Imprensa internacional repercute ida de Bolsonaro ao banco de réus por tentativa de golpe

Política
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A ida do ex-presidente Jair Bolsonaro ao banco dos réus por liderar uma tentativa de golpe de Estado repercutiu nos principais jornais do mundo. Nesta quarta-feira, 26, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia contra o ex-mandatário e sete aliados.

Os réus são acusados de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além de organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado contra o patrimônio da União. As penas máximas aos delitos somam 43 anos de prisão.

Veículos como Clarín, El País, The Guardian e The New York Times destacaram não apenas a acusação por golpe de Estado, mas também o plano de assassinato elaborado pelos golpistas contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Alexandre

Moares.

Clarín (Argentina)

Jornal argentino de maior circulação, o Clarín destacou que a decisão de levar Jair Bolsonaro ao banco dos réus foi tomada de forma unânime pela Primeira Turma do STF. O periódico trouxe os argumentos da defesa dos acusados e a declaração de Bolsonaro de que o processo contra ele está andando 14 vezes mais rápido que o do Mensalão, o caso de corrupção que marcou o primeiro governo Lula.

"As acusações de golpe por si só podem acarretar uma pena de até 12 anos . Além de outros crimes dos quais é acusado, Bolsonaro pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado", destacou o jornal argentino.

El País (Espanha)

O espanhol El País chamou a atenção para o fato de que, no Brasil, não é tão excepcional um ex-presidente ser submetido a um julgamento político ou penal. Porém, o jornal destacou que o ineditismo está na acusação de tentativa de golpe de Estado.

"Os golpistas consideraram, segundo a acusação, o assassinato do presidente Lula, de seu vice-presidente e do juiz do Supremo Alexandre de Moraes, que instrui o caso e o bolsonarismo considera seu inimigo", disse o jornal.

The Guardian (Inglaterra)

Com mais de 200 anos de tradição, The Guardian destacou que, caso condenado, Jair Bolsonaro poderá responder a mais de 40 anos de prisão. O jornal inglês publicou uma reportagem contextualizando a trama golpista e a denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

"As acusações estão relacionadas a um suposto plano de dar um golpe pró-Bolsonaro nos meses entre a eleição de outubro de 2022 e os protestos de extrema direita que eclodiram em Brasília em 8 de janeiro de 2023 - uma semana após a posse de Lula", publicou o jornal.

The New York Times (EUA)

Uma das principais publicações americanas, o The New York Times abriu sua reportagem explicando que Jair Bolsonaro será julgado por uma tentativa de golpe de Estado. O jornal reproduziu uma declaração do ex-presidente na qual ele afirma que a decisão do STF teve motivação política.

"O julgamento, que ainda não foi marcado, é fruto de uma investigação abrangente de dois anos, na qual a polícia averiguou casas e escritórios, prendeu pessoas próximas a Bolsonaro e obteve uma delação importante de um assessor sênior do ex-presidente", afirmou NYT.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.