Dino suspende repasses de emendas a 13 ONGs por falta de transparência

Política
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino suspendeu os repasses de emendas parlamentares a 13 entidades não governamentais que não fornecem transparência adequada ou não divulgam as informações requeridas, de acordo com relatório da Controladoria Geral da União (CGU) entregue ao Supremo. O prazo para o cumprimento da decisão por parte do Executivo é de cinco dias.

Dino ainda intimou as nove ONGs que apresentarem informações incompletas a publicarem os valores recebidos em emendas no prazo de 10 dias corridos. Também determinou que a CGU realize auditoria específica sobre as 13 entidades sem transparência e apresente um relatório técnico sobre elas em até 60 dias corridos.

A Controladoria-Geral da União (CGU) enviou nesta quinta-feira, 2, um relatório para o ministro que mostra que apenas quatro entre 26 Organizações Não Governamentais (ONGs) fiscalizadas pelo órgão apresentaram sistemas de transparência plenamente eficientes. O relatório aponta que 13 organizações sem fins lucrativos - selecionadas por terem um alto volume de recursos - receberam R$ 142 milhões em emendas, entre os dias 2 e 21 de dezembro, e não apresentam sistemas adequados de transparência.

O relatório foi solicitado por Dino, relator de uma ação na Corte sobre emendas sem transparência que sucederam o orçamento secreto. No início de dezembro, o ministro exigiu que a CGU apontasse se as ONGs informam, em sites oficiais e com total lisura, os valores oriundos do Congresso Nacional.

A CGU então selecionou 23 ONGs que receberam os maiores empenhos entre os dias 2 e 21 de dezembro de atestou que 11 entidades não possuem mecanismos de transparência, oito apresentam apenas uma parcela de informações e apenas quatro disponibilizam de forma adequada.

Também foram listadas três ONGs que receberam os maiores pagamentos no mês de dezembro. Duas delas não possuem mecanismos adequados de transparência e outra apresenta informações de forma parcial.

Assim, no total, de 26 entidades fiscalizadas, 13 (50%) não divulgam ou divulgam as informações de forma inadequadas; nove (35%) apresentam as informações de forma parcial; e apenas quatro (15%) promovem a transparência de forma apropriada. Outras sete entidades não entraram no cômputo por não terem recebido pagamentos no período de 2020 e 2024.

A organização selecionada pela CGU que recebeu o maior empenho e não dispõe de mecanismos de transparência foi o Instituto Brasileiro de Cidadania e Ação Social (Ibras). A ONG, que diz promover os direitos humanos e o desenvolvimento da cidadania, recebeu R$ 28,9 milhões entre os dias 2 e 21 de dezembro, mas não possui abas sobre transparência no site oficial. O Estadão procurou a Ibras, mas não havia obtido um retorno até a publicação deste texto.

Nas conclusões do levantamento, a CGU afirmou que "foram verificadas inconformidades" sobre a transparência das ONGs sobre o recebimento e aplicação dos recursos provenientes das emendas. Segundo a pasta, a ausência de informações dificulta a supervisão adequada dos gastos públicos.

"Nesse contexto, a ausência ou insuficiência de transparência ativa dificulta o controle, especialmente o controle social, essencial para a supervisão adequada e a garantia de accountability na aplicação dos recursos públicos", concluiu a CGU.

Dino suspendeu pagamento de emendas e ordenou investigação da PF

O relatório da CGU vem em meio a uma tensão entre Poderes a respeito da liberação de recursos por indicação do Legislativo. Em agosto, Dino resolveu suspender o pagamento das emendas parlamentares por falta de transparência na autoria e na destinação dos recursos feita por deputados e senadores. No mês passado, ele liberou o pagamento, mas estabeleceu exigências de transparência, o que gerou insatisfação na cúpula do Legislativo. A decisão foi chancelada pela maioria da Corte.

A Câmara, porém, manteve um sistema de indicações "apadrinhadas" que, segundo Dino, permite a "perpetuação da ocultação" dos parlamentares que solicitaram os repasses. Por isso, ele decidiu suspender, no último dia 23, o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas.

