As principais frases de Carla Zambelli quando anunciou saída do Brasil após condenação do STF

Política
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Condenada por unanimidade no Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão e perda do mandato parlamentar, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse ter deixado o Brasil para viver na Europa. A deputada afirmou que tem sofrido "pressão judicial" e "perseguição política", motivos que a fizeram decidir se mudar e pedir licença não remunerada na Câmara.

Além de condenada por liderar a invasão a sistemas do Poder Judiciário, com emissão de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, Zambelli responde a outro processo na Suprema Corte, por perseguir um homem com uma pistola na véspera do segundo turno das eleições de 2022. O julgamento está suspenso, mas há maioria formada pela condenação por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.

"Gostaria de deixar bem claro que não é um abandono do País. Não é desistir da minha luta, muito pelo contrário. É resistir. É poder continuar falando o que quero falar. É voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs", disse a deputada em entrevista ao vivo ao canal do YouTube AuriVerde Brasil, nesta terça-feira, 2.

Como medidas antes de deixar o País, Zambelli afirmou que delegou a administração de suas páginas nas redes sociais à mãe, Rita Zambelli, e emancipou o filho de 17 anos. A deputada planeja que ambos concorram às eleições e herdem seu espólio eleitoral: a mãe para o cargo de deputada federal no próximo ano, e o filho para vereador de São Paulo. Veja a seguir os principais destaques da entrevista.

Urnas eletrônicas

Repetindo as acusações sem provas que embasaram a tentativa de golpe de Estado de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, a qual é réu no STF, Zambelli afirmou que as urnas eletrônicas no Brasil "não são confiáveis". A Justiça Eleitoral tem mecanismos de proteção e integridade do sistema de votação brasileiro e já reafirmou, mais de uma vez, a segurança do processo de votação brasileiro.

"Não dá para a gente acreditar em urnas eletrônicas. As urnas não são confiáveis. E eu não podia falar essa frase estando no Brasil. Porque eu seria cassada e perseguida mais ainda. Aqui fora posso falar", disse, citando que esse teria sido um dos motivos que fez Bolsonaro perder as eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

'Narrativa para me afastar de Bolsonaro'

A deputada também afirmou ter sido usada como "bode expiatório" pela derrota de Bolsonaro em 2022, e que advogado Fábio Wajngarten, então assessor dele, foi o principal responsável pela difamação, se referindo ao episódio em que perseguiu um homem apontando uma pistola para ele na véspera da eleição.

"A gente percebeu que eles criaram uma narrativa para me afastar do Bolsonaro, para a direita ver só uma parte daquele episódio (perseguição com arma). Hoje, quando a direita vê o episódio todo... Aí, sim, a gente vê que as pessoas concordariam comigo. Mas aí a narrativa já foi criada, a depressão já tinha acontecido, o afastamento entre mim e o Bolsonaro já tinha acontecido também. E ele já tinha sido contaminado pelo Fábio Wajngarten, que foi a pessoa que ficou ali no ouvido dele o tempo todo, falando 'você perdeu por causa da Carla'."

Vídeos de diferentes ângulos mostram o momento em que Zambelli apontou uma arma para um homem e o perseguiu junto com seus seguranças no bairro Jardins, em São Paulo. Uma das gravações mostra que ela chegou a cair no chão e, depois, correu atrás do homem.

Um tiro é disparado e pode ser ouvido, mas nesse momento a deputada não estava com a arma em mãos. Em sua defesa, ela afirmou que só teve a conduta de sacar a pistola e apontar para o homem para defender o filho adolescente.

Supremas Cortes pelo mundo 'afogando pessoas conservadoras'

Sobre seus planos de atuação nos países europeus, Zambelli afirmou que existe um "movimento mundial" de Supremas Cortes "tentando entrar no Legislativo e no Executivo, para afogar as pessoas conservadoras".

A deputada foi questionada pelo entrevistador se pretendia fazer denúncias especialmente em Portugal, país onde o ministro Gilmar Mendes teria "grandes negócios", sem citá-lo nominalmente, recebendo resposta afirmativa da deputada.

