Collor é preso em Maceió e Supremo forma maioria para manter condenação

Política
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Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um desdobramento da Operação Lava Jato, o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta, 25, em Maceió. Após audiência de custódia, na superintendência da Polícia Federal (PF) em Alagoas, por videoconferência, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Collor começasse a cumprir pena no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, na capital alagoana.

Moraes decretou a prisão do ex-presidente anteontem. Ontem, durante sessão extraordinária convocada no plenário virtual do STF para os colegas decidirem se confirmavam ou não a medida, o ministro defendeu a manutenção da própria decisão. Relator, Moraes disse que não é mais possível reverter a sentença do ex-presidente e os recursos são meramente "protelatórios".

O ministro foi acompanhado pela maioria dos colegas, mas o julgamento foi interrompido e terá de ser reiniciado no plenário físico do STF, após um pedido de destaque de Gilmar Mendes, decano da Corte. No plenário físico, o placar é zerado. Até uma decisão final do tribunal, Collor permanecerá preso. De acordo com interlocutores de Gilmar, ele considera necessário discutir o tema no plenário físico em razão da repercussão do caso.

Seguiram Moraes os ministros Flávio Dino, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Eles, no entanto, precisarão votar novamente. Barroso, Fachin, Toffoli e Cármen anteciparam seus posicionamentos mesmo com o julgamento suspenso. Cabe a Barroso, presidente do Supremo, incluir o processo na pauta de julgamentos.

Aeroporto

Collor foi detido por volta das 4h de ontem, no Aeroporto de Maceió, quando se preparava para pegar um voo para Brasília. Segundo o advogado Marcelo Bessa, que representa o ex-presidente, ele iria se apresentar espontaneamente às autoridades na capital federal.

No depoimento na audiência de custódia, Collor prestou informações protocolares, como endereço e se possuía alguma doença que demandasse o uso de medicamento. Ele afirmou também que não houve "nenhuma" irregularidade dos policiais que realizaram o cumprimento de sua prisão.

Durante os 13 minutos de conversa com o juiz instrutor do gabinete de Moraes, Rafael Tamai, o ex-presidente se manteve tranquilo e esboçou sorrisos. Sobre o momento em que foi detido, disse: "Eu estava no aeroporto embarcando para Brasília para me apresentar às autoridades judiciais".

A defesa pediu sua transferência para o regime domiciliar. Aos 75 anos, o ex-presidente tem "comorbidades graves", como Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar, e faz uso de remédios contínuos, segundo os advogados Marcelo Bessa e Thiago Fleury. Eles alegaram ainda que Collor não oferece "periculosidade". Ao ser ouvido na audiência, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

Os advogados também apresentaram atestado de um neurologista que, segundo eles, recomendou a permanência do ex-presidente em casa. Tamai afirmou que não tinha competência para decidir sobre a demanda e que caberá a Moraes despachar sobre o pedido. O ministro determinou que o presídio de Maceió informe se tem estrutura para receber Collor.

Por ser ex-presidente da República, Collor tem direito a uma cela individual. O local tem seis metros quadrados e possui cama de alvenaria, vaso sanitário, chuveiro e pia. A cela especial é localizada em uma área do presídio chamada "Módulo Especial" e conhecida internamente como "Vila". Longe dos espaços onde ficam os presos comuns, a "Vila" tem 12 celas privativas. Na audiência de custódia, ele pediu para não ser transferido a Brasília. Por isso, Moraes autorizou que ele ficasse em Alagoas.

Sentença

O ex-presidente foi condenado a oito anos e dez meses de prisão, em maio de 2023, pelo STF, mas não havia começado a cumprir a pena porque aguardava recursos. Collor foi considerado culpado pelo recebimento de R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia em troca do direcionamento de contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Collor sob acusação de uso de influência política para nomear aliados na BR entre 2010 e 2014, quando era senador.

