STF mantém ministros em julgamento de Bolsonaro; Mendonça diverge sobre Moraes e Dino

Política
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O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) finalizou julgamento de quatro agravos das defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro da Casa Civil Braga Netto e mantiveram como julgadores da ação sobre suposto golpe de Estado os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin.

Apenas o ministro André Mendonça divergiu e votou para reconhecer os impedimentos de Moraes e Dino. Quanto a Zanin, o resultado foi unânime. No caso de Moraes, Mendonça apontou o fato de o ministro ser um dos alvos do grupo.

"Ao constatar que o eminente ministro arguido sofreria, direta e imediatamente, consequências graves e tangíveis, como prisão - ou até mesmo morte -, se os relatados intentos dos investigados fossem levados a cabo, parece-me presente a condição de 'diretamente interessado', tal como exigido pelo art. 252, IV, do CPP. É certo que, sob o ponto de vista formal, o sujeito passivo do crime de organização criminosa é a 'sociedade', assim como, quanto aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, o sujeito passivo é a 'democracia'. Entretanto, isso não altera o fato de que, de acordo com o iter cogitado, os atos executórios atingiriam diretamente o eminente ministro relator", citou Mendonça.

No caso da análise de impedimento de Dino, Mendonça afirmou que o ministro já moveu ação contra Bolsonaro no passado, o que o poderia ferir a lógica de "todo arcabouço constitucional".

"Não considero possível, sem que se fira a lógica de todo arcabouço constitucional de proteção à imparcialidade judicial, que, um mesmo magistrado, que se encontra nas mesmíssimas circunstâncias de fato, tenha reconhecida a quebra de sua imparcialidade em relação a todos os processos de natureza cível em que determinado indivíduo figure como parte, e, mesmo assim, possa continuar julgando-o em um processo de natureza criminal", citou Mendonça.

Luiz Fux acompanhou a maioria, mas, no caso do pedido de julgamento no plenário, e não na Primeira Turma, usou argumento de que os agravos não instrumento recursal adequado. "Quanto à alegada competência do plenário, destacou o ministro presidente em sua decisão agravada que 'a arguição de impedimento e suspeição é meio processual inadequado para discutir a matéria'", registrou o ministro. "Reservo-me, portanto, a pronunciar sobre o tema na via processual própria."

Em seu voto, Barroso reiterou que as defesas não comprovaram o impedimento dos ministros. Para o presidente do STF, não houve "concreta demonstração da parcialidade".

"Alegações genéricas e desacompanhadas de prova concreta da aventada parcialidade do julgador não se prestam para a caracterização do alegado impedimento", escreveu o ministro.

Os processos foram pautados com urgência porque o julgamento da denúncia contra Bolsonaro e outras seis pessoas apontadas como as lideranças do plano golpista será no dia 25 de março na Primeira Turma do STF.

Veja quais recursos foram analisados:

- Mário Fernandes pediu a suspensão do ministro Flávio Dino alegando que ele era ministro da Justiça no 8 de Janeiro;

- Bolsonaro alegou a suspeição de Flávio Dino com base em uma queixa-crime por calúnia, injúria e difamação movida pelo ministro contra o ex-presidente. Na época, Dino era governador do Maranhão;

- Bolsonaro alegou o impedimento de Cristiano Zanin porque, quando era advogado, o ministro subscreveu em nome do PT uma notícia-crime contra Bolsonaro por ataques às instituições;

- Braga Netto questionou a imparcialidade de Alexandre de Moraes alegando que ele não poderia relatar o processo porque a denúncia menciona uma suposta operação para executá-lo em meio ao golpe - o Plano Punhal Verde e Amarelo e o Copa 2022.

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Duas centrais nucleares em operação - Khmelnitskyy e Rivne - tiveram que reduzir a produção de eletricidade após um ataque noturno a uma subestação elétrica crucial para a segurança nuclear.

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Trump já havia anunciado que não participaria da cúpula anual para chefes de estado das principais economias emergentes do mundo. O vice-presidente JD Vance compareceria ao evento no lugar do presidente. Uma pessoa próxima de Vance, com acesso a sua agenda, e que teve sua identidade preservada, disse que ele não viajaria mais para a África do Sul para participar da cúpula.

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*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

As negociações de paz entre Paquistão e Afeganistão em Istambul terminaram sem acordo. Os lados trocam acusações pelo colapso das negociações, destinadas a aliviar as tensões na fronteira e manter um cessar-fogo, disseram autoridades hoje.

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Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo talibã, culpou o Paquistão pelo fracasso das negociações, escrevendo no X que "a atitude irresponsável e não cooperativa da delegação paquistanesa resultou em nenhum resultado, apesar das boas intenções do Emirado Islâmico e dos esforços dos mediadores."

Mujahid reiterou que o Afeganistão "não permitirá que ninguém use seu território contra outro país, nem permitirá ações que minem sua soberania ou segurança."

As negociações de dois dias em Istambul, mediadas pela Turquia e Catar, foram a terceira rodada de negociações de paz vistas como um dos esforços diplomáticos mais significativos entre os dois vizinhos desde que o Talibã tomou o poder no Afeganistão em 2021. Apesar da intensa diplomacia nos bastidores, autoridades disseram que as discussões estagnaram na noite de sexta-feira sem progresso tangível.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, disse ao canal privado Geo News na noite de sexta-feira que as "negociações terminaram" e que a delegação paquistanesa estava voltando para casa "sem plano para futuras reuniões." Ele acrescentou que o cessar-fogo permaneceria em vigor enquanto "não for violado pelo lado afegão."

O Paquistão acusou repetidamente os governantes talibãs do Afeganistão de abrigar o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), um grupo militante responsável por um aumento nos ataques dentro do Paquistão desde 2021. Cabul nega a acusação, dizendo que não permite que seu território seja usado contra outros países.

Confrontos continuam

O colapso das negociações ocorreu na noite de ontem após autoridades afegãs relatarem que quatro civis foram mortos e cinco outros feridos em confrontos transfronteiriços, apesar das negociações em andamento.

Asif disse que a delegação afegã veio "sem nenhum programa" e se recusou a assinar um acordo por escrito, insistindo apenas em garantias verbais. "Eles disseram que respeitariam um acordo verbal, mas não há espaço para isso", disse ele. "Não há plano ou esperança para uma quarta rodada de negociações. As negociações entraram em pausa indefinida."

No início deste mês, o exército do Paquistão disse ter realizado ataques aéreos nos esconderijos do Talibã paquistanês dentro do Afeganistão, matando dezenas de pessoas descritas como insurgentes. Autoridades afegãs negaram a alegação, dizendo que civis estavam entre os mortos, e disseram que as forças afegãs atingiram postos militares paquistaneses em retaliação, matando 58 soldados. O exército do Paquistão reconheceu a perda de 23 tropas nos combates.

A violência levou o Catar a convidar delegações de ambos os lados para Doha, onde concordaram com um cessar-fogo em 19 de outubro. Isso foi seguido por seis dias de negociações em Istambul, que resultaram em um acordo para estender a trégua e realizar uma terceira rodada em 6 e 7 de novembro - negociações que, em última análise, não produziram nenhum avanço.

Desde então, o Paquistão manteve todos os seus pontos de passagem de fronteira com o Afeganistão fechados, embora tenha reaberto parcialmente a principal passagem de Torkham para permitir que refugiados afegãos retidos retornassem para casa. /Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.