Entidades vão ao STF contra uso de 'emendas paralelas' pela câmara

Política
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As organizações Transparência Brasil, Transparência Internacional e Associação Contas Abertas pediram nesta quinta-feira, 5, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o bloqueio do pagamento das chamadas "emendas parlamentares paralelas". Segundo as entidades, esse tipo de emenda soma R$ 8,51 bilhões e apresenta "falhas de transparência e rastreabilidade".

O documento encaminhado ao ministro do STF Flávio Dino compara os mecanismos utilizados no Orçamento da União de 2025 à prática do chamado "orçamento secreto" adotado no governo Bolsonaro, e revelado pelo Estadão. A crítica das entidades recai sobre a possibilidade de parlamentares direcionarem recursos públicos sem transparência quanto à origem ou finalidade específica das verbas.

Segundo o texto, o orçamento da gestão atual, principalmente no que se refere as emendas de bancadas, contém "mecanismo similar ao chamado orçamento secreto, estruturado por meio de emendas de comissão 'paralelas'", prática que foi declarada inconstitucional pelo STF.

'Rateio'

No documento, as entidades detalharam a preocupação com a prática do "rateio", que já foi observada em 2024. O "rateio" ocorre quando uma única emenda parlamentar beneficia dezenas de municípios e instituições diferentes, pulverizando os recursos sem a devida transparência.

O texto cita exemplos de como esse recurso foi utilizado em diversos estados, onde valores originalmente destinados a um projeto específico foram distribuídos entre múltiplos beneficiários, de forma genérica, sem transparência sobre os critérios adotados.

Um exemplo citado é o da bancada de Goiás, que destinou R$ 92 milhões a um projeto genérico de "desenvolvimento sustentável". Os recursos acabaram sendo usados para uma série de ações pouco relacionadas entre si - como a compra de microtratores, kits de corte e costura e serviços administrativos.

Tal procedimento dificulta o acompanhamento e a fiscalização dos recursos, configurando, conforme o texto, uma "instrumentalização do mecanismo de emendas do Relator para a introdução, no orçamento, de novas programações e despesas de caráter primário".

Acompanhamento

As entidades também apontam que os dados dessas emendas não estão sendo lançados de forma clara nos sistemas usados para acompanhar os gastos públicos, o que impede o controle social. Segundo elas, isso fere a Lei Complementar n.º 210/2024, que exige que cada emenda tenha um identificador específico no orçamento, justamente para facilitar o acompanhamento pelos órgãos de controle e pela sociedade. Também requerem que o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento sejam intimados a apresentar estimativas atualizadas e projeções sobre o impacto fiscal das emendas parlamentares no Orçamento da União, para assegurar maior transparência e controle das contas públicas.

Inquérito

As entidades pedem ainda abertura de um inquérito para investigar a denúncia relacionada ao "novo Orçamento Secreto no Ministério da Saúde", com a intimação de todos os envolvidos para que prestem esclarecimentos sobre a gestão e destinação desses recursos.

Dino é relator de ação sobre transparência

O ministro Flávio Dino é relator de uma ação que contesta a falta de transparência nas emendas de comissão, no STF. O ministro ainda não respondeu o ofício enviado pelas entidades.

Os dados que sustentam o pedido, publicados pelo portal do Estadão no começo da semana, são da ONG Transparência Brasil. O Palácio do Planalto, a Câmara e o Senado foram procurados, mas não responderam.

As emendas paralelas se misturam aos gastos do governo federal e não são identificadas como de autoria de parlamentares, embora tenham como origem as comissões temáticas da Câmara, do Senado e do Congresso. Essas comissões já tinham o poder de movimentar R$ 11,5 bilhões no Orçamento da União. Com o recurso "paralelo" extra, o volume de emendas de comissão alcança o maior patamar desde 2020, com R$ 20 bilhões.

"Embora direcionadas por parlamentares, elas (as emendas paralelas) poderão se misturar aos demais gastos do governo federal identificados como RP 2 (gastos discricionários do Executivo) e RP 3 (gastos com o PAC), caso o Executivo não estabeleça uma forma de rastreá-los. A prática contraria frontalmente as determinações do STF sobre o tema e se configura como mais uma nova versão do orçamento secreto", destaca a Transparência Brasil.

O fato de o novo dispositivo ter sido viabilizado por acordo do Legislativo com o Executivo é "um agravante", na avaliação da entidade, e "um escárnio com a demanda da sociedade por mais transparência nos gastos públicos".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Membros da Guarda Nacional do Texas foram vistos nesta terça-feira, 7, em um centro de treinamento militar em Illinois, no sinal mais claro até agora do plano do governo norte-americano Donald Trump de enviar tropas para a região de Chicago, apesar da oposição de autoridades locais e de uma ação judicial em curso. Os militares exibiam o emblema da Guarda Nacional texana.

O governador de Illinois, JB Pritzker, acusou Trump de usar as tropas como "peões" e "instrumentos políticos", enquanto o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, criticou a falta de cooperação da Casa Branca. O Estado e a cidade processaram o governo federal, alegando que a medida faz parte de uma "guerra" declarada por Trump contra Chicago e Illinois. Um juiz deu dois dias ao governo para responder, com audiência marcada para quinta-feira.

A mobilização reacende tensões com governadores democratas. No Oregon, um juiz bloqueou o envio de tropas a Portland. Trump tem retratado as grandes cidades como "zonas de guerra" e ameaçou acionar a Lei da Insurreição, que autoriza o uso de militares da ativa em Estados que desafiam ordens federais.

Em Chicago, a presença de agentes armados da Patrulha de Fronteira e prisões em áreas latinas aumentaram o temor entre moradores. Johnson assinou uma ordem proibindo o uso de propriedades municipais em operações migratórias.

Apesar do discurso do governo, dados policiais mostram queda da criminalidade: os homicídios recuaram 31% em Chicago e 51% em Portland. Desde o início do segundo mandato, Trump já enviou ou cogitou enviar tropas a dez cidades americanas, incluindo Los Angeles e Washington. Fonte: Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast

A crise política detonada na França pela renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu se agravou nesta terça-feira, 7, com um aumento das críticas ao presidente Emmanuel Macron dentro de seu próprio grupo político. Dois ex-premiês que serviram no gabinete do presidente o criticaram em meio à pressão para que ele convoque novas eleições legislativas ou renuncie ao cargo.

Um deles, Édouard Philippe, afirmou Macron deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês deveria dizer "que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses é considerado tempo demais e isso prejudicaria a França".

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

Renúncia do primeiro-ministro

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

O início da crise

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional por determinação de Macron, o que desencadeou novas eleições.

Após o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento europeu, Macron calculou que a votação lhe beneficiaria diante de um temor do avanço radical.

O primeiro turno da eleição, no entanto, teve um resultado contrário e o presidente teve de se aliar à Frente Ampla de esquerda para derrotar a direita radical.

Após a vitória, no entanto, Macron se recusou a incluir a esquerda na coalizão de governo, o que fragilizou seu governo.

Repleto de oponentes de Macron, os parlamentares derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

*Com informações da Associated Press.

O ex-primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou nesta terça-feira, 7, que o presidente francês, Emmanuel Macron, deveria convocar eleições presidenciais antecipadas e renunciar após a Assembleia Nacional aprovar o orçamento para 2026.

Philippe, que foi o primeiro premiê de Macron depois que ele chegou ao poder em 2017, disse que o presidente francês "deveria dizer que não podemos deixar que o que temos vivido nos últimos seis meses se prolongue. Mais 18 meses seriam tempo demais e prejudicariam a França".

Macron já havia dito anteriormente que cumprirá seu segundo e último mandato presidencial até o fim.

O presidente francês também foi criticado pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que manifestou seu descontentamento com a decisão de Macron de dissolver a Câmara dos Deputados em junho de 2024 - a raiz da crise atual.

"Como muitos franceses, não compreendo mais as decisões do presidente", disse Attal à emissora TF1 na segunda-feira, 6.

A turbulência política tomou conta da França há mais de um ano, a partir da dissolução da Assembleia Nacional que desencadeou novas eleições. O resultado foi um Parlamento repleto de oponentes de Macron, que derrubaram seus governos minoritários, um após o outro.

Renúncia do primeiro-ministro

A última crise começou com a renúncia, na segunda-feira, 6, do primeiro-ministro Sébastien Lecornu - o quarto primeiro-ministro de Macron desde a dissolução, depois de Attal, Michel Barnier e François Bayrou.

Depois de aceitar a demissão de Lecornu, Macron deu ao seu aliado mais 48 horas para "negociações finais" com a intenção de tentar estabilizar o país antes de decidir seus próximos passos.

Lecornu se reuniu nesta terça-feira com autoridades da chamada Socle Commun (Plataforma Comum), uma coalizão de conservadores e centristas que havia fornecido uma base de apoio, embora instável, aos primeiros-ministros de Macron antes de se desintegrar, quando Lecornu nomeou um novo gabinete na noite de domingo, 5.

O novo governo então entrou em colapso menos de 14 horas depois, quando O conservador Bruno Retailleau retirou seu apoio.

*Com informações da Associated Press