"Vou procurar as autoridades em Portugal para que a gente possa falar sobre os ministros que têm tirado dinheiro do nosso País, levado para outros países, para poderem ser recebidos como reis nesse país, porque não conseguem mais viver nas ruas do Brasil. Estão vivendo em prisão domiciliar, porque não conseguem sair de suas casas."

'STF foi meu tiro'

Zambelli também comparou o atentado sofrido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a campanha eleitoral no ano passado, em que levou um tiro de raspão no rosto, e a facada levada por Bolsonaro em 2018, aos processos aos quais responde na Suprema Corte.

"O tiro do Trump, a facada do Bolsonaro, eu diria que o STF foi meu tiro. O Alexandre de Moraes, o Gilmar Mendes, que foi relator do meu outro caso, esses 15 anos de prisão que eles me deram, quando eles achavam que eu ia deixar de dar frutos e virar cinzas, é quando eles menos esperaram, porque é daqui que vão nascer novos frutos, é daqui que vão nascer novas ações, e eu vou denunciar, sim."

Parlamento 'agachado' e Flávio Dino 'quer executar emendas do jeito dele'

A deputada criticou a atuação do ministro Flávio Dino, do STF, a frente de processos que questionam o chamado "orçamento secreto", esquema revelado pelo Estadão em maio de 2021, e as "emendas Pix". Os dois são repasses de dinheiro público sem transparência por deputados e senadores.

"O Parlamento não tem sido mais o que a gente espera, tem ficado agachado. E não é por falta de coragem dos nossos parlamentares. Mas é porque o que eles fazem é desfeito no STF. E a Suprema Corte não é um supremo legislativo. A Suprema Corte hoje, ela executa, ela cria leis, ela julga leis, ela faz tudo, está fazendo papel de executivo. Por exemplo, o ministro (Flávio) Dino, quando nos impõe a questão das emendas parlamentares, que está na Constituição, que funcionava, ele está querendo executar as emendas do jeito dele."

Fazer na Europa o que Eduardo está fazendo nos EUA

A deputada afirmou que foi questionada sobre ter escolhido o continente europeu e não os Estados Unidos para fugir da Justiça, respondendo que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) "já está fazendo um trabalho exemplar" no país americano, onde está desde março buscando sanções contra Moraes.

"Quero ombrear com o Eduardo essa luta. Ele tem feito um trabalho maravilhoso", afirmou.

A atuação do filho "03", que tenta reverter a situação do pai, réu na Suprema Corte, já rendeu uma investigação na Polícia Federal sobre eventual coação no curso do processo do golpe, entre outros crimes.

Zambelli não revelou em qual país vai morar, apenas que possui cidadania europeia, que fala inglês, espanhol, e que pretende melhorar seu italiano.

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O supertufão Fung-wong, o maior a ameaçar às Filipinas este ano, começou a atingir a costa nordeste do País neste domingo, 9, forçando mais de um milhão de pessoas a deixar regiões de alto risco - incluindo Bicol, região costeira vulnerável a ciclones e fluxos de lama do Mayon, um dos vulcões mais ativos do país -por recomendação da Defesa Civil.

Com uma faixa de chuva e vento de 1.600 quilômetros de largura, o tufão se aproximou do Pacífico e ameaça cobrir dois terços do arquipélago, enquanto a população ainda lida com a devastação causada pelo tufão Kalmaegi, que deixou pelo menos 224 mortos na última terça-feira, 4.

O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., declarou estado de emergência devido à extensa devastação causada pelo Kalmaegi e à calamidade esperada com a chegada de Fung-wong. Com a aproximação do tufão, diversas regiões do leste do país ficaram sem energia elétrica.

Fung-wong foi avistado por meteorologistas na manhã deste domingo, 9, sobre as águas costeiras perto da cidade de Pandan, na província de Catanduanes, no leste do país; segundo especialistas, o tufão tem ventos de até 185 km/h e rajadas de até 230 km/h.

A previsão é de que ele siga para noroeste e atinja a costa da província de Aurora ou Isabela no final de domingo ou início de segunda-feira, 10, segundo informações dos meteorologistas.

Ciclones tropicais com ventos sustentados de 185 km/h ou mais são classificados nas Filipinas como supertufões, uma designação adotada para enfatizar a urgência associada a distúrbios climáticos mais extremos.

"A chuva e o vento estavam tão fortes que a visibilidade era quase nula", disse Roberto Monterola, oficial de mitigação de desastres de Catanduanes, à Associated Press. Segundo ele, ainda não há relatos de vítimas.

Apesar dos apelos para que os moradores evacuassem as áreas propensas a desastres no sábado, 8, alguns permaneceram em suas casas. "Nossa equipe resgatou 14 pessoas que estavam presas no telhado de uma casa inundada", disse Monterola. "Um pai também ligou em pânico, dizendo que o telhado de sua casa estava prestes a ser arrancado pelo vento. Nós o salvamos, juntamente com quatro familiares."

O secretário de Defesa, Gilberto Teodoro Jr., que supervisiona as agências de resposta a desastres e as forças armadas do país, alertou sobre o impacto potencialmente catastrófico do tufão Fung-wong em um pronunciamento televisionado. Ele afirmou que a tempestade poderia afetar uma vasta área do País, incluindo Cebu, a província central mais atingida pelo tufão Kalmaegi, e a região metropolitana de Manila, a capital densamente povoada, sede do poder e centro financeiro do país.

Mais de 30 milhões de pessoas podem estar expostas aos riscos representados pelo tufão, segundo o Escritório de Defesa Civil. Teodoro pediu à população que seguisse as ordens das autoridades para se afastar imediatamente de vilarejos e cidades propensas a enchentes: "Precisamos fazer isso porque, quando já está chovendo ou o tufão atinge a região e as inundações começam, é difícil resgatar as pessoas", disse.

As Filipinas não solicitaram ajuda internacional após a devastação causada pelo tufão Kalmaegi, mas Teodoro afirmou que os Estados Unidos, aliado de longa data do País, e o Japão estavam prontos para prestar assistência.

As autoridades das províncias do norte, que seriam atingidas lateralmente pelo tufão, decretaram o fechamento de escolas e da maioria dos órgãos governamentais na segunda, 10, e terça-feira, 11. Pelo menos 325 voos domésticos e 61 internacionais foram cancelados e mais de 6.600 passageiros e trabalhadores de carga ficaram retidos em mais de 100, onde a guarda costeira proibiu a navegação em mar agitado.

As Filipinas são atingidas por cerca de 20 tufões e tempestades por ano. O País também sofre com terremotos e possui mais de uma dúzia de vulcões ativos, o que o torna um dos países mais propensos a desastres naturais no mundo.

O grupo terrorista Hamas anunciou que entregará, na tarde deste domingo, 9, o corpo de um soldado israelense morto em 2014 e que vinha sendo mantido em Gaza desde então. Seus restos mortais são os únicos ainda retidos em Gaza desde antes da mais recente guerra de dois anos entre Israel e o Hamas.

A devolução do corpo do soldado, Hadar Goldin, seria um avanço significativo na trégua mediada pelos Estados Unidos e encerraria uma dolorosa saga de 11 anos para seus pais, que lideraram uma campanha - junto com a família de outro soldado cujo corpo também foi levado em 2014 - para trazer o filho de volta e sepultá-lo em Israel.

Segundo o anúncio, o Hamas afirmou ter encontrado o corpo de Goldin em um túnel na cidade mais ao sul do enclave, Rafah, no sábado, 8. Goldin foi morto em 1º de agosto de 2014, duas horas depois de um cessar-fogo entrar em vigor, encerrando a guerra daquele ano entre Israel e o Hamas.

A mídia israelense, citando autoridades anônimas, relatou que o Hamas estava adiando a liberação do corpo de Goldin na tentativa de negociar uma passagem segura para mais de 100 militantes cercados pelas forças israelenses e presos em Rafah.

Gila Gamliel, ministra da Ciência e Tecnologia e integrante do partido Likud, do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, disse à rádio do Exército que Israel não está negociando um "acordo dentro do acordo".

"Existem acordos cuja implementação é garantida pelos mediadores, e não devemos permitir que ninguém venha agora brincar (com isso) e reabrir o acordo", disse ela.

O Hamas não fez comentários sobre uma possível troca envolvendo seus combatentes presos na chamada "zona amarela", controlada pelas forças israelenses, embora tenha reconhecido que há confrontos ocorrendo ali.

Goldin é um dos cinco corpos de reféns mortos que ainda permanecem em Gaza. Como parte do acordo de trégua mediado pelos Estados Unidos, espera-se que os terroristas devolvam todos os restos mortais dos reféns.

O presidente israelense, Isaac Herzog, confirmou que Israel esperava a liberação do corpo de Goldin à tarde. Herzog fez a declaração durante o elogio fúnebre no enterro do sargento Itay Chen, um soldado americano-israelense morto em 7 de outubro de 2023, cujo corpo permaneceu em Gaza até ser devolvido pelos militantes na semana passada.

Desde o início do cessar-fogo, no mês passado, os militantes já devolveram os restos mortais de 23 reféns. Para cada refém israelense devolvido, Israel tem liberado os corpos de 15 palestinos.

Ahmed Dheir, diretor de medicina forense do Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, afirmou que os restos mortais de 300 pessoas já foram devolvidos, dos quais 89 foram identificados.

A guerra começou com o ataque liderado pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, quando 251 pessoas foram sequestradas e 1,2 mil morreram em Israel, a maioria civis.

No sábado, o Ministério da Saúde de Gaza informou que o número de palestinos mortos no enclave chegou a 69.169. O ministério, que faz parte do governo administrado pelo Hamas e é composto por profissionais de saúde, mantém registros detalhados considerados geralmente confiáveis por especialistas independentes.

Em 2014, o exército israelense concluiu, com base em evidências encontradas no túnel onde o corpo de Goldin foi levado, que ele havia sido morto no ataque.

No início deste ano, a família de Goldin marcou 4 mil dias desde que o corpo foi levado. O exército israelense recuperou o corpo de outro soldado morto na guerra de 2014 também neste ano.

A Bolívia e os Estados Unidos normalizarão suas relações diplomáticas e em breve trocarão embaixadores, anunciaram o novo presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, e o subsecretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau.

Ambos reuniram-se após a cerimônia de posse de Paz, na Bolívia, e anunciaram o início de uma nova era nas relações diplomáticas entre os dois países. "É inusitado que não tenhamos tido embaixadores. É um passo importante e espero que possamos anunciá-los muito em breve", disse Landau, o diplomata americano de mais alto escalão que viajou ao país nos últimos anos.

O último embaixador norte-americano na Bolívia foi expulso em 2008 pelo então presidente boliviano Evo Morales, que acusou suposta espionagem interna e depois retirou do país a Administração de Repressão às Drogas (DEA, na sigla em inglês) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, também na sigla em inglês).

Landau, que foi embaixador de seu país no México, anunciou ainda que Washington está disposto a cooperar em vários campos com o novo governo boliviano. "O presidente Paz expressou seu interesse em manter uma boa relação com os Estados Unidos. De forma recíproca também queremos boas relações e estou certo de que assim o faremos", afirmou.

Paz, por sua vez, abriu a possibilidade de um possível retorno à DEA. "Todas as instituições não só dos Estados Unidos, mas de países fronteiriços que queiram trabalhar com a Bolívia para fazer um país mais seguro contra ilícitos, estarão e nós estaremos vinculados a essas nações", disse em coletiva de imprensa conjunta.

Na semana passada, antes de assumir o cargo, Paz viajou aos Estados Unidos para se reunir com organizações financeiras internacionais e buscar apoio para tirar seu país da pior crise econômica em quatro décadas.

Durante o governo de Morales (2006-2019) e de Luis Arce (2020-2025), a Bolívia se desvinculou dos Estados Unidos para fazer parte da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) junto a Cuba, Nicarágua e Venezuela, cujo bloco suspendeu este país andino após as aproximações de Paz com Washington.