Comissão da Câmara critica Itamaraty por nota condenando ataques dos EUA ao Irã

Política
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A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados criticou a postura do Itamaraty ao condenar os ataques dos Estados Unidos ao Irã. Segundo a comissão, a nota divulgada neste domingo, 22, republicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é "lamentável".

Nas redes sociais, o Itamaraty classificou os ataques recentes de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares iranianas como uma "violação da soberania" do Irã e do direito internacional. O ministério afirmou que os ataques "representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala".

Para a comissão presidida pelo deputado Filipe Barros (PL-PR), a postura do Itamaraty reflete um alinhamento do Brasil com o Irã. O deputado criticou o posicionamento brasileiro justificando que o ataque dos EUA foi "corajoso e necessário", visto que a destruição do programa nuclear iraniano era "desejado por boa parte do mundo".

"O Brasil atual tem sido muito diligente quando é para condenar Israel e os EUA, mas extremamente omisso quando o assunto é reconhecer como terroristas, organizações financiadas pelo Irã, além do próprio regime que defende publicamente a destruição do Estado de Israel", afirmou a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.

Segundo o presidente da comissão, a próxima reunião deliberativa do colegiado pautará uma moção de apoio e solidariedade a Israel. "É lamentável esta postura que rompe com uma tradição de elevada neutralidade", disse o deputado.

Além disso, Filipe Barros também apresentou um requerimento para que seja realizada uma audiência pública sobre as denúncias de sumiço de urânio do Brasil.

Nas últimas semanas, publicações circularam nas redes sociais sugerindo que o Brasil forneceu urânio para que o Irã produzisse ogivas nucleares. Os conteúdos fazem a acusação citando o episódio em que dois navios iranianos atracaram no Rio de Janeiro em 2023. Como mostrou o Estadão Verifica, equipe de checagem de fatos do jornal, a informação é falsa.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pelo programa nuclear brasileiro, afirmou, no entanto, que nunca houve exportação de urânio para o Irã. A empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que explora o material no País, também nega que o Irã seja um de seus clientes. A INB fornece urânio principalmente para a Eletronuclear, uma empresa nacional de fornecimento de energia.

A Constituição Federal e o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) - do qual o Brasil é signatário desde 1998 - proíbem a exploração do urânio para fins bélicos.

Na nota publicada pelo governo brasileiro neste domingo, 22, o Itamaraty afirmou que a posição histórica do Brasil é de que a energia nuclear deve ser usada "somente para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio".

Os ataques à usina iraniana foram motivados por acusações dos Estados Unidos e de Israel de que o governo iraniano estaria desenvolvendo secretamente armas nucleares.

A campanha de ataque ao Irã começou após um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) identificar níveis elevados de enriquecimento de urânio nas instalações nucleares iranianas.

O país persa afirma, por sua vez, que não viola os acordos internacionais e que se trata de uma tentativa das forças israelenses e norte-americanas de derrubar o regime Khamenei.

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A China pediu nesta quinta-feira, 13, que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, retire suas declarações sobre Taiwan ou o Japão irá assumir "todas as consequências". Na última semana, Sanae afirmou que um ataque chinês a Taiwan poderia representar uma "ameaça à sobrevivência". Segundo a primeira-ministra, a ação poderia gerar uma resposta militar de Tóquio.

Em uma publicação no X (antigo Twitter), o porta-voz do Ministérios das Relações Exteriores da China, Lin Jian, classificou os comentários como "provocativos" e exigiu uma retratação da primeira-ministra.

A fala de Sanae, segundo Jian, viola gravemente "o princípio de uma só China, os princípios orientadores estabelecidos nos quatro documentos políticos China-Japão e as normas básicas das relações internacionais", sendo uma interferência nos assuntos internos do país chinês. "A China se opõe firmemente e não tolerará de forma alguma tais declarações", afirmou.

"Nossa mensagem ao Japão é clara: o Japão deve se arrepender totalmente de seus crimes de guerra, parar imediatamente com suas declarações e ações erradas e provocativas que interferem nos assuntos internos da China e parar de brincar com fogo na questão de Taiwan. Quem brinca com fogo acaba se queimando", escreveu.

