Relatório do governo de SP mostra 'tarifaço' de Trump como ameaça

Política
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Um relatório anexado ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2026 enviado pelo governo paulista para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) reconhece que o "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ser prejudicial para a economia do Estado.

"Externamente, além das incertezas relacionadas à continuidade de conflitos geopolíticos e tensões regionais, o mundo ainda está se reorganizando e na expectativa sobre os efeitos da política de tarifas dos Estados Unidos sob a gestão Trump. A visão atual é de menor atividade global, maior protecionismo e mudanças nos fluxos de mercadorias", diz o relatório.

O mesmo documento, anexado ao PLDO de 234 páginas assinado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ainda destaca que as tensões comerciais globais têm "gerado incertezas no comércio internacional", e que isso pode significar "desafios para a realização de projeções de receitas e despesas do Estado durante esse exercício".

Apesar de reconhecer que o ambiente pode aumentar custos de produção, transporte e, consequentemente, na inflação, o relatório também sustenta que "a conjuntura doméstica ainda indica um PIB nominal elevado".

Em declarações à imprensa, Tarcísio disse no início do mês passado, quando as tarifas foram anunciadas, que a ofensiva de Trump criaria "oportunidades" para a economia de São Paulo.

Segundo o governador, a necessidade de contornar as tarifas resultaria no fortalecimento de novos mercados entre o Brasil e outros países. "Se a gente souber usar isso como oportunidade, vai ganhar muitos mercados. Na Europa, na Ásia, eu vejo que essa questão pode ser um catalisador do Acordo Mercosul-União Europeia. Então, a gente tem toda a oportunidade para tirar proveito dessa situação", afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo.

Em nota enviada ao Estadão, o governo estadual diz que a visão de Tarcísio e o relatório técnico "não são divergentes, e sim complementares". "A conjuntura geopolítica pode impactar na dinâmica econômica, o que é considerado para adoção de estimativas conservadoras na elaboração das peças orçamentárias, considerando as regras fiscais e altos níveis de vinculação do orçamento público no Brasil. Ainda assim, ela pode também ser um catalisador para a ampliação de acordos e negociações com novos mercados", diz a nota.

Comemoração na vitória de Trump

De boné vermelho com o slogan "Make America Great Again" ("tornar os EUA grande de novo", em tradução livre), o governador paulista comemorou a vitória de Trump nas redes sociais em janeiro passado, afirmando ser um "grande dia", referência usada frequentemente pelo seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"A eleição que se anunciava dura, acabou sendo relativamente folgada... muitos ensinamentos ficarão", disse Tarcísio em outra publicação nas redes sociais tão logo Trump foi eleito para mais um mandato na Casa Branca. Na ocasião, o governador também disse ser esperado "uma economia mais forte, com menos impostos, uma outra visão acerca da América Latina, uma postura diferente em relação às disputas comerciais".

O presidente americano impôs tarifas punitivas a dezenas de seus parceiros comerciais em 2 de abril, mas rapidamente recuou após o pânico no mercado de títulos. Trump suspendeu a maioria das taxações por 90 dias para os Estados Unidos poderem negociar acordos comerciais com outras nações. Ao Brasil, assim como para todos os países da América Latina, a taxa de tarifas recíprocas foi de 10%.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou há pouco que "foi uma honra" receber Ahmed Hussein al-Sharaa, o novo presidente da Síria, na Casa Branca nesta segunda-feira, 10.

Trump disse que ambos discutiram todas as complexidades da paz no Oriente Médio, da qual, segundo ele, al-Sharaa é um grande defensor.

"Estou ansioso para nos encontrarmos e conversarmos novamente. Todos estão falando sobre o Grande Milagre que está ocorrendo no Oriente Médio. Ter uma Síria estável e bem-sucedida é muito importante para todos os países da região", escreveu o republicano na Truth Social.

Em comunicado conjunto, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia (UE) propuseram aprofundar a cooperação em energia renovável, segurança alimentar, inovação tecnológica, intercâmbios culturais e outros campos.

O comunicado também reafirma que ambos os lados aderem aos princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas, especialmente a igualdade soberana dos Estados, o respeito pela integridade territorial e independência política, a não interferência nos assuntos internos de outros países e a resolução pacífica de disputas.

"O Roteiro avançará nossos compromissos compartilhados e acelerará a cooperação em ação climática e proteção ambiental, transição energética e interconexões regionais, impulsionando o comércio e os fluxos econômicos e a resiliência, além de aprofundar nossos esforços conjuntos para combater o crime organizado transnacional", pontuou o documento.

A Cúpula Celac-UE aconteceu entre domingo e hoje, em Santa Marta, na Colômbia.

Nicolas Sarkozy foi libertado da prisão nesta segunda-feira, 10, após um tribunal de apelações de Paris conceder ao ex-presidente francês liberdade condicional sob supervisão judicial , menos de três semanas depois de ter começado a cumprir uma pena de cinco anos por conspiração criminosa em um esquema para financiar sua campanha eleitoral de 2007 com fundos da Líbia.

Sarkozy, de 70 anos, saiu da prisão de La Santé de carro e logo em seguida entrou rapidamente em sua casa, na zona oeste de Paris. A breve cena contrastou com sua prisão pública, 20 dias antes, quando caminhou de mãos dadas com sua esposa, a ex-supermodelo Carla Bruni-Sarkozy, por um beco perto de sua casa, acenando para seus simpatizantes.

O ex-presidente, que nega qualquer irregularidade, está proibido de deixar o território francês e de entrar em contato com algumas pessoas, incluindo réus e testemunhas no caso, afirmou o tribunal.

Espera-se que o julgamento do recurso ocorra posteriormente, possivelmente na primavera.

*Com informações da Associated Press.