Quem é Carla Zambelli, deputada que deixou o Brasil após condenação pelo STF

Política
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) informou na manhã desta terça-feira, 3, que deixou o Brasil para buscar tratamento médico, e que vai pedir licença não remunerada de seu mandato na Câmara dos Deputados para viver na Europa, onde tem cidadania. O anúncio ocorre dias após Zambelli ser condenada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, além da perda do cargo, pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Considerada uma das apoiadoras mais fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Carla Zambelli foi eleita deputada federal em 2018 pelo Partido Social Liberal (PSL) e reeleita em 2022 pelo Partido Liberal (PL), como a segunda deputada mais votada de São Paulo.

Antes disso, Zambelli foi fundadora do Movimento Nas Ruas, que ganhou notoriedade nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A deputada do PL tem 45 anos e é natural de Ribeirão Preto, São Paulo. Formada em Planejamento Estratégico Empresarial pela Universidade Nove de Julho (Uninove), atuou na área até 2015, quando pediu afastamento da empresa que trabalhava, a KPMG, para tratar um tumor no cérebro.

Além da vida política, a deputada também é registrada na profissão de escritora, tendo lançado o livro Não foi Golpe - Os bastidores da luta nas ruas pelo Impeachment de Dilma, publicado pela LVM Editora, em 2018.

Carla Zambelli condenada no STF

Carla Zambelli foi condenada no dia 14 de maio por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, além da perda do cargo na Câmara dos Deputados, pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto do hacker Walter Delgatti Neto.

No ataque ao sistema do CNJ, em 2023, foi emitido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento falso.

A Polícia Federal (PF) apontou, no relatório da investigação, que documentos apreendidos com a deputada correspondem aos arquivos inseridos pelo hacker no sistema do CNJ, o que para os investigadores comprova que ela participou do ataque. Assim, a PF concluiu que o ataque foi planejado para colocar em dúvida a credibilidade do Poder Judiciário.

Ela pode apresentar embargos de declaração após a publicação do acórdão. O recurso não tem poder de alterar a condenação, mas adia o trânsito em julgado do processo. Eventual prisão precisaria ser autorizada pela Câmara.

A perda de mandato também teria que ser decidida pelos deputados. Porém, a jurisprudência do STF é que se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado, o próprio tribunal pode determinar a medida porque a Constituição prevê que o deputado perderá o mandato se faltar a um terço das sessões. Neste caso, cabe à Mesa Diretora da Câmara apenas declarar a perda de mandato.

Quando houve a formação da maioria pela condenação no dia 9 de maio, a parlamentar divulgou nota na qual externa sua "irresignação" e afirma que houve cerceamento da defesa e "inúmeras nulidades desprezadas". Ela também diz que a condenação é injusta porque não há "provas irrefutáveis e induvidosas".

Durante entrevista concedida ao vivo ao canal do YouTube AuriVerde Brasil na manhã desta terça-feira, 3, Carla disse ter escolhido a Europa como destino para poder atuar pelo fortalecimento da direita nos países da região e "resistir, voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs".

Campanha para arrecadar dinheiro por Pix

Ainda em maio deste ano, após a sentença do STF, Zambelli afirmou ter arrecadado mais de R$ 166 mil em um dia, por meio de doações via Pix feitas por apoiadores e seguidores nas redes sociais.

O dinheiro, segundo a deputada, seria destinado para o pagamento das multas determinadas pelo Supremo.

"Se você acredita na minha luta, se entende que o que está em jogo é muito maior do que uma condenação injusta, me ajude", pediu Zambelli em publicação no Instagram no dia 20 de maio.

Ameaça com arma nas eleições de 2022

Carla Zambelli também responde a outro processo no STF por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

Já há maioria formada para condenar a deputada por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo e cassar o mandato dela, mas o julgamento está suspenso por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

Na entrevista desta manhã, Carla disse ter sido usada como "bode espiatório" pela derrota de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, em especial pelo advogado Fábio Wajngarten. E que o episódio da perseguição a um cidadão de arma em punho na véspera do pleito a afastou do então presidente e a colocou em depressão.

Carla Zambelli anuncia que vai viver na Europa

Durante a entrevista Carla Zambelli ainda anuncia que pretende fazer campanha política durante o tempo em que estará vivendo na Europa. A deputada do PL elogiou a articulação feita pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, onde ele vem se empenhando para tentar influenciar o governo Trump a impor sanções contra autoridades brasileiras. Segundo Zambelli, a atuação de Eduardo é um exemplo do que ela pode fazer na Europa.

"(O trabalho de Eduardo) pode ser feito na Europa também. A (primeira-ministra da Itália, Georgia) Meloni precisa começar a entender o que está acontecendo. A Espanha precisa acordar, que a esquerda está fazendo muito mal no país. O que o (Emmanuel) Macron está fazendo com a França. Eu quero estar nesses lugares todos. Ajudar o Chega em Portugal. O conservadorismo precisa avançar, e o globalismo, a esquerda precisa recuar", declarou.

Zambelli delegou a administração de suas páginas nas redes sociais à mãe, Rita Zambelli. Antes de viajar, ela também emancipou o filho de 17 anos para que ele possa se candidatar nas eleições do ano que vem e herdar o seu espólio eleitoral.

O Estadão procurou o STF, a Procuradoria-Geral da República e a Câmara dos Deputados, mas não recebeu uma resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

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As tensões entre China e Japão voltaram a aumentar após declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, que classificou um eventual ataque chinês a Taiwan como uma "situação de crise existencial" para o Japão, o que poderia justificar o uso de força. A fala de sexta-feira no Parlamento foi interpretada como um desvio da linha tradicional de Tóquio e levou Pequim a apresentar uma "séria representação diplomática".

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Lin Jian afirmou que Takaichi "fez declarações errôneas sobre Taiwan, insinuando a possibilidade de intervenção militar no Estreito de Taiwan". Segundo ele, as palavras da líder japonesa "constituem uma grosseira interferência nos assuntos internos da China" e "violam gravemente o princípio de Uma Só China e os compromissos políticos assumidos por Tóquio". Lin questionou ainda: "O Japão está tentando desafiar os interesses centrais da China e obstruir a grande causa da reunificação nacional?".

A tensão aumentou após o cônsul-geral chinês em Osaka, Xue Jian, publicar - e depois apagar - uma mensagem no X. "Não temos escolha a não ser cortar aquele pescoço sujo que se lançou sobre nós. Estão prontos?", escreveu. O chefe de gabinete japonês, Minoru Kihara, classificou o comentário como "extremamente inapropriado" e informou que o governo "apresentou um forte protesto" a Pequim.

Lin reiterou que Taiwan é parte da China e que a questão da ilha é um assunto puramente interno, que não admite interferência externa. Ele também advertiu que as tentativas de Tóquio de se alinhar a políticos europeus e taiwaneses representam "um desafio à ordem internacional do pós-guerra" e "um grave dano às relações sino-japonesas".

"China será reunificada - e certamente será reunificada", disse Lin. "Exortamos o Japão a cessar imediatamente a interferência, parar de provocar e não seguir cada vez mais pelo caminho errado", concluiu o porta-voz.

*Com informações da Associated Press.

O governo de Donald Trump voltou à Suprema Corte nesta segunda-feira, 10, para tentar manter congelados os pagamentos integrais do programa federal de assistência alimentar (SNAP, na sigla em inglês) enquanto o governo dos Estados Unidos segue paralisado.

O pedido é o mais recente em uma série de disputas judiciais sobre como deve operar o programa que ajuda 42 milhões de americanos a comprar alimentos durante o shutdown. Cortes inferiores já haviam ordenado o repasse integral, e o procurador-geral D. John Sauer confirmou que o governo quer suspender essas decisões, embora tenha citado relatos de que o Congresso pode encerrar o impasse com um acordo que inclua recursos para o SNAP.

Os Estados seguem em dúvida sobre se podem - ou devem - pagar o benefício integral. No fim de semana, o governo exigiu que revertessem pagamentos feitos após decisão que autorizou o repasse total e antes de uma suspensão temporária da Suprema Corte. "O governo cruzou os braços por quase um mês, enquanto pessoas que dependem do SNAP ficaram sem benefícios", criticou a juíza Julie Rikleman, da Corte de Apelações de Boston.

A Suprema Corte manteve até agora o congelamento e deve decidir nesta terça-feira se o estende. O Congresso também pode aprovar um pacote que reabasteça os fundos e reembolse os Estados que usaram recursos próprios.

Alguns alertam para "perturbações operacionais catastróficas" caso não sejam reembolsados, enquanto outros recorrem a fundos estaduais. "Os atrasos aprofundam o sofrimento de crianças, idosos e famílias trabalhadoras", disse Diane Yentel, do Conselho Nacional de Organizações Sem Fins Lucrativos.

O governo Trump alega que a ordem para pagar o benefício integral viola a Constituição por interferir nos poderes orçamentários dos outros ramos. Em Connecticut, o governador Ned Lamont prometeu não reter os valores já pagos: "Estamos do lado das famílias que dependem deles para comer." Fonte: Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou nesta segunda-feira, 10, sua conta na Truth Social para exigir que todos os controladores de tráfego aéreo voltem ao trabalho imediatamente, em meio ao shutdown do governo federal. Na publicação, Trump ameaçou punir os servidores que permanecerem afastados, afirmando que "qualquer um que não o fizer terá o salário substancialmente reduzido (docked, no termo em inglês)".

Ele também prometeu recompensar aqueles que continuaram trabalhando durante o que chamou de "paralisação democrata". Segundo ele, os controladores que foram "GRANDES PATRIOTAS e não tiraram NENHUM DIA DE FOLGA" receberão um bônus de US$ 10 mil.

Trump criticou ainda os funcionários que aderiram à paralisação. "Não estou FELIZ com vocês", escreveu. "Vocês não ajudaram os EUA contra o FALSO ATAQUE DEMOCRATA que só quis ferir nosso país."

Ele acrescentou que esses trabalhadores terão "uma marca negativa" em seus registros e que, caso queiram deixar o serviço, "não hesitem em fazê-lo, sem pagamento ou indenização de qualquer tipo".

O presidente dos EUA concluiu exaltando os que permaneceram em serviço: "Deus abençoe vocês - não conseguirei enviar seu dinheiro rápido o suficiente!", e ordenou: "A todos os outros, APRESENTEM-SE AO TRABALHO IMEDIATAMENTE."

O comentário de Trump ocorre em meio a uma crise crescente no setor aéreo dos Estados Unidos. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) reduziu o número de voos após parte dos controladores, sem salário há semanas, deixar de comparecer ao trabalho.

Segundo o Departamento de Transporte, os cortes devem chegar a 10% dos voos nos principais aeroportos até o fim da semana, e só serão revertidos quando as métricas de segurança melhorarem.