Veja a íntegra da defesa de Walter Braga Netto em julgamento no STF

Política
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A defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, questionou durante o julgamento iniciado nesta terça-feira, 25, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e pediu a anulação do acordo.

De acordo com o advogado José Luis Oliveira, Cid "mente e mente muito" e afirmou que a colaboração é inepta por ter sido firmada entre a Polícia Federal e o investigado, sem anuência do Ministério Público Federal.

Veja a íntegra de defesa de Braga Netto:

Senhor presidente, inicialmente, eu gostaria de fazer dois registros. O primeiro é que é sempre uma honra e um privilégio usar a tribuna da defesa no Supremo Tribunal Federal. Eu advogo há 35 anos e quero dizer a Vossas Excelências que toda vez que entro nessa Casa, toda vez que vou ao gabinete de Vossas Excelências entregar os memoriais, é motivo de emoção. Eu fico nervoso. As mãos ficam frias, ministro Flávio Dino. E essas sensações tem uma explicação clara. É reverência, é respeito, a Vossas Excelências. O segundo registro que eu gostaria de fazer, eminente ministra Cármen Lúcia, é que esta defesa não ficará em silêncio diante dos ataques veementes, criminosos, feitos contra essa Corte e contra todos os integrantes do Supremo Tribunal Federal.

Quero dizer à Vossa Excelência, eminente ministro Zanin, que eu vi na televisão assustado os atos de 8 de janeiro de 2023 e qualquer advogado, qualquer cidadão, precisa deixar claro isso quando tiver a oportunidade de falar, principalmente nesta Casa. Eu registro aqui, em nome desta defesa, a solidariedade a todos os ministros desta Corte, especialmente ao eminente relator, por quem eu tenho, longo, longo respeito.

Eu falo em nome de Walter de Souza Braga Netto, um homem com 42 anos de serviços prestados ao Exército brasileiro. Sem qualquer mancha, sem qualquer mácula, sem qualquer apontamento na sua vida. É um homem de reputação ilibada. Quero dizer a Vossas Excelências, com máximo respeito ao eminente procurador-geral da República, que a denúncia que foi apresentada contra o general não irá manchar a sua reputação.

Eu ouvi atentamente a fala do procurador-geral da República. Ele não apontou uma única fala, uma única frase, que imputasse alguma coisa, individualizasse alguma conduta criminosa contra o general Braga Netto. E não fez não por inépcia do Ministério Público, mas não fez porque não tem absolutamente nada. Eu quero dizer a Vossas Excelências que Braga Netto não teve qualquer participação, qualquer relação com os fatos de 8 de Janeiro.

O colaborador Cid, que mente e mente muito, apresenta um vídeo naquela oportunidade para falar o link do general Braga Netto com os manifestantes dos quartéis. Esse vídeo era de outra coisa. Esse vídeo era de um encontro no Palácio da Alvorada com seis pessoas e não tinha nenhuma relação com as manifestações dos quartéis. Depois até a própria denúncia faz esse reparo.

Quero dizer a Vossas Excelências que Braga Netto não participou da elaboração de qualquer plano que atentasse contra o Estado Democrático de Direito, que atentasse contra contra a vida de um presidente da República, de um vice-presidente da República e do eminente relator. Braga Netto é inocente. A defesa pede, evidentemente, a rejeição da denúncia, mas caso ela seja recebida hoje nesta tarde a defesa não tem dúvida que durante a instrução criminal, com a oitiva das testemunhas de acusação, com a testemunha de defesa e com os esclarecimentos de Braga Netto, porque eminente ministro Flávio Dino, Vossa Excelência acha razoável que, no caso dessa magnitude, a polícia não quer ouvir, não quis ouvir o general Braga Netto, que o Ministério Público não quis ouvir o general Braga Netto.

Não me parece razoável isso, não me parece razoável. Parece que a polícia já tinha uma narrativa e pronto. Para que eu ouvir a defesa? Para que eu vi o general Braga Netto. Eu quero dizer a Vossas Excelências, corroborando até o que o meu querido amigo Celso Vilardi falou, a defesa não está na mesma situação que a acusação. A defesa está com os olhos cobertos. A defesa está com a sua atuação cerceada eminente ministro Flávio Dino. E esse cerceamento não foi praticado pelo eminente relator, não foi. Isso precisa ser dito da tribuna. A forma pulverizada como a Polícia Federal comandou as investigações, eminente ministra Cármen Lúcia, ela despejou nesse processo mais de 115 mil páginas. Nós estamos falando com 2 mil GB de documentos. Nós estamos falando, quando foi oferecida a denúncia, de 15 procedimentos relacionados com a peça exordial. Isso foi feito de maneira organizada? Evidentemente que não. Ela foi despejada de uma forma que a defesa não teve a menor condição de analisar o que foi produzido. Este caso, eminente presidente Zanin, nós temos os melhores momentos separados pela polícia, com a anuência do Ministério Público, mas não foi dado acesso à defesa para que ela também selecionasse os seus melhores momentos. "Não, a defesa não precisa ter os melhores momentos". A polícia vai, despeja. É o document dump. A defesa não teve acesso. Eu não tive acesso, eminente ministro Flávio Dino, ao que foi aprendido na casa do general Braga Netto. Eu não sei o conteúdo do computador do general Braga Netto. Eu não tenho o telefone, o acesso às mensagens do telefone do general Braga Netto. Como é que eu posso exercer o direito de defesa, ministra Cármen Lúcia. Como é que eu posso mostrar à Vossa Excelência que mensagem x ou Y refuta o que foi dito na denúncia. Eu não tenho como. Não me parece razoável que essa defesa tivesse acesso ao conteúdo do celular? Não teve. A operação Tempos Veritatis não tem o relatório do que foi aprendido com meu cliente. Portanto, a defesa está sim sem o direito de poder selecionar os seus melhores momentos.

Num caso dessa magnitude, que muitos dizem que é o julgamento mais importante Supremo Tribunal Federal, não pode ter nenhuma mácula, não pode ter nenhuma mancha. A defesa tem que ter acesso a tudo. A Constituição diz isso.

E a última questão da defesa, que nós mencionamos na nossa peça, nós pedimos acesso integral ao procedimento da colaboração premiada na procuradoria-geral da República. O eminente relator entendeu que não era o caso de nós termos acesso. Nós divergimos desse entendimento, respeitamos, mas divergimos. Entendemos que a defesa tem que ter acesso a tudo.

E a colaboração premiada do coronel Mauro Cid? Ela não pode ficar em pé. Ela não pode ficar em pé. Evidentemente que é por isso que o eminente advogado que usou a tribuna aqui para fazer a sua defesa não se alongou. Essa delação não fica em pé. Essa delação, ela não diz a verdade. Ela tem que ser anulada por quatro motivos: o primeiro que é um acordo celebrado entre polícia e colaborador sem anuência no Ministério Público, sem anuência no Ministério Público. Então, o PGR foi contrário à celebração desse acordo, mas o eminente relator entendeu que era caso, sim, de homologar este acordo.

Há um julgado do plenário Supremo Tribunal Federal que pontua a relevância, a importância da anuência do Ministério Público num acordo de colaboração premiada celebrado entre a polícia judiciária e o colaborador. Então esse é o primeiro motivo. E o segundo motivo presidente Zanin? É a voluntariedade. Neste caso, não existiu a voluntariedade. E quem diz isso? O delator. O delator disse que não foi coagido. O delator disse que foi coagido pela Polícia Federal. Isso está nos autos. A revista Veja online ela publicou diálogos feitos com o colaborador. Eu peço vênia para ler uns trechos: "Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu", Pet 11.767, peça 85. "Não vai adiantar, não adianta, você pode, você pode falar o que você quiser. Eu vi isso ontem, eles não aceitavam e discutiam, discutiam que a minha versão não é verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu tava mentindo". Pet 11767, peça 86. "Eu vou dizer, pelo que eu senti, eles já estão com a narrativa pronta deles. é só fechar, eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem", Pet 11767, peça 88. Cadê a voluntariedade? Ele mentiu. Ele foi induzido pela Polícia Federal.

