Nikolas distorce informações para defender anistia de réus do 8/1; entenda os casos citados

Política
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O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou na noite desta quinta-feira, 3, um vídeo em defesa da anistia aos réus pelos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023. O deputado federal apresenta informações distorcidas sobre seis envolvidos na invasão aos prédios públicos.

A gravação segue o mesmo formato do viral do início de janeiro que criticou a portaria da Receita Federal que ampliaria o monitoramento de transações via Pix. Na ocasião, o vídeo do parlamentar alcançou mais de 300 milhões de visualizações e precipitou a revogação da norma.

O primeiro caso citado pelo deputado é o da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de Paulínia, no interior de São Paulo, que pichou a frase "perdeu, mané" na estátua "A Justiça". Em março, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento de Débora. Alexandre de Moraes, relator da ação penal, pediu 14 anos de prisão em regime fechado e foi seguido por Flávio Dino.

Nikolas comparou Débora a Rosa Parks, ativista americana que ficou conhecida por se negar a obedecer uma lei de segregação racial em 1955. O deputado federal afirmou que a pena pedida por Moraes exacerbada, mas não explicou no vídeo que a dosimetria penal do relator não considera apenas a pichação à estátua.

No voto, o ministro também leva em conta que, além da depredação de patrimônio público, Débora se juntou a centenas de invasores que tinham como propósito a deposição do Estado de Direito. Por ter se juntado ao grupo "de maneira livre, consciente e voluntária", Débora responde pelos crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição do Estado de Direito e tentativa de golpe de Estado. Somados, esses delitos correspondem a 10 anos e seis meses - a maior parte da pena calculada por Moraes.

O julgamento de Débora Rodrigues foi pausado por pedido de vista de Luiz Fux, que declarou, durante o julgamento sobre o recebimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e mais sete pessoas, que considera a pena estabelecida pelo relator "exacerbada". A cabeleireira de Paulínia teve a prisão domiciliar concedida por Moraes no fim do mês passado.

O vídeo de Nikolas, em seguida, cita o caso de Eliene Amorim, manicure de 28 anos de São Luís (MA). O deputado federal afirma que a única prova apresentada pela PGR para denunciá-la é o fato de a manicure ter viajado a Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. A afirmação do parlamentar não procede, pois Eliane Amorim fotografou a si mesma durante a invasão aos prédios públicos, conforme prova coletada em inquérito da Polícia Federal (PF). Em uma publicação no seu Instagram, a manicure publicou uma selfie e disse estar dentro do Palácio do Planalto. Além disso, há provas de que Débora organizou a viagem de outras duas pessoas da capital maranhense a Brasília.

"Os atos registrados por Eliene em seu perfil no Instagram decorreram de invasão, violência e depredação dos edifícios sedes dos Poderes da República, constituindo-se como afrontas graves ao Estado Democrático de Direito", afirma o inquérito da Polícia Federal.

Nikolas segue o vídeo citando o caso de Diovana Vieira da Costa. O deputado federal afirma que a balconista chegou a Brasília após as 17h do dia 8 de janeiro, "horas depois da baderna", e que a própria PGR admite que não foi comprovada a participação dela nos atos de vandalismo. O deputado federal, porém, omite o fato de que a PGR não denunciou Diovana por depredação de patrimônio público ou tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Ela é ré por associação criminosa e incitação ao crime.

"A acusada estava ciente dos atos violentos que ocorreram naquele dia, e mesmo assim optou por seguir no acampamento até a manhã do dia 9 de janeiro de 2023, quando foi presa em flagrante", disse a Procuradoria

Segundo a denúncia da PGR, os acampamentos em frente aos quartéis eram dotados de "complexa organização", possuindo estruturas de cozinha, despensa, ambulatório e fornecimento de energia. Esses locais, por sua vez, destinavam-se a um propósito criminoso, pois pretendiam incentivar a deposição do Estado Democrático de Direito. A organização dos acampamentos indica que três ou mais pessoas concorreram para estruturá-los, configurado o crime de associação criminosa.

Segundo o Código Penal, uma pessoa que adere a uma organização criminosa mesmo após a sua instauração passa a responder pelo crime de associação, desde que comprovada sua influência no resultado do crime. É o caso de Diovana da Costa, que optou por acampar em frente aos quartéis mesmo após o vandalismo aos prédios públicos.

O vandalismo do grupo não ficaria restrito ao dia 8 de janeiro, segundo mensagens coletadas em inquérito da Polícia Federal. Trocas de mensagens obtidas pela investigação mostram que a "tomada do poder" pretendida era considerada uma investida que "não teria dia para acabar". Diovana chegou a Brasília após as invasões e, mesmo assim, preferiu ir ao acampamento para dar suporte à continuidade das práticas criminosas, configurando o crime de incitação, segundo as investigações.

