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Centrão avalia que projeto da anistia do 8/1 não deve avançar mesmo com ato em SP

Política
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Líderes e integrantes do Centrão na Câmara dos Deputados dizem não crer que o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro deve avançar na Casa mesmo após uma manifestação que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas neste domingo, 6, em apoio à pauta.

Na visão desses parlamentares, o ato demonstrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda tem força e capital político ao reunir sete governadores, além de deputados e senadores, mas que deu "um tiro no pé" ao permitir o pastor Silas Malafaia fazer críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Pesa também, na leitura de líderes, que fazer a anistia avançar empoderaria ainda mais o PL, partido que já tem a maior bancada da Câmara e que faturou algumas das principais comissões parlamentares, carregadas de emendas em 2025.

Na Avenida Paulista, Malafaia disse que Motta envergonha o "honrado povo da Paraíba" ao não pautar a anistia no plenário da Câmara. O pastor tem tomado para si a tarefa de atacar possíveis aliados na empreitada pela anistia, por vezes deixando rusgas pelo caminho. Mês passado, Malafaia se irritou porque o presidente do Republicanos, partido de Motta, não defendeu abertamente o PL da Anistia, e disparou contra o dirigente "Marcos Pereira, você é uma vergonha", disse em vídeo.

Na conversa entre deputados do Centrão mais presentes no plenário, incluindo alguns de baixo clero, é um erro atacar Motta, uma vez que essa postura dificulta o diálogo com ele e também incomoda a maioria dos parlamentares, que segundo alguns deles, apoia o presidente da Casa. O paraibano teve 444 votos dos 513 deputados da Casa.

Como mostrou o Estadão, os líderes não descartam absolutamente votar a anistia, mas acreditam que esse não é o momento para votar uma pauta que provoca profundas divisões enquanto a prioridade deve ser a pauta econômica.

A pedido de Motta, líderes não assinaram o requerimento de urgência pela anistia, o que obriga o PL a procurar deputados um a um até alcançar o número mínimo de 257 apoios para poder protocolar o pedido. O requerimento de urgência é um procedimento que acelera a tramitação de uma proposta legislativa e é a principal aposta do PL para avançar a anistia na Casa.

O Placar da Anistia do Estadão aponta que pelo menos 197 deputados apoiam a anistia aos presos do 8 de Janeiro. Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), o requerimento de urgência tem 182 assinaturas.

Para Sóstenes, o ataque de Malafaia não dificulta o diálogo com Motta. "Não acredito, até porque a única fala contra Hugo Motta, que não foi nem contra, foi um alerta, foi do pastor Silas", disse. "E o pastor Silas não é da política partidária. Todos nós que somos partidários fizemos ataque nenhum a ele. Ele sabe separar muito bem essas coisas."

Líder da oposição na Casa, Luciano Zucco (PL-RS), segue na mesma linha do colega ao dizer que Silas responde por suas próprias palavras e que "nenhum parlamentar que fez uso da palavra fez qualquer crítica ao presidente Hugo Motta". Ele estipula a próxima quinta-feira, 10, como prazo para a coleta das assinaturas, e diz que a bancada prepara para o dia anterior a publicação dos nomes de todos os deputados federais que apoiam a anistia - uma forma de pressionar aqueles que ainda não se posicionaram.

Já o senador Rogério Marinho, secretário-geral do PL e líder da oposição no Senado, diz acreditar que o ato na Avenida Paulista ajuda a sensibilizar o Congresso. Para ele, a própria organização do evento serviu para impulsionar a coleta de assinaturas pela aprovação do regime de urgência do projeto, e enalteceu o poder de mobilização do bolsonarismo, "que nenhum outro grupo político tem".

A manifestação em São Paulo foi maior do que a ocorrida no Rio de Janeiro, aferem pesquisas. Se Bolsonaro reuniu um público estimado de 18,3 mil pessoas em Copacabana no mês passado, desta vez 44,9 mil bolsonaristas foram ao coração da capital paulista para ver o ex-presidente, de acordo com levantamento do Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP).

Marinho destoa de Sóstenes ao relevar os eventuais efeitos negativos da declaração de Malafaia sobre Motta. Ele diz ver com naturalidade as críticas do pastor, e que elas fazem parte do terreno do debate público.

