Tarcísio: SP pode ser 'exemplo para o Brasil' nas contas públicas; economia pode piorar

Política
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Em meio à crise vivida pelo governo Lula em relação à situação das contas públicas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aproveitou uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira, 18, para mandar um recado para seus adversários políticos e o mercado financeiro. Segundo o chefe do Executivo, São Paulo está na "direção certa" e pode servir de "exemplo para o Brasil" quando o assunto é equilíbrio fiscal.

"A gente está revendo benefício, desvinculando receita, extinguindo órgão, cortando custeio, fazendo privatização. Estamos na direção certa. A gente está fazendo o que todo gestor deveria fazer", afirmou o governador durante o balanço do ano de 2024 para uma plateia de secretários, deputados e prefeitos. "Como resultado prático desse rearranjo, o orçamento de 2025 é recorde: R$ 33,5 bilhões de investimentos previstos", acrescentou.

Segundo ele, é necessário tomar essas medidas para ter fôlego fiscal diante de um cenário que ele classificou como "complicado" a "nível de Brasil", com aumento de endividamento e mais inflação. "Como é que a gente vai preparar o Estado para uma desaceleração que pode vir? Eu tenho que cuidar das contas", afirmou.

Com Jair Bolsonaro (PL) inelegível, Tarcísio é cotado para ser candidato a presidente da República em 2026, mas tem dito tanto publicamente como nos bastidores que seu objetivo é disputar a reeleição para o governo paulista.

O governador conseguiu implementar parte de sua agenda neste ano: privatizou a Sabesp e a Emae, aprovou a flexibilização de 5% do gasto mínimo com educação, que poderá ser transferido para a saúde, realizou leilões e concessões de infraestrutura, reformulou as agências reguladoras e não renovou cerca de um terço dos benefícios fiscais que venceram em abril.

O governo também iniciou o corte de cargos comissionados e funções de confiança aprovado no ano passado, quando obteve autorização dos deputados estaduais para cortar 20% desses postos. A redução começou em novembro pelo Detran, onde o número de comissionados caiu de 1.177 para 930, e pela Secretaria de Gestão e Governo Digital, que saiu de 356 para 297 cargos do tipo.

"O grande problema do Brasil é o volume do gasto tributário. Todo governo deveria enfrentá-lo, mas nem sempre é fácil", declarou Tarcísio. O governo Lula tentou acabar com a desoneração da folha de pagamento, mas o veto foi derrubado pelo Congresso. Além disso, a reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados manteve os benefícios da Zona Franca de Manaus.

"A gente resolveu botar o dedo na ferida: em abril, um terço dos benefícios não foi prorrogado. Agora em dezembro estamos indo no mesmo caminho e mais um terço dos benefícios deve cair", declarou Tarcísio.

Um dos setores que devem ser afetados, a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) se reuniu na segunda-feira, 17, com os secretários de Governo, Gilberto Kassab (PSD), e de Fazenda, Samuel Kinoshita, para tentar renovar o incentivo fiscal obtido originalmente em 1993. O setor paga 3,4% em vez da alíquota-padrão de 12%.

Por outro lado, parte das medidas de ajuste fiscal mencionadas por Tarcísio, que fazem parte do plano "São Paulo na Direção Certa", antecipado pelo Estadão em maio, ainda não foram implementadas. O chefe do Executivo voltou a prometer, como fez ao longo do ano, extinguir autarquias e empresas públicas, mas não deu prazo e nem detalhou quais órgãos estão na mira. Como mostrou o Estadão, há estudos para acabar com agências metropolitanas e reestruturar fundações, sem nenhuma proposta concreta até o momento.

Questionado após o evento, o governador disse que ainda analisa quais órgãos serão extintos. Ele, porém, colocou em dúvida a utilidade das agências de desenvolvimento metropolitano e disse que empresas que fazem apenas gestão de contratos não são mais necessárias diante do fortalecimento das agências reguladoras.

"Será que a gente precisa de fato produzir determinadas coisas que eu posso produzir no mercado a custo mais baixo? Será que não cabe incorporar determinadas plantas a organizações que têm dado uma resposta a nível de mercado mais eficiente, como o Butantan?", afirmou Tarcísio. Além das agências metropolitanas, o governo estuda extinguir a Fundação para o Remédio Popular (Furp) e uma parceria público-privada para administrar a Fundação Casa.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."