Um dia depois, no dia 24, a Polícia Federal (PF) abriu uma investigação após ordem de Dino para apurar supostas irregularidades na liberação de emendas.

As decisões de Dino também causaram atritos no governo. No dia 26, Dino determinou que a Advocacia Geral da União (AGU) deveria dar explicações do porquê não foram abertas contas específicas para o repasse de emendas parlamentares destinadas à Saúde e não foram adotados os novos critérios de transparência para repasses.

No domingo, 29, Dino liberou a execução das emendas de comissão empenhadas até o dia da suspensão. Segundo ele, a medida busca evitar "insegurança jurídica para terceiros". Nesta terça, 31, ele permitiu o uso de outros R$ 370 milhões para garantir o gasto mínimo em saúde previsto na Constituição.

A AGU, por sua vez, sugeriu cautela ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o não pagamento dos R$ 4,2 bilhões em emendas. O braço jurídico do Executivo considerou que é prudente que o governo adote uma "interpretação mais segura" do posicionamento recente de Dino.

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Israel ajudou um ex-soldado a deixar o Brasil após a abertura de uma ação legal contra ele por um grupo que acusa israelenses de crimes de guerra na Faixa de Gaza, com base, em parte, em postagens nas redes sociais de soldados. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou neste domingo, 5, que ajudou o ex-soldado a deixar o Brasil em segurança em um voo comercial depois de o que chamou de "elementos anti-Israel" iniciarem uma investigação na semana passada. O ministério alertou os israelenses a evitar postar sobre seu serviço militar nas redes sociais.

A Fundação Hind Rajab, nomeada em homenagem a uma menina palestina de cinco anos morta em Gaza, disse que as autoridades brasileiras iniciaram uma investigação contra o soldado após a apresentação de uma denúncia baseada em vídeos, dados de geolocalização e fotografias que o mostram participando da demolição de casas civis.

A fundação descreveu a medida como um "passo fundamental para a responsabilização por crimes cometidos em Gaza" durante quase 15 meses de guerra.

As autoridades brasileiras não comentaram imediatamente. A mídia brasileira relatou no sábado, 4, que a investigação foi ordenada por um juiz federal de plantão no Distrito Federal. A decisão foi emitida em 30 de dezembro, mas só foi divulgada no fim de semana.

Israel tem enfrentado críticas internacionais severas devido à sua guerra contra o Hamas em Gaza, com o Tribunal Penal Internacional emitindo mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro da defesa.

O Tribunal Internacional de Justiça está investigando separadamente alegações de genocídio. O caso no Brasil levantou a possibilidade de que soldados israelenses de baixo escalão também possam enfrentar processos judiciais enquanto estiverem no exterior.

Israel rejeita as acusações internacionais, afirmando que suas forças em Gaza agem de acordo com o direito internacional e que quaisquer violações são punidas dentro de seus sistemas judiciais.

O governo israelense culpa o Hamas pelas mortes de civis, dizendo que o grupo terrorista esconde túneis e outras infraestruturas em edifícios residenciais, tornando necessária sua demolição.

Durante a guerra, soldados israelenses publicaram inúmeros vídeos de Gaza que parecem mostrar ações como vasculhar casas e demolir ou incendiar edifícios residenciais.

Em alguns vídeos, eles entoam slogans racistas ou se vangloriam da destruição no território palestino. A guerra começou quando terroristas liderados pelo Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando cerca de 250.

Cerca de 100 reféns ainda estão em Gaza, e pelo menos um terço deles são considerados mortos. A ofensiva de Israel matou mais de 45.800 palestinos em Gaza, segundo autoridades locais de saúde.

Elas afirmam que mulheres e crianças representam mais da metade das mortes, mas não distinguem entre civis e terroristas. Israel afirma ter matado mais de 17.000 militantes, sem apresentar provas.

Ataques aéreos israelenses neste domingo, 5, mataram cinco pessoas no campo de refugiados de Nuseirat, quatro na cidade de Khan Younis, no sul, e três no campo de refugiados de Bureij, segundo trabalhadores de saúde.

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que pelo menos 88 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas. O exército de Israel declarou ter atacado um centro de comando do Hamas em Khan Younis e um militante da Jihad Islâmica em Deir al-Balah.

