Aprovação e reprovação de Lula por região, gênero, idade, escolaridade, renda, religião e raça

Política
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A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cair e atingiu o pior patamar desde janeiro de 2023, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 2.

A segmentação da pesquisa indica que Lula perdeu apoio até nos grupos nos quais registrava seus melhores índices de aprovação, como os nordestinos, os mais pobres, as mulheres e os católicos.

No Nordeste, Lula ainda é mais aprovado do que rejeitado, mas a diferença entre os dois índices é a menor da série histórica. Entre as mulheres, que até então registravam mais aprovação do que reprovação ao governo, a ordem se inverteu. O mesmo ocorreu entre os entrevistados que se declaram pardos ou pretos.

Nos grupos em que Lula já apresentava reprovação superior às menções favoráveis, o índice de desaprovação subiu ainda mais. É o caso dos evangélicos e da faixa de renda de dois a cinco salários mínimos.

Região

A região que mais aprova o governo Lula é o Nordeste, a única em que as menções positivas à atual gestão federal superam as negativas. Ainda assim, a diferença entre os índices de aprovação e reprovação do governo na região tem se estreitado desde outubro de 2024, acirrando-se a cada rodada e, na pesquisa divulgada nesta quarta-feira, chegando a menor diferença de toda a série histórica. São 52% os nordestinos que aprovam o governo Lula, enquanto 46% rejeitam o trabalho do petista neste mandato e 2% não souberam responder.

Por outro lado, o Sul é a região que mais reprova o atual governo. São 64% os moradores da região que desaprovam o governo, enquanto 34% avaliam a gestão de forma positiva e 2% não souberam responder. A diferença entre a reprovação e a aprovação ao governo também é a menor registrada desde o ano passado.

Gênero

A avaliação negativa do governo Lula superou a positiva entre as mulheres. São 53% as mulheres que reprovam a gestão federal, enquanto 43% a aprovam e 4% não souberam responder. A reprovação disparou em relação à rodada anterior, de janeiro, quando 49% das mulheres disseram aprovar o governo, enquanto 47% o rejeitavam, situação que configurava um empate técnico, dentro da margem de erro do levantamento.

Entre homens, a série histórica da pesquisa apresentou tendência de empate técnico de fevereiro a dezembro de 2024, quando os índices nunca registraram diferença superior à margem de erro da pesquisa. Desde janeiro, porém, a aprovação do mandato de Lula derreteu entre homens, tendência que se acentuou no levantamento divulgado nesta quarta. São 59% os homens que desaprovam o governo Lula, com 39% de menções favoráveis e 2% que não souberam responder. Na rodada anterior, eram 52% os que reprovavam o governo e 45% os que o aprovavam.

Idade

A faixa etária que mais reprova o governo Lula é a de 16 a 34 anos: nesse segmento, 64% rejeitam o trabalho do petista, enquanto 33% o aprovam e 3% não souberam responder. Esse grupo também apresenta um crescimento acentuado da reprovação de Lula. Enquanto a rejeição ao governo petista cresceu 12 pontos porcentuais desde a rodada anterior, a aprovação caiu 12 pontos porcentuais.

Entre pessoas com 60 anos ou mais, Lula ainda recebeu mais avaliações positivas do que negativas. O índice, porém, acirrou-se desde a rodada anterior. São 50% as pessoas com 60 anos ou mais que aprovam o atual governo, enquanto 46% o rejeitam e 4% não souberam responder.

Escolaridade

Quanto ao perfil de escolaridade, Lula obtém seu melhor desempenho entre os que não possuem instrução ou que cursaram até o ensino fundamental, mas não o completaram. Nesse segmento, 55% aprovam o petista e 41% o reprovam, enquanto 4% não souberam responder. Nesse grupo, porém, a avaliação positiva de Lula tem caído de forma sucessiva desde julho de 2024. Na ocasião, o índice atingiu o valor máximo da série histórica, mas retraiu em todos os levantamentos realizados desde então.

