Zika vírus, conta de luz e agrotóxicos: os 12 vetos de Lula derrubados pelo Congresso

Política
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Em sessão do Congresso Nacional nesta terça-feira, 17, parlamentares votaram e derrubaram 12 vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na prática, isso faz com que os itens excluídos pelo presidente sejam recuperadas e passem a ter força de lei.

Entre os vetos com itens derrubados, estão o que negava indenização para crianças com microcefalia, vítimas do Zika vírus, cujo projeto foi vetado integralmente por Lula. Outro veto derrubado pelos congressistas havia barrado a criação da Taxa de Avaliação e de Registro para agrotóxicos.

Os congressistas decidiram adiar a análise de 30 vetos. Na lista, estão dispositivos sobre a lei de diretrizes orçamentárias de 2025, o contingenciamento de emendas parlamentares não impositivas, o marco das eólicas offshores e a renegociação das dívidas dos Estados.

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre deu 25 dias para que os parlamentares costurem um acordo com o governo federal sobre os vetos adiados. Caso não haja acordo, os dispositivos serão decididos pelo voto antes de 17 de julho, disse o presidente do Senado.

Saiba quais são os itens vetados por Lula e que passarão a vigorar em forma de lei:

Pensão às vítimas de Zika vírus

O projeto vetado integralmente pelo presidente garante indenização de R$ 50 mil e pensão vitalícia no teto estipulado pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), que hoje é de R$ 7.786,02, às vítimas de microcefalia causada pelo Zika vírus.

O argumento do governo é o de que a "proposição legislativa contraria o interesse público, pois cria despesa obrigatória de caráter continuado e benefício tributário e amplia benefício da seguridade social, sem a devida estimativa de impacto orçamentário e financeiro".

Tributações de fundos de investimentos

O veto sobre tributação dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagros), dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e de fundos patrimoniais foram derrubados. Com a decisão, esses fundos não pagarão Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS).

O governo havia argumentado que a exclusão dos fundos na tributação era inconstitucional.

Compra de energia do Proinfa

Foram derrubados trechos do veto de Lula sobre a prorrogação de contratos de compra de energia do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o que na prática, deve encarecer a conta de luz.

Além disso, vetos sobre a contratação de capacidade e energia associada de hidrelétricas, sobre a contratação de energia proveniente de hidrogênio líquido e eólicas e ainda adiamento da contratação de energia e compensação de montantes previstos para contratação, também foram derrubados pelos congressistas.

Taxa de registro de agrotóxicos

O veto derrubado pelos congressistas havia barrado a criação da Taxa de Avaliação e de Registro para agrotóxicos. Com a decisão, a taxa será criada e caberá ao Poder Executivo regulamentá-la. O valor arrecadado será destinado ao Fundo Federal Agropecuário (FFAP), que tem o objetivo de estimular o setor e que, atualmente, não tem recursos previstos no Orçamento.

Energia offshore

Os congressistas analisam somente oito itens do veto 03/2025 do presidente acerca do marco regulatório de energia eólica em alto mar (offshore). Ao todo, Lula vetou 25 itens do texto. Com a derrubada, benefícios a pequenas centrais hidrelétricas voltam a valer.

Transição energética

Parlamentares rejeitaram vetos para permitir que empresas que fabricam baterias recebam benefícios tributários do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays (Padis). Também foram retomados, com a derrubada, benefícios do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) para produção de veículos movidos a biometano, biogás, etanol e gás natural.

Fundo partidário em LDO 2025

O veto se referia ao trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 que prevê que as dotações do Fundo Partidário correspondam ao valor da lei orçamentária de 2016 e sejam corrigidas pela variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Ao vetar o trecho, o governo federal havia alegado que a proposição "contraria o interesse público, pois majora o montante do Fundo Partidário e comprime o valor das demais despesas da Justiça Eleitoral". Na prática, a derrubada do veto aumenta o fundo partidário em R$ 164,8 milhões.

Licitações

Parte dos vetos a alterações na Lei de Licitações e Contratos Administrativos foi derrubada. O veto do presidente dizia respeito a valores de convênios e acordos celebrados pela administração pública, que, com a derrubada, poderão ser passados integralmente em parcela única.

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Pesquisa em seres humanos

Foram derrubados os dois dispositivos do veto presidencial na lei que regulamentou a pesquisa clínica com seres humanos. Um dos trechos vetados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigia a comunicação ao Ministério Público sobre a participação de indígenas nas pesquisas. O governo havia argumentado que a obrigatoriedade feria o princípio de isonomia. Com a derrubada do veto, a exigência passará a valer.

O governo defendia que medicamentos experimentais deveriam ser fornecidos aos participantes de pesquisas por tempo indeterminado, independentemente de sua disponibilidade comercial pela iniciativa privada. Com a derrubada do veto, o prazo fixado será de cinco anos.

Atividades espaciais brasileiras

O veto de Lula na lei que regulamenta as atividades espaciais brasileiras tratava das concessões de licenças ambientais. O texto previa que tal processo de licenciamento deveria observar regras técnicas e a legislação ambiental e que a conclusão das ações deveria ocorrer em até 60 dias, prorrogáveis por mais 60.

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou em sua conta no X que a segurança nuclear na Ucrânia permanece extremamente precária durante o conflito militar entre Rússia e Ucrânia.

Duas centrais nucleares em operação - Khmelnitskyy e Rivne - tiveram que reduzir a produção de eletricidade após um ataque noturno a uma subestação elétrica crucial para a segurança nuclear.

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*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

As negociações de paz entre Paquistão e Afeganistão em Istambul terminaram sem acordo. Os lados trocam acusações pelo colapso das negociações, destinadas a aliviar as tensões na fronteira e manter um cessar-fogo, disseram autoridades hoje.

As tensões aumentaram nas últimas semanas após combates na fronteira que mataram dezenas de soldados e civis. A violência eclodiu após explosões em Cabul em 9 de outubro, que o governo talibã do Afeganistão disse terem sido ataques de drones realizados pelo Paquistão e sobre os quais prometeu vingança. Os confrontos diminuíram depois que o Catar mediou um cessar-fogo em 19 de outubro, que permanece tenuamente em vigor.

Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo talibã, culpou o Paquistão pelo fracasso das negociações, escrevendo no X que "a atitude irresponsável e não cooperativa da delegação paquistanesa resultou em nenhum resultado, apesar das boas intenções do Emirado Islâmico e dos esforços dos mediadores."

Mujahid reiterou que o Afeganistão "não permitirá que ninguém use seu território contra outro país, nem permitirá ações que minem sua soberania ou segurança."

As negociações de dois dias em Istambul, mediadas pela Turquia e Catar, foram a terceira rodada de negociações de paz vistas como um dos esforços diplomáticos mais significativos entre os dois vizinhos desde que o Talibã tomou o poder no Afeganistão em 2021. Apesar da intensa diplomacia nos bastidores, autoridades disseram que as discussões estagnaram na noite de sexta-feira sem progresso tangível.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, disse ao canal privado Geo News na noite de sexta-feira que as "negociações terminaram" e que a delegação paquistanesa estava voltando para casa "sem plano para futuras reuniões." Ele acrescentou que o cessar-fogo permaneceria em vigor enquanto "não for violado pelo lado afegão."

O Paquistão acusou repetidamente os governantes talibãs do Afeganistão de abrigar o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), um grupo militante responsável por um aumento nos ataques dentro do Paquistão desde 2021. Cabul nega a acusação, dizendo que não permite que seu território seja usado contra outros países.

Confrontos continuam

O colapso das negociações ocorreu na noite de ontem após autoridades afegãs relatarem que quatro civis foram mortos e cinco outros feridos em confrontos transfronteiriços, apesar das negociações em andamento.

Asif disse que a delegação afegã veio "sem nenhum programa" e se recusou a assinar um acordo por escrito, insistindo apenas em garantias verbais. "Eles disseram que respeitariam um acordo verbal, mas não há espaço para isso", disse ele. "Não há plano ou esperança para uma quarta rodada de negociações. As negociações entraram em pausa indefinida."

No início deste mês, o exército do Paquistão disse ter realizado ataques aéreos nos esconderijos do Talibã paquistanês dentro do Afeganistão, matando dezenas de pessoas descritas como insurgentes. Autoridades afegãs negaram a alegação, dizendo que civis estavam entre os mortos, e disseram que as forças afegãs atingiram postos militares paquistaneses em retaliação, matando 58 soldados. O exército do Paquistão reconheceu a perda de 23 tropas nos combates.

A violência levou o Catar a convidar delegações de ambos os lados para Doha, onde concordaram com um cessar-fogo em 19 de outubro. Isso foi seguido por seis dias de negociações em Istambul, que resultaram em um acordo para estender a trégua e realizar uma terceira rodada em 6 e 7 de novembro - negociações que, em última análise, não produziram nenhum avanço.

Desde então, o Paquistão manteve todos os seus pontos de passagem de fronteira com o Afeganistão fechados, embora tenha reaberto parcialmente a principal passagem de Torkham para permitir que refugiados afegãos retidos retornassem para casa. /Associated Press

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.