O ex-ministro Pedro Paulo de Leoni Ramos e o empresário Luís Pereira Duarte de Amorim também foram condenados. Os três precisam pagar, solidariamente, multa de R$ 20 milhões por danos morais coletivos.

Recursos

Em novembro de 2024, o Supremo já havia rejeitado recursos do ex-presidente (embargos de declaração) para reduzir a pena. Em um novo recurso (embargos infringentes), a defesa alegou que os votos vencidos dos ministros André Mendonça, Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli e Gilmar Mendes deveriam prevalecer para reduzir o tamanho da pena. Moraes negou o pedido.

Na decisão em que decretou a prisão de Collor, o ministro afirmou que o ex-presidente deve cumprir imediatamente a pena em regime fechado. (COLABORARAM GABRIEL DE SOUSA, LEVY TELES E PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A estatal chilena Codelco anunciou que contratará uma auditoria internacional para investigar as causas do desabamento ocorrido na última quinta-feira, 31, na mina El Teniente, no Chile, que resultou na morte de seis trabalhadores.

"Essa comissão investigadora, com especialistas internacionais, se reportará diretamente ao conselho da empresa e nos ajudará a determinar o que fizemos de errado", afirmou Máximo Pacheco, presidente do conselho da Codelco.

O anúncio da nova investigação veio horas depois de os socorristas encontrarem o corpo da última vítima desaparecida, Moisés Esteban Pávez, segundo informou o promotor regional de O'Higgins, Aquiles Cubillos. A área do desabamento foi interditada para facilitar os trabalhos periciais.

O presidente Gabriel Boric retornou ao local pela segunda vez consecutiva e decretou luto nacional de três dias. "É necessário ter total objetividade e evitar qualquer tipo de defesa corporativa para que possamos apurar não apenas o que aconteceu, mas também as responsabilidades pelo ocorrido. Tem que haver justiça", declarou o mandatário chileno.

Os corpos dos últimos trabalhadores que permaneciam dentro da mina foram recuperados por volta do meio-dia de domingo, 3, após os restos mortais de outra das vítimas terem sido localizados no dia anterior.

Alex Araya Acevedo, Carlos Andrés Arancibia Valenzuela, Gonzalo Ignacio Núñez Caroca, Moisés Pavez e Jean Miranda são as vítimas que se juntam a Paulo Marín Tapia, o primeiro trabalhador encontrado morto.

O funeral de Marín Tapia ocorreu no domingo, 3, a poucos metros da área de busca, onde centenas de pessoas se reuniram e montaram um altar improvisado com velas, bandeiras e cartazes.

Todos os trabalhadores atuavam no Projeto Andesita, um setor com 25 quilômetros de túneis e 85 pontos de extração dentro da mina El Teniente - a maior mina de cobre do mundo.

As autoridades locais de prevenção e resposta a desastres informaram que o acidente foi causado por um "desabamento provocado por um sismo na área", na comuna de Machalí, região de O'Higgins, a cerca de 100 quilômetros de Santiago.

No entanto, as investigações ainda buscam determinar se o tremor foi causado por atividade sísmica natural - um terremoto de magnitude 4,2 registrado na região na tarde de quinta-feira - ou pelas operações internas da própria mina. O Ministério Público confirmou a abertura de uma investigação.

O presidente Boric esteve no local no sábado, 2, para conversar com os familiares das vítimas e acompanhar os trabalhos de busca, junto com ministros do governo, promotores regionais e membros da Polícia de Investigações.

Cerca de 500 trabalhadores que atuavam no setor foram retirados após o acidente. Outros 2.500 empregados do complexo também foram levados a abrigos após a ativação dos protocolos de emergência.

O Chile é conhecido por sua forte atividade mineradora e abriga algumas das maiores reservas de cobre e lítio do planeta, além de extrair ouro, prata, ferro e chumbo. Apesar disso, acidentes em minas não são incomuns, muitas vezes provocados pelos frequentes tremores de terra no país.

