Governo aposta em debate sobre taxar mais ricos e pela 1ª vez pauta redes

Política
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve nos últimos dias uma vitória nas redes sociais ao conseguir pautar a discussão sobre a taxação de pessoas mais ricas, mostra levantamento exclusivo da Bites, empresa de análise de dados, feito a pedido do Broadcast Político )(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). É a primeira vez que o governo consegue pautar de "forma bastante relevante" um tema nas redes sociais, destaca o diretor técnico da Bites, André Eler.

As menções a temas tributários nas redes sociais saltaram mais de 270% nos últimos dias, um reflexo do esforço de apoiadores de Lula em alavancar o discurso de taxação das pessoas mais ricas nas plataformas digitais. A grande maioria dessas publicações veio de pessoas simpáticas ao governo, o que mostra, para o diretor técnico da Bites, André Eler, que pela "primeira vez" o governo conseguiu criar uma mobilização nas redes.

O estudo abrange as informações do período de 25 de junho, quando o Congresso Nacional aprovou o decreto legislativo que derrubou o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), até esta quarta-feira, 2. Foram consideradas publicações em diversas redes (X, contas relevantes do Instagram, publicações abertas do Facebook, sites de notícias, blogs, fóruns e Reddit).

A Bites identificou os termos usados por governistas e oposicionistas e dividiu a maior parte das mensagens entre esses dois grupos. Publicações com os termos "Congresso mamata" e "Hugo Motta traidor", por exemplo, foram incluídas no cálculo dos governistas. Outras com termos críticos ao governo foram associadas à oposição. Há ainda mensagens neutras ou que não seguiram essa "lógica de manada" dos grupos à esquerda e à direita.

Desde o dia 25, foram mais de 1,5 milhão de menções a temas tributários nessas redes. O ápice foi nesta quarta-feira, 2, quando mais de 307 mil menções foram registradas.

Os dados mostram como o total de publicações depois do dia 25, data da derrota do governo no Congresso, vinha em queda gradual, até chegar a cerca de 82 mil posts no domingo, 29. A partir de então, a trajetória se inverteu. Governistas passaram a mobilizar as redes com o discurso de taxação dos mais ricos.

Na quarta-feira, 2, ápice das publicações, os governistas fizeram mais de 207 mil posts sobre o assunto, o equivalente a cerca de 67% do total. A oposição, apenas 29 mil, ou aproximadamente 9% do total.

Para o diretor técnico da Bites, André Eler, os números mostram que o governo conseguiu pautar as redes sociais pela primeira vez "de forma bastante relevante". "Pela primeira vez, o governo conseguiu pautar de forma bastante relevante um tema e equilibrar uma correlação de forças em que geralmente o governo sai derrotado. Nas redes, em geral, a oposição ganha. O governo conseguiu organizar uma narrativa para fazer com que as pessoas discutam, a partir do IOF, o aumento de impostos pela ótica de diminuir injustiças e desigualdades", disse ao Broadcast Político.

Eler contou que, desde o dia 25, "estava um debate um pouco mais equilibrado nas redes e até com mais interações dos oposicionistas, mas isso mudou nesta semana, nos últimos três dias principalmente, quando os governistas começaram a investir muito nessas hashtags".

O diretor da Bites afirmou que essa "foi uma vitória, ao menos parcial, do governo", mostrando que "a oposição não conseguiu se organizar tanto quanto o governo".

A Bites também levantou as publicações e interações em posts de deputados aliados do governo e da oposição nas redes. Esse recorte mostra que o maior número de publicações foi, disparado, no dia em que o Congresso aprovou a derrubada do aumento do IOF. A maior parte delas veio da oposição: 288 publicações de oposicionistas contra 229 de governistas.

Quando a métrica é o engajamento, a vitória do governo foi mais apertada. Do dia 25 de junho a 2 de julho, foram 13,3 milhões de interações com as publicações sobre o IOF e temas relacionados. Os governistas foram responsáveis por 4,37 milhões delas e os oposicionistas, por 4,03 milhões.

O diretor técnico da Bites destacou esse ponto e disse que "a distância (no volume de engajamento) não é tão grande quanto o volume de posts". "A oposição ainda tem a capacidade de falar dos assuntos e ter muitas interações por ter uma base mais estruturada", afirmou.

A quantidade de publicações de deputados, tanto do governo quanto da oposição, nos últimos dias não acompanhou a curva de crescimento dos posts sobre temas tributários em nível geral, o que indica um movimento descolado dos principais atores políticos e mais ligado à militância de forma geral.

