Bolsonaro responde Lula e diz que só 'imbecil' acredita em plano de assassinato

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu nesta quinta-feira, 27, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a suposta participação dele em tentativa de golpe de Estado, acusação pela qual Bolsonaro será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Só um imbecil ou um canalha compra esse papo de plano de assassinato", escreveu em seu perfil no X (antigo Twitter). Na quarta-feira, 26, em resposta a uma pergunta sobre a decisão do Supremo que tornou Bolsonaro réu, Lula disse ser "visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no País".

"É visível por todas as provas que ele tentou contribuir para meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral brasileira. Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido", disse o presidente a jornalistas em Tóquio, no Japão, onde cumpria agenda.

Na postagem endereçada a Lula, que assinou com as palavras "um fraterno abraço", Bolsonaro ironiza as investigações sobre a trama golpista. "A narrativa de vocês sobre o 'gópi' é conhecida por todos os seus adversários. Ninguém de bom senso aguenta mais essa patifaria armada", afirmou.

Ele também resgatou o atentado que sofreu em 2018 em Juiz de Fora (MG), durante atividades da campanha eleitoral. "A única pessoa que tentaram matar fui eu", disse.

O plano de assassinato contra Lula mencionado pelo presidente foi descrito pela Polícia Federal (PF) em inquérito que embasou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), aceita nesta semana pelo STF.

Na peça, o procurador-geral, Paulo Gonet, afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi informado e concordou com o plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa o assassinato de Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

"O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições", diz Gonet no documento.

De acordo com mensagens encontradas pela PF, militares das Forças Especiais do Exército, os "kids pretos", teriam chegado a armar uma emboscada para Moraes, mas acabaram desistindo da ação.

Bolsonaro virou réu no STF por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Em decisão unânime, a Primeira Turma do STF recebeu a denúncia da PGR contra o ex-presidente e mais sete pessoas.

Os outros são os generais e ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o deputado Alexandre Ramagem, ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência, o ex-ministro Anderson Torres, o almirante Almir Garnie, ex-comandante da Marinha, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

Os oito compõem o primeiro núcleo de denunciados, chamado de "núcleo crucial" da tentativa de golpe. Segundo a PGR, "deles partiram as principais decisões e ações de impacto social" para a conspiração.

Com a decisão do STF nesta quarta-feira, 26, os denunciados passaram a responder às acusações da PGR na Justiça. O julgamento do mérito da denúncia, ou seja, que decide se os réus são culpados ou não ocorrerá após a etapa de instrução do processo, que conta com interrogatórios, oitiva de testemunhas e apresentação de defesa.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.