Bolsonaro liga recuo de Trump no tarifaço a anistia que o beneficiaria

Política
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Pela primeira vez, o ex-presidente Jair Bolsonaro vinculou neste domingo, 13, um recuo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no tarifaço de 50% que anunciou contra o Brasil à concessão de uma anistia política que o beneficiaria diretamente.

Antes, somente os filhos parlamentares do ex-presidente - o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - haviam vocalizado o argumento e insistido em um perdão ao pai como forma de reverter a medida de Trump.

O ex-presidente publicou nota por meio da qual reconheceu o impacto à economia brasileira. Bolsonaro chamou o tarifaço de "sanções". A taxação extra de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA entra em vigor em 20 dias.

Bolsonaro disse que a solução para a crise entre os países passa por "autoridades" do Brasil, sem citar o Supremo Tribunal Federal (STF), que o julga por golpe de Estado, ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu retaliar se não houver campo para negociação comercial e diplomática.

"O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia", apelou o ex-presidente.

Na carta endereçada a Lula, Trump enumerou razões de cunho político-institucional - a primeira delas o julgamento de Bolsonaro. "É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", exclamou Trump.

O republicano também acusa supostos "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos", em referência a ações do Judiciário brasileiro contra desinformação e crimes de ódio online, o que trumpistas e bolsonaristas classificam como "censura".

Jair Bolsonaro disse no mesmo comunicado que a carta do aliado Trump "tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia". Ele disse que "todos conhecem a forma como o chefe da maior potência do mundo negocia", argumentando que Trump exige a defesa dos mesmos valores americanos.

Cobrança

Bolsonaro também reagiu à acusação governista de que ele e seus filhos influenciaram Trump, por terem pedido que a Casa Branca agisse contra o governo brasileiro e o ministro Alexandre de Moraes. O Palácio do Planalto reagiu lançando uma campanha em defesa da soberania.

"Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%", disse o ex-presidente.

Também no domingo, Eduardo Bolsonaro voltou a pedir que o governo dos EUA puna Moraes e o políticos governistas, entre eles o vice-presidente Geraldo Alckmin, com a Lei Magnitsky, que permite a imposição de sanções econômicas a acusados de corrupção ou de graves violações de direitos humanos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já embarcou de volta ao Brasil. A previsão é que Lula desembarque em Belém (PA) por volta das 19h30.

O presidente viajou a Santa Marta, na Colômbia, para participar da cúpula Celac-União Europeia neste domingo. O compromisso foi rápido. Lula chegou em Santa Marta por volta das 11h30, participou da reunião e já embarcou de volta a Belém.

Na segunda-feira, 10, ele participa da abertura oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que as consequências econômicas da prolongada paralisação do governo federal estão se intensificando, dizendo que a situação está ficando "cada vez pior", à medida que as interrupções se espalham por setores-chave e pressionam as finanças públicas.

"Vimos um impacto na economia desde o primeiro dia, mas está ficando cada vez pior. Tivemos uma economia fantástica sob o presidente Trump nos últimos dois trimestres, e agora há estimativas de que o crescimento econômico para este trimestre poderia ser reduzido pela metade se a paralisação continuar", disse ele em entrevista à ABC neste domingo.

De forma semelhante, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, pontuou hoje que o crescimento do quarto trimestre pode ser negativo se o shutdown se prolongar.

Hassett, falando ao programa "Face the Nation" da CBS, observou que a escassez de controladores de tráfego aéreo estava causando grandes atrasos nas viagens na preparação para o feriado de Ação de Graças. "Essa época é uma das mais movimentadas do ano para a economia... e se as pessoas não estiverem viajando nesse momento, então realmente poderíamos estar olhando para um trimestre negativo", acrescentou.