Goveron pressiona e relator recua de projeto que combina anistia a atiradores com bolsonaristas

Política
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A Câmara dever votar nesta quarta-feira, 26, projeto que altera o Estatuto do Desarmamento. Na véspera da sessão, foi incluído no projeto artigo que buscava anistiar pessoas com armas registradas de crimes. A alteração chegou a ser comemorada por parlamentares bolsonaristas. Mas uma pressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou abortando a ideia.

O relator do projeto retirou o artigo da anistia que ele mesmo havia incluído na terça-feira, 25. O recuo do relator Max Lemos (PDT-RJ) foi um balde de água fria para parlamentares bolsonaristas que chegaram a gravar um vídeo ao lado de Lemos celebrando o texto.

Às 13 horas da terça, Lemos protocolou uma nova versão do projeto que regulamenta a comercialização de armas de fogo, que está na pauta desta quarta, 26, no plenário da Câmara. Um novo artigo buscava acabar com as penalidades para pessoas com armas registradas, como policiais ativos e inativas e caçadores, atiradores e colecionadores (CAC's) sobre comercialização ilegal dos armamentos.

"Incluímos uma causa de excludente de ilicitude voltada aos cidadãos que possuam e/ou portem armas de fogo de modo regular e de acordo com todas as exigências requeridas por nosso ordenamento jurídico. Ora, se o cidadão já cumpriu com todos os requisitos legais para obter o registro da arma de fogo, é desmedida a aplicação de sanções penais por situações casuísticas, sendo a aplicação de sanções administrativas suficientes para que o Estado exerça o seu poder de coerção", afirmou Max Lemos no texto antigo.

Segundo o Instituto Sou da Paz, organização voltada para a criação de políticas públicas de segurança pública, o artigo abria brecha para a anistia de crimes como tráfico internacional de arma de fogo, comércio ilegal, posse irregular de arma de fogo de uso permitido, omissão de cautela, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

"Na prática, isso representa uma espécie de anistia a todas as pessoas com armas registradas no país, incluindo cidadãos com acesso ao porte e à posse de arma de fogo, policiais da ativa e inativos, caçadores, colecionadores e atiradores esportivos", disse o Instituto Sou da Paz em nota.

Porém, quatro horas depois do parecer ser protocolado, às 17 horas da terça, um novo texto foi incluído no sistema da Câmara, sem o artigo que anistiava os crimes. O motivo do recuo de Lemos foi uma pressão do governo, que fez com que o projeto não tivesse votos necessários para ser aprovado.

Ao Estadão, Max Lemos disse que recebeu uma "correspondência" do governo chamando a atenção dele sobre a possibilidade de dar uma "inimputabilidade extensa" através do artigo e classificou o motivo do recuo como um "erro de redação". Lemos garantiu ainda que o projeto vai beneficiar os CAC's através do aumento da pena para criminosos que não possuem armas registradas.

"O governo mandou uma correspondência, chamando a atenção e dizendo que o texto estava muito aberto. Nós modificamos porque ele teve uma dupla interpretação e uma delas é que tinha uma inimputabilidade extensa a todo mundo", disse Lemos.

Quando o texto antigo foi protocolado, após uma articulação de Lemos com deputados bolsonaristas que integram a bancada da bala, os deputados Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Marcos Pollon (PL-MS) chegaram a gravar vídeos celebrando o artigo retirado.

Ao lado de Lemos, Bylinskyj comemorou o então novo texto e disse que o parlamentar do PDT havia atendido as demandas dos CAC's.

"Agora a gente vai colocar no texto a excludente da aplicação de pena para armas registradas. Então, independentemente do caso, o atirador não será prejudicado. Muito obrigado relator", afirmou Bylinskyj.

Na gravação, Lemos disse que o artigo "não era um problema" e que o projeto buscava punir bandidos e não os CAC's.

"O objetivo dessa lei não é punir quem tem arma registrada, não é o colecionador e nem quem tem prática em clube de tiro. O objetivo é punir o meliante, aquele que faz mal para a sociedade. Então, não tem problema nenhum a gente colocar esse dispositivo que atende ao segmento de vocês", afirmou Lemos.

Marcos Pollon, por sua vez, compartilhou o vídeo de Bylinskyj com a legenda: "Pronto, solução simples! Bilinski (sic), sempre te amei". Anteriormente, Pollon havia pedido aos CAC's que pedissem a Lemos que o artigo que anistia as pessoas com armas registradas fosse incluído.

"Eu peço a vocês que educadamente falem com o relator e com o autor para que insira, especificamente, um artigo que as normas e os crimes do mal fadado Estatuto do Desarmamento não se apliquem a quem tem arma devidamente registrada", afirmou Pollon.

Ao Estadão, Bylinskyj disse que o texto buscava "atender ao cidadão de bem" e que, apesar do recuo, o novo parecer ainda beneficia os CAC's. Segundo o parlamentar, uma exclusão de ilicitude para pessoas com armas registradas apenas deve ser aprovada em um novo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O primeiro texto estava perfeito, atendia ao cidadão de bem. Mas, adivinha quem foi contra? O governo. O relator falou que não poderia manter esse texto com o governo contra, porque não iria aprovar. [...] É importante frisar que, em momento nenhum, o texto [atual] prejudica os atiradores", afirmou.