O eminente relator designa uma audiência e designa um um magistrado, um juiz instrutor, para presidir essa audiência. E nesta audiência, ministro Flávio Dino, ele ratifica que foi coagido e num ponto exatamente que atinge o nosso cliente, o general Braga Netto. Olha o que diz o senhor colaborador quando inquirido pelo juiz instrutor: "Por exemplo, eu não vou lembrar de tudo, mas, por exemplo, ele disse que teve uma reunião que aconteceu na casa de fulano de tal, aí ele queria saber o motivo da reunião, eu falei motivo da reunião era encontro de amigos, né. O fulano de tal tava na cidade e quis cumprimentar o general".

Mauro Cid ele prossegue nesse relato dizendo que os policiais falavam para ele: "Aí, não. Não é possível um general". E concluiu ministro Flávio Dino, "então eles tinham uma outra linha argumentativa, né, do que eles estavam investigando. E a linha que eu tava trazendo, na minha versão, dos fatos era outra", pet 11.767. Ou seja, a Polícia Federal queria que ele incriminasse quem? O meu cliente. Quem diz isso? O colaborador. Cadê a voluntariedade? Ao término dessa audiência foi decretada, de ofício, a prisão do colaborador.

Terceiro motivo: é mentiroso. Com perdão da expressão, é mentiroso. Prestou nove depoimentos e não fala absolutamente nada do general Braga Netto. Quando estava com o risco de perder o seu acordo, quando estava com o risco de perder seu acordo, aí sim, ele fala um detalhe, ministro Flávio Dino, que é simples, ministro Fux, é o financiamento do plano.

Quer dizer que ele presta nove depoimentos e esquece de falar um detalhe que me parece que fundamental, que é entrega do dinheiro, ministra Cármen Lúcia. E ele esqueceu de falar? Por que que ele esqueceu? Porque ele é mentiroso. Ele mente. Ele joga isso na reputação de um homem de 42 anos de serviços prestados ao Exército brasileiro com uma tranquilidade. Portanto, esse é o terceiro fundamento que a defesa, de fato, colocou nas suas razões e no seu memorial para que seja anulada essa colaboração.

E o quarto e último fundamento, com a máxima vênia ao eminente relator, que sempre vou render minhas homenagens a ele, é a participação de sua excelência na audiência de Mauro Cid. A defesa entende que cabe ao Poder Hudiciário nessa questão apenas analisar a regularidade e a voluntariedade. Entende a defesa que não é o caso do Poder Judiciário ter uma manifestação mais efetiva

Presidente Zanin registro aqui que é sempre uma honra estar com Vossa Excelência. Reencontrá-lo, agora, sentado no Supremo Tribunal Federal e presidindo esta comendatura. A Vossa Excelência sabe o respeito e admiração que tenho pelo senhor. A defesa pede que seja reconhecida a nulidade do feito a partir do momento da nossa intimação pelo cerceamento de defesa porque a defesa não teve a chance de ter o acesso ao material bruto. Ela não teve a chance de apresentar os seus melhores momentos, como teve acusação, com a anuência do Ministério Público. A defesa pede, num segundo momento, a rejeição da peça exordial porque ela é baseada, sim, num acordo de colaboração premiada viciado, com todas as questões que eu coloquei aqui. Um acordo de colaboração premiada, com máximo respeito, eminente ministra Cármen Lúcia, mentiroso. E o último fundamento da rejeição é porque não há na peça exordial uma única conduta descrita pelo Ministério Público. E repito, não há porque o general Braga Netto não praticou qualquer conduta criminosa.

*Este conteúdo foi transcrito com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

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O supertufão Fung-wong, o maior a ameaçar às Filipinas este ano, começou a atingir a costa nordeste do País neste domingo, 9, forçando mais de um milhão de pessoas a deixar regiões de alto risco - incluindo Bicol, região costeira vulnerável a ciclones e fluxos de lama do Mayon, um dos vulcões mais ativos do país -por recomendação da Defesa Civil.

Com uma faixa de chuva e vento de 1.600 quilômetros de largura, o tufão se aproximou do Pacífico e ameaça cobrir dois terços do arquipélago, enquanto a população ainda lida com a devastação causada pelo tufão Kalmaegi, que deixou pelo menos 224 mortos na última terça-feira, 4.

O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., declarou estado de emergência devido à extensa devastação causada pelo Kalmaegi e à calamidade esperada com a chegada de Fung-wong. Com a aproximação do tufão, diversas regiões do leste do país ficaram sem energia elétrica.

