'Amigo mesmo', 'tá na mão': os diálogos com lobista que levaram a afastamento de juiz de MT

Política
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Diálogos entre o juiz Ivan Lúcio Amarante, da comarca de Vila Rica, em Mato Grosso, e o advogado Roberto Zampieri, o "lobista dos tribunais", foram determinantes para o afastamento do magistrado, alvo da nova fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta quinta-feira, 29, pela Polícia Federal.

Até a pubicação deste texto, o Estadão buscou contato com o juiz via assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, mas sem sucesso. O espaço segue aberto.

O afastamento de Amarante de suas funções no fórum de Vila Rica - município com 20 mil habitantes situado a 1320 quilômetros de Cuiabá-, foi decretado pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida também foi adotada na tarde de terça, 27, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que renovou o afastamento em vigor desde outubro de 2024.

Zanin e o corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, destacam mensagens trocadas entre o juiz e o "lobista dos tribunais"

Os diálogos indicam uma relação muito próxima de Amarante com Zampieri. O juiz era "subserviente" ao lobista, avaliam os investigadores.

As mensagens foram descobertas por acaso, depois que o lobista foi assassinado a tiros na porta de seu escritório de advocacia em Cuiabá, em dezembro de 2023. O celular do advogado foi deixado na cena do crime.

Nesta quarta, 28, a Polícia Federal colocou nas ruas a sétima fase da Operação Sisamnes - juiz corrupto, segundo a mitologia persa - e prendeu cinco integrantes do "Comando 4", grupo sob suspeita de assassinatos por encomenda. Uma execução atribuída ao "C4" foi a de Zampieri, ao preço de R$ 40 mil, segundo confissão do pistoleiro que emboscou o lobista.

Amizade íntima

Em busca de pistas sobre o assassinato, a Polícia Civil se deparou com diálogos sobre a venda de decisões e sentenças. As conversas atingiram também desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e até gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça.

São muitas as mensagens que a Operação Sisamnes recuperou do celular de Zampieri. Para os investigadores, ficou claro que havia uma "amizade íntima" entre magistrado e advogado.

A um interlocutor, em junho de 2022, Roberto Zampieri ofereceu: "Se você precisar de algo com o Dr. Ivan, lá de Vila Rica, me fala. Ele é muito meu amigo, amigo mesmo. E resolve."

Em uma ocasião, em agosto de 2023, o juiz aconselhou o advogado. Eles combinaram estratégias sobre processos. "Dá uma olhadinha com os assessores do senhor, se encontra uma outra saída além dessa que minha assessoria encontrou", sugeriu Amarante.

A submissão do juiz ao lobista ficou expressa em várias comunicações, segundo os investigadores. "Vou ver se resolvo isso aí ainda hoje", reporta o magistrado em outro diálogo.

O juiz está afastado das funções desde outubro de 2024, por ordem do Conselho Nacional de Justiça, que na última terça, 27, abriu um processo para investigar Amarante no âmbito administrativo disciplinar que pode culminar em sua aposentadoria compulsória, ou seja, o afastamento definitivo da carreira - com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.

Na oitava fase da Operação Sisamnes, deflagrada nesta quinta, 29, o ministro Zanin emitiu uma nova ordem de afastamento do juiz de Vila Rica e decretou o bloqueio de R$ 30 milhões de Amarante e de outros investigados sob suspeita de lavagem de dinheiro oriundo de propinas em suposto esquema de venda de sentenças na Comarca.

O CNJ constatou que havia uma "proximidade incomum, atendimento pelas vias não convencionais e indevida ingerência de advogado na atividade jurisdicional do magistrado".

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, "com frequência, Zampieri pautava a conduta do juiz, indicando os pedidos que deveriam ser ou não acolhidos e as teses jurídicas que deveriam ser por ele adotadas".

'Ansioso'

"O contexto dos diálogos, a frequência das interações e os termos utilizados deram corpo a um panorama abrangente de efetiva influência do causídico na atividade jurisdicional do magistrado, muito possivelmente, em razão do pagamento de vantagens indevidas para a prolação de decisões judiciais", apontou o ministro Mauro Campbell Marques, corregedor nacional do Judiciário, ao defender a renovação do afastamento do juiz.

Em uma conversa, em outubro de 2023, Amarante orienta Zampieri a burlar as diretrizes ordinárias de distribuição de petições para que ele próprio pudesse analisar e atender aos pedidos do advogado, negados anteriormente por um juiz plantonista. "O resto deixa comigo, kkkk".

Em seguida, Amarante encaminha a decisão, nos termos combinados, e ironiza: "Já determinei que ele mesmo reconsidere deferindo tudo, Dr!!!!....kkkkkk Tá na mão!!!".

Um diálogo específico chamou a atenção dos investigadores. O juiz insiste em encontrar o advogado e diz que está "ansioso" e "em apuros".

"Passando para avisar que não vou ter como viajar até entregar a minuta do contrato para que a pessoa possa analisar", escreveu Amarante.

Zampieri pediu para "segurar esse compromisso para segunda-feira". "Hoje estou tentando desde ao meio dia organizar isso e não estou conseguindo."

Os investigadores desconfiam que as conversas trataram da entrega de propinas.

Defesa

Em sua defesa prévia ao Conselho Nacional de Justiça, o magistrado negou interferências do advogado em suas decisões e alegou que não há provas de que tenha recebido propinas. Também afirmou que não foi identificada nenhuma movimentação financeira direta com Zampieri.

O juiz é o principal alvo da 8ª fase da Operação Sisamnes desta quinta. Os policiais federais fazem buscas em três endereços em Mato Grosso para aprofundar a investigação em relação aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações, foi identificado um esquema de lavagem montado para dissimular pagamentos milionários de propinas em troca de decisões judiciais.

Além do sequestro de bens e contas de Amarante e de outros alvos da investigação, até o limite de R$ 30 milhões, o ministro Zanin mandou recolher os passaportes de todos.

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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, endossou os comentários do presidente americano, Donald Trump, e disse que os ataques contra o Irã "foram históricos e de sucesso" e, por isso, os americanos devem celebrar, em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 26.

"Os ataques nos dão a chance de ter paz, um acordo e evitar que Teerã tenha armas nucleares", afirmou. Na ocasião, Hegseth atacou a imprensa e disse que a mídia quer "minar" os feitos americanos, bem como o "quão especial os EUA são por serem os únicos capazes de fazerem isso ofensiva".

"Trump criou as condições para encerrar a guerra entre Irã e Israel", defendeu, ao acrescentar que a conquista do republicano na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - com maiores investimentos em defesa - é "histórico e uma 'mudança no jogo'".

Em um retorno à política nuclear da Guerra Fria, o Reino Unido vai adquirir um esquadrão de jatos dos EUA capazes de carregar bombas atômicas. Serão 12 caças-bombardeiros F-35A, que permitirão aos britânicos retomarem a capacidade de lançar armas nucleares do ar. O anúncio foi feito nesta quarta, 25, pelo governo britânico na cúpula da Otan.

O reforço do poder aéreo, igualando os franceses, facilitará eventuais ações britânicas em caso de crise. O Reino Unido também anunciou que se juntaria à missão nuclear aérea da Otan, com aeronaves equipadas com bombas americanas B61 armazenadas na Europa.

Sete membros da Otan, incluindo Alemanha e Itália, têm aeronaves de dupla capacidade que podem transportar ogivas nucleares americanas. O Reino Unido já opera jatos F-35B, mas eles não estão equipados para lançar armas atômicas. "Pela primeira vez em muitos anos, temos de nos preparar para a possibilidade de o Reino Unido ficar sob ameaça direta, em um cenário de guerra", afirmou o governo britânico, em documento justificando a compra.

A decisão de adicionar uma capacidade nuclear aérea à dissuasão do Reino Unido no mar foi antecipada em uma revisão estratégica de defesa, publicada este mês, liderada por George Robertson, ex-secretário-geral da Otan. O relatório identificou a Rússia como uma ameaça grave e pediu que Londres construísse até uma dúzia de submarinos de ataque e investisse bilhões de libras em armas.

Ameaças

Após décadas de relativa paz na Europa, o exército britânico é atualmente menor do que em qualquer outro momento desde a era napoleônica. O governo está investindo em uma campanha de recrutamento e prometeu usar recursos do orçamento para gastos militares.

"Em uma era de incerteza, não podemos mais considerar a paz como garantida, e é por isso que meu governo está investindo em segurança, garantindo que nossas forças armadas tenham o equipamento necessário", disse o premiê britânico, Keir Starmer.

Com o governo sob forte pressão financeira interna e a população britânica enfrentando pressões contínuas do custo de vida, alguns críticos questionaram como compromissos com gastos militares serão pagos e se eles virão às custas de outras prioridades.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, declarou vitória sobre Israel e disse que seu país "deu um tapa na cara da América". A declaração ocorreu nesta quinta-feira, 26, em sua primeira manifestação pública desde que o cessar-fogo entre os dois países entrou em vigor.

Khamenei falou em vídeo transmitido pela televisão estatal iraniana, na primeira aparição desde o dia 19, parecendo mais cansado do que há apenas uma semana.

Na mensagem, o aiatolá disse que os EUA só intervieram na guerra porque "sentiram que, se não interviessem, o regime sionista seria completamente destruído". Ele acrescentou que os EUA "não obtiveram ganhos com" a guerra.

"A República Islâmica foi vitoriosa e, em retaliação, deu um tapa na cara da América", afirmou, em aparente referência a um ataque iraniano com mísseis a uma base americana no Catar na segunda-feira (23), que não causou vítimas.

Khamenei, de 86 anos, não é visto em público desde que se abrigou em um local secreto após o início da guerra, no dia 13, quando Israel atacou instalações nucleares iranianas e alvejou altos comandantes militares e cientistas.

Após os EUA atacarem três centrais nucleares do Irã, no fim de semana, o presidente americano, Donald Trump, intermediou um acordo de cessar-fogo que entrou em vigor na terça-feira (24). Fonte: Associated Press*.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast