Dino diz não se preocupar com sanções dos EUA e que ministros recebem ataques frequentes

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino disse que eventuais sanções dos EUA contra magistrados da Corte não são uma preocupação. "Ninguém vai deixar de julgar o que tem de julgar por conta de ameaças", afirmou. Ele disse que a "sanção principal" que os ministros sofrem é a pressão psicológica sobre eles e suas famílias. "Eu tenho dois filhos pequenos, eles já assistiram eu ser xingado de todos os palavrões", disse em evento da revista Piauí, em Brasília, nesta terça-feira,3.

A declaração de Dino foi feita após o Bureau of Western Hemisphere Affairs (WHA), órgão do governo de Donald Trump que trata de relações políticas com países ocidentais, ter feito uma publicação em português no X (antigo Twitter) na última quinta-feira, 29. No post, a entidade afirma que "nenhum inimigo da liberdade de expressão dos americanos será perdoado".

Dentre as ameaças americanas de sanções ao Brasil, está também a tentativa de enquadrar o ministro Alexandre de Moraes (STF) na Lei Global Magnitsky, dispositivo utilizado para punir infrações contra os direitos humanos. A lei já foi aplicada contra grupos terroristas, governos autoritários e criminosos que recorrem a lavagem de dinheiro. O chefe do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou, que existem "grandes possibilidades" do governo usar a norma para punir o ministro.

Dino defende participação de ministros em eventos

No mesmo evento, Dino também defendeu as falas públicas de magistrados. "Eu particularmente acho importante, por conta da quadra histórica em que estamos, em que dialogarmos é imprescindível pra falar coisas que não podemos falar no dia a dia", disse.

"A gente não pode se defender. Quando eu era ministro da Justiça, eu chamava uma coletiva", brincou. Para Dino, o problema não é "o fato de ir em evento de empresa, se encontrar com empresário, sindicalista, bispo da igreja católica". Para ele, "a questão não é a existência, é o grau" de proximidade.

Ministro comenta casos que podem ir ao STF

No mesmo evento, Flávio Dino também afirmou que o governo federal teria base jurídica se quisesse acionar a Corte contra a derrubada dos decretos que aumentaram o IOF. "O governo atual até que tenta evitar batalhas no Supremo, vide história do IOF, que juridicamente poderia ir no Supremo, mas aparentemente governo não vai levar".

Nesta terça, 3, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), negou que o anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi um erro do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele afirmou que outras alternativas de arrecadação estão sendo estudadas.

Quando questionado sobre a possibilidade de judicialização do PL do Licenciamento, aprovado pelo Congresso, que flexibiliza as regras liberar empreendimentos com impacto ambiental, Dino disse acreditar que o tema chegará ao Supremo. "No geral, decisões mais graves acabam chegando pela via de um partido político", afirmou. "Certamente vai chegar lá, porque de certa maneira já está", disse o ministro, em referência a outras ações na Corte que já tem como objeto a proteção ao meio ambiente.

Em outra categoria

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.