Promotoria denuncia ex-deputada estadual por 'rachadinha' na Assembleia Legislativa de SP

Política
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O Ministério Público Eleitoral denunciou a ex-deputada estadual Clélia Gomes (Avante) e o ex-secretário de Turismo do Estado Laércio Benko (governo Alckmin) sob acusação de manter um esquema de 'rachadinha' na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Os dois são ainda acusados de falsidade ideológica eleitoral. Segundo a denúncia, ambos se apropriavam de parte dos salários de funcionários do gabinete da então deputada e do escritório de Benko, que foi vereador em São Paulo pelo PHS, sigla incorporada ao Podemos.

O Estadão busca contato com as defesas. Durante as investigações, Clélia e Benko negaram envolvimento com irregularidades.

O Ministério Público Eleitoral apurou que foram desviados, à época, ao menos R$ 381 mil. Segundo testemunhas o valor pode ser ainda maior.

Assinada pelo promotor de Justiça Cleber Rogério Masson, a denúncia foi oferecida ao juízo da 1ª Zona Eleitoral do Estado de São Paulo. Os acusados devem apresentar suas defesas.

O caso foi revelado pelo Estadão em 2018. Uma ex-assessora de gabinete da então deputada estadual afirmou, na ocasião, em depoimento ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ter desempenhado o papel de arrecadadora dos salários dos funcionários - parte deles, 'fantasmas'.

Segundo Daniela Cristina Araújo Rocha, o suposto esquema abastecia em R$ 80 mil mensais o então presidente do PHS paulista, Laércio Benko, com quem a parlamentar teria uma dívida de campanha.Segundo o responsável pelo controle de pagamentos, ouvido pela Promotoria, no quinto dia útil de cada mês, os salários dos comissionados eram sacados e parte dos vencimentos era retida para abastecer o caixa informal de Clélia.

A retirada do dinheiro, segundo a denúncia, era feita na agência bancária situada no subsolo do Palácio Nove de Julho, no Ibirapuera, sede do Legislativo estadual. De acordo com a acusação do promotor Cleber Rogério Masson, o inquérito policial mostrou que, em 4 de novembro de 2014, Clélia omitiu "em documento público, consistente em sua prestação de contas de campanha apresentada à Justiça Eleitoral de São Paulo, declaração que dele devia constar, representada pela doação recebida, para fins eleitorais, de Laércio Benko". Por isso, ela foi denunciada pelo crime de falsidade ideológica eleitoral.

Ainda segundo o promotor, os dois "envolveram-se em esquema criminoso popularmente conhecido como 'rachadinha'". Ambos teriam se aproveitado do poder de seus cargos para desviar o dinheiro de subordinados.

A Promotoria encontrou provas de que eles se apropriaram de parcelas dos vencimentos de três funcionários do gabinete da deputada e de dois do escritório de advocacia de Benko."Tais desvios destinavam-se ao custeio de despesas da parlamentar, como o pagamento de aluguel de imóvel, débitos relacionados ao seu escritório político, bem como para cobrir a doação não contabilizada efetuada por Laércio à campanha de Clélia", afirma o promotor.

De acordo com a apuração, uma funcionária devolvia 20% do salário e outra era obrigada a repassar R$ 11 mil dos R$ 16 mil que recebia. Um terceiro funcionário entregava R$ 5 mil do salário de R$ 10 mil.

O Ministério Público constatou ainda que funcionários pagos com dinheiro público prestavam serviço no escritório de Benko. A Promotoria obteve a quebra do sigilo bancário dos investigados e analisou os dados da prestação de contas da campanha de 2014 de Clélia. "Não consta, na prestação de contas da candidata, a vultosa doação de Laércio mencionada pelos servidores comissionados de seu gabinete", diz o promotor.

Ainda de acordo com a Promotoria, que denunciou a ex-deputada e o ex-secretário de Turismo cinco vezes por peculato, Clélia desviou, em proveito próprio e de Laércio, "vultosa quantia de valores públicos, representada por parcelas significativas dos vencimentos de servidores do seu gabinete, sem prejuízo da exploração do trabalho de assessores, pagos pelo Estado, que na verdade prestavam serviços, de natureza particular, ao escritório de advocacia de Laércio".

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.