Em fevereiro deste ano, um desabamento em uma mina subterrânea na região do Atacama, ao norte do país, deixou três mortos. E em 2010, o Chile protagonizou um dos resgates mais marcantes de sua história, quando 33 mineiros ficaram soterrados por mais de dois meses na mina San José - um caso que ganhou repercussão mundial.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente da Argentina, Javier Milei, vetou na segunda-feira, 4, uma tentativa de aumentar os gastos com pensões no país e uma lei que expande as proteções para pessoas com deficiência, dizendo que a lei teria minado sua promessa principal de eliminar o déficit fiscal crônico antes das eleições de meio de mandato em outubro.

Ao publicar as justificativas de veto, o governo de Milei disse que o Congresso aprovou no mês passado os projetos de lei de gastos - destinados a compensar mais completamente os aposentados pela inflação e oferecer mais benefícios financeiros para pessoas com deficiência - "sem determinar a origem dos fundos". Ele disse que os projetos "contradiziam o mandato popular (de Milei)" de reduzir a inflação.

Desde que assumiu o poder no final de 2023, Milei vetou todos os esforços para aumentar os gastos públicos, frequentemente usando o slogan "não há dinheiro" contra as demandas da população para que ele restaurasse os subsídios. O governo projeta que os gastos adicionais, incluindo um aumento de 7,2% nas pensões, representarão cerca de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e 1,68% no próximo.

Os democratas do Texas impediram nesta segunda-feira, 4, que a Câmara do Estado avançasse neste momento com um novo mapa eleitoral buscado pelo presidente Donald Trump para mudar a composição do Congresso. A proposta de Trump poderia dar ao Partido Republicano, hoje com maioria pequena no Congresso, mais cinco cadeiras e melhoraria as perspectivas do partido nas eleições de meio de mandato em 2026.

Depois que dezenas de democratas deixaram o Estado, a Câmara, dominada pelos republicanos, não conseguiu estabelecer o quórum de legisladores necessário para a realização dos trabalhos. O governador do Texas, Greg Abbott, do mesmo partido, ameaçou remover alguns membros da oposição de suas cadeiras, alegando que eles podem ter cometido crimes. Os democratas argumentaram que Abbott não tem autoridade legal para isso.

Os democratas descreveram sua estratégia como um esforço de última hora para impedir que os republicanos aprovem uma rara reconfiguração do mapa congressional sob a orientação de Trump.

Eles se comprometeram a ficar afastados por duas semanas, quando se espera o término da sessão extraordinária de 30 dias. Os republicanos estão em vantagem porque Abbott poderia convocar mais sessões extraordinárias, e os democratas não disseram se têm os meios para deixar o Estado repetidamente por meses.

"Esta não é uma decisão que tomamos levianamente, mas é uma que tomamos com absoluta clareza moral", disse Gene Wu, presidente da bancada democrata, em um comunicado. A ação pode expor os democratas a multas e outras penalidades.

A Câmara emitiu mandados de prisão civil com a intenção de obrigar o retorno de membros ausentes, mas não ficou imediatamente claro se eles podem ou serão aplicados além das fronteiras do Texas.

Para conduzir votações oficiais, pelo menos 100 dos 150 membros da Câmara do Texas devem estar presentes. Os democratas ocupam 62 das cadeiras. Pelo menos 51 membros democratas deixaram o Estado, disse Josh Rush Nisenson, porta-voz da bancada.

"A apatia é cumplicidade, e não seremos cúmplices no silenciamento de comunidades trabalhadoras que passaram décadas lutando pelo poder que Trump quer roubar", disse Nisenson.

A ação marca a segunda vez em quatro anos que os democratas deixam o Texas para bloquear uma votação. Em 2021, ocorreu um impasse de 38 dias quando os democratas foram para Washington em oposição a novas restrições ao processo de votação.

Trump está tentando evitar uma repetição de seu primeiro mandato, quando os democratas conquistaram a Câmara apenas dois anos após o início de sua presidência, e espera que o novo mapa eleitoral do Texas ajude nesse esforço. /AP e WP