Entre os que completaram o ensino médio ou chegaram a cursar o ensino superior, mas não o completaram, a desaprovação ao governo apresentou o aumento mais acentuado. O segmento, dessa forma, tornou-se o de pior desempenho de Lula. São 64% os que reprovam seu trabalho no Executivo federal, enquanto 33% o aprovam e 3% não souberam responder.

Renda

A renda familiar que mais aprova o governo é a de até dois salários mínimos. Entre o grupo, 52% aprovam o governo Lula, enquanto 45% o reprovam e 3% não souberam responder. A diferença entre os índices é a mais estreita da série histórica.

A faixa de renda de dois a cinco salários mínimos apresentou tendência de empate técnico entre fevereiro e dezembro de 2024, mas, desde então, a reprovação ao governo disparou em relação à aprovação. Na atual rodada, 61% desaprovam a gestão Lula e 36% a aprovam, uma diferença de 25 pontos porcentuais.

A maior diferença entre os índices ocorre no segmento com renda superior a cinco salários mínimos, entre os quais 64% aprovam o governo e 34% o reprovam.

Religião

A pesquisa Quaest realiza recortes de religião entre católicos e evangélicos. Desde fevereiro de 2024, o quadro entre católicos é de aprovação ao governo superior à reprovação, mas os índices se igualaram em 49% na atual rodada. São 2% os entrevistados do grupo que não souberam responder.

Entre evangélicos, mais críticos ao governo, segundo a série histórica, as menções negativas acentuaram-se ainda mais. Enquanto 67% do grupo reprova o governo federal, 29% o aprova e 4% não soube responder. No segmento, a rejeição ao governo Lula no segmento cresceu nove pontos porcentuais desde a rodada anterior, enquanto a aprovação caiu oito pontos porcentuais.

Raça

A pesquisa Quaest realiza recortes pela cor declarada dos entrevistados. Entre quem se declara branco, a reprovação é de 61% e a aprovação, 36%. A diferença entre os índices cresceu 19 pontos porcentuais desde dezembro de 2024.

Entre pardos e pretos, observa-se uma inversão da tendência observada durante o ano passado. Nos levantamentos divulgados pela Quaest em 2024, a aprovação ao governo era superior às menções negativas. Nessa rodada, a ordem dos índices se inverteu.

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Diante de uma profunda divisão política e sob o choque das medidas do presidente americano Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs nesta quarta-feira, dia 9, que os líderes da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) "deixem as diferenças de lado" e coordenem sua inserção no mundo para que não se vejam novamente como zona de influência do que chamou de "novas e velhas potências".

O petista calibrou seu discurso em Honduras para responder, principalmente, às ações do governo Trump que mais impactaram a região - as deportações em massa de imigrantes e o tarifaço comercial - e compartilhar a visão de que há em curso a formação de uma nova ordem global tendo como potências a China e os Estados Unidos.

"A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", disparou Lula, uma semana depois de Trump deflagrar a imposição de tarifas recíprocas que sobretaxaram em 10% todas as exportações da maioria dos países latino-americanos e caribenhos, exceto as ditaduras Venezuela (15% )e Nicarágua (18%).

Para Lula, o momento é um dos mais críticos da história para uma região que superou a escravidão e as ditaduras militares, mas ainda convive com miséria, exclusão social e fome.

"A ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra perene ao longo desse processo. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam novamente sobre nossa região", afirmou Lula. "A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas. Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços."

O presidente sugeriu a intensificação da integração comercial e econômica dos países como forma de se "proteger contra ações unilaterais". Ele citou que o comércio do Brasil com a Celac é de US$ 86 bilhões por ano, maior do que com os EUA.

Lula defendeu investimentos em infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações para escoar bens e serviços, como os corredores bioceânicos e as rotas de integração sul-americana. Ele disse que o governo brasileiro poderá reativar um convênio de pagamentos e créditos recíprocos com a Aladi e expandir o sistema de pagamentos em moeda local.

Lula propôs em Tegucigalpa, capital hondurenha, que a Celac mude suas regras de funcionamento para escapar da paralisia. Ele sugeriu a criação de um grupo de trabalho que discuta formas de a entidade funcionar sem a necessidade de tomar decisões por consenso.

