TJ-SP mantém condenação de vereador a 2 anos e meio de prisão por antissemitismo

Política
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O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a condenação de Adilson Amadeu (União Brasil) - vereador paulistano por cinco mandatos, agora na suplência da Câmara Municipal - a dois anos e meio de prisão e perda do mandato por antissemitismo, Seguindo o voto da desembargadora Maria Cecília Leone, relatora, o Tribunal rejeitou por cinco a zero os embargos infringentes e de nulidade sustentados pela defesa, que já havia sido condenado em primeira instância, em 2023.

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, criminalista que defende Amadeu, declarou ao Estadão que vai recorrer da sentença. "Já estamos preparando os recursos, para demonstrar nosso inconformismo com a decisão", disse Mariz.

A decisão do TJ, que mantém a pena imposta em primeiro grau a Adilson Amadeu, foi decretada na sessão do último dia 13. É a segunda condenação do suplente a vereador por antissemitismo. Em 2020, durante a pandemia, ele foi acusado de ter enviado áudio no WhatsApp onde 'proferiu palavras preconceituosas aos judeus e divulgou as mensagens em grupos', segundo sentença da juíza Renata William Rached Catelli, da 21ª Vara Criminal de São Paulo.

No áudio, o vereador disse: "É uma puta duma sem-vergonhice que eles querem que quebra todo mundo, pra todo mundo ficar na mão, do grupo de quem? Infelizmente também os judeus, quando eu tô até respondendo um processo, porque quando entra Albert Einstein, grupo Lide é que tem sem-vergonhice grande, grande, sem-vergonhice de grandeza, de grandeza que eu nunca vi na minha vida."

No processo, ele argumentou que compartilhou o áudio 'com amigos de infância e que o seu alvo nunca foram os judeus, e sim a administração pública municipal e estadual, durante a pandemia'.

Amadeu alegou que enviou um pedido de desculpas à Federação Israelita de São Paulo, em 27 de abril de 2022. Mas, segundo o criminalista Daniel Bialski, advogado da Confederação Israelita do Brasil (Conib), 'ficou comprovado que (Adilson Amadeu) jamais se desculpou, e até apresentou documentos ideologicamente falsos para tentar induzir a juíza em erro'.

Amadeu também havia sido condenado por injúria racial após ataques antissemitas ao vereador Daniel Annenberg (PSDB), em uma sessão na Câmara Municipal de São Paulo. Durante a discussão de um projeto, em dezembro de 2019, ele xingou o colega de 'judeu filho da puta' e 'judeu bosta'.

Daniel Bialski, em conjunto com outros advogados, atuou como assistente da acusação. Para ele, a condenação de Amadeu 'é mais um exemplo de que haverá um combate e uma busca incansáveis pela punição de todo tipo de discurso de ódio contra a comunidade judaica'.

"Inclusive, contra aqueles antissemitas que tentam usar de jargões e disfarçar seu preconceito", afirma Bialski. "Não descansaremos até todos serem punidos, porque o Brasil é um berço de convivência harmônica e esse racismo não pode ser, jamais, tolerado."

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.