Ciro Nogueira diz em encontro com investidores que governo Lula 'deu o que tinha que dar'

Política
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O senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse na segunda-feira, 31, que a direita brasileira está organizada e articulações para que ela assuma o protagonismo nas próximas eleições já começaram no Congresso Nacional. Em encontro com investidores promovido pela Legend Invest no auditório do BTG Pactual, ele afirmou que "o eleitor está pronto para migrar" e que "o governo [Lula] já deu o que tinha que dar".

Para Nogueira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdeu a capacidade de dialogar e a conexão com sua base eleitoral, e a resposta do Planalto a problemas econômicos e institucionais tem sido ineficaz.

"O governo reage com aumento de gasto público e slogans reciclados. Tudo é 'nova' farmácia popular, 'novo' Minha Casa Minha Vida, mas ninguém diz que tem uma nova avó. É um governo velho", afirmou.

Ao falar sobre as decisões econômicas do governo federal, o senador comparou o atual cenário com o que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e negou que existam condições para o impedimento de Lula.

"A Dilma foi tirada porque ela tinha 7% [de aprovação]. O Lula ainda tem o peso de 30 [%], não tem como você decretar o impeachment do presidente. Não vai haver rompimento institucional, mas o Congresso vai segurar, funcionar como um dique".

A contenção, explicou ao Estadão, diz respeito a frear medidas de taxação. Durante o evento, ele fez referência às propostas de tributação progressiva que miram faixas mais altas de renda. "É um governo que só pensa em arrecadar, e o Congresso Nacional não pode permitir isso", disse à reportagem.

Nas palavras de Ciro Nogueira, a direita tem uma estratégia traçada para as eleições presidenciais, que, ressaltou, "vai ser o candidato do Lula contra o candidato do Bolsonaro".

Caso o "escolhido" para enfrentar o presidente nas urnas seja o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), o senador acredita que o pleito "já está ganho". "A força do Bolsonaro está na transferência. Ele aprendeu com os erros e vai fazer uma campanha diferente", afirmou.

O senador esclareceu à reportagem que a ideia é "lutar pela candidatura até o fim". "Caso ele não possa ser candidato, ele vai escolher seu representante. O governador Tarcísio seria um ótimo representante, mas tem outros nomes colocados. A definição será do presidente Bolsonaro", contou.

Divulgação da pesquisa Genial/Quaest nesta quarta-feira, 2, apontou a subida da desaprovação de Lula de 49% em janeiro para 56% em março. A aprovação, por sua vez, caiu de 47% para 41%, a pior desde o início do mandato.

Por outro lado, levantamento desta quinta-feira, 3, indica que mais eleitores brasileiros (44%) temem o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 41% têm receio de uma vitória do presidente Lula em 2026.

Em pesquisa de intenção de voto da Genial/Quaest, o presidente Lula lidera a disputa contra todos os potenciais candidatos da direita em cenários de segundo turno. Contra Bolsonaro, que está inelegível até 2030, o petista está em vantagem, mas empatado no limite da margem de erro, que é de dois pontos porcentuais.

Além da inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele responde a processo por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O ex-presidente e sete aliados se tornaram réus no Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada e, se condenados, podem encarar penas de até 43 anos de prisão.

Até o momento, quando perguntado sobre um outro nome viável da direita para 2026, Bolsonaro tem repetido que não vai apontar um "sucessor" ou apoiar outra pessoa. "Só depois de morto", disse em uma das ocasiões. Tarcísio, por sua vez, disse ter intenção de concorrer à reeleição em São Paulo.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.