A China, que reivindica o território de Taiwan, ameaçou ainda responder militarmente se o Japão "ousar intervir" nas discussões sobre Taiwan. "Taiwan pertence à China. Como resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação nacional é uma questão a ser decidida pelo povo chinês e não admite interferência de nenhuma força externa", concluiu.

Líder na indústria de desenvolvimento de chips semicondutores, Taiwan se vê na constante sombra da ameaça de invasão chinesa. Pequim tem um plano de unificar as regiões autônomas sob a visão de "uma só China", o que também engloba territórios como Hong Kong.

Turistas italianos suspeitos de participar de "safáris humanos" pagavam valor adicional para atirar e matar crianças. Os crimes ocorreram em meio ao cerco de Sarajevo, um dos capítulos mais sangrentos da Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995, período da dissolução da antiga Iugoslávia (atual Sérvia).

A denúncia é investigada pelo Ministério Público de Milão e foi aberta após uma investigação do repórter e escritor italiano Ezio Gavazzeni, que concedeu uma entrevista ao jornal La Repubblica. Segundo a reportagem, as "excursões" custavam de € 80 mil (cerca de R$ 493 mil) a € 100 mil (R$ 616 mil) por pessoa.

O dinheiro era entregue a intermediários das milícias sérvias. Os suspeitos devem ser julgados por homicídio doloso agravado por crueldade e motivos torpes.

Como funcionava o esquema

De acordo com a denúncia, os turistas italianos voavam até Belgrado, na Sérvia, pela companhia aérea Aviogenex. Depois, seguiam de helicóptero ou por terra até as colinas da capital da Bósnia e Herzegovina, onde recebiam armas e eram posicionados para atirar em civis.

Quem são os suspeitos?

Segundo a reportagem, a maioria dos atiradores era composta por políticos ou simpatizantes da extrema-direita, entre 40 e 50 anos, que tinham paixão por armas e procuravam por formas de adrenalina "sádica". Eles moravam nas regiões de Lombardia, Piemonte e Triveneto.

Dentre os "turistas de guerra", estão:

empresários - um deles era dono de uma clínica particular em Milão;

médicos;

Mercenários.

Quem será ouvido pelo Ministério Público de Milão?

- um ex-funcionário da agência de inteligência da Bósnia, que, de acordo com o La Repubblica, já afirmou que o Serviço de Inteligência e Segurança Militar (Sismi) da Itália foi alertado sobre a situação no início de 1994;

- um oficial da Eslovênia;

- um bombeiro que depôs no julgamento do ex-presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic. Na ocasião, ele citou os "atiradores turistas" com roupas e armas que destoavam do contexto;

- os pais de uma bebê de um ano que foi morta no "beco dos atiradores".

O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA sancionaram nesta quinta-feira 27 pessoas e empresas do México, além de restringirem estabelecimentos de jogos de azar por lavagem de dinheiro para o grupo organizado Hysa.

Segundo o memorando, o grupo, formado por membros da família Hysa, "tem usado sua influência através de investimentos em diversos negócios mexicanos - incluindo restaurantes e estabelecimentos de jogos de azar - para lavagem de dinheiro oriundo do narcotráfico".

A decisão "é resultado de compromissos recentes entre os EUA e o México de trabalhar em conjunto de forma mais estreita para combater o narcotráfico e crimes financeiros relacionados a cartéis de drogas sediados no México e outros grupos".

"Os Estados Unidos e o México estão trabalhando juntos para combater a lavagem de dinheiro no setor de jogos de azar do México. Nossa mensagem para aqueles que apoiam os cartéis é clara: Vocês serão responsabilizados", acrescentou o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, John K. Hurley sobre o assunto. "Agradecemos o governo mexicano pela forte parceria neste esforço."

A sanção afeta, principalmente, a família Hysa, que terá todos os bens localizados nos EUA ou sob controle de pessoas nos EUA bloqueados e comunicados ao escritório do Tesouro.

Outras entidades e indivíduos, em conjunto ou não, que estejam associados em mais da metade das operações da família também serão bloqueados.