Lira recebe 'Pacote Basta' que criminaliza violência psicológica contra a mulher

Política
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A presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, Renata Gil, entregou, nesta quarta-feira (3), ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o "Pacote Basta", que propõe algumas mudanças no Código Penal de 1940 e nas leis Maria da Penha e dos Crimes Hediondos para o recrudescimento das penas aos crimes de violência contra a mulher. Entre as sugestões estão a criminalização da violência psicológica e a inserção de artigo à Lei Maria da Penha para garantir o afastamento de casa do homem acusado de agressão.

A associação argumenta que a maior parte dos casos de violência contra a mulher não resultam na prisão dos agressores. Destaca-se no projeto, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 que revelou que, em 2019, o País registrou 1.326 feminicídios - um aumento de 7,9% em relação a 2018. Desses registros, 89,9% dos casos o companheiro ou ex-companheiro da vítima foi o responsável. A entidade ressalta também que o quadro pode ter se agravado no último ano por causa da pandemia de Covid-19 e que, somente no Estado de São Paulo, foi observado aumento de 32% das ocorrências de feminicídio no primeiro semestre de 2020, se comparado ao mesmo período do ano anterior.

A proposta do 'Pacote Basta' é, além de tornar as penalidades mais duras, prevenir que a violência contra a mulher se torne mais grave. Um dos dispositivos do projeto de lei apresentado pela entidade é o acréscimo do artigo 132-A ao Código Penal para prescrever como violência psicológica situações em que as vítimas são expostas ao risco de dano emocional; diminuição da autoestima; que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento; ou que vise degradar ou controlar suas ações.

De acordo com a proposta, também seriam atos puníveis: a ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, chantagem, ridicularização e limitação do direito de ir e vir. A pena sugerida foi de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. Segundo Renata Gil, a violência psicológica é uma "precursora" da violência física, de modo que semelhante sucedido deve ser considerado motivo suficiente para o afastamento do agressor do local de convivência com a ofendida. "É fundamental prevenirmos para que essa opressão não progrida nem chegue a lesões corporais e até mesmo ao feminicídio", afirma.

A perseguição, ou 'stalking', também foi adicionado ao pacote como crime de ordem psicológica. Sugere-se que seja adicionado ao Código Penal dispositivo para estabelecer que o ato seja considerado 'violência simbólica'. A associação argumenta que o ilícito fere a 'liberdade psíquica da vítima', que é um 'bem jurídico primordial'. "O delito de perseguição deve ser considerado formal, instantâneo e consumado independente de ter sido alcançado o resultado pretendido pelo agressor", analisa Renata Gil.

Outra sugestão do pacote é a modificação da Lei Maria da Penha para incluir o artigo 12-C, que estipula o afastamento do agressor do lar quando há 'risco atual ou iminente à vida ou à integridade física e psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes'. Além disso, foi proposto que o feminicídio seja considerado crime autônomo e deixe de ser um agravante, como atualmente é tipificado no Código Penal.

Renata Gil diz que 'os números da violência contra a mulher no Brasil são superiores aos verificados em todos os países da OCDE'. A magistrada sustenta que a alteração nas leis é o caminho para 'fazer avançar as políticas públicas do Estado e dar um basta ao assustador panorama corrente'. A presidente da AMB explica que as sugestões de alteração nas leis têm como objetivo impedir que as vítimas se sintam desestimuladas a denunciar os agressores, bem como restringir a atuação destes. "Se aprovada, a proposta evitará que a violência psicológica e o 'stalking' evoluam para situações mais gravosas, como o feminicídio", complementou a juíza.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou cortar o financiamento federal a "qualquer faculdade, escola ou universidade que permita protestos ilegais". Em sua conta na Truth Social, Trump afirmou que "agitadores serão presos ou enviados permanentemente de volta ao país de onde vieram. Estudantes americanos serão expulsos permanentemente ou, dependendo do crime, presos."

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta terça-feira, 4, um plano de 800 bilhões de euros, nomeado "REARM Europe", para fortalecer as defesas das nações da União Europeia (UE), visando diminuir o impacto de um possível "desengajamento" dos Estados Unidos e fornecer à Ucrânia força militar para negociar com a Rússia, após a pausa da ajuda americana aos ucranianos.

O pacote ainda será apresentado aos 27 líderes da união. Na quinta-feira, 6, os representantes europeus realizarão uma reunião de emergência em Bruxelas para tratar sobre o assunto. "Não preciso descrever a grave natureza das ameaças que enfrentamos", disse von der Leyen. Fonte: Associated Press.

O Ministério das Relações Exteriores, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), lamentou a suspensão da entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel. "O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor", diz o texto do Itamaraty.

Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza no domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo.

O Itamaraty diz que o Brasil pede a "imediata reversão da medida", recordando que "Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos". A nota afirma ainda que a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O governo brasileiro defende que as partes promovam o estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e o engajamento nas negociações "a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala."