Câmara aprova projeto sobre reajuste salarial de servidores

Política
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A Câmara Federal aprovou nesta quarta-feira, 21, o projeto de lei sobre o reajuste salarial dos servidores - 388 deputados votaram pela aprovação do texto substitutivo apresentado pelo relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE); 43 parlamentares votaram contra o texto. A proposta tramitava com urgência constitucional e passou a trancar a pauta do plenário da Casa desde segunda, 19. O texto agora vai para o Senado.

O texto repete, basicamente, o conteúdo da medida provisória (MP) que foi editada pelo governo no fim do ano passado e caduca no início de junho. A MP formaliza 38 acordos firmados com as carreiras civis do funcionalismo federal ao longo de 2024 e consolida os novos salários para 2025 e 2026, abrangendo 100% dos servidores ativos, aposentados e pensionistas da União. O reajuste médio acumulado será de 27% entre 2023 e 2026 - incluindo os 9% garantidos em 2023. Em 2024, não houve reajuste.

O projeto foi votado nesta quarta após um acordo que envolveu o fatiamento da proposta que foi encaminhada pelo governo à Câmara em março. Foram retirados do PL trechos que tratavam de pontos relacionados a uma reforma administrativa na estrutura de cargos públicos. As medidas excluídas previam, por exemplo, propostas sobre progressão de carreira e mecanismos de avaliação de desempenho.

Tais temas passarão a ser discutidos por um Grupo de Trabalho (GT), que será criado com prazo de 45 dias para analisar e apresentar propostas para uma reforma administrativa mais ampla. O GT deve ser presidido pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), apurou o Estadão/Broadcast.

No plenário, o relator da matéria ressaltou que, em razão da MP, os servidores já estavam usufruindo das alterações remuneratórias. Segundo o parecer lido pelo relator, as estimativas de impacto orçamentário do projeto são de R$ 17,99 bilhões para 2025, R$ 26,76 bilhões para 2026 e R$ 29,17 bilhões para 2027. Os dados são do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Além dos pontos atinentes à reforma administrativa, Gastão tirou do projeto de lei alterações que "implicariam em aumento de despesa", como no caso de pedidos de médicos e veterinários do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE). Segundo Gastão, o atendimento da demanda "precisa ser realizado por outro projeto de lei a ser enviado pelo chefe do Executivo em razão do disposto constitucional".

O tema gerou impasse durante a votação, até que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), prometeu, no plenário, buscar uma "solução", com um grupo de trabalho, para a categoria e outras em situações semelhantes. Motta sinalizou que cobraria do governo uma atenção especial à demanda.

Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deu início à análise do texto no plenário, o PL e a oposição chegaram a apresentar seu 'kit obstrução' - anunciado há semanas em razão da anistia não avançar na Câmara. Depois, o grupo mudou a orientação, "em respeito aos funcionários públicos". Em "defesa do funcionalismo", foi sugerida até uma votação simbólica.

Durante a discussão do texto em Plenário, os deputados apresentaram mais de 60 emendas de plenários, quase todas rejeitadas pelo relator - ou por não integrarem o acordo político ou caracterizarem despesas obrigatórias de caráter continuado. Gastão admitiu apenas uma emenda - que, segundo ele, não tem impacto orçamentário e versa sobre "a remissão de valores recebidos de boa-fé, a título de indenização por exercício em unidades situadas em localidades estratégicas".

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O jornal israelense Haaretz publicou reportagem nesta sexta-feira, 27, segundo a qual comandantes do exército de Israel vêm dando ordens às tropas para disparar contra civis palestinos em filas de distribuição de alimentos em Gaza, como forma de controle de multidões. A Advocacia-Geral Militar (espécie de corregedoria) abriu uma investigação sobre o tema.

Questionado pelo Estadão, o exército israelense negou o teor da reportagem. "Rejeitamos veementemente a acusação levantada no artigo - as Forças de Defesa de Israel não instruíram as tropas a atirar deliberadamente em civis, incluindo aqueles que se aproximavam dos centros de distribuição", afirmou.

Militares ouvidos pelo Haaretz não identificados se referem aos locais de entrega de ajuda humanitária no sul de Gaza como "campos da morte" e dizem que a ordem para dispersar com tiros partia dos comandantes, mesmo quando não havia risco efetivo. A Advocacia-Geral Militar disse ao Estadão que atua por meio de um "mecanismo de checagem de fatos", segundo o qual uma equipe de especialistas jurídicos e militares investigam as denúncias, colhendo relatos e outras evidências no local. Ela tem poder de prisão e pode instaurar procedimentos disciplinares, além de formular acusações em cortes marciais.

Mortes

Um dos militares ouvidos pelo jornal israelense disse que a ação em filas de alimentos "são uma violação do código de conduta do exército". A brasileira Damaris Giuliana, que foi gerente de comunicação da ONG Médicos Sem Fronteiras nos territórios palestinos por três meses, até o dia 19, compara os pontos de distribuição de comida a uma "armadilha".

"Se as pessoas chegam muito cedo aos pontos de distribuição de alimentos, os soldados atiram. Se elas chegam em cima da hora e tem aglomeração por conta do desespero, atiram também. E se as pessoas permanecem na área depois do fim da distribuição, eles atiram da mesma forma", afirmou ao Estadão.

As mortes em filas de distribuição de alimentos começaram no dia 27 de maio, quando Israel passou a restringir o trabalho de organizações como a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras, substituídas por uma empresa chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), criada pelos EUA e contratada por Israel.

Desde que a GHF assumiu a distribuição, 19 episódios ocorreram na Faixa de Gaza, com 549 palestinos mortos na fila da comida, de acordo com dados da ONU. A entrega de ajuda é sempre caótica e frequentemente a multidão corre para pegar caixas de mantimentos.

Quando lançada, a empresa tinha como presidente um ex-militar americano. Ela recebeu na quinta-feira, 26, uma autorização de aporte de US$ 30 milhões (cerca de R$ 164 milhões) do Departamento de Estado dos EUA.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nessa sexta-feira, 27, que não indicará para a presidência do Federal Reserve (Fed) alguém que queira manter as taxas de juros atuais. "Vou nomear como presidente do Fed alguém que queira cortar (os juros)", enfatizou ele em coletiva de imprensa na Casa Branca.

O republicano também voltou a criticar o atual presidente do BC americano, Jerome Powell, e disse que gostaria que Powell renunciasse. "Acho que deveríamos estar pagando juros de 1% neste momento", acrescentou. Na semana passada, Trump chegou a chamar Powell de "desgraça americana".

A aposta de que o corte de juros pode começar mais cedo tem animado a maior parte dos investidores, o que pode ser observado pelas reações dos mercados. Segundo o jornal americano Wall Street Journal, entre os nomes cotados para o cargo estariam o ex-diretor Kevin Warsh, o diretor do NEC Kevin Hassett e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

Um cidadão canadense de 49 anos morreu esta semana enquanto estava preso pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos. O caso é investigado e se tornou público na quarta-feira, 25. A ministra de Relações Exteriores do Canadá declarou nesta quinta, 26, que o país busca mais informações urgentemente.

O canadense foi identificado como Johnny Noviello. Ele era residente permanente nos EUA desde 1991 e foi encontrado morto no dia 23 em um centro de detenção federal localizado em Miami, onde estava preso. Um comunicado do ICE declarou que seu status era de "aguardando processo de remoção". A causa da morte permanece desconhecida.

Segundo o comunicado, a equipe médica do local o atendeu e procedeu com uma ressuscitação cardiopulmonar e choque com desfibrilador externo. O serviço de emergência americano também foi acionado. "Cuidados médicos abrangentes são fornecidos desde o momento em que os indivíduos chegam e durante toda a sua permanência", afirmou o ICE.

O serviço de imigração também informou que Noviello foi sentenciado a um ano de prisão em 2023 por extorsão e tráfico de drogas no condado de Volusia, Flórida. Em maio deste ano, ele foi encontrado pelos agentes de imigração e colocado na fila para ser deportado - de acordo com a lei americana, vistos de residência permanente podem ser revogados por determinados crimes, incluindo o tráfico de drogas.

No dia seguinte ao comunicado, a chanceler do Canadá, Anita Anand, declarou que o consulado canadense havia sido informado. "O Governo do Canadá foi notificado da morte de um cidadão canadense enquanto estava sob custódia nos Estados Unidos. Funcionários consulares canadenses estão buscando urgentemente mais informações com autoridades americanas. Apresento minhas sinceras condolências à família", disse no X (antigo Twitter).

A morte ocorreu em meio a inúmeras prisões realizadas por agentes do ICE, que faz parte da política repressiva do presidente Donald Trump contra a imigração. Diversos decretos assinados pelo presidente desde que retornou à Casa Branca determinaram metas para deportar milhões de imigrantes indocumentados. As prisões aumentaram e foram seguidas de denúncias de violações dos agentes e protestos em todo o país.

Noviello é a oitava pessoa a morrer sob custódia do ICE este ano, segundo a estatística oficial. No ano passado, houve 11 mortes semelhantes. (COM AGÊNCAIS INTERNACIONAIS)