Pesquisa mostra que jovens veem alguns políticos como influenciadores digitais

Política
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Uma pesquisa intitulada "Influenciadores, jovens e política na América Latina", realizada pelo InternetLab, revela que uma parcela significativa dos jovens brasileiros enxerga políticos como influenciadores digitais, com destaque para figuras como Jair Bolsonaro (PL) e Nikolas Ferreira (PL-MG). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é destaque entre os políticos mais seguidos por essa parcela da população.

Segundo os dados do levantamento, 27% dos jovens entrevistados consideram alguns políticos como influenciadores, especialmente aqueles que estão presentes e se comunicam de forma direta nas redes sociais, como Instagram e TikTok, como é o caso de Bolsonaro e Nikolas Ferreira. Para essa geração, a política se estende ao universo digital, onde os líderes têm a oportunidade de construir uma relação mais pessoal e direta com o público.

Bolsonaro e Nikolas Ferreira são os únicos políticos que aparecem dentre os 85 perfis mais citados espontaneamente pelos jovens sobre "influenciadores" que seguem e com quem se identificam. Mas quando os entrevistados são questionados sobre quais políticos eles mais seguem, o presidente Lula aparece em 42%, à frente de Bolsonaro, com 30%, e Nikolas Ferreira, com 23%.

A pesquisa foi realizada em 2023, antes da ascensão política do influenciador Pablo Marçal, que ficou em terceiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo em outubro de 2024.

O estudo também aponta que, apesar dessa relação mais próxima com os políticos, a juventude brasileira demonstra uma certa "fadiga política". Cerca de 40% dos jovens afirmam evitar discussões sobre política nas redes sociais, mesmo que, paradoxalmente, 29% reconheçam que essas discussões influenciam suas opiniões.

Outro dado relevante é a crescente dificuldade de discernir informações nas redes sociais. Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil em parceria com a Unesco, divulgada em 2023, aponta que 43% das crianças e jovens de 9 a 17 anos no Brasil não sabem checar se uma informação está correta.

A pesquisa conclui que a relação entre influenciadores e seus seguidores é construída em torno da proximidade e autenticidade, com a vida pessoal dos criadores sendo uma parte central de seu conteúdo. "Essa percepção de autenticidade é fundamental para manter o engajamento, e qualquer sinal de artificialidade ou manipulação política pode levar ao afastamento dos jovens. Esse vínculo de confiança, aliado ao humor frequente no conteúdo produzido, cria uma plataforma onde influenciadores se tornam poderosos formadores de opinião", ressalta o texto.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.