'Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822', reage Moraes após ataques do governo Trump

Política
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Alvo de ataques do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um discurso nesta quinta-feira, 27, em defesa da soberania do Brasil e contra o "imperialismo".

As declarações foram feitas na sessão de julgamentos do STF. O ministro participa por videoconferência.

"Nosso juramento integral de defesa da Constituição brasileira e pela soberania do Brasil, pela independência do Poder Judiciário e pela cidadania de todos os brasileiros e brasileiras. Deixamos de ser colônia em 7 se setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma república independente e cada vez melhor", afirmou na sessão.

O ministro disse ainda que todos os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) têm o compromisso de agir "sem discriminação, sem coação ou hierarquia entre estados, com respeito à autodeterminação dos povos e igualdade entre os países".

Moraes acrescentou que essas nações permanecem unidas na "luta contra o fascismo, contra o nazismo e contra o imperialismo em todas as suas formas, seja presencial, seja virtual".

Alexandre de Moraes também agradeceu ao ministro Flávio Dino pela mensagem que ele divulgou mais cedo em sua defesa. Moraes disse que o Maranhão - Estado que Dino governo antes de assumir a cadeira no STF - é um "exemplo de coragem e luta por independência e autodeterminação do povo brasileiro e defesa da cidadania".

Barroso: bem sabemos o que tivemos que passar para evitar colapso das instituições e golpe

O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, disse que "nós bem sabemos o que tivemos que passar para evitar colapso das instituições e golpe de Estado aqui no Brasil".

"A tentativa de fazer prevalecer narrativa dos que apoiaram o golpe fracassado não haverá de prevalecer entre pessoas verdadeiramente de bem e democratas. O STF continuará a cumprir papel de guardião da Constituição e da democracia. Nós não tememos a verdade e muito menos a mentira", afirmou durante a sessão plenária do Supremo na tarde desta quinta-feira, 27.

Ontem, o perfil do Escritório do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado publicou a seguinte mensagem:

"O respeito à soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos Estados Unidos por se recusarem a censurar pessoas que vivem nos EUA é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão".

Embora tenham sido dirigidas diretamente a Alexandre de Moraes, as críticas foram recebidas no STF como um ataque institucional.

Moraes já mandou tirar do ar, temporariamente, duas empresas americanas, o X e o Rumble - este último segue sob bloqueio -, por descumprirem exigências previstas na legislação brasileira para operar no País. Uma delas é a nomeação de representantes legal no Brasil para responder a intimações da Justiça brasileira.

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Altos funcionários de segurança nacional do governo Trump mantiveram discussões detalhadas sobre planos altamente confidenciais dos EUA para lançar ataques aéreos contra o grupo rebelde Houthis, do Iêmen, usando um serviço de mensagens comerciais e incluíram erroneamente um jornalista na conversa, disseram autoridades dos EUA na segunda-feira, 24.

Os bate-papos pelo serviço de mensagens criptografadas Signal duraram dias e incluíram informações específicas sobre armas, alvos e tempo usados no ataque, de acordo com a revista Atlantic, cujo editor, Jeffrey Goldberg, foi inadvertidamente incluído na discussão e que divulgou os textos.

Especialistas em segurança nacional e ex-funcionários dizem que o uso do Signal para conduzir discussões confidenciais sobre ação militar iminente foi uma violação grave dos procedimentos de segurança que regem o manuseio de informações confidenciais de defesa.

O presidente Trump disse, inicialmente aos repórteres, que não estava ciente do artigo do Atlantic, mas funcionários do governo afirmaram mais tarde que ele apoiava o conselheiro de segurança nacional Mike Waltz e outros funcionários que participaram do bate-papo do Signal.

"O presidente Trump continua a ter a maior confiança em sua equipe de segurança nacional, incluindo o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em uma declaração.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, confirmou a autenticidade do bate-papo em uma declaração ao The Wall Street Journal. Mas ele não respondeu a perguntas sobre se o bate-papo infringiu os procedimentos legais para lidar com informações confidenciais.

"Neste momento, o tópico de mensagens que foi relatado parece ser autêntico, e estamos revisando como um número inadvertido foi adicionado à cadeia", disse Hughes.

"O tópico é uma demonstração da coordenação política profunda e ponderada entre altos funcionários. O sucesso contínuo da operação Houthi demonstra que não houve ameaças aos nossos militares ou à nossa segurança nacional", acrescentou.

O grupo de bate-papo do Signal que discutiu os ataques planejados contra os Houthis listou 18 usuários. Os funcionários listados incluíam Waltz, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, o vice-presidente JD Vance, e o diretor da Agência Central de Inteligência, John Ratcliffe. A diretora de Inteligência Nacional,Tulsi Gabbard, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o enviado especial Steve Witkoff e um usuário identificado como "MAR", que parecia ser o secretário de Estado, Marco Rubio, eram outros integrantes.

Ao longo de dois dias neste mês, o grupo debateu como atacar os Houthis com o usuário identificado como Vance argumentando para atrasar a operação porque isso poderia levar a um aumento nos preços do petróleo e os EUA estariam tomando medidas que beneficiariam principalmente as rotas comerciais que atendem à Europa.

O FBI está lançando uma força-tarefa para investigar ameaças contra a Tesla, após relatos de que vários dispositivos incendiários foram encontrados em um showroom em Austin, no Texas.

"O FBI lançou uma força-tarefa para coordenar a atividade investigativa e reprimir ataques violentos contra a Tesla. Mais informações estão por vir", disse Ben Williamson, diretor assistente de assuntos públicos do FBI, na rede social X.

A força-tarefa de 10 pessoas incluirá agentes especiais e analistas de inteligência da ATF e membros da Divisão de Contraterrorismo do FBI, de acordo com o New York Post.

"O FBI vem investigando o aumento da atividade violenta contra a Tesla e, nos últimos dias, tomamos medidas adicionais para reprimir e coordenar nossa resposta", declarou o diretor do FBI, Kash Patel, no X. "Isso é terrorismo doméstico. Os responsáveis serão perseguidos, capturados e levados à justiça".

A força-tarefa surge no momento em que o número de protestos públicos contra a Tesla aumentou em todo o país. O CEO da empresa, Elon Musk, está à frente do polêmico Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

O presidente Donald Trump sugeriu que os responsáveis deveriam cumprir suas sentenças na prisão de El Salvador, para onde os EUA enviaram centenas de migrantes venezuelanos acusados de serem membros de gangues violentas.

Nem a Casa Branca nem a Tesla puderam ser contatadas imediatamente para comentar o assunto.

O presidente dos EUA, Donald Trump, nomeou nesta segunda-feira, 24, Susan Monarez como diretora interina do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), depois de desistir de sua primeira escolha para o cargo. Ela deve ser confirmada pelo Senado.

"A Dra Monarez trabalhará em estreita colaboração com nosso GRANDE Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert Kennedy Jr. Juntos, eles priorizarão a responsabilidade, os padrões elevados e a prevenção de doenças para finalmente enfrentar a epidemia de doenças crônicas e FAZER A AMÉRICA SAUDÁVEL DE NOVO!", escreveu Trump no Truth Social.

A Casa Branca desistiu do Dr. Dave Weldon, ex-congressista, na noite anterior à sua audiência de confirmação, depois que ele perdeu o apoio de senadores preocupados com o fato de ele não ser qualificado para o cargo, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

*Com informações da Dow Jones Newswires