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Pelo menos oito pessoas morreram e 19 ficaram feridas quando um carro explodiu no centro da capital da Índia, Nova Délhi, nesta segunda-feira, 10, informou o corpo de bombeiros da cidade. A explosão foi perto do histórico Forte Vermelho, um importante ponto turístico. A causa está sendo investigada.

A explosão, que provocou um incêndio que danificou vários veículos estacionados nas proximidades, ocorreu perto de um dos portões da estação de metrô do Forte Vermelho, informou o Corpo de Bombeiros.

O comissário de polícia da capital, Satish Golcha, declarou aos jornalistas que um veículo que circulava lentamente parou em um semáforo fechado e explodiu. Pelo menos seis automóveis, bem como vários táxis motorizados 'tuk tuk', foram atingidos no incidente.

O edifício do hospital localizado nas proximidades foi isolado em meio a uma forte presença policial. Familiares angustiados se reuniram do lado de fora do prédio.

Musarrat Ansari disse que seu irmão ficou ferido depois que um veículo em chamas colidiu com a motocicleta em que ele estava. "Ele me ligou e disse que tinha machucado a perna e que não conseguia andar", declarou à AFP.

A explosão ocorreu no início da tarde, quando as pessoas estavam voltando do trabalho, perto do metrô no movimentado bairro de Old Delhi.

A polícia não forneceu mais detalhes, mas informou que a investigação está sendo conduzida pela Agência Nacional de Investigação, a agência federal indiana de investigação de terrorismo, e outras agências.

O governo informou que o aeroporto internacional de Nova Délhi, as estações de metrô e os prédios governamentais foram colocados em alerta máximo de segurança após a explosão.

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Imagens da mídia local mostraram veículos danificados e um cordão policial no local.

Om Prakash Gupta, uma testemunha que mora perto do local, disse que estava em casa quando ouviu uma forte explosão. "Saí correndo com meus filhos e vi vários veículos em chamas, partes de corpos por toda parte", disse ele à Associated Press.

O Ministro do Interior, Amit Shah, disse à imprensa local que o carro era um Hyundai i20 que explodiu perto de um semáforo próximo ao Forte Vermelho. Ele afirmou que as imagens das câmeras de segurança da região farão parte da investigação.

"Estamos explorando todas as possibilidades e conduziremos uma investigação minuciosa, levando em consideração todas as hipóteses", disse Shah. "Todas as opções serão investigadas imediatamente e apresentaremos os resultados ao público."

O primeiro-ministro, Narendra Modi, disse em uma publicação na rede social X: "Meus sentimentos àqueles que perderam entes queridos na explosão em Délhi no início desta noite. Que os feridos se recuperem o mais rápido possível."

*Com informações de agências internacionais.

O deposto presidente conservador da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, enfrenta mais acusações criminais, já que os promotores alegaram nesta segunda-feira, 10, que ele ordenou voos de drones sobre a Coreia do Norte em uma tentativa deliberada de aumentar as tensões e justificar seus planos de declarar lei marcial.

Yoon desencadeou a crise política mais séria na história recente da Coreia do Sul quando impôs lei marcial em 3 de dezembro de 2024 e enviou tropas para cercar a Assembleia Nacional. Ele foi posteriormente sofreu impeachment e foi removido do cargo. Yoon está preso sendo julgado por acusações que incluem a orquestração de uma rebelião.

*Com informações da Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu perdão "total, completo e incondicional" a seu ex-advogado pessoal Rudy Giuliani, a seu ex-chefe de gabinete Mark Meadows e a dezenas de aliados acusados de tentar reverter o resultado da eleição de 2020. O documento foi assinado por Trump e divulgado nesta segunda-feira, 10, pelo advogado de indultos do governo, Ed Martin, nas redes sociais.

A proclamação, de quatro páginas, afirma que o perdão busca encerrar "uma grave injustiça nacional perpetrada contra o povo americano" e promover "o processo de reconciliação nacional". O texto concede anistia a todos os cidadãos envolvidos na "criação, organização, execução, apoio ou defesa" de listas alternativas de delegados presidenciais ou em esforços para "expor fraudes e vulnerabilidades" na eleição.

A lista inclui, além de Giuliani e Meadows, os advogados Sidney Powell e John Eastman, o ex-funcionário do Departamento de Justiça Jeffrey Clark e dezenas de republicanos que atuaram como falsos eleitores em estados vencidos por Joe Biden. O documento ressalta que o perdão "não se aplica ao presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump".

Os indultos abrangem apenas delitos federais, e muitos dos beneficiados ainda enfrentam acusações em tribunais estaduais. A Casa Branca não respondeu a pedidos de comentário enviados por e-mail nesta segunda.

*Com informações da Associated Press.