Militar temia assinar carta pró-golpe por risco de investigação no STF

Política
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O relatório final do inquérito das Operações Tempus Veritatis e Contragolpe, da Polícia Federal (PF), mostra um militar do Exército com medo de assinar uma carta pró-Golpe de Estado. Isso porque Ronald Ferreira de Araújo Júnior não queria ser investigado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Vamos ser presos por ele", diz em uma mensagem logo depois de encaminhar uma figurinha de Moraes pelo WhatsApp.

De acordo com a PF, Araújo Júnior, que é tenente-coronel, "apesar de atuar na propagação e obtenção de assinaturas, demonstra receio em ele próprio assinar o documento pelo fato de ser tenente-coronel e ainda expor seu comandante, amigo pessoal", citou a PF no relatório. Araújo Júnior é apontado como um dos militares responsáveis por conseguir assinatura de militares pró-golpe. O Estadão procura a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestação.

No dia 26 de novembro de 2022, há exatos dois anos, Araújo Júnior revela explicitamente medo de ser investigado por Moraes. "O problema é o cabeça de p..... pegar essa p.... e meter no inquérito das fake news, né cara (sic). Aí a gente tá fu..... O inquérito do fim do mundo, essas p.... lá dos atos antidemocrático (sic). Sei lá quantos inquéritos ilegais esse filho da p... tem, né. Então esse é o perigo", afirmou ao também tenente-coronel Sérgio Cavaliere.

Araújo Júnior disse ainda que se a investigação fosse tocada por militares, não teria receio. "Será que a Justiça Militar, os generais, vão f.... a gente? Eu acho que não", disse em outro trecho da mensagem de áudio transcrita pela PF.

O militar Araújo Júnior afirmou ainda que no dia 25 de novembro, um dia antes da troca de mensagens, uma live ocorreu entre servidores do Exército sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, um militar afirmou no encontro virtual que os coronéis deveriam assinar o documento golpista.

"É o cara que vai ter menos prejuízo, mano. O cara já está no último posto da carreira, coronel, acabou. Entendeu? Ele mesmo disse que achava que tenente-coronel e major não deveriam assinar, mas aí vai ter pouca adesão", disse.

Cavaliere demonstra concordar com Araújo Júnior e diz necessitar de mais informações sobre o movimento. Ele cita realizar chamada de vídeo com Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). "A gente que vai entrar de bucha de canhão e ficar mais três anos ai sofrendo a perseguição que vai vir de um lado ou de outro (...) e a pior situação é não dar em nada. Se sair o Bolsonaro e entrar o molusco (Lula) aí pronto. A gente vai ser perseguido", respondeu.

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Um navio comercial da China nomeado Yi Peng 3 e que carregava fertilizantes da Rússia está sendo investigado por sabotagem após arrastar sua âncora pelo leito marinho do Mar Báltico por mais de 160 quilômetros. A ação fez com que dois cabos submarinos de dados fossem cortados em águas suecas na semana passada. A situação ameaça testar os limites do direito marítimo e aumentar as tensões entre Pequim e capitais da Europa.

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Um alto investigador europeu envolvido no caso disse que é "extremamente improvável" que o capitão não tenha notado que o navio tenha se soltado e arrastado a âncora. O proprietário chinês do navio, Ningbo Yipeng Shipping, está cooperando com a investigação e permitiu que o navio fosse parado em águas internacionais. No entanto, a empresa se recusou a comentar sobre o caso. .

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta, 27, que nomeará o general Keith Kellogg para servir como assistente do presidente e enviado especial para a Ucrânia e a Rússia.

Em publicação na rede social Truth Social, o republicano escreveu que o nomeado liderou uma distinta carreira militar e empresarial, inclusive servindo em funções altamente sensíveis de Segurança Nacional em sua primeira administração. Trump disse que juntos, eles garantirão a "paz através da força", e tornarão o "mundo e a América seguros novamente".

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Os gastos com defesa da União Europeia (UE) precisam aumentar para "preparar o bloco para o que vem adiante", afirmou nesta quarta, 27, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen. "Não temos tempo a perder. Devemos ser tão ambiciosos como as ameaças são sérias", disse a autoridade, em referência a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

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Entre elas, von der Leyen citou o fortalecimento da base industrial de defesa, a criação de um "mercado único" de defesa e o aprimoramento da mobilidade militar do bloco.

A autoridade europeia ressaltou que alcançar esses objetivos deve exigir "quantidades massivas de investimentos em segurança e prosperidade", principalmente do setor privado. "Nossa liberdade e soberania dependem mais do que nunca de nossa força econômica. Nossa segurança depende de nossa capacidade de competir, inovar e produzir", afirmou von der Leyen.

As declarações fizeram parte de um discurso realizado nesta manhã, após o segundo mandato de von der Leyen e sua nova equipe da Comissão receberem aprovação do Parlamento Europeu, com 370 votos a favor, 282 contra e 36 abstenções.