Ex-AGU confirma consulta de Bolsonaro para reverter vitória eleitoral de Lula

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ex-advogado-geral da União (AGU) Bruno Bianco confirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 29, que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) o procurou para saber da possibilidade de reverter o resultado eleitoral que consagrou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto.

Segundo Bianco, Bolsonaro - ao lado de comandantes das Forças Armadas e do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, - perguntou se tinha visto algum problema jurídico no resultado e se o advogado-geral da União vislumbrava algo que poderia ser questionado.

Bianco respondeu que a eleição foi feita de forma "transparente". "Eu disse que não. Disse que tem uma comissão funcionando, que foi transparente", disse. O ex-advogado-geral não soube informar com precisão, mas disse achar que todos os comandantes das três Forças Armadas estiveram presentes nesse encontro.

Ele é testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.

A existência dessa reunião foi questionada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Esse encontro teria ocorrido depois do final de outubro, quando Lula venceu com 50,9% dos votos válidos ante 49,1% de Bolsonaro no segundo turno.

Poucas horas após esse resultado, caminhoneiros fecharam rodovias pelo Brasil, não reconhecendo a derrota eleitoral do então incumbente. As manifestações ganharam volume e levaram aos acampamentos na frente de quartéis militares, especialmente o Quartel-General do Exército, em Brasília. No dia 8 de janeiro de 2023, manifestantes marcharam dessa unidade na capital federal em direção à Praça dos Três Poderes e vandalizaram os prédios do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

Nesta quinta-feira, a defesa de Torres planejou ouvir ex-ministros do governo Bolsonaro. É o terceiro dia consecutivo que o STF ouve os depoimentos das testemunhas do ex-chefe da pasta da Justiça.

Além de Bruno Bianco, prestaram depoimento Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia, e Wagner Rosário, ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU).

Sachsida disse que a desconfiança em relação às urnas eletrônicas durante reunião ministerial no governo Jair Bolsonaro, em julho de 2022, não chamou a sua atenção.

Rosário apenas foi questionado pelo advogado de Torres, Rafael Viana, sobre a reunião ministerial de julho de 2022. Para ele, não houve discussão sobre ruptura institucional naquele encontro. "Não tivemos discussão sobre isso. Todas as discussões passavam por problemas nas urnas eletrônicas, para que passassem por um aprimoramento para que tivéssemos um resultado que fosse fidedigno", disse.

Também foram convocados o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-ministro da Secretaria de Governo Célio Faria e o procurador federal Adler Anaximandro Cruz e Alves. A defesa de Torres, contudo, desistiu do depoimento dos três.

Em outra categoria

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.