Como o Broadcast Político mostrou, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República tem monitorado as cobranças nas redes sociais ao Congresso Nacional após derrubada do decreto de aumento do IOF. As críticas ao Legislativo e ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), têm sido comemoradas por serem orgânicas e pressionarem o Congresso em um momento em que o governo se encontra pressionado pelos deputados e senadores após a derrota no caso do IOF.

A Secom e o governo como um todo, no entanto, têm tentado se afastar dessas publicações e das críticas mais contundentes a Motta e aos congressistas, segundo as fontes ouvidas pela reportagem. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), por exemplo, foi a público manifestar sua "solidariedade" a Motta.

"Apesar do revés enfrentado recentemente pelo governo na votação do IOF, isso não pode ser usado como justificativa para ataques pessoais dirigidos ao presidente da Câmara, Hugo Motta. O que devemos continuar priorizando é a disputa de ideias no campo social, engajando a sociedade na compreensão dos esforços que o governo vem realizando para taxar os super-ricos e promover justiça social e tributária", disse no X.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou nesta segunda-feira, 10, sua conta na Truth Social para exigir que todos os controladores de tráfego aéreo voltem ao trabalho imediatamente, em meio ao shutdown do governo federal. Na publicação, Trump ameaçou punir os servidores que permanecerem afastados, afirmando que "qualquer um que não o fizer terá o salário substancialmente reduzido (docked, no termo em inglês)".

Ele também prometeu recompensar aqueles que continuaram trabalhando durante o que chamou de "paralisação democrata". Segundo ele, os controladores que foram "GRANDES PATRIOTAS e não tiraram NENHUM DIA DE FOLGA" receberão um bônus de US$ 10 mil.

Trump criticou ainda os funcionários que aderiram à paralisação. "Não estou FELIZ com vocês", escreveu. "Vocês não ajudaram os EUA contra o FALSO ATAQUE DEMOCRATA que só quis ferir nosso país."

Ele acrescentou que esses trabalhadores terão "uma marca negativa" em seus registros e que, caso queiram deixar o serviço, "não hesitem em fazê-lo, sem pagamento ou indenização de qualquer tipo".

O presidente dos EUA concluiu exaltando os que permaneceram em serviço: "Deus abençoe vocês - não conseguirei enviar seu dinheiro rápido o suficiente!", e ordenou: "A todos os outros, APRESENTEM-SE AO TRABALHO IMEDIATAMENTE."

O comentário de Trump ocorre em meio a uma crise crescente no setor aéreo dos Estados Unidos. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) reduziu o número de voos após parte dos controladores, sem salário há semanas, deixar de comparecer ao trabalho.

Segundo o Departamento de Transporte, os cortes devem chegar a 10% dos voos nos principais aeroportos até o fim da semana, e só serão revertidos quando as métricas de segurança melhorarem.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta segunda-feira, 10, que forças americanas realizaram bombardeios contra duas embarcações supostamente ligadas ao tráfico de drogas no Oceano Pacífico. Seis pessoas morreram no ataque em águas internacionais, de acordo com Hegseth.

"Nossa inteligência sabia que essas embarcações estavam associadas ao contrabando de narcóticos ilícitos, transportavam narcóticos e transitavam por uma rota de narcotráfico conhecida", disse Hegseth em uma postagem na rede social X, que incluía um vídeo dos barcos sendo atingidos.

O secretário de Defesa acrescentou que os bombardeios ocorreram o domingo, 9. Desde setembro, os Estados Unidos explodiram 17 barcos na região e mais de 70 pessoas foram mortas. As operações fazem parte de uma estratégia do governo Trump de combate ao narcotráfico que se concentra no Mar do Caribe.

"Como já dissemos antes, os ataques a embarcações de narco-terroristas continuarão até queo envenenamento do povo americano pare", apontou Hegseth nas redes sociais. Ele afirmou que a embarcação era "operada por uma Organização Terrorista Designada".

Esclarecimentos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justifica os ataques alegando que os Estados Unidos estão em "conflito armado" com os cartéis de drogas, mas o governo republicano não forneceu evidências ou mais detalhes. Hegseth e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, tiveram uma reunião com um pequeno grupo de líderes congressistas na última quarta-feira, 5, sobre a crescente campanha militar, em um dos primeiros contatos de membros do gabinete de Trump com o Congresso americano sobre o tema.

Até agora, republicanos no Capitólio estão em silêncio ou expressando confiança na campanha militar. Já os democratas disseram que o Congresso precisa de mais informações sobre como os ataques são conduzidos e a justificativa legal para ações que críticos dizem violar a lei internacional e dos EUA ao matar supostos traficantes de drogas em águas internacionais.

Na última quinta-feira, 6, senadores republicanos votaram para rejeitar uma legislação que teria limitado a capacidade de Trump de lançar um ataque contra a Venezuela.

Crise na Venezuela

Nos últimos meses, os Estados Unidos reuniram um grande contingente de navios de guerra, caças e aeronaves de vigilância na costa da Venezuela, em meio a uma campanha militar de Washington contra o que afirma serem organizações criminosas transnacionais.

Washington acusa o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, de liderar o chamado Cartel de Soles, classificado como organização terrorista pelo governo Trump. Segundo os EUA, Maduro é o responsável pelo envio de drogas ao território americano.

Por conta das acusações e o caráter bélico das operações no Caribe, analistas questionam se Washington pode de fato querer uma mudança de regime em Caracas. Em outubro, Trump autorizou operações da CIA contra a Venezuela e disse que estava considerando realizar ataques em terra contra cartéis do tráfico de drogas no país. O líder republicano ainda não tomou uma decisão sobre uma intervenção, mas o Pentágono e agências de inteligência ofereceram três alternativas de ação ao presidente Donald Trump.

A primeira opção envolveria ataques aéreos contra instalações militares venezuelanas, algumas das quais poderiam estar envolvidas no tráfico de drogas, com o objetivo de minar o apoio militar a Maduro. Se Maduro acreditar que não está mais protegido, pode tentar fugir - ou, ao se deslocar pelo país, tornar-se mais vulnerável à captura, dizem as autoridades. Mas os críticos dessa abordagem alertam que ela poderia ter o efeito oposto, fortalecendo o apoio ao líder sitiado.

Uma segunda abordagem prevê o envio de forças de Operações Especiais dos Estados Unidos, como a Força Delta do Exército ou o SEAL Team 6 da Marinha (principal unidade de resgate de reféns e contraterrorismo), para tentar capturar ou matar Maduro.

Nessa opção, o governo Trump buscaria contornar as proibições contra o assassinato de líderes estrangeiros argumentando que Maduro é, antes de tudo, o chefe de uma quadrilha de narcoterroristas, uma extensão dos argumentos usados para justificar os ataques aéreos dos EUA contra embarcações que, segundo o governo, transportam drogas.

O Departamento de Estado oferece uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 270 milhões) pela prisão ou condenação de Maduro. O governo Trump também pode argumentar que, como Maduro reprimiu a oposição e trabalhou para fraudar as eleições, ele não é o líder legítimo do país. O governo de Joe Biden se recusou a reconhecê-lo como presidente da Venezuela depois que ele declarou vitória no ano passado.

Uma terceira opção envolve um plano muito mais complexo para enviar forças antiterroristas americanas a fim de assumir o controle de aeroportos e de pelo menos alguns dos campos de petróleo e infraestrutura da Venezuela. Essas duas últimas opções acarretam riscos muito maiores para militares americanos em terra - sem mencionar os civis -, especialmente se a operação ocorrer em ambiente urbano como Caracas, a capital do país. (Com informações de agências internacionais)

Um tribunal de apelações de Paris decidiu liberar o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy da prisão e colocá-lo sob supervisão judicial, em anúncio realizado nesta segunda-feira, 10. A ação acontece menos de três semanas após Sarkozy começar a cumprir uma sentença de cinco anos por conspiração criminosa em um esquema para financiar sua campanha eleitoral de 2007 com fundos da Líbia.

Segundo o tribunal, Sarkozy será proibido de deixar o território francês e um julgamento de apelação deve ocorrer posteriormente.

Ele se tornou o primeiro ex-chefe de Estado francês em tempos modernos a ser enviado para trás das grades após sua condenação em 25 de setembro, mas nega qualquer irregularidade.

Durante a audiência realizada nesta segunda-feira, Sarkozy, falando da prisão La Santé em Paris via videoconferência, argumentou que sempre cumpriu todos os requisitos da justiça.

"Eu nunca imaginei que experimentaria a prisão aos 70 anos. Esta provação me foi imposta, e eu a vivi. É difícil, muito difícil", disse ele. Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado