Eduardo Bolsonaro esteve mais nos EUA do que no Brasil em 2025, segundo dados da Câmara

Política
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colecionou mais dias fora do Brasil do que atuando dentro do País neste ano. Antes de se afastar do cargo para morar nos Estados Unidos, o parlamentar ficou 36 dias despachando do exterior, num período de 47 dias - desde o início do ano legislativo de 2025.

Os pedidos de licença foram formalizados e autorizados pela Casa, sob a justificativa de "ausência do território nacional", e o deputado não teve o salário afetado nos primeiros meses do ano.

O Estadão procurou Eduardo Bolsonaro, mas não havia obtido um retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto

Dados obtidos pelo Estadão via Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que Eduardo pediu licença parlamentar em três ocasiões entre 2 de fevereiro e 20 de março - quando o deputado formalizou o afastamento do cargo por 122 dias.

Mesmo estando na maioria dos dias de trabalho fora do País, Eduardo marcou presença em 13 dias de sessões deliberativas que foram realizadas durante o período. Isso ocorre porque a Câmara permite que o parlamentar faça isso de forma virtual. Houve também uma ausência justificada e quatro não justificadas.

Por meio de resposta a pedido feito via LAI pelo Estadão, a Casa afirmou que não houve "qualquer espécie de dispêndio por parte da Câmara dos Deputados, seja com hospedagem, seja com alimentação, seja com transporte" de Eduardo. Foi dito ainda que a emissão das passagens aéreas ficou a cargo do filho do ex-presidente.

Durante uma das viagens aos EUA, o deputado disse que, para ele, era mais importante estar fora do País do que "batendo ponto" em Brasília.

Eduardo recebeu o salário de deputado federal sem alterações. O valor bruto era de R$ 44.008 até janeiro e, a partir de fevereiro, passou a ser de R$ 46.366 para todos os parlamentares do Congresso.

Em janeiro, ele recebeu um desconto de R$ 833 na folha de pagamento, cujo salário líquido foi de R$ 33.302. A Câmara diz que a dedução pode ter ocorrido por razão de acertos de meses anteriores e descontos por falta e impontualidade. Já em fevereiro e março, não houve penalizações por faltas, com os únicos cortes sendo por conta do imposto de renda. A remuneração líquida nestes dois meses foi de R$ 34.615,76.

Na atual licença de 122 dias, Eduardo não será remunerado. Isso ocorre porque a Câmara convocou o suplente, o deputado Missionário José Olímpio (PL-SP), para ocupar a cadeira até o retorno do filho do ex-presidente.

No regimento interno da Câmara dos Deputados, é estabelecido que os deputados podem pedir licença para desempenhar missão temporária de caráter diplomático ou cultural. Se a viagem for internacional, é preciso comunicar a saída do País para o presidente da Casa.

O parlamentar também pode se licenciar para tratar questões pessoais, desde que não seja ultrapassado o prazo de 120 dias. Foi esse o argumento utilizado por Eduardo para se afastar temporariamente por 122 dias, com os dois dias a mais sendo justificados por "tratamento de saúde".

Eduardo ainda pediu licença para sair do Brasil uma outra vez em janeiro, antes do início do ano legislativo, argumentando ter agendas em Miami e Washington. O prazo concedido pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi do dia 13 a 22 de janeiro.

Na capital dos EUA, Eduardo e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram representar o ex-presidente na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na ocasião, os dois ficaram de fora da Rotunda do Capitólio, onde a cerimônia foi realizada com a presença de líderes mundiais e figuras próximas a Trump, e assistiram o evento em um estádio de basquetebol. O parlamentar afirmou que ficou de fora do local principal por uma "questão protocolar" e que, se o pai tivesse ido, Bolsonaro teria um espaço garantido entre os líderes mundiais.

Nos Estados Unidos, Eduardo se reúne com políticos aliados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para articular ataques direcionados ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As agendas dele no país costumam ser divididas com o blogueiro Paulo Figueiredo Filho, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostamente incitar militares a aderir a uma ruptura democrática.

1ª licença: entre 9 e 14 de fevereiro

A primeira vez que Eduardo pediu licença para se ausentar do País, após o início do ano legislativo, foi no dia 6 de fevereiro. Ele disse a Motta que tinha agendas nos Estados Unidos com os políticos Chris Smith, Jim Jordan e Maria Elvira Salazar entre os dias 9 e 14 do mesmo mês. Os três são ultraconservadores aliados e Trump e já atacaram Moraes.

Chris Smith, em junho do ano passado, mandou uma carta para o ministro do STF questionando ele sobre supostos abusos cometidos pelo magistrado.

Na carta, Smith afirma que foram constatadas "graves violações" contra os direitos humanos por parte do governo brasileiro e que está "debruçado" sobre a legislação brasileira. O deputado americano deu um prazo de dez dias para uma resposta de Moraes, mas não foi atendido.

Jim Jordan, por sua vez, foi o responsável por divulgar, em abril do ano passado, um relatório com documentos sigilosos sobre suposta "censura do governo brasileiro" a redes sociais. Entre os documentos e ofícios presentes, estão 88 assinados por Moraes.

Segundo a ala republicana da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA, chefiada por Jordan, o relatório revelou "a campanha de censura do Brasil e apresenta um estudo de caso surpreendente de como um governo pode justificar a censura em nome do combate ao chamado 'discurso de ódio' e à 'subversão' da 'ordem'".

Na época, o STF rebateu a divulgação do relatório afirmando que os documentos divulgados não eram as decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, e sim ofícios enviados para redes sociais para o cumprimento das decisões da Justiça brasileira.

Já Elvira Salazar, durante uma reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, mostrou uma foto de Moraes, enquanto enumerava supostas ilegalidades cometidas por ele. Segundo a parlamentar, o ministro do STF dava ordens para o X (antigo Twitter), rede social do bilionário Elon Musk, derrubasse postagens de políticos conservadores.

Elvira Salazar, junto ao deputado Darrell Issa, são os autores de um projeto de lei que busca barrar a entrada de autoridades estrangeiras que tenham impedido o acesso irrestrito à liberdade de expressão de cidadãos americanos enquanto eles estejam nos Estados Unidos. Em postagens nas redes sociais, Eduardo diz que é o responsável por articular com os aliados de Trump a inclusão de Moraes entre as pessoas proibidas de entrar em território americano.

Mesmo sem citar Moraes na minuta do projeto de lei, Salazar já disse, em um comunicado de imprensa, que Moraes é a "vanguarda de um ataque internacional à liberdade de expressão contra cidadãos americanos" e não é bem-vindo no país. "A liberdade de expressão é um direito natural e inalienável que não conhece fronteiras. Os aplicadores da censura não são bem-vindos na terra dos livres, os Estados Unidos", afirmou.

2ª licença: entre os dias 17 e 24 de fevereiro

Três dias após acabar o prazo da primeira licença, Eduardo ganhou outra ao pedir a Motta a permissão para sair do Brasil para participar da Conservative Political Action Conference (CPAC) - um congresso de políticos conservadores que ocorre nos Estados Unidos desde 1973.

Quando estava no evento, realizado em Washington, Eduardo atacou o inquérito que investiga Bolsonaro por tentativa de ruptura constitucional após as eleições de 2022. Para os aliados de Trump, o parlamentar disse que o pai era acusado de planejar um "golpe de Estado da Disneylândia".

"Um golpe de Estado da Disneylândia, sem armas, sem um plano, e enquanto ele estava em Orlando, provavelmente debatendo estratégias com o Pateta e recebendo conselhos de segurança nacional do Mickey Mouse", disse o filho do ex-presidente. Eduardo ainda comparou a suposta "perseguição" contra o pai com as promovidas pelos regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Neste período, ele também concedeu entrevistas a jornais conservadores onde denunciou a "perseguição política" no Brasil e conclamou Trump a agir para impedir a "implementação da censura no País".

"Trump está ajudando, mesmo se não souber disso. Senhor presidente, eles têm medo de você no Brasil. Eles realmente acreditam que você pode fazer alguma coisa. Alexandre de Moraes, esse ministro maluco do STF, está invadindo a jurisdição dos Estados Unidos", disse Eduardo Bolsonaro em entrevista ao "One America News" em 21 de fevereiro.

3ª licença: 27 de fevereiro até 18 de março

Eduardo entrou em uma nova licença para se ausentar do País três dias após acabar o período de afastamento anterior. Nas redes sociais, o filho do ex-presidente disse que fez uma rápida escala no Brasil para resolver questões pessoais.

A nova licença garantida por Motta era do dia 27 de fevereiro até o dia 10 de março. Desta vez, Eduardo justificou que ia ficar em Dallas, cidade que fica no estado americano do Texas. É por lá que o filho do ex-presidente fixou residência desde que anunciou que iria se afastar do mandato parlamentar.

Quando o prazo estava perto do fim, Eduardo pediu prorrogação da licença para até o dia 18 de março. Foi neste dia que o deputado, através das redes sociais dele, anunciou que estava se licenciando do mandato por 120 dias, formalizado no dia 20.

Eduardo disse que decidiu fazer isso para focar em "buscas de sanções aos violadores dos direitos humanos". Ele também disse ser alvo de perseguição, atacou Moraes e chamou a Polícia Federal de "Gestapo", em referência a polícia secreta da Alemanha nazista.

"Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem", disse.

Também fazendo referência ao regime tirano e extremista de Adolph Hitler na Alemanha, o ex-presidente disse que Eduardo tomou a decisão para "combater o nazifascismo que avança sobre o nosso País".

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A matéria publicada anteriormente continha erros de grafia na identificação de um dos personagens nos parágrafos 9, 10, 11 e 13. O nome correto é Michael Wolff, não Michael Wokff como havia sido grafado. Segue a versão corrigida:

Os democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira, 12, uma série de e-mails do empresário Jeffrey Epstein em que ele afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "sabia das meninas", muitas das quais eram menores de idade, e teria "passado horas" com uma das vítimas dos crimes cometidos por Epstein.

As mensagens foram trocadas após o acordo de confissão firmado por Epstein em 2008, na Flórida, quando o magnata admitiu comandar rede de tráfico sexual. Segundo o governo americano, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas.

Onze anos depois, o caso voltou à tona, o acordo foi considerado inválido e a prisão do bilionário por tráfico sexual foi determinada. Segundo as autoridades, ele se matou poucos dias depois de ser preso.

Os documentos, de acordo com os congressistas, foram selecionados de milhares de páginas e levantam novas dúvidas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein, que mantiveram contato por anos antes do escândalo de exploração sexual vir à tona.

Após a divulgação, a Casa Branca acusou os democratas de conduzirem uma campanha de difamação. "O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por assediar suas funcionárias, incluindo Giuffre", afirmou a secretária de imprensa Karoline Leavitt, em nota.

Veja os e-mails divulgados na íntegra:

Em um e-mail endereçado a Ghislaine Maxwell, sócia e namorada de Epstein, em abril de 2011, o empresário menciona o presidente americano.

"Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é Trump." Ele acrescentou que uma vítima não identificada "passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado uma única vez." "Tenho pensado nisso," escreveu Maxwell, em resposta.

Em outro e-mail que Epstein enviou a Michael Wolff, o empresário afirmou: "Trump disse que me pediu para renunciar, nunca fui membro, é claro que ele sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar", escreveu.

Um terceiro e-mail divulgado mostra Epstein questionando Wolff sobre como abordar o relacionamento deles, já que o republicano estava se tornando uma figura de relevância nacional.

"Ouvi dizer que a CNN planeja perguntar ao Trump esta noite sobre sua relação com você, seja ao vivo ou em entrevista coletiva após o evento", escreveu Wolff.

"Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?", questionou Epstein.

"Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele disser que não participou do plano nem foi à casa, isso lhe dará um valioso capital político e de relações públicas.", respondeu Wolff.

"Você pode enforcá-lo de uma forma que potencialmente gere um benefício positivo para você ou, se realmente parecer que ele pode ganhar, você pode salvá-lo, gerando uma dívida. É claro que é possível que, quando questionado, ele diga que Jeffrey é um ótimo sujeito, que foi injustiçado e é vítima do politicamente correto, que será proibido no regime de Trump", concluiu.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o presidente americano, Donald Trump, só deve concordar com um novo encontro com o líder da Rússia, Vladimir Putin, se houver uma chance real de encerrar o conflito no Leste Europeu, em comentários para repórteres após a reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 no Canadá.

"Houve concordância de ambos os lados de que, na próxima vez em que os presidentes se encontrarem, precisa haver um resultado concreto - precisamos saber de antemão que temos uma chance real de obter algo positivo", mencionou.

Rubio também alegou que parte da estratégia de Moscou na guerra é "minar a moral e a vontade de lutar dentro" da Ucrânia e, por isso, os americanos têm discutido armas de defesa com Kiev.

À medida que os ataques renovados da Rússia à infraestrutura energética da Ucrânia causam apagões antes do inverno, um grande escândalo de desvio de verbas e subornos envolvendo a empresa estatal de energia nuclear colocou altos funcionários sob escrutínio. A situação está se tornando uma das crises governamentais mais significativas desde a invasão em grande escala de Moscou.

Em resposta à reação pública, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu a demissão dos ministros da Justiça, Herman Halushchenko, e da Energia, Svitlana Grynchuk, em meio à investigação, e a primeira-ministra do país, Yuliia Svyrydenkoles, afirmou que eles apresentaram suas renúncias.

"Entre outras coisas, trata-se de uma questão de confiança", disse Zelensky em um vídeo publicado em seu canal no Telegram.

*Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícas em tempo real do Grupo Estado.