Deputado petista sobre escala 6x1: 'Se o debate for ideológico, já perdemos'

Política
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O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que, se o debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com a escala 6x1 - seis dias de trabalho e um de descanso - se tornar ideológico, a discussão estará "perdida". Segundo ele, o tema é "estruturante, e não ideológico".

"Se o debate for ideológico, a gente perdeu. Nós tivemos avanço de grande produtividade na economia brasileira com pesquisa, ciência e inovação tecnológica. Para continuar a ter ganho na economia, precisa ter saúde coletiva, saúde mental e qualidade de vida. A redução da jornada de trabalho é mais um ganho de produtividade na economia brasileira", declarou o parlamentar.

A maioria dos deputados que não assinaram o texto atual, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), se identifica como "direita ideológica", como é o caso de parlamentares do PL, que apontam "motivos econômicos" para não apoiar a medida.

Ao Estadão, Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que a aprovação da proposta pode gerar consequências mais negativas que a PEC das Empregadas. "Os empresários não terão como pagar extra para outro funcionário ir no comércio sábado. Os salários vão cair e o desemprego vai crescer", comenta.

Já o deputado Reginaldo Lopes acredita na possibilidade de "conversar" com a direita sobre o tema. "Vai ser muito melhor para a economia. É uma modernização de um País que quer proteger a família, que quer dar mais qualidade de vida para as famílias. Principalmente para a direita mais conservadora, que fala em família, o pai precisa ter tempo para seu filho, para cuidar da sua saúde", defendeu o petista. "Isso faz parte de uma construção de uma opinião na sociedade", concluiu.

A proposta de Erika Hilton ganhou repercussão ao longo do fim de semana nas redes sociais, especialmente no X, antigo Twitter, e no TikTok, impulsionada por 'memes'. Lopes avalia positivamente o impacto da PEC entre os usuários online: "Acho que a contribuição do movimento liderado pela Erika Hilton é muito importante. Ela corrobora muito com o meu projeto, com a minha iniciativa."

O parlamentar do PT já havia apresentado uma proposta similar à de Erika em 2019. Sua emenda à PEC 221/2019 pede a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais ao longo de 10 anos. Ele ressalta que a proposta de Erika não prevê esse período de transição econômica para adaptação das empresas, mas sugere que isso possa ser discutido, recomendando que o texto dela seja apensado ao dele, que já tramita e aguarda a designação de um relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

A proposta de Erika Hilton atingiu nesta quarta, 13, o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara dos Deputados. A parlamentar formalizou uma iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), do vereador eleito no Rio de Janeiro Rick Azevedo (PSOL).

O texto contava com 194 assinaturas no sistema interno da Câmara no início da manhã desta quarta-feira, 13. Para que a PEC fosse protocolada, eram necessários ao menos 171 signatários.

A mobilização em torno da proposta ganhou força com a adesão de deputados federais do PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a sigla mais representativa entre os parlamentares que já assinaram o requerimento. No momento, 68 deputados federais petistas são signatários do texto. Além da autora, todos os outros 13 parlamentares do PSOL da Câmara assinaram a proposta, além de mais 13 deputados federais do PSB.

O texto também conta com assinaturas de 20 deputados federais do União Brasil, 15 assinaturas do PSD, dez do Progressistas, sete do Republicanos e um parlamentar do PL, o deputado federal Fernando Rodolfo (PE).

Nesta quarta-feira, 13, Lopes deve se reunir com o ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, em busca de orientação sobre como destravar a tramitação de sua proposta, atualmente parada no Congresso. A Coluna do Estadão mostrou que o argumento de Lopes é que, se o tema for discutido no Congresso, a base deve ser sua proposta de 2019.

A PEC de Lopes também visa reduzir a jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais. Embora o tema tenha apoio entre alguns integrantes do governo, ele ainda causa divisão no Planalto, que adota cautela antes de decidir se apoiará a medida e qual texto endossará, visto que o de Erika Hilton possui maior apoio nas redes sociais.

O governo federal ainda planeja estudar com profundidade o impacto econômico da medida, considerando, especialmente, os possíveis efeitos sobre o mercado de trabalho. Além disso, avalia se apoiar uma pauta como essa, considerada populista, pode contribuir para melhorar a imagem do presidente junto aos eleitores.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), liderado por Luiz Marinho (PT), declarou em nota que considera que a questão deve ser tratada "em convenção e acordo coletivo entre empresas e funcionários". No entanto, a pasta afirmou que vê com bons olhos a possibilidade de redução da jornada de 44 horas semanais.

Este é um momento crucial para o governo mergulhar no debate. Outras pautas econômicas fundamentais para o desenvolvimento do País também aguardam votação no Congresso. O candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), manifestou sua preocupação com a PEC sobre a jornada de trabalho nesta semana.

"Se criou um verdadeiro movimento nas redes sociais a favor da PEC, que é um tema que nós temos e nós vamos discutir, mas não ouvindo apenas um lado. Nós temos de ouvir, também, quem emprega. Nós temos de ouvir os dois lados, para que, a partir daí, nós não venhamos a ter o avanço de uma pauta que possa amanhã ser danosa ao País", afirmou.

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O presidente da Argentina, Javier Milei, se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de ontem, 14, durante um evento da conferência conservadora CPAC, em Mar-a-Lago, resort de luxo do americano na Flórida.

Milei e Trump discursaram, trocaram elogios, conversaram e tiraram fotos juntos. O presidente argentino foi o primeiro líder internacional a ser recebido pelo republicano desde a sua vitória nas eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro.

Em seu discurso, Milei descreveu a eleição de Donald Trump como o "maior retorno político da história". O libertário apontou que o republicano desafiou o "establishment político" e arriscou a própria vida, em uma referencia a tentativa de assassinato sofrida por Trump durante um comício em Butler, Pensilvânia, no mês de julho.