Fung-wong foi avistado por meteorologistas na manhã deste domingo, 9, sobre as águas costeiras perto da cidade de Pandan, na província de Catanduanes, no leste do país; segundo especialistas, o tufão tem ventos de até 185 km/h e rajadas de até 230 km/h.

A previsão é de que ele siga para noroeste e atinja a costa da província de Aurora ou Isabela no final de domingo ou início de segunda-feira, 10, segundo informações dos meteorologistas.

Ciclones tropicais com ventos sustentados de 185 km/h ou mais são classificados nas Filipinas como supertufões, uma designação adotada para enfatizar a urgência associada a distúrbios climáticos mais extremos.

"A chuva e o vento estavam tão fortes que a visibilidade era quase nula", disse Roberto Monterola, oficial de mitigação de desastres de Catanduanes, à Associated Press. Segundo ele, ainda não há relatos de vítimas.

Apesar dos apelos para que os moradores evacuassem as áreas propensas a desastres no sábado, 8, alguns permaneceram em suas casas. "Nossa equipe resgatou 14 pessoas que estavam presas no telhado de uma casa inundada", disse Monterola. "Um pai também ligou em pânico, dizendo que o telhado de sua casa estava prestes a ser arrancado pelo vento. Nós o salvamos, juntamente com quatro familiares."

O secretário de Defesa, Gilberto Teodoro Jr., que supervisiona as agências de resposta a desastres e as forças armadas do país, alertou sobre o impacto potencialmente catastrófico do tufão Fung-wong em um pronunciamento televisionado. Ele afirmou que a tempestade poderia afetar uma vasta área do País, incluindo Cebu, a província central mais atingida pelo tufão Kalmaegi, e a região metropolitana de Manila, a capital densamente povoada, sede do poder e centro financeiro do país.

Mais de 30 milhões de pessoas podem estar expostas aos riscos representados pelo tufão, segundo o Escritório de Defesa Civil. Teodoro pediu à população que seguisse as ordens das autoridades para se afastar imediatamente de vilarejos e cidades propensas a enchentes: "Precisamos fazer isso porque, quando já está chovendo ou o tufão atinge a região e as inundações começam, é difícil resgatar as pessoas", disse.

As Filipinas não solicitaram ajuda internacional após a devastação causada pelo tufão Kalmaegi, mas Teodoro afirmou que os Estados Unidos, aliado de longa data do País, e o Japão estavam prontos para prestar assistência.

As autoridades das províncias do norte, que seriam atingidas lateralmente pelo tufão, decretaram o fechamento de escolas e da maioria dos órgãos governamentais na segunda, 10, e terça-feira, 11. Pelo menos 325 voos domésticos e 61 internacionais foram cancelados e mais de 6.600 passageiros e trabalhadores de carga ficaram retidos em mais de 100, onde a guarda costeira proibiu a navegação em mar agitado.

As Filipinas são atingidas por cerca de 20 tufões e tempestades por ano. O País também sofre com terremotos e possui mais de uma dúzia de vulcões ativos, o que o torna um dos países mais propensos a desastres naturais no mundo.

O grupo terrorista Hamas anunciou que entregará, na tarde deste domingo, 9, o corpo de um soldado israelense morto em 2014 e que vinha sendo mantido em Gaza desde então. Seus restos mortais são os únicos ainda retidos em Gaza desde antes da mais recente guerra de dois anos entre Israel e o Hamas.

A devolução do corpo do soldado, Hadar Goldin, seria um avanço significativo na trégua mediada pelos Estados Unidos e encerraria uma dolorosa saga de 11 anos para seus pais, que lideraram uma campanha - junto com a família de outro soldado cujo corpo também foi levado em 2014 - para trazer o filho de volta e sepultá-lo em Israel.

Segundo o anúncio, o Hamas afirmou ter encontrado o corpo de Goldin em um túnel na cidade mais ao sul do enclave, Rafah, no sábado, 8. Goldin foi morto em 1º de agosto de 2014, duas horas depois de um cessar-fogo entrar em vigor, encerrando a guerra daquele ano entre Israel e o Hamas.

A mídia israelense, citando autoridades anônimas, relatou que o Hamas estava adiando a liberação do corpo de Goldin na tentativa de negociar uma passagem segura para mais de 100 militantes cercados pelas forças israelenses e presos em Rafah.

Gila Gamliel, ministra da Ciência e Tecnologia e integrante do partido Likud, do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, disse à rádio do Exército que Israel não está negociando um "acordo dentro do acordo".

"Existem acordos cuja implementação é garantida pelos mediadores, e não devemos permitir que ninguém venha agora brincar (com isso) e reabrir o acordo", disse ela.

O Hamas não fez comentários sobre uma possível troca envolvendo seus combatentes presos na chamada "zona amarela", controlada pelas forças israelenses, embora tenha reconhecido que há confrontos ocorrendo ali.

Goldin é um dos cinco corpos de reféns mortos que ainda permanecem em Gaza. Como parte do acordo de trégua mediado pelos Estados Unidos, espera-se que os terroristas devolvam todos os restos mortais dos reféns.

O presidente israelense, Isaac Herzog, confirmou que Israel esperava a liberação do corpo de Goldin à tarde. Herzog fez a declaração durante o elogio fúnebre no enterro do sargento Itay Chen, um soldado americano-israelense morto em 7 de outubro de 2023, cujo corpo permaneceu em Gaza até ser devolvido pelos militantes na semana passada.

Desde o início do cessar-fogo, no mês passado, os militantes já devolveram os restos mortais de 23 reféns. Para cada refém israelense devolvido, Israel tem liberado os corpos de 15 palestinos.

Ahmed Dheir, diretor de medicina forense do Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, afirmou que os restos mortais de 300 pessoas já foram devolvidos, dos quais 89 foram identificados.

A guerra começou com o ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, quando 251 pessoas foram sequestradas e 1,2 mil morreram em Israel, a maioria civis.

No sábado, o Ministério da Saúde de Gaza informou que o número de palestinos mortos no enclave chegou a 69.169. O ministério, que faz parte do governo administrado pelo Hamas e é composto por profissionais de saúde, mantém registros detalhados considerados geralmente confiáveis por especialistas independentes.

Em 2014, o exército israelense concluiu, com base em evidências encontradas no túnel onde o corpo de Goldin foi levado, que ele havia sido morto no ataque.

No início deste ano, a família de Goldin marcou 4 mil dias desde que o corpo foi levado. O exército israelense recuperou o corpo de outro soldado morto na guerra de 2014 também neste ano.

A Bolívia e os Estados Unidos normalizarão suas relações diplomáticas e em breve trocarão embaixadores, anunciaram o novo presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, e o subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau.

Ambos reuniram-se após a cerimônia de posse de Paz, na Bolívia, e anunciaram o início de uma nova era nas relações diplomáticas entre os dois países. "É inusitado que não tenhamos tido embaixadores. É um passo importante e espero que possamos anunciá-los muito em breve", disse Landau, o diplomata americano de mais alto escalão que viajou ao país nos últimos anos.

O último embaixador norte-americano na Bolívia foi expulso em 2008 pelo então presidente boliviano Evo Morales, que acusou suposta espionagem interna e depois retirou do país a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, também na sigla em inglês).

Landau, que foi embaixador de seu país no México, anunciou ainda que Washington está disposto a cooperar em vários campos com o novo governo boliviano. "O presidente Paz expressou seu interesse em manter uma boa relação com os Estados Unidos. De forma recíproca também queremos boas relações e estou certo de que assim o faremos", afirmou.

Paz, por sua vez, abriu a possibilidade de um possível retorno à DEA. "Todas as instituições não só dos Estados Unidos, mas de países fronteiriços que queiram trabalhar com a Bolívia para fazer um país mais seguro contra ilícitos, estarão e nós estaremos vinculados a essas nações", disse em coletiva de imprensa conjunta.

Na semana passada, antes de assumir o cargo, Paz viajou aos Estados Unidos para se reunir com organizações financeiras internacionais e buscar apoio para tirar seu país da pior crise econômica em quatro décadas.

Durante o governo de Morales (2006-2019) e de Luis Arce (2020-2025), a Bolívia se desvinculou dos Estados Unidos para fazer parte da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) junto a Cuba, Nicarágua e Venezuela, cujo bloco suspendeu este país andino após as aproximações de Paz com Washington.