A guerra causou destruição generalizada em Gaza e deslocou cerca de 90% da população de 2,3 milhões de pessoas, muitas das quais forçadas a fugir várias vezes.

Forças israelenses matam membro da segurança palestina

Na Cisjordânia ocupada por Israel, as forças israelenses mataram um membro dos serviços de segurança palestinos, chamando-o de militante procurado.

A Polícia de Fronteira paramilitar de Israel afirmou no domingo que realizou uma operação na vila de Meithaloun durante a noite para prender Hassan Rabaiya.

Ele foi morto em um tiroteio enquanto tentava fugir. Autoridades israelenses divulgaram imagens de uma câmera de capacete que mostravam a polícia destruindo o que chamaram de laboratório de explosivos em sua casa.

Os serviços de segurança palestinos identificaram Rabaiya como primeiro-tenente de sua força de Segurança Preventiva, dizendo que ele foi morto enquanto "cumpria seu dever nacional". Meithaloun fica próxima da cidade de Jenin, na Cisjordânia, um epicentro da violência israelo-palestina.

Neste domingo, o Ministério da Saúde palestino na Cisjordânia informou que um jovem de 17 anos foi morto por tiros israelenses no campo de refugiados de Askar, em Nablus. Não foram fornecidos mais detalhes.

A Autoridade Palestina, reconhecida internacionalmente, exerce autonomia limitada em partes da Cisjordânia e coopera com Israel em questões de segurança. No entanto, Israel há muito acusa a autoridade de incitar a violência e fechar os olhos para militantes, enquanto críticos palestinos a consideram um corpo corrupto e ineficaz que ajuda na ocupação.

A Cisjordânia tem visto um aumento da violência durante a guerra em Gaza. Israel capturou Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental na guerra do Oriente Médio de 1967, e os palestinos desejam os três territórios para seu futuro Estado.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

The Vivienne, drag queen conhecida por ter vencido a primeira edição britânica do reality show RuPaul's Drag Race, em 2019, morreu neste domingo, 5, aos 32 anos de idade. A informação foi confirmada em um comunicado do perfil oficial do programa nas redes sociais. A causa da morte não foi informada.

"Estamos profundamente tristes ao saber da morte de The Vivienne. Seu talento, humor e dedicação à arte drag foi uma inspiração. Sua falta será sentida, mas seu legado viverá como exemplo de criatividade e autenticidade", diz a nota.

James Lee Williams nasceu em 12 de abril de 1992, em Liverpool, no Reino Unido, onde fez seus primeiros shows como drag queen anos depois. Além do reality que venceu, também participou de outros programas como o RuPaul's Drag Race All Stars, em 2022, e o Dancing On Ice, em 2023.

"Meu primeiro trabalho como drag queen foi na [casa de shows] Pink, em Liverpool. Lembro que ganhei uma garrafa de bebida e 25 libras para ficar na porta. Foi lá que o nome Vivienne foi dado a mim por Tammy Pax, porque eu era conhecida por usar roupas de Vivienne Westwood", explicou em entrevista à Vada Magazine em 2015.

Um alto funcionário do Hezbollah disse que o líder do grupo paramilitar, Hassan Nasrallah, foi morto em um ataque aéreo israelense no ano passado enquanto estava dentro da sala de operações de guerra. Os novos detalhes foram divulgados neste domingo, 5.

De acordo com os relatos, uma série de ataques aéreos israelenses destruíram vários prédios nos subúrbios ao sul de Beirute em 27 de setembro de 2024, matando Nasrallah. O Ministério da Saúde libanês falou que seis pessoas morreram.

O assassinato de Nasrallah, que liderou o Hezbollah por 32 anos, levou a uma guerra que atingiu grande parte do sul e do leste do Líbano até que um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos entrasse em vigor em 27 de novembro.

O atual líder do Hezbollah, Naim Kassem, alertou neste sábado que seus combatentes poderiam atacar Israel se suas tropas não deixassem o sul do país até o final do mês.

O ministro da defesa israelense, Israel Katz, deu declarações parecidas caso os militantes do Hezbollah não seguissem para o norte do Rio Litani.