"Na política, quando você se posiciona, para o bem ou para o mal, você acaba sendo criticado. Quem não faz política é que está protegido debaixo de um guarda-chuva. Quem entra no debate público pode sofrer críticas", declara o senador, mencionando que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a ser questionados na medida em que, segundo ele, passaram a fazer parte do debate público.

Na manhã desta segunda-feira, 7, Motta defendeu "sensibilidade" em relação a eventual "exagero" nas punições aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro. "(Defendo) a responsabilidade de, na solução desse problema, não aumentarmos uma crise institucional que nós estamos vivendo. É por isso que eu conduzirei este tema com a serenidade que ele requer", afirmou.

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As cartas enviadas aos líderes de México e União Europeia informando a imposição de tarifas de 30%, a partir de agosto, citam a longa relação dos parceiros com os Estados Unidos e destacam motivos distintos para embasar a aplicação das taxas adicionais. Para os europeus, o embasamento usado é o "longo e persistente déficit" comercial com os EUA. Já para o México, o argumento é a ineficácia do país em lidar com os cartéis de drogas.

"Concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais de longo prazo, grandes e persistentes, gerados por políticas tarifárias e não tarifárias e as barreiras comerciais. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco", afirma o documento enviado à União Europeia, divulgado no sábado de manhã, pelas redes sociais.

Em seu perfil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a citar, na carta para o México, a questão das drogas. O documento lembra que as tarifas foram inicialmente aplicadas contra o país para lidar com a crise do fentanil nos EUA.

"O México tem nos ajudado a proteger a fronteira, mas o que foi feito não é suficiente. O México ainda não conseguiu deter os cartéis que estão tentando transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico", afirma o documento.

Os argumentos vêm sendo usados pelo governo americano na nova rodada de tarifas aplicadas aos países. Ao enviar carta comunicando a taxa de 50% ao Brasil, nesta semana, a gestão Trump também citou um déficit na balança, embora os Estados Unidos registrem superávit com o Brasil.

Já a justificativa das drogas também foi utilizada na aplicação da tarifa de 35% aplicada ao Canadá, na quinta-feira. No documento enviado ao primeiro ministro Mark Carney, Trump afirmou que a medida era embasada "pelo fracasso do Canadá em impedir a entrada de drogas em nosso país" e que a nação vizinha, em vez de trabalhar com os EUA, retaliou com suas próprias tarifas.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou em nota que a União Europeia vai seguir negociando com os Estados Unidos para um acordo comercial. Neste sábado, 11, o presidente americano, Donald Trump, anunciou tarifas de 30% para importações de produtos do bloco econômico.

"Continuamos prontos para continuar trabalhando em direção a um acordo até 1º de agosto. Ao mesmo tempo, tomaremos todas as medidas necessárias para salvaguardar os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais, se necessário", disse von der Leyen, em comunicado divulgado pela Comissão Europeia.

Em nota, von der Leyen afirma que a UE tem consistentemente priorizado uma solução negociada com os EUA. Ainda, alerta que a imposição da tarifa de 30% interromperia cadeias de suprimentos transatlânticas essenciais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou neste sábado, 12, que o país deve impor tarifas de 30% sobre importações do México e da União Europeia, a partir de 1º de agosto. Em cartas direcionadas às autoridades, Trump informou que as tarifas serão aplicadas de forma separada de outras tarifas setoriais e que produtos redirecionados para evitar uma tarifa maior estarão sujeitos à tarifa mais alta.

À presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump afirmou que a relação dos EUA com o bloco está longe de ser recíproca e gera déficit comercial ao seu país. A imposição da tarifa pode ser evitada se a UE ou empresas dentro do bloco "decidam construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos", disse o presidente norte-americano, destacando que faria o possível para garantir as aprovações necessárias em questão de semanas. Contudo, no caso de uma possível retaliação com aumento de tarifas, será adicionado aos 30% o valor escolhido pelo bloco, ameaçou Trump.

Já à presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, o presidente dos EUA afirmou que o México ainda não conseguiu parar os cartéis. "se o México for bem-sucedido em combater os cartéis e interromper o fluxo de fentanil, consideraremos um ajuste nesta medida. Essas tarifas poderão ser modificadas para cima ou para baixo", declarou.