Governo está apreensivo com Alcolumbre e espera vida mais amena com Motta

Política
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A articulação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que as eleições de Davi Alcolumbre (União-AP) para a presidência do Senado e de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara resultarão em uma inversão nos climas políticos das Casas. O Executivo imagina que terá vida mais fácil na Câmara do que teve na gestão de Arthur Lira (PP-AL), e mais difícil no Senado do que na presidência de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Câmara e Senado escolherão seus novos presidentes neste sábado, 1º. Quem vencer fica no comando de cada uma das Casas até 2027. Alcolumbre e Motta são francos favoritos. A avaliação no Planalto é de que a presidência do Senado sob Alcolumbre será de uma negociação permanente entre o parlamentar e o governo em relação às pautas a serem aprovadas. Segundo essa linha de pensamento, o perfil de Alcolumbre é semelhante ao de Lira - o que causa apreensão no governo. É esperada, por exemplo, maior disputa por espaços do que houve na gestão de Pacheco.

Hugo Motta é visto pelo governo como mais conciliador. Até o momento, o Executivo não prevê embates com ele. O provável futuro presidente da Câmara, segundo apurou a reportagem, até agora não reivindicou mais cargos na gestão federal. Deputados ressalvam, porém, que esse tipo de conversa só deve ocorrer depois das negociações sobre cargos na Mesa Diretora e das presidências das comissões da Casa. Além disso, Motta tem boa relação com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é desafeto de Lira.

Um dos principais temas a serem negociados tanto com Alcolumbre quanto com Motta devem ser as emendas parlamentares - frações do Orçamento que deputados e senadores cujos destinos são definidos por deputados e senadores. O dispositivo virou um imbróglio em Brasília depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender os pagamentos. Desembolsos já foram liberados, mas a discussão ainda não foi encerrada.

O Executivo vê risco de Alcolumbre realizar, já na próxima semana, uma sessão do Congresso Nacional para avaliar os vetos de Lula a projetos aprovados pelo Legislativo. Haveria chance de o governo sofrer derrotas e ter vetos rejeitados, o que seria ruim para a gestão federal no começo do ano.

Outro receio calculado pelo entorno de Lula é de que o próximo presidente do Senado dê mais espaço a senadores de oposição e à pauta de costumes. A governo federal percebeu nos últimos anos não ter força para enfrentar essas discussões.

Apesar de dessa apreensão sobre a postura do parlamentar, o governo calcula que Alcolumbre não terá uma atitude de oposição. Um dos indícios para isso é de que o senador vem mostrando uma redução no tom das críticas contra o Supremo.

Pacheco e Lira são cotados para ocupar ministérios

Tanto Lira quanto Pacheco são cotados para entrarem no primeiro escalão do governo na reforma ministerial que Lula deverá anunciar nas próximas semanas. O presidente quer que Pacheco seja candidato a governador de Minas Gerais em 2026 para dar apoio local a seu grupo político. Nesta quinta-feira, 30, Lula indicou publicamente esse desejo: "O que quero é que Pacheco seja governador de Minas Gerais", declarou Lula ao final da entrevista coletiva à imprensa.

Até o momento, os desenhos sobre as trocas ministeriais ainda não estão fechados, mas o senador pleiteia tanto a Justiça, sob Ricardo Lewandowski, quanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), de Geraldo Alckmin. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, no entanto, não há de nenhum dos dois ministros sinalizações sobre possíveis saídas.

A possível indicação de Pacheco a uma pasta não corresponderia a uma indicação do PSD, seu partido, mas a uma escolha de Lula. Há também conversas sobre Pacheco ocupar Minas e Energia, hoje com Alexandre Silveira, mas o senador resiste a essa ideia para evitar ressentimentos com o atual chefe da pasta, que também é do PSD.

Já sobre Lira, o Palácio do Planalto avalia que, se o parlamentar continuar seu mandato no Congresso, haverá uma espécie de "segundo polo de poder" na Câmara: um sendo a presidência de Motta e, outro, com Lira, um dos principais líderes do Centrão.

Para evitar essa distribuição de forças, Lula avalia dar ao alagoano um cargo na Esplanada. Um dos possíveis caminhos é a ida ao Ministério da Agricultura, hoje com Carlos Fávaro. Porém, o atual ministro é bem avaliado pelo presidente, o que reduz as chances de troca.

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Os Estados Unidos interromperam grande parte de seu compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, reduzindo o fluxo de informações vitais que Kiev tem usado para repelir as forças russas invasoras e atacar alvos selecionados dentro da Rússia, de acordo com autoridades norte-americanas e ucranianas. O rompimento do compartilhamento de informações de inteligência inclui a interrupção dos dados de alvos que as agências de espionagem dos EUA fornecem a Kiev para que ela possa lançar armas fornecidas pelos EUA e drones de longo alcance fabricados na Ucrânia contra alvos russos, disseram autoridades ucranianas.

Alguns operadores de mísseis ucranianos dizem que não estão mais recebendo as informações necessárias para atingir alvos dentro da Rússia.

A pausa segue a decisão do presidente Donald Trump, no início da semana, de congelar futuras entregas de armas à Ucrânia, para pressionar o presidente ucraniano Volodmir Zelenski a iniciar negociações de paz com a Rússia.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, confirmou a última medida nesta quarta-feira, 5, dizendo à Fox News que os Estados Unidos suspenderam tanto o compartilhamento de inteligência quanto os sistemas de armas após uma reunião controvertida no Salão Oval na semana passada entre Trump e Zelenski. Ratcliffe disse que as pausas "desapareceriam" quando ficasse claro que Zelenski estava comprometido com a paz.

A medida é outra grande reviravolta em relação à abordagem do governo Biden, que estabeleceu sistemas especiais para compartilhar grandes quantidades de inteligência sobre as forças militares russas com a Ucrânia, segundo as autoridades - praticamente sem precedentes para um país que não pertence à Otan.

Um oficial militar ucraniano familiarizado com as operações do sistema de lançamento múltiplo de foguetes de longo alcance, conhecido como HIMARS, que falou sob condição de anonimato, disse que, aproximadamente no último mês, pelo menos um dos grupos ucranianos responsáveis pelo lançamento de foguetes dos sistemas dos EUA não recebeu coordenadas para atacar a mais de 64 quilômetros além da linha de contato.

Tal inteligência permitiu que a Ucrânia usasse os sistemas HIMARS fornecidos pelos EUA para lançar ATACMS, um sistema de mísseis guiados de longo alcance dos EUA, e atingir alvos bem no interior do território ucraniano ocupado ou dentro da Rússia.

Os ataques desabilitaram alguns sistemas de defesa aérea russos e forçaram Moscou a mover seus centros logísticos centenas de quilômetros das linhas de frente, o que desacelerou as operações de reabastecimento russas.

O oficial disse que limitar repentinamente essa inteligência à Ucrânia claramente ajudará Moscou e permitirá que as tropas russas se reagrupem. "O que estávamos fazendo com o HIMARS - é doloroso para eles, é problemático. Eles sofrem baixas ou perdem suas armas", disse o oficial sobre a Rússia. Essa pausa "acelerará as operações de assalto porque a logística pode estar muito, muito mais próxima da linha de contato."

No entanto, na medida em que a pausa afeta os ataques ATACM de longo alcance, o impacto pode ser limitado, já que a Ucrânia provavelmente tem apenas um pequeno número desses mísseis em mãos e os estava economizando, dizem analistas. Mas o movimento pode encorajar a Rússia e levá-la a mover suas próprias armas para mais perto da frente, dizem eles. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira, 4, que vai "construir uma cúpula dourada para proteger o território dos Estados Unidos", a exemplo da que existe em Israel. "Agora temos a tecnologia para fazê-la."

Trump também destacou, em discurso no Congresso, que o governo pretende "criar um departamento para construir navios nos Estados Unidos". O país ainda vai "recuperar o Canal do Panamá", disse o presidente.

Ainda de acordo com Trump, a Groenlândia é necessária para a segurança dos Estados Unidos, e o país assumirá o território dinamarquês "de uma forma ou de outra".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira, 4, em discurso no Congresso, que o governo fará os imigrantes ilegais deixarem o país rapidamente. Trump afirmou ainda que quer que "Canadá e México façam muito mais para conter a exportação de fentanil" ao país.

Trump afirmou, também, que "vamos derrotar a inflação, proteger idosos e colocar mais dinheiro no bolso de cidadãos" e que o orçamento federal será equilibrado "no futuro próximo".

Trump destacou, em discurso no Congresso americano, que o "gold card estará à venda logo por US$ 5 milhões" para investidores que quiserem viver nos Estados Unidos. A iniciativa, segundo o presidente, ajudará a equilibrar o orçamento federal.

"Vamos aprovar corte de impostos logo no Congresso. Não vamos cobrar impostos para quem recebe gorjetas e aposentados idosos", disse Trump. "O pagamento de juro de financiamento de carro poderá ser deduzido [de impostos] para quem comprar carros fabricados nos EUA. A indústria automotiva nos Estados Unidos vai crescer muito e teremos um grande boom. A Honda acabou de anunciar uma fábrica para produzir carros em Indiana." O presidente ressaltou ainda que seu governo vai cortar taxas para a produção doméstica de manufaturados.