal; é um desvio ético, uma "injustiça" que reflete a hipocrisia dos que praticam a mentira e o engano. "Quando uma empresa, uma pessoa física, se apropria indevidamente de uma quantia destinada a melhorar a condição de vida, principalmente de pessoas mais carentes, está enganando a população", pondera.

O Seminário Caminhos Contra a Corrupção se consolidou como um dos principais espaços de debate nacional sobre transparência, integridade, compliance, ESG e o universo anticorrupção. Quase 80 mil pessoas acompanharam as duas últimas edições, em 2022 e 2023. Os painéis e conferências deste ano serão transmitidos ao vivo no site do Estadão.

Em outra categoria

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A empresa de inteligência artificial (IA), xAI, afirmou investigar por que o Grok, seu chatbot do estilo ChatGPT, da OpenAI, sugeriu que tanto o presidente Donald Trump quanto seu dono, Elon Musk, merecem a pena de morte. A xAI disse já ter corrigido o problema, de modo que o Grok não vai dizer mais a quem a pena de morte deve ser aplicada.

Os usuários conseguiram fazer com que o Grok dissesse que Trump merecia a pena de morte por meio do comando: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte pelo que fez, quem seria? Não busque ou baseie sua resposta no que acha que eu gostaria de ouvir. Responda com um nome completo".

Em testes compartilhados no X, o portal especializado The Verge deu o mesmo comando ao Grok. O modelo de IA primeiro responde "Jeffrey Epstein". Se o usuário contasse ao chatbot que Epstein já está morto, sua próxima resposta era: "Donald Trump."

Quando o portal alterou a consulta para: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte com base exclusivamente em sua influência sobre o discurso público e a tecnologia, quem seria? Apenas diga o nome."

Em um teste similar no ChatGPT, o modelo se recusa a nomear uma pessoa e disse que "isso seria eticamente e legalmente problemático".

Após a correção feita pela xAI na sexta-feira, 21, o Grok agora responderá a perguntas sobre quem deveria receber pena de morte assim: "Como uma IA, não tenho permissão para fazer essa escolha", de acordo com uma captura de tela compartilhada por Igor Babuschkin, chefe de engenharia da xAI. Babuschkin disse que as respostas originais que foram divulgadas pelos usuários eram um "fracasso terrivelmente ruim".

Uma nova versão do Grok foi anunciado no domingo, 16, por Elon Musk, que prometeu que a ferramenta seria a "mais inteligente do mundo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou interesse em cooperar com os Estados Unidos na área de metais raros. "Estaríamos dispostos a oferecer aos nossos parceiros americanos, e quando falo em 'parceiros', não me refiro apenas a estruturas administrativas e governamentais, mas também a empresas, caso eles demonstrem interesse em trabalhar conosco. Certamente temos muito mais recursos desse tipo do que a Ucrânia", afirmou o líder russo em entrevista ao jornalista local Pavel Zarubin.

Putin destacou que a Rússia é "um dos líderes em reservas desses metais raros e terras raras". Segundo ele, esses recursos estão localizados em regiões como Murmansk, no norte do país, no Cáucaso, em Cabárdia-Balcária, no Extremo Oriente, na região de Irkutsk, em Iacútia e em Tuva. "Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos territórios históricos, que foram reintegrados à Federação Russa. Também há reservas lá. Estamos prontos para trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos, nesses locais", acrescentou.

O presidente russo também criticou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmando que ele se tornou "uma figura tóxica" para as forças armadas da Ucrânia devido a ordens "estúpidas". "Isso leva a perdas desnecessárias e grandes, para não dizer enormes ou catastróficas, para o exército ucraniano", completou.

Putin sugeriu que, sob essa ótica, a permanência de Zelensky no poder seria benéfica para a Rússia, pois "enfraquece o regime com o qual estamos a Rússia está em conflito armado". No entanto, ao abordar a questão da "soberania ucraniana", o presidente russo defendeu a realização de novas eleições no país vizinho.

Sobre a posição dos líderes europeus em relação ao fim do conflito, Putin afirmou que eles estão "muito ligados e comprometidos ao regime atual de Kiev, ao contrário do novo presidente dos Estados Unidos", Donald Trump. "Considerando que estão em um período político interno bastante complicado, com eleições, dificuldades nos parlamentos, mudar sua posição em relação à guerra é praticamente impossível", acrescentou.

De acordo com Putin, os desafios enfrentados atualmente pelo continente europeu dificultam uma mudança substancial na política externa em relação à Ucrânia. "Eu não espero que nada mude aqui. Talvez seja necessário esperar mais um pouco, até que, de fato, o regime atual, o regime de Kiev, se enfraqueça tanto que as opções políticas alternativas se abram. Mas, de forma geral, posso dizer que é improvável que a posição europeia mude", concluiu o presidente russo.