Tarcísio faz discurso religioso em lançamento de programa social que diz ser o melhor do Brasil

Política
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que o "SuperAção SP", lançado por ele nesta terça-feira, 20, será o "melhor programa social do Brasil". O chefe do Executivo paulista adotou tom religioso ao afirmar que é preciso ter fé que é possível superar a pobreza.

"Vamos construir o melhor programa social do Brasil. A gente está falando de legado, de galardão perante a Deus. E a melhor maneira de servir o senhor é proporcionar a emancipação e a vitória sobre a pobreza", discursou Tarcísio, complementando: "O mais importante é a fé, a crença que é possível superar a pobreza. A crença que tem que estar na cabeça de cada pessoa, cada agente de superação que vai estar na rua abordando as pessoas", disse o governador ao elencar as características do projeto.

O programa foi antecipado pelo Estadão na segunda-feira, 19. Na ocasião, Tarcísio negou rivalidade com o Bolsa Família, programa consagrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu primeiro mandato e que perdura até hoje. Segundo o governador, "SuperAção SP" é mais amplo do que o programa petista porque, além da transferência de renda, prevê a capacitação profissional e a inclusão no mercado de trabalho para tirar as famílias da pobreza.

A previsão é que 105 mil famílias em situação de extrema pobreza sejam atendidas no Estado na primeira leva do programa, que poderá ser gradualmente expandido. "Vamos dar o peixe ou ensinar a pescar? Vamos fazer os dois", disse ele.

O programa tem duas trilhas de atendimento. A primeira é baseada na proteção social e voltada para famílias com barreiras severas de inclusão, como baixa escolaridade, idade avançada ou dependência de cuidados. A segunda trilha, focada na superação da pobreza, atenderá famílias com perfil para o mercado de trabalho.

Os agentes de superação, nome dado aos assistentes sociais que atuarão nos municípios, irão localizar as famílias com base no CadÚnico, apresentar o programa, explicar seu funcionamento e objetivos.

As famílias que toparem aderir à iniciativa serão orientadas e acompanhadas pelos agentes de forma personalizada ao longo de dois anos. Elas poderão ser direcionadas para até 29 políticas públicas já ofertadas pelo governo de São Paulo.

"O que a gente está fazendo é conectar políticas que vem sendo construídas e estruturadas nos últimos dois anos. Nós inovamos ao considerar as particularidades de cada família. É aí que a gente vai fazer a diferença: vamos customizar cada ação para cada família", disse a secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém, que se emocionou ao apresentar a iniciativa.

O programa está dividido em três módulos complementares. O núcleo familiar que cumprir todas as etapas receberá R$ 10,4 mil. Os módulos são: Proteger, que dá acesso a benefícios sociais, alimentação, saúde, moradia e educação infantil; Desenvolver, que incentiva a qualificação e formação profissional por meio de auxílio financeiro por metas cumpridas; e o Incluir, que prevê pagamento de um bônus após entrada no mercado de trabalho, seja com emprego formal ou por meio do empreendedorismo.

"O que a gente quer é uma jornada rumo a autonomia dessas famílias", disse a secretária.

A previsão é que sejam gastos R$ 500 milhões para estruturar a rede de proteção, capacitar os agentes e integrar as políticas públicas. O valor inclui R$ 150 milhões extras para prefeituras financiarem ações de assistência social. O número representa uma alta de 62,5% e fará os repasses saírem de R$ 240 milhões para R$ 390 milhões por ano. Os municípios que aderirem à primeira leva do SuperAção SP ainda terão direito a uma verba adicional.

Também está prevista a reestruturação das carreiras de assistência social no Estado. Os projetos com a criação do SuperAção SP, o aumento da verba para as prefeituras e que cria a carreira de especialista social serão enviados para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

O anúncio do programa teve a presença de 210 prefeitos, além de deputados, vereadores e secretários da gestão Tarcísio, com direito a clipe de lançamento, apresentação de dança dos alunos da São Paulo Escola de Dança, de trompa e de funk.

A deputada federal Rosana Valle (PL-SP), que tentou se eleger prefeita de Santos (SP), foi escolhida para discursar, assim como o presidente da Alesp, André do Prado (PL), cotado para suceder Tarcísio se o governador decidir disputar o Palácio do Planalto em 2026.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.