Pressão por alternativa a extremos cresce com Lula

Política
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A entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no páreo eleitoral de 2022 pressionou partidos que tentavam construir uma alternativa de centro ao presidente Jair Bolsonaro a apressar a escolha de um candidato ao Palácio do Planalto. Na avaliação de líderes políticos, a anulação das condenações criminais da Lava Jato, que impediam Lula de concorrer, vai precipitar conversas para definir um nome de baixa rejeição, avesso aos extremos, e evitar o fracasso dos esforços para pôr de pé uma frente ampla.

Dirigentes partidários de centro dizem que a redução da campanha presidencial à polarização entre Lula e Bolsonaro reforça a necessidade da apresentação de uma terceira via. Na avaliação da cúpula do DEM, por exemplo, se os partidos de centro-direita e centro-esquerda não conseguirem se unificar para salvar essa frente, a pulverização vai empurrá-los para fora do segundo turno e a disputa se transformará em uma guerra de rejeições.

O DEM, que testa a popularidade do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (mais informações na pág. A8), o PSB, o Podemos, o PDT, o Cidadania, o PV e a Rede Sustentabilidade têm mantido conversas frequentes sobre a possibilidade de montar uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. Embora não participe desse movimento, o PSD é visto como um partido com chances de integrá-lo, apesar de compor o Centrão e ter até um ministro no governo - Fábio Faria, das Comunicações.

O PSDB já marcou prévias para 17 de outubro, com quase um ano de antecedência em relação às eleições, com o objetivo de escolher um pré-candidato ao Planalto. Até o momento, dois nomes são cotados: os dos governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

Sem apoio suficiente para ser aclamado como presidenciável tucano, Doria não teve outra opção a não ser apoiar as prévias. O processo é inédito para uma candidatura presidencial no PSDB - o governador já enfrentou disputa interna, mas para a Prefeitura e o Palácio dos Bandeirantes - e nunca foi realizado tão cedo.

O apresentador de TV Luciano Huck também se movimenta. Ainda sem partido, Huck agendou novas conversas para discutir o cenário eleitoral, que mudou com a possibilidade de Lula concorrer ao Planalto. Huck vai se reunir novamente, nos próximos dias, com o presidente do DEM, ACM Neto.

Em seu único comentário sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que anulou as condenações proferidas contra Lula pela 13.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Huck afirmou que "figurinha repetida não completa álbum". A publicação do apresentador no Twitter lançou dúvidas sobre a aderência popular de uma nova candidatura de Lula e foi interpretada como um sinal de que ele deseja se manter como opção. Lula ironizou: "Ele não sabe que figurinha repetida carimbada vale pelo álbum inteiro".

Sérgio Moro, por sua vez, tem se distanciado cada vez mais de uma candidatura presidencial. Atualmente na iniciativa privada, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça não quis se pronunciar sobre os recursos vencidos por Lula. Mantém apoio reduzido no Congresso, em setores do Podemos, mas ainda conta com a simpatia de movimentos anticorrupção e de militares das Forças Armadas, principalmente os desiludidos com Bolsonaro.

Moro perdeu fôlego político ao sair do governo em litígio com Bolsonaro, a quem acusou de interferir em órgãos como a Polícia Federal, e se desgastou com a revelação de mensagens trocadas com procuradores da Lava Jato, hackeadas e apreendidas na Operação Spoofing.

Suspeição

A imagem do ex-juiz pode ficar mais deteriorada com o julgamento de sua alegada parcialidade nos casos de Lula. O placar na Segunda Turma do Supremo está empatado em 2 a 2 e o voto decisivo será do ministro Kassio Nunes Marques, indicado à Corte por Bolsonaro. Marques interrompeu o julgamento, na terça-feira, para analisar o processo. O pedido de vista não tem prazo para terminar.

Antes de Lula se apresentar anteontem como contraponto a Bolsonaro, em discurso de uma hora e meia na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, partidos de esquerda, de centro e de centro-direita já tentavam formar uma frente ampla que simbolizasse a oposição ao presidente. Lula sempre chamou essa frente de "ilusão", mas quer atrair apoios de setores mais ao centro e até de desgarrados do Centrão, bloco que hoje sustenta Bolsonaro no Congresso. Em sua primeira manifestação após ter as condenações da Lava Jato anuladas, o ex-presidente citou a aliança "capital e trabalho" que o elegeu em 2002 como exemplo do que está no seu radar. Não tenham medo de mim", afirmou.

Com o restabelecimento dos direitos políticos de Lula, a expectativa do PT é a de que ele consiga conquistar apoios à esquerda, reduzindo o espaço de nomes do mesmo campo político, como o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, e Guilherme Boulos, do PSOL.

Mesmo "sufocado" no espectro de esquerda, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, do PDT - que ficou em terceiro lugar na disputa de 2018 -, promete manter a candidatura.

O resultado da eleição que escolheu Arthur Lira (Progressistas-AL) para comandar a Câmara, por outro lado, ainda fragiliza a continuidade das conversas com o MDB, o mais provável destino do ex-presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Foi justamente Maia quem iniciou o movimento em direção a uma possível frente com a participação de Lula. O deputado disse que ninguém precisa gostar do petista para entender a diferença entre ele e Bolsonaro. "Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo", escreveu Maia no Twitter. A postagem representa a tentativa de uma ala do centro de atrair o PT para a campanha de 2022.

Questionado sobre o elogio de Maia, que participou das articulações para o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Lula afirmou estar aberto ao diálogo.

Na prática, a recente implosão da aliança na Câmara, com traições no DEM, PSDB, PSB e PDT, esfriou os diálogos para a construção de uma terceira via, sobretudo porque o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), foi derrotado. Baleia disse, porém, que não adianta ter "agonia". "Vamos ouvir todos os parlamentares, governadores e presidentes de diretórios", afirmou. "O MDB é um partido de centro, e queremos um caminho para 2022 fora dos extremos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Um avanço acelerado de forças russas e norte-coreanas ameaça a posição da Ucrânia em Kursk, a fatia de território russo cujo controle as autoridades ucranianas esperavam que traria vantagens em negociações de paz.

Tropas russas e norte-coreanas tomaram várias aldeias na região de Kursk nos últimos dias e usaram drones para cortar as rotas de abastecimento para a principal força ucraniana na cidade de Sudzha, de acordo com soldados que estão na área e analistas.

O avanço ocorre antes das negociações entre altos funcionários dos Estados Unidos e da Ucrânia na Arábia Saudita, marcadas para esta semana.

A ofensiva acontece após a decisão dos EUA de interromper o compartilhamento de inteligência e o fornecimento de armas para a Ucrânia. A medida reduziu imediatamente a capacidade da Ucrânia de realizar ataques de longo alcance, que dependem de dados precisos de alvos, e com o tempo privará a Ucrânia de munição e armas essenciais.

Desde o início do ano, a Ucrânia havia estabilizado grande parte da linha de frente de 800 milhas (quase 1,3 mil quilômetros) dentro de seu território, impedindo os avanços russos e contra-atacando em torno das cidades orientais de Toretsk e Pokrovsk, que a Rússia estava prestes a tomar.

Mas os avanços rápidos em Kursk ameaçam o resultado da incursão ucraniana ocorrida em agosto de 2024, que rapidamente sobrecarregou as defesas russas e tomou dezenas de cidades e vilas na região fronteiriça.

Um artilheiro ucraniano na frente de Kursk disse que estava dando cobertura aos soldados que recuavam da área. "Estou cobrindo a retirada deles para que não fiquem cercados", disse o soldado em uma mensagem telefônica.

A Rússia investiu vastos recursos na tentativa de retomar Kursk, sofrendo grandes perdas. O país mobilizou algumas de suas melhores unidades e, em dezembro, enviou mais de 10 mil soldados de tropas norte-coreanos.

As tropas norte-coreanas, despreparadas para o campo de batalha moderno, foram inicialmente eliminadas com relativa facilidade. Mas agora estão criando dificuldades porque, diferentemente de suas contrapartes russas, avançam em ondas, esgotando os recursos ucranianos, disse Roman Pohorily, cofundador do DeepState, um grupo ucraniano que analisa imagens e vídeos postados em mídias sociais e informações de tropas para produzir um mapa preciso da linha de frente.

"Esses últimos avanços, na maioria dos casos, são graças a eles", disse Pohorily.

Assim que os norte-coreanos avançam, as tropas russas os seguem para proteger as posições, repelindo as defesas ucranianas.

O exército russo vem preparando a ofensiva em Kursk desde janeiro, disse Pohorily. Foi quando operadores de drones e unidades de artilharia começaram a sondar uma rota de abastecimento ucraniana crítica em busca de fraquezas, para bombardeá-la.

O domínio aéreo significa que não apenas os equipamentos, mas os movimentos das tropas não passam despercebidos, disseram soldados.

Ainda não está claro se os ucranianos enviariam reforços para tentar estabilizar essa parte da frente ou se precisarão se retirar de Kursk completamente, já que batalhas acirradas estão acontecendo. Se os ucranianos se retirarem, isso deixaria os russos mais próximos da região ucraniana de Sumy, onde as tropas de Kiev precisarão continuar sua defesa.

A retirada criaria dificuldades não apenas militarmente, mas politicamente, já que a Ucrânia esperava trocar a região russa de Kursk por um pedaço da Ucrânia ocupada pelas forças de Moscou. Fonte: Dow Jones Newswires

Rebeldes ligados ao grupo Estado Islâmico (EI) atacaram uma vila no leste do Congo, matando pelo menos nove pessoas, disseram uma autoridade local e moradores neste domingo, 9.

No sábado, um ataque na vila de Ngohi Vuyinga, na província de Kivu do Norte, também deslocou dezenas de moradores, e várias casas foram incendiadas, de acordo com Samuel Kagheni, um líder da sociedade civil local.

Rebeldes das Forças Democráticas Aliadas, uma afiliada do EI na região, atacaram os moradores com armas e facões enquanto eles estavam em suas fazendas, disse Kagheni. "O número de ontem pode aumentar porque havia algumas pessoas desaparecidas", falou.

O leste do Congo foi atingido por décadas de violência, com mais de cem grupos armados disputando o controle dos ricos minerais da região.

Entre eles, estão rebeldes apoiados por Ruanda, que recentemente capturaram duas grandes cidades.

A violência resultou no deslocamento de cerca de 7 milhões de pessoas, tornando-se a maior crise humanitária do mundo.

O último ataque renovou as preocupações com a segurança entre os moradores locais, que acusaram o governo de não fazer o suficiente para impedir o conflito. Fonte: Associated Press

Os membros do Partido Liberal do Canadá irão escolher neste domingo, 9, o novo líder que atuará como sucessor do primeiro-ministro Justin Trudeau. Mark Carney, ex-presidente do banco central da Inglaterra e também do BC do Canadá, é cotado como o favorito à liderança.

Ele publicou em seu site oficial um comunicado no qual compara as atitudes de Trump às de um "valentão" em meio à imposição de tarifas comercias.

"Não ficaremos parados enquanto tarifas ilegais dos EUA prejudicam nossos trabalhadores e suas famílias. Como canadenses, precisamos enfrentar esse desafio como uma equipe unida", disse Carney no comunicado.

Ele defendeu que, no médio prazo, se não for mais possível "contar com os vizinhos americanos", o Canadá deve diversificar suas relações comerciais.

De acordo com o jornal canadense The Globe and Mail, outros três candidatos podem chegar a rivalizar com Carney: Chrystia Freeland, ex-ministra das Finanças e vice- primeira-ministra; Karina Gould, que foi líder da Câmara; e o ex-deputado Frank Baylis.

Espera-se que o novo líder do Partido Liberal convoque uma eleição geral assim que assumir o cargo.

O prazo para o novo pleito é 20 de outubro deste ano. Porém, opositores podem demandar que o processo seja realizado antes.