"Graças a isto, hoje o mundo é um mundo muito melhor. Hoje, sopram os ventos da liberdade, sopram com muito mais força", acrescentou o presidente argentino, que se emocionou durante o discurso.

Segundo o jornal argentino La Nación, o presidente eleito dos Estados Unidos chegou no final do discurso de Milei e agradeceu a presença do argentino no evento quando subiu ao palco. "Javier, quero parabenizá-lo pelo trabalho que realizou para tornar a Argentina grande novamente. É incrível como você está consertando isso em tão pouco tempo e é uma honra que você esteja aqui", apontou Trump, em seu discurso. "Você realmente é uma pessoa MAGA (Make America Great Again)".

Conversas

Os políticos tiraram várias fotos juntos, que prontamente foram publicadas na rede social X pelo porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni. Nas fotos, o libertário aparece ao lado de Trump, Elon Musk e sua comitiva argentina: a secretária-geral da Presidência, Karina Milei e o chanceler argentino, Gerardo Wertheim.

De acordo com o La Nación, fontes próximas de Milei apontam que o libertário e o republicano têm "uma relação pessoal" e mantiveram uma conversa "informal", sem uma reunião bilateral. O jornal argentino afirmou que existe uma "admiração mútua" entre os dois.

A conversa entre Trump e Milei durou 10 minutos, segundo o jornal argentino Clarín. O bilionário Elon Musk participou do diálogo, ao lado do empresário e ex-candidato presidencial republicano Vivek Ramaswamy. O republicano parabenizou o trabalho que o libertário vem fazendo no comando da Casa Rosada.

O argentino explicou a Trump como diminuiu o gasto público e eliminou regulações econômicas na Argentina. Os dois também conversaram sobre o trabalho que Musk e Ramaswamy irão realizar à frente do Departamento de Eficiência Governamental, que não é, apesar do nome, uma agência governamental.

Depois disso, Trump foi cumprimentar outros convidados e Milei se dirigiu a sua mesa. Segundo fontes do jornal Clarín, o libertário foi muito aplaudido no evento.

Oportunidade

Para Milei, um relacionamento próximo com Trump é essencial para melhorar a relação com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente argentino destacou antes de viajar a Palm Beach que quer buscar um acordo de livre-comércio com o republicano. "O presidente eleito se sente muito mais cômodo trabalhando comigo do que com outros governos", afirmou o libertário em uma entrevista a uma rádio local.

Durante o evento em Palm Beach, Milei conheceu grande parte dos membros do futuro gabinete de Trump e da família do presidente republicano. Ele conversou com o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, J.D Vance, e trocou informações de contato com o escolhido de Trump para ser o próximo conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, segundo informações do jornal argentino Clarín. O libertário também interagiu com a futura chefe de gabinete, Susie Wiles, o futuro procurador-geral dos Estados Unidos , Matt Gaetz, e com o próximo secretário de Saúde, Robert Kennedy Jr.

Milei busca costurar uma proximidade com o entorno de Trump desde antes da vitória do republicano. Após a reeleição de Trump na semana passada, Milei o parabenizou com mensagens no Instagram e na rede X. "Você sabe que pode contar com a Argentina para tornar os Estados Unidos grandes novamente", escreveu.

Após a vitória nas eleições da Argentina em novembro do ano passado, Trump parabenizou Milei com uma versão de seu slogan "Make America Great Again": "Faça a Argentina grande novamente".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai se reunir com o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, e com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, nesta sexta-feira, 15, em meio a preocupações com a parceria militar da Coreia do Norte com a Rússia e o ritmo crescente de testes de mísseis balísticos por Pyongyang.

A reunião, à margem da cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, no Peru, ocorre paralelamente ao envio, pela Coreia do Norte, de tropas à Rússia para ajudar Moscou na tentativa de recuperar territórios na região de Kursk tomados pela Ucrânia.

Além disso, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, ordenou uma série de testes de mísseis balísticos antes das eleições norte-americanas deste mês, e alega progresso no desenvolvimento de capacidade para atacar o território continental dos EUA.

Autoridades dos EUA estão preocupadas que Pyongyang possa realizar ações provocativas antes da posse do presidente eleito, Donald Trump, e nos primeiros dias de seu governo.

"Não acho que podemos contar com um período de silêncio com a RPDC (Coreia do Norte)", disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. "A possibilidade de um sétimo teste nuclear continua sempre presente e estamos vigilantes. As transições de governos são historicamente períodos em que a RPDC toma atitudes provocativas."

Até 12.000 soldados norte-coreanos foram enviados para a Rússia, de acordo com informações de inteligência dos EUA, Coreia do Sul e Ucrânia. Fontes de inteligência dos EUA e da Coreia do Sul dizem também que a Coreia do Norte forneceu à Rússia quantidades significativas de munições.

Sullivan acrescentou que os líderes dos EUA, Japão e Coreia do Sul vão usar a reunião para garantir que os três países atuem de "maneira coordenada".

Sullivan disse ainda que o governo Biden trabalha para garantir que a cooperação entre os três países seja "uma característica duradoura da política americana". Ele espera que isso continue sob Trump, observando o apoio bipartidário à iniciativa, mas reconheceu que isso depende da equipe do novo presidente.

Biden se encontrará também com a presidente peruana, Dina Boluarte, nesta sexta-feira.

A produção industrial do Reino Unido caiu 0,5% em setembro ante agosto, segundo dados publicados hoje pelo ONS, como é conhecido o órgão de estatísticas do país. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam avanço de 0,2% no período.

Na comparação anual, a produção industrial britânica registrou queda de 1,8% em setembro. Neste caso, o consenso da FactSet era de recuo menor, de 1,2%.