Ala do União Brasil na Câmara rejeita Juscelino como líder por 'constrangimento'

Política
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Diante do ajuste dos detalhes da ida do deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) para o Ministério das Comunicações, confirmada nesta quinta-feira, 10, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma ala do União Brasil reage à possibilidade de o ex-ministro Juscelino Filho assumir a liderança da bancada na Câmara. Parlamentares ouvidos pelo Estadão/Broadcast Político veem "constrangimento" e até ciúme na possibilidade de Juscelino, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ser o líder do partido na Casa.

A avaliação é a de que a possível "troca" entre ele e Pedro Lucas Fernandes não só aumenta o racha da legenda, retomando a briga interna entre direita e esquerda, mas também reacende algumas discussões divisivas no partido. Entre esses temas que geram discordância na bancada está o embate sobre o apoio a Lula ou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e divergências sobre a possível federação do União com o PP. "Vai ser uma confusão", avaliou um deputado. "Desunião" é o trocadilho repetido pelos parlamentares.

Uma ala do União considera que a imagem de Juscelino está desgastada e contesta inclusive a capacidade de articulação do ex-ministro, uma vez que agora ele é formalmente denunciado. "Como fica a posição dele no Colégio de Líderes? Ele vai defender o governo ou a oposição?", indagou um parlamentar. Para esse deputado, uma possível liderança de Juscelino vai gerar "desconfiança" nos integrantes da bancada.

No desenho de cenários sobre o retorno de Juscelino à Câmara, os deputados dizem que o ponto central é a eleição do eventual sucessor de Pedro Lucas Fernandes. Há uma avaliação de que uma liderança de Juscelino seria um 'acolhimento' ao ex-ministro, enquanto ele se defende das acusações da PGR perante o Supremo Tribunal Federal (STF).

Por outro lado, há um entendimento de que a nomeação de Juscelino à liderança "expõe a bancada", segundo um deputado do União. "Acho péssimo. Acabou de ser denunciado", ressalta esse parlamentar. Nesse aspecto, há quem cite até que o partido está "enrolado com a história do Rei do Lixo" - em referência ao empresário Marcos Moura, um dos alvos da Operação Overclean, no bojo da qual Juscelino foi denunciado. Outros nomes ligados à legenda já foram alvos da ofensiva, como o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral.

Alguns rechaçam a "imposição" da indicação de Juscelino por parte da cúpula do partido. Consideram que "estocar" o nome do ex-ministro como eventual líder também acirra o racha na legenda. Há uma vontade da bancada de discutir o nome e votar, segundo outro deputado consultado pelo Broadcast Político. "Ninguém quer prato pronto", assinala. E, em um cenário de eleição, até deputados que se consideram próximos de Juscelino avaliam que é "difícil" ele conseguir os votos necessários "em sua situação".

Nessa vertente que considera imprescindível a eleição do próximo líder da bancada, a avaliação é a de que a briga pela cadeira de Pedro Lucas já começou e está acirrada. "Se abrir um espaço, vai ter um rombo enorme embaixo", disse um deputado em relação a essa disputa.

Há ainda quem diga que o "ideal" é que Juscelino retorne à Câmara "apenas" como deputado, e não como líder. Assim, inclusive, eventuais posicionamentos mais inclinados ao governo do qual já fez parte ficam restritos a ele e não arrastam a bancada.

Alguns deputados vão além: consideram que a ida de Pedro Lucas para o Ministério de Lula não seria uma boa jogada para a bancada. A avaliação é que a pasta está distante e sem autonomia, enquanto o atual líder vive um "bom momento" na Câmara.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.