Relatório da PF diz que fiscal vazou operações da Secretaria da Fazenda de SP

Política
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A Polícia Federal (PF) acredita que o auditor fiscal de Rendas Ricardo Catunda do Nascimento Guedes tenha alertado empresários sobre operações de fiscalização da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

Procurado pelo Estadão, o advogado Luciano Santoro, que representa o fiscal, informou que o auditor "nega veementemente a violação de sigilo funcional e/ou a prática de qualquer ato de corrupção".

Catunda está afastado das funções por suspeita de corrupção. Ele teria cobrado propinas para livrar empresas de inspeções e favorecer empresários em processos administrativos.

Como mostrou o Estadão, o auditor também teria vendido informações sigilosas de processos, agindo como uma espécie de informante de empresários aliados - ele ainda teria usado a própria mulher como "laranja" para recebimento de propinas por meio de uma empresa dela.

O vazamento de operações aconteceu nesse contexto, segundo a Polícia Federal.

O celular do auditor foi apreendido na Operação Barão de Itararé. Os investigadores descobriram que, em pelo menos duas ocasiões, ele vazou ofensivas programadas pela Secretaria da Fazenda.

Em uma conversa no WhatsApp, em outubro de 2019, Catunda avisa um empresário que estava prevista uma inspeção para verificar créditos inidôneos de outros Estados. "Se tem comprovante de operação, transporte, de pagamento, etc (boa fé)", explica na mensagem.

O auditor informa, inclusive, os nomes das empresas que seriam alvo da ofensiva e o horário da batida. "Vão estar lá às 8h. Entregar notificação", antecipa.

O empresário pede ajuda para 'frear' a operação. "Me ajuda aí. Vê se dá pra vim algum amigo e ser tranquilo ou não vim ninguém (sic). Fazer multa baixa e segue a vida".

Dias depois, o empresário afirma que o "mercado está pegando fogo, todo mundo com fiscal na empresa". "Cuida das nossas lá", completa o empresário.

O auditor também alertou sobre uma operação programada no setor de combustíveis na região do ABC paulista. "Se conhecer alguém, melhor sondar."

A Polícia Federal suspeita que as informações foram repassadas em troca de propinas. Segundo os investigadores, convites para "cafés", "almoços" e "confraternizações" eram as senhas para entrega de dinheiro.

Em uma conversa com o empresário, o auditor pergunta: "Será que este mês consegue o menu completo?"

Defesa

O advogado Luciano Santoro, que representa o auditor, se manifestou sobre o relatório. "O cliente nega veementemente a violação de sigilo funcional e/ou a prática de qualquer ato de corrupção. Infelizmente, se constata que a análise da polícia é praticamente toda baseada em subjetivismo. Inclusive chega a misturar mensagens de anos diferentes como se fizessem parte de um mesmo episódio, o que gera uma narrativa distorcida dos fatos", escreveu o advogado.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.