O caso de Diovana é similar ao do vendedor Paulo Gabriel da Silveira e Silva, que chegou a Brasília na noite do dia 8 de janeiro. Durante as investigações, ele alegou ter se dirigido ao acampamento em frente ao quartel-general do Exército para vender bandeiras do Brasil. A condenação por associação criminosa e incitação ao crime considerou que Paulo dirigiu-se ao local ciente dos propósitos criminosos do grupo, uma vez que o fez após as invasões aos prédios públicos.

Nikolas cita o caso de Ezequiel Ferreira Luis, condenado por integrar o grupo que invadiu o Palácio do Planalto. O parlamentar descreve a atitude dele como "simples presença" no prédio público, deixando de citar que a condenação de Ezequiel Luis valeu-se do conceito de crime multitudinário, que descreve uma prática criminosa cometida por um grupo de pessoas durante um tumulto. O inquérito não identificou depredação de patrimônio cometida por Ezequiel, mas o réu concorreu para a prática criminosa.

O deputado federal mineiro também menciona a situação de Flávio Beltrão, que aderiu ao acampamento por estar em situação de rua. Nikolas afirma que Beltrão "foi preso sem qualquer prova" de que tinha participado da invasão aos prédios públicos, mas a detenção de Flávio ocorreu em flagrante, pois ele se encontrava no acampamento em frente ao quartel-general na manhã do dia 9 de janeiro. Ao ser constatada a sua situação de rua, ele foi liberado em caráter provisório. Beltrão não se tornou réu e foi oferecido a ele um acordo de não persecução penal.

Em contato com o Estadão, a advogada Silva Giraldelli, que representou Beltrão, afirmou que ele se negou a assinar o acordo e manifestou que desejaria trocar de defensor. Desde então, porém, ele não foi localizado para assinar a renúncia da procuração.

Projeto de lei da anistia

Um projeto de lei de autoria do deputado federal Major Vitor Hugo (PL-GO) pretende anistiar "todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional" desde o dia 30 de outubro de 2022. Se aprovado, o texto abre brechas para que Bolsonaro seja beneficiado, uma vez que, segundo a PGR, o ex-presidente esteve à frente de uma tentativa de golpe de Estado que teve os atos de vandalismo às sedes dos Três Poderes como ato derradeiro.

Como mostrou o Placar da Anistia do Estadão, mais de um terço da Câmara é favorável a conceder anistia aos presos do 8 de Janeiro. Dos 513 membros da Casa, 426 deram retorno até esta sexta: são 194 votos a favor do projeto, 126 contrários e 106 preferiram não responder. O apoio ao projeto é reduzido quando Bolsonaro é incluído no rol de anistiados.

Os 194 deputados federais favoráveis ao projeto podem levar o texto à votação no plenário da Casa, mas o número não é suficiente para aprovar a medida. Enquanto PL e PT são unânimes em votar a favor e contra o projeto, respectivamente, o Centrão é o fiel da balança e está indefinido. O PSD é o partido mais dividido entre adeptos e opositores do projeto.

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O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, defendeu hoje a "abertura comercial em detrimento ao protecionismo", destacando a aprovação do acordo União Europeia (UE)-Mercosul como "um marco fundamental". Em discurso em um fórum empresarial em Assunção, ele afirmou que "mais do que nunca, precisamos defender a ordem multilateral baseada em regras e fortalecer a cooperação internacional". Em viagem à América do Sul, o líder espanhol já havia defendido o acordo com o bloco em visita ao Uruguai, e voltou a fazê-lo após encontro com o presidente paraguaio, Santiago Peña.

De acordo com Sánchez, a entrada em vigor do acordo seria também uma mensagem do ponto de vista político, apresentando um sinal de "comunidade e objetivos compartilhados". Segundo o primeiro-ministro, "o multilateralismo é uma ferramenta fundamental para países de classe média como Paraguai e Espanha responderem ao desenvolvimento sustentável, crises econômicas e comerciais, desastres naturais, pandemias e aumento da desigualdade".

Sobre as disputas comerciais envolvendo o bloco e os EUA, Sánchez afirmou que a resposta deve ser europeia. "Nosso objetivo comum é evitar uma guerra comercial. Os recursos provenientes de quaisquer contramedidas das autoridades europeias devem ser alocados a um novo fundo europeu de ajuda para os setores mais afetados", disse.

