Fux proclama 'lealdade' a Moraes após divergências sobre golpistas

Política
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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um aceno a Alexandre de Moraes nesta terça-feira, 6, no julgamento sobre o recebimento da denúncia do "núcleo de gerência" do plano de golpe. Os dois vêm divergindo sobre a competência do STF para julgar o caso. Fux afirmou que eles são amigos e que as discordâncias não afetam o "respeito" e a "lealdade" que mantém em relação ao colega.

"Na verdade, o que há aqui não é discórdia, o que há aqui é dissenso", disse Fux. "Eu respeito as posições do ministro Alexandre de Moraes, como também tenho certeza que ele respeita as minhas posições de divergência."

Fux também negou que as divergências tenham gerado um clima de animosidade na Primeira Turma do STF.

"Esses dissensos em relação à matéria jurídica fazem parte da vida de um colegiado, mas ainda assim mantemos entre nós respeito, lealdade, e no caso específico do ministro Alexandre já nos conhecemos há muito mais tempo e temos amizade", minimizou Fux.

"Tenho absoluta certeza de que essas frágeis alusões que se fazem de forma alguma vão infirmar nem o ponto de vista do ministro Alexandre, que eu respeito, e nem o meu, que também mereço respeito daqueles que pensam diferente de mim."

Moraes respondeu que alguns "querem fazer intriga" e "transformar o Supremo na Revista Caras", mas que "obviamente isso não é levado em conta" no tribunal.

"Tiram foto da minha gravata, do terno do ministro Flávio Dino", criticou. "O tribunal é um órgão colegiado exatamente para cada um debater, discutir e apontar a sua posição. Então, ministro Fux, vão ter que fazer muito mais para me colocar contra Vossa Excelência e vice-versa."

Alexandre de Moraes se recupera de uma cirurgia no ombro direito após romper um tendão. O ministro fez piada da situação: "É bom ter dito isso porque se não, alguns por falta de notícia, iam falar que foi Vossa Excelência que machucou meu ombro. Então que já fique claro: o ministro Fux é inocente em relação a isso." Este comentário vem do fato de Luiz Fux ser mestre em jiu-jitsu.

Divergências

As divergências entre os ministros tiveram início no julgamento sobre o recebimento da denúncia contra os líderes do plano de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.

A denúncia foi recebida por unanimidade, mas Fux fez ressalvas pontuais e sinalizou que pode acolher, ainda que parcialmente, teses dos réus no julgamento do mérito do processo.

Fux indicou, por exemplo, que é contra punir a tentativa de golpe como um crime consumado e defendeu que é preciso diferenciar atos preparatórios da execução.

Além disso, em contraponto aos colegas, demonstrou ressalvas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.

O ministro também considerou que os processos deveriam ser remetidos para julgamento na primeira instâncias ou no plenário do STF.

Depois disso, Fux defendeu uma pena de 1 ano e seis meses para a cabelereira Débora Rodrigues dos Santos, bolsonarista que pichou com batom a frase "Perdeu, mané" na estátua da Justiça, que fica em frente ao prédio da Corte, durante os atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.

Ele considerou exagerada a dosimetria proposta por Alexandre de Moraes (relator), que votou para condenar Débora a 14 anos de prisão em regime inicial fechado. O voto de Moraes prevaleceu.

A divergência de Fux levou Moraes a apresentar um complemento ao voto no plenário virtual da Primeira Turma para rebater o colega. Em resposta, Moraes defendeu que a situação da cabelereira "não apresenta diferenças significativas" em relação aos 470 réus já condenados pelo STF por envolvimento nos atos golpistas.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que pedirá ao Departamento de Justiça (DoJ) que investigue os supostos vínculos de Jeffrey Epstein com grandes instituições financeiras e figuras democratas de destaque, incluindo o ex-presidente Bill Clinton. O movimento ocorre após a divulgação de milhares de documentos por um comitê do Congresso, que reacendeu questionamentos sobre a própria relação de Trump com Epstein.

Em publicações na Truth Social, Trump disse que solicitará à procuradora-geral Pam Bondi, ao DoJ e ao FBI que apurem a participação e relação de Epstein com Clinton, o ex-secretário do Tesouro Larry Summers, o cofundador do LinkedIn e democrata, Reid Hoffman, o JPMorgan Chase "e muitas outras pessoas e instituições". Segundo ele, o objetivo é "determinar o que estava acontecendo com eles, e com ele".

À Reuters, o JPMorgan afirmou lamentar qualquer associação que tenha sido feita ao caso Epstein e negou tê-lo ajudado a "cometer seus atos horríveis. Encerramos nossa relação com ele anos antes de sua prisão por acusações de tráfico sexual".

Trump acusou os democratas de usar o caso para desviar atenções do "desastroso SHUTDOWN". Para o presidente, a oposição estaria "fazendo tudo em seu poder decadente" para reacender o tema, mesmo após o DoJ divulgar 50 mil páginas de documentos. O republicano concluiu dizendo que Epstein "era um democrata, e é problema dos democratas".

O porta-voz do Ministério da Defesa da China, coronel Jiang Bin, fez um alerta para que os cidadãos chineses não realizem viagens ao Japão e disse que, caso o lado japonês "não aprenda com a história e ouse correr riscos", ou até mesmo usar a força para interferir na questão de Taiwan, "sofrerá uma derrota esmagadora contra o Exército de Libertação Popular da China (ELP) e pagará um preço muito alto", em declaração feita nesta sexta-feira, 14.

O comentário acontece em resposta à afirmação da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, dizendo que, se a China continental usar navios de guerra e outras forças contra Taiwan, isso criará uma situação que pode ameaçar a sobrevivência do Japão. Segundo ela, diante do possível cenário, as Forças de Autodefesa do Japão podem exercer "o direito de autodefesa coletiva de acordo com a lei".

Jiang classificou as declarações de Tóquio sobre Taiwan como "errôneas" e alegou que constituem "uma grave interferência nos assuntos internos da China", não admitindo interferência estrangeira. "Tais palavras são de natureza ultrajante e causaram um impacto muito negativo. São extremamente irresponsáveis e perigosas", cita o texto.

O Irã apreendeu nesta sexta-feira, 14, um navio petroleiro com bandeira das Ilhas Marshall que navegava pelo Estreito de Ormuz, de acordo com uma autoridade dos Estados Unidos. A embarcação foi levada para águas iranianas, no que representa a primeira ação desse tipo em meses em uma das rotas de petróleo mais importantes do mundo.

Um oficial de defesa dos EUA, que não teve a identidade revelada, disse à agência Associated Press que o Talara viaja de Ajman, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Singapura, quando foi interceptado por forças iranianas. Um drone MQ-4C Triton da Marinha dos EUA sobrevoou a área onde o Talara estava por horas nesta sexta-feira e observou a apreensão, de acordo com dados de rastreamento de voo analisados pela Associated Press.

Teerã não confirmou a apreensão até o momento, embora o episódio ocorra em um contexto no qual o governo iraniano tem reiterado sua capacidade de retaliar após o conflito de 12 dias com Israel, em junho, que resultou em ataques dos EUA a instalações nucleares iranianas.

A empresa de segurança privada Ambrey disse que o ataque envolveu três pequenas embarcações que se aproximaram do Talara. O Centro de Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO, na sigla em inglês), das Forças Armadas Britânicas, também reconheceu o incidente, mas afirmou que uma possível "atividade estatal" forçou o Talara a entrar em águas iranianas.

A organização Columbia Shipmanagement, que tem sede no Chipre, declarou, em comunicado, que havia "perdido contato" com o petroleiro, que transportava gasóleo com alto teor de enxofre. A empresa disse que "notificou as autoridades competentes e está trabalhando em estreita colaboração com todas as partes envolvidas - incluindo as agências de segurança marítima e o proprietário da embarcação - para restabelecer o contato com o navio". "A segurança da tripulação continua sendo nossa principal prioridade."

A Marinha dos EUA responsabiliza o Irã por uma série de ataques com minas magnéticas contra navios-tanque em 2019, que danificaram diversas embarcações, além de um ataque fatal com drone, em 2021, contra um petroleiro ligado a Israel, que matou dois tripulantes europeus.

Esses ataques ocorreram após o presidente dos EUA, Donald Trump, em seu primeiro mandato, retirar unilateralmente o país do acordo nuclear de 2015. A última grande apreensão havia ocorrido em maio de 2022, quando o Irã confiscou dois petroleiros gregos e os manteve sob custódia até novembro daquele ano.

Esses episódios foram ofuscados pelos ataques do grupo rebelde Houthis, apoiado pelo Irã, contra navios durante a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, o que reduziu drasticamente a navegação no crucial corredor do Mar Vermelho. Os anos de tensões entre o Irã e o Ocidente, somados à situação na Faixa de Gaza, culminaram em uma guerra de grande escala que durou 12 dias em junho.

O Irã há muito ameaça fechar o Estreito de Ormuz - a estreita passagem que liga o Golfo Pérsico ao oceano - por onde passa cerca de 20% do petróleo comercializado globalmente. A Marinha dos EUA patrulha a região há anos, por meio de sua 5ª Frota, sediada no Bahrein, para manter as rotas marítimas desobstruídas.