No diagnóstico brasileiro, a regra vem impedindo manifestações e ações conjuntas, por causa da fragmentação política entre governos de direita e de esquerda nas Américas e no Caribe. Para o presidente, a expectativa de uniformidade é "irrealista".

"Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência, em um nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado", defendeu Lula. "Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas."

O presidente disse que no início dos anos 2000 houve um espírito plural e pragmático entre os líderes, que levou à criação da Celac e da Unasul (União de Nações Sul-americanas) - esta última um organismo que ele fracassou em tentar relançar, dois anos atrás.

Ele citou para a Celac iniciativas de resposta conjunta por parte de organizações como a Asean, a União Europeia e a União Africana. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina. Nossa inserção internacional não deve se pautar em ação defensiva", disse.

Para Lula, os 33 países da região devem coordenar ações em três temas: defender ameaças à democracia; conter e superar as mudanças climáticas, exigindo mais fianciamento dos países ricos para transição justa e metas de redução de emissões; e superar a fome e a pobreza.

O petista disse que a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza vai inaugurar os primeiros projetos no Haiti e na República Dominicana. Ele criticou ingerências de big techs contra soberania de países, tentativas de golpes de Estado ou de impor a democracia, disseminação de ódio e desinformação que deturpam a liberdade de expressão e o negacionismo; falou no risco da elevação do nível do mar para ilhas caribenhas e zonas costeiras, o colapso da Amazônia e o degelo da Antártida.

Lula propôs também, sob aplausos, que a Celac adote a defesa de uma candidatura única, de uma mulher, para o cargo de secretária-geral das Nações Unidas, em 2026. A ideia enfrenta resistências de governos conservadores, como o de Javier Milei.

Enquanto a Celac se reunia com líderes principalmente de esquerda em Honduras, Milei recebia visita do paraguaio Santiago Peña, em Buenos Aires.

A nona Cúpula da Celac decidiu em Tegucigalpa que, após o mandato da Colômbia em 2025, o Uruguai assumirá a presidência rotativa em 2026. A iniciativa é de um novo governo de esquerda, do presidente recém-empossado Yamandú Orsi.

A China negou qualquer envolvimento militar na Ucrânia, depois que Kiev disse ter capturado dois homens chineses no leste do país.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse nesta quarta-feira, 9, que Pequim ainda estava tentando confirmar com a Ucrânia os detalhes da captura dos dois cidadãos chineses que, segundo as autoridades, estavam lutando pelo exército russo.

Ele negou a afirmação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de que mais chineses se juntaram às forças russas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a união entre os países latino-americanos e caribenhos em seu discurso na IX Cúpula da Celac, em Tegucigalpa, Honduras, e, sem citar os Estados Unidos, criticou a alta das tarifas imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump. "Tarifas arbitrárias desestabilizam economia internacional e elevam preço. A história nos ensina que guerras comerciais não tem vencedores", afirmou.

O evento reúne representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe.

"A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos da história. Percorremos um longo caminho para consolidar nossos ideais de emancipação", disse Lula.

O presidente defendeu que a atuação da região "não deve apenas se orientar por interesses defensivos" e que é preciso um programa de ação estruturada em outros temas, como na defesa da democracia e combate às mudanças climáticas. "É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que de descortina", afirmou.

A fala do chefe do Executivo vai em linha com apuração do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada de que Lula aproveitaria o evento em Honduras para tentar arregimentar as Américas a ampliarem o comércio entre si depois do tarifaço de Donald Trump.

Presidentes do México e de Cuba também defendem a união dos países

"A esperança hoje é a unidade", disse a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que também defendeu mais integração econômica e respeito à soberania dos países do grupo.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi na mesma linha.

"Em um momento em que o mundo vive uma escalada de tensões, com aumento dos conflitos bélicos e aprofundamento das desigualdades, é crucial unir esforços e trabalharmos juntos pelo bem-estar, a paz e a segurança do povo latino-americano e caribenho", disse ele. "Só a unidade pode nos salvar."