Milhares de ucranianos foram às ruas para protestar contra uma nova lei que, segundo eles, pode minar o trabalho de duas importantes agências anticorrupção ao comprometer a independência de órgãos destinados a fiscalizar o poder. O descontentamento com a legislação levou à primeira grande manifestação contra o governo em mais de três anos de guerra, marcando a mais séria fratura na unidade nacional que tem ajudado a Ucrânia a resistir à invasão russa.

O presidente do país, Volodymyr Zelensky, defendeu a lei como necessária para remover a "influência da Rússia" na luta contra a corrupção, embora não tenha fornecido exemplos. A nova legislação adiciona supervisão às agências anticorrupção.

O parlamento ucraniano aprovou na terça-feira um projeto que coloca o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e o Escritório do Procurador Especializado em Anticorrupção (SAPO) sob a autoridade do procurador-geral, que é nomeado pelo presidente. Zelensky sancionou a lei, mesmo com milhares de pessoas nas ruas pedindo que ele a vetasse.

Críticos afirmam que a medida pode dar ao círculo do presidente maior influência sobre as investigações. A aprovação ocorre após Zelensky realizar uma reformulação de seu gabinete de guerra, movimento amplamente visto como uma consolidação de poder em seu entorno íntimo.

Antes da sanção, as agências alertaram que, se a lei entrasse em vigor, "o chefe do SAPO se tornaria uma figura nominal, enquanto o NABU perderia sua independência e se transformaria em uma subdivisão do escritório do procurador-geral".

Cingapura é o país com o passaporte mais poderoso do mundo, de acordo com o ranking Henley Passport Index, que classifica quais passaportes dão acesso a mais destinos sem a necessidade de visto prévio. O levantamento é feito pela consultoria Henley&Partners e foi divulgado nesta terça-feira, 22.

O documento de Cingapura também liderou a lista no ano passado e dá acesso a 193 países, seguido por Coreia do Sul e Japão, com 190 destinos liberados. O terceiro lugar é ocupado por sete membros da União Europeia: Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda e Itália têm entrada livre em 189 nações.

O top 5 do Henley Passport Index conta ainda com outro grupo de europeus, formado por Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Suécia, que podem acessar livremente 188 países, e Nova Zelândia, Grécia e Suíça, com entrada liberada em 187 destinos.

Brasil

Já o passaporte brasileiro divide a 16ª posição com a vizinha Argentina e a pequena nação europeia San Marino, com o direito de visitar 170 nações sem a necessidade de visto prévio. O Brasil, que já chegou a figurar até no 28º lugar em 2010, repete o seu melhor desempenho no ranking da Henley&Partners e avança uma colocação em comparação com o ano passado.

O passaporte nacional abre portas para países como Alemanha, Espanha e Portugal, na Europa, China, Coreia do Sul e Japão, na Ásia, e Angola, Egito e Marrocos, na África, além dos nove Estados que integram o Mercosul: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Por outro lado, o Brasil não tem acesso liberado sem visto prévio a nenhum país da América do Norte.

Na América do Sul, o país com o passaporte mais poderoso é o Chile, que ocupa a 14ª posição e garante a entrada em 176 destinos.

EUA em queda no ranking

Os Estados Unidos, que lideraram a lista em 2006 e 2014, estão no 10º lugar, a sua pior colocação desde que o ranking foi criado, em 2006, com entrada liberada em 182 nações, ao lado de Islândia e Lituânia. Os americanos perderam o direito de entrar sem visto prévio em seis Estados entre 2024 e 2025 e estão a apenas um país de distância de Liechtenstein e Malásia, os primeiros fora do top 10.

O Reino Unido, que também já teve o passaporte mais poderoso do mundo em 2010 e entre 2013 e 2015, figura na 6ª posição, com acesso a 186 destinos.

Na ponta oposta do ranking, está o Afeganistão, cujos cidadãos só têm entrada liberada em 25 países. Ele é acompanhado por Síria, com 27 destinos liberados, e Iraque, que têm a dispensa de visto prévio em apenas 30 nações.

O Henley Passport Index é feito com dados fornecidos pela Autoridade Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e inclui 199 passaportes e 227 destinos de viagem.

Veja o top 10 do ranking de passaportes mais poderosos do mundo

1º - Cingapura - 193 países liberados

2º - Japão e Coreia do Sul - 190 países liberados

3º - Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda e Itália - 189 países liberados

4º - Áustria, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal e Suécia - 188 países liberados

5º - Grécia, Nova Zelândia e Suíça - 187 países liberados

6º - Reino Unido - 186 países liberados

7º - Austrália, República Checa, Hungria, Malta e Polônia - 185 países liberados

8º - Canadá, Estônia e Emirados Árabes Unidos - 184 países liberados

9º - Croácia, Letônia, Eslováquia e Eslovênia - 183 países liberados

10º - Estados Unidos, Islândia e Lituânia - 182 países liberados