Tarcísio agora faz piada nas redes para melhorar engajamento e descolar de Bolsonaro

Política
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Frei is desde o início de 2025. No entanto, segundo levantamento realizado pela empresa de análise de dados Bites com exclusividade para o Estadão/Broadcast de janeiro de 2023 até fevereiro deste ano, as postagens com maior engajamento do republicano desde o início do mandato continuam sendo as que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece ou é mencionado.

Tarcísio vinha em queda em tração na média de engajamento semanal até janeiro de 2024 - o indicador de Bites interpreta as interações em cada mídia social para medir a capacidade dos perfis de engajar as redes num cenário específico. Mas, desde então, subiu e estabilizou-se num mesmo patamar de 10,4% de interação, que ainda é bem abaixo dos alcançados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que possui 35,3%, e pelo do ex-presidente, que atinge 54,2%. O porcentual refere-se à fatia que cada um tem diante do total de interações que eles conseguem juntos.

Assim, desde o começo do ano, o chefe do Executivo paulista deixou um pouco de lado o tom institucional, característico da forma de se comunicar até pouco tempo atrás. Ao sentir-se mais à vontade no cargo, a comunicação passou a publicar conteúdos com referências a filmes populares e personagens queridos pelo público que consome TV aberta.

Tratando-se de um ponto de atenção do governo estadual - pelo fato de segurança pública ser a área em que a gestão possui a pior avaliação de acordo com a pesquisa Quaest (34% avaliam como ruim e 29%, como boa) -, Tarcísio fez diversas publicações associando a Polícia Civil aos Power Rangers e ao Chapolin Colorado. O tema passou a ser um dos mais recorrentes em suas redes sociais, visando melhorar a sua imagem.

"É hora de 'morfar' (referência à transformação das personagens)! Os Power Rangers da nossa Polícia Civil estão dando mais um show neste carnaval!", disse o governador em uma legenda. "O crime não contava com a astúcia da polícia de São Paulo", escreveu em outra.

Além dos conteúdos de policiais fantasiados durante o feriado de carnaval, a equipe de Tarcísio também publica vídeos editados com cortes do filme De Volta para o Futuro, enquanto ressalta que o governo paulista está "à frente do tempo" e de olho "no futuro". Inclusive, essa é uma das bandeiras mais reiteradas do governador nas agendas, ao promover as obras no Estado e as privatizações dos serviços públicos do plano SP na Direção Certa.

Outro assunto recorrente, que também é frequentemente usado em falas públicas do governador, é a volta do jogador de futebol Neymar Jr. ao time do Santos. "Eu disse nas minhas conversas com o presidente Lula que a Baixada Santista está em festa [...] e não é só pela volta do Neymar", afirmou o governador no evento de lançamento do edital para concessão do túnel Santos-Guarujá.

Especialista vê tentativa de crescer sozinho após impulso de Bolsonaro

De acordo com o cientista político e professor de Comunicação Política na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Paulo Niccoli Ramirez, a figura de Tarcísio nas redes, em um primeiro momento, esteve muito atrelada à popularidade de Bolsonaro, sem a qual, "com certeza", ele não teria sido sequer eleito. A tentativa do governador agora é crescer sozinho, seguindo a tendência que funciona com outros políticos como o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

"O que há hoje é uma disputa pelo chamado mercado da atenção. Esse tipo de linguagem atrai o eleitorado jovem. Atrai mais atenção, criando uma imagem mais carismática e mais próxima do cotidiano do eleitor", afirma Ramirez. "Diante de um cenário em que se busca mais a 'moderação' do discurso, seus assessores buscam trabalhar de maneira mais lúdica."

No entanto, o professor ressalta que a estratégia adotada pode se voltar contra o governo. Para ele, o que realmente melhorará a opinião pública sobre a gestão Tarcísio em relação à segurança pública será a postura efetiva adotada a partir daqui. "O tiro pode sair pela culatra porque pode ser visto como um paradoxo ou mau tom. Algo como 'o governo tem uma polícia violenta ao mesmo tempo em que cria uma imagem lúdica e falsa de que haveria eficiência'", diz.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo não respondeu.

Tarcísio ainda está distante de Lula e Bolsonaro nas redes

Segundo o estudo da Bites, o tom humorístico ainda não puxou significativamente as interações para cima. "Tarcísio passou a mencionar mais as ações da polícia, o que contribui para aumentar interações. Embora elas ainda não cheguem perto do volume que publicações sobre Bolsonaro e Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) tiveram, que ainda são os que mais fizeram sucesso em 2025", afirma o levantamento. Os conteúdos em questão se referem à ocasião em que Tarcísio indica o ex-presidente como "seu candidato" para 2026 apesar de inelegibilidade do capitão reformado e o episódio em que o governador colocou o boné do movimento americano de extrema-direita "Make America Great Again".

No cenário comparativo mapeado desde janeiro de 2023 até fevereiro de 2025, o governador de São Paulo apresenta uma totalidade de 121 milhões de interações, enquanto Lula possui 411 milhões e Bolsonaro tem 631 milhões.

No Instagram, por exemplo, o ex-presidente é o político de direita - e do País - mais seguido, com 26,3 milhões. Já o presidente petista é o líder mais seguido da esquerda, com seus 13,3 milhões. Enquanto isso, Tarcísio mantém-se distante, com 4,9 milhões, atrás de outros nomes da direita como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e seus 17,1 milhões, e o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), que possui 12,7 milhões.

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O governo do Reino Unido anunciou nesta quarta-feira, 12, a expulsão de um diplomata russo e de seu cônjuge, em represália à expulsão de dois funcionários da embaixada britânica em Moscou no início desta semana.

O Ministério das Relações Exteriores britânico convocou o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, para comunicá-lo sobre as expulsões, após o que descreveu como uma "campanha crescente e coordenada de assédio contra diplomatas britânicos". Algo que, segundo Londres, visa forçar o fechamento da embaixada britânica em Moscou.

"Não toleraremos a campanha implacável e inaceitável de intimidação do Kremlin, nem suas tentativas repetidas de ameaçar a segurança do Reino Unido", afirmou o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, na rede social X.

Ainda não foi informado um prazo para a saída dos diplomatas expulsos.

Na segunda-feira, 10, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) afirmou que os dois diplomatas britânicos expulsos haviam fornecido dados pessoais falsos ao solicitar permissão para entrar no país e estavam envolvidos em atividades de inteligência e subversão que ameaçavam a segurança da Rússia. Não foram apresentadas evidências que comprovassem tais alegações.

"O alcance das ações da Rússia só pode ser enfrentado com força", disse o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. "Este incidente está encerrado, e exigimos que a Rússia faça o mesmo. Qualquer ação adicional por parte da Rússia será considerada uma escalada, e responderemos de acordo."

As expulsões de diplomatas - tanto de enviados ocidentais trabalhando na Rússia quanto de russos no Ocidente - tornaram-se cada vez mais frequentes desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022.

No entanto, as expulsões entre o Reino Unido e a Rússia são tensas há mais tempo. As relações entre os dois países pioraram drasticamente em março de 2018, quando o ex-agente de inteligência russo Sergei Skripal e sua filha foram envenenados na cidade inglesa de Salisbury, em uma tentativa de assassinato atribuída pelas autoridades britânicas à Moscou, uma acusação que o Kremlin descreveu como absurda.

Um diplomata dos Emirados Árabes, anteriormente identificado por Teerã como portador de uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, para reiniciar as negociações sobre o programa nuclear do Irã, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores iraniano nesta quarta-feira.

Não está claro como o Irã reagirá à carta, que Trump revelou durante uma entrevista televisiva na semana passada. Seu destinatário, o líder supremo Ayatollah Ali Khamenei, disse que não está interessado em negociações com um "governo abusivo".

No entanto, o país árabe enfrenta problemas econômicos exacerbados pelas sanções sobre seu programa nuclear e Trump impôs mais sanções desde que assumiu o cargo em janeiro. Essa pressão, aliada à turbulência interna do país e aos recentes ataques diretos de Israel, coloca Teerã em uma das posições mais precárias que sua teocracia já enfrentou desde a Revolução Islâmica de 1979.

Após vencer as eleições parlamentares da Groenlândia da terça-feira, 11, o Partido Demokraatit, de centro-direita, rejeitou nesta quarta, 12, as recentes pressões feitas pelo presidente americano, Donald Trump, para assumir o controle da ilha, que é um território autônomo da Dinamarca. Favorável a uma independência gradual de Copenhague, a legenda declarou que a Groenlândia não está a venda.

"Não queremos ser americanos. Também não queremos ser dinamarqueses. Queremos ser groenlandeses. E queremos nossa própria independência no futuro. E queremos construir nosso próprio país por nós mesmos, não com a esperança dele", disse o líder do partido Jens-Friederik Nielsen, à Sky News.

Trump tem mencionado abertamente o seu desejo de anexar a Groenlândia. Durante uma sessão conjunta no Congresso no dia 4 de março, o presidente americano afirmou que acreditava que Washington iria conseguir a anexação "de uma forma ou de outra".

Independência

Uma ruptura com a Dinamarca não estava na cédula, mas estava na mente de todos. A Groenlândia foi colonizada há 300 anos pela Dinamarca, que ainda exerce controle sobre a política externa e de defesa do país.

A ilha de 56 mil pessoas, a maioria de origem indígena, está caminhando para a independência desde pelo menos 2009, e os 31 legisladores eleitos moldarão o futuro da ilha enquanto o território debate se chegou a hora de declarar independência.

Quatro dos cinco principais partidos na corrida defendem a independência, mas discordaram sobre quando e como.

A legenda Naleraq ficou em segundo nas eleições. O partido deseja um processo mais rápido de independência, enquanto o Demokraatit favorece um ritmo mais moderado de mudança.

Uma vitória surpreendente

O Demokraatit ganhou quase 30% dos votos, em comparação com apenas 9% na eleição de quatro anos atrás, segundo a Greenlandic Broadcasting Corporation, enquanto Naleraq ficou em segundo lugar com quase 25%, acima dos quase 12% em 2021.

A vitória surpreendente do Demokraatit sobre partidos que governaram o território por anos indicou que muitos na Groenlândia se importam tanto com políticas sociais, como saúde e educação, quanto com geopolítica.

Nielsen, de 33 anos, pareceu surpreso com os ganhos de seu partido, com fotos mostrando-o ostentando um sorriso enorme e aplaudindo na festa eleitoral.

A emissora dinamarquesa DR relatou que Nielsen disse que seu partido entraria em contato com todos os outros partidos para negociar o futuro curso político para a Groenlândia.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen parabenizou o Demokraatit e afirmou que o governo dinamarquês aguardaria os resultados das negociações de coalizão.

União

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Bourup Egede convocou a votação em fevereiro, dizendo que o país precisava se unir durante um "momento sério" diferente de tudo que a Groenlândia já vivenciou.

Depois que os resultados foram conhecidos, Egede agradeceu aos eleitores em uma postagem no Facebook por comparecerem e disse que os partidos estavam prontos para recorrer às negociações para formar um governo.

Seu partido, o Inuit Ataqatigiit, ou United Inuit, recebeu 21% dos votos. Este é um declínio significativo em relação à última eleição, quando a legenda teve 36% dos votos, de acordo com a KNR TV.

O Inuit Ataqatigiit era amplamente esperado para vencer, seguido pelo Siumut. Os dois partidos dominaram a política da Groenlândia nos últimos anos.

O Siumut ficou em quarto lugar com 14% dos votos. (COM INFORMAÇÕES DA ASSOCIATED PRESS)