Lewandowski vai à Câmara e deputados da bancada da bala cobram decreto para liberar armas

Política
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Parlamentares da bancada da bala foram à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 3, cobrar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, edição de novo decreto que regule o uso de armas de fogo para caçadores, atiradores e colecionadores (CAC).

O impasse ocorre após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter articulado, em agosto deste ano, a retirada da votação de um projeto movido pela oposição que derrubaria o atual decreto do chefe do Executivo na regulação das armas.

A sessão ocorre num clima tenso entre os ministros e os deputados, insatisfeitos com a falta de diálogo. "Clima está quente, mas não é por causa da temperatura. É por causa das emoções que estão à flor da pele", afirmou Lewandowski.

Deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro querem reduzir as restrições a colecionadores e atiradores profissionais e também para quem tem porte de arma. O decreto de Lula proibiu que os clubes de tiro possam funcionar se estiverem dentro do raio de um quilômetro de distância em relação a instituições de ensino.

Naquele mês, o próprio líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o governo logo divulgaria um novo decreto, cedendo em pontos pedidos pela bancada da bala. Desde então, esse novo decreto não avançou.

"O governo está arruinando a vida de 1 milhão de brasileiros, que são os atiradores esportivos", afirmou Marcos Pollon (PL-MS), presidente do ProArmas, um dos principais movimentos armamentistas do Brasil.

"Ele (Lula) não admitia que durante o horário escolar pudesse haver o exercício de tiro. A movimentação das armas perto das escolas", afirmou Lewandowski nesta terça-feira, ao falar de uma conversa com o presidente.

Lewandowski foi convocado (ou seja, obrigado a comparecer) à Comissão de Segurança Pública da Câmara após a intensa pressão da bancada da bala, atendendo a 21 requerimentos de deputados para falar sobre diversos temas da segurança nacional. O ministro reclamou da convocação.

"As portas do meu ministério estão sempre abertas para cada deputado em particular e com a comissão como um todo", disse. "Com todo respeito, quero manifestar meu inconformismo em ter sido convocado."

"Entendo sua insatisfação à convocação, mas isso ocorreu em face da demora. Faltou diálogo com relação ao decreto das armas", respondeu Alberto Fraga (PL-DF), presidente da comissão e da bancada da bala. "Isso trouxe uma insatisfação com a comissão." O ministro disse que o projeto movido pela oposição era "inconstitucional" e disse que está aberto à negociação. Ele deu, como exemplo, a concordância de que os clubes de tiro esportivo funcionem das 18h às 22h, atendendo também a pedido de Lula.

Era a segunda participação de Lewandowski no Congresso. Ele veio de audiência no Senado, pela manhã, e, assim como ocorreu na outra Casa, ele defendeu a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança.

Segundo ele, o texto ainda em discussão pelo governo quer dar prioridade a três eixos: constitucionalizar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), aumentar o nível de atuação da Polícia Rodoviária Federal e retirar a possibilidade de contingenciamento dos recursos de segurança pública. Para isso, ele também pretende manter diálogo com os governadores.

Oposicionistas criticam a iniciativa. "A gente não precisa dessa PEC da maneira como está sendo colocada, não", disse Coronel